domingo, 1 de setembro de 2024

Escolhendo com Sabedoria Quem Acompanha Sua Jornada de Fé(L8)

(Alsheim, Alemanha)
 

Durante nossa caminhada cristã, frequentemente nos deparamos com a difícil tarefa de discernir quando é o momento certo para nos afastarmos de determinadas pessoas. Essa decisão é muitas vezes envolta em sentimentos conflitantes, como culpa, pena ou uma sensação de injustiça, que podem nos levar a confundir essas emoções com amor ou perdão genuíno. No entanto, é crucial entender que prolongar essas relações, em vez de contribuir para o nosso crescimento espiritual e emocional, pode nos conduzir a problemas ainda maiores a longo prazo.

O amor cristão, conforme ensinado nas Escrituras, não é sinônimo de tolerância indiscriminada de comportamentos que nos afastam de Deus. Jesus nos ensinou a amar ao próximo, mas também a sermos prudentes e discernirmos as influências ao nosso redor. Em Mateus 10:16, por exemplo, Ele diz: “Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e simples como as pombas.” Este versículo destaca a importância de sermos sábios nas nossas interações, reconhecendo quando alguém não está contribuindo positivamente para nossa jornada espiritual.

Além disso, o apóstolo Paulo nos aconselha em 1 Coríntios 15:33: "Não vos enganeis: as más companhias corrompem os bons costumes." Este versículo serve como um alerta para a influência negativa que certas relações podem ter sobre nossa vida e comportamento. Permanecer em um relacionamento que nos distancia de Deus ou que perpetua padrões de comportamento prejudiciais não é um ato de amor ou perdão, mas pode ser uma forma de autoengano que nos impede de alcançar a plenitude em Cristo.

É importante também refletir sobre o que a Bíblia nos ensina em Provérbios 22:24-25: “Não faças amizade com o iracundo, nem andes com o homem colérico, para que não aprendas as suas veredas e tomes um laço para a tua alma.” Este conselho salienta a importância de escolhermos nossas companhias com cuidado, a fim de evitar que seus comportamentos negativos acabem nos influenciando.

Quando sentimos culpa ou pena ao considerar o afastamento de alguém, precisamos lembrar que o verdadeiro perdão e amor cristão não significam permitir que essa pessoa continue a nos prejudicar ou a nos afastar de Deus. Às vezes, a melhor maneira de amar alguém é orar por ela à distância, permitindo que Deus trabalhe na vida dela, enquanto protegemos nosso coração e nossa caminhada com Cristo.

Em suma, o discernimento sobre manter ou encerrar relações deve ser guiado por princípios bíblicos e pela sabedoria divina. Não devemos permitir que sentimentos de culpa ou uma falsa percepção de injustiça nos mantenham presos a relacionamentos que, em última análise, nos conduzem ao sofrimento e ao afastamento de Deus. Em vez disso, devemos buscar a orientação do Espírito Santo, que nos dá a sabedoria para amar e perdoar sem comprometer nossa paz e nossa fidelidade ao Senhor.

Em algumas situações, optamos por não abrir mão de certos relacionamentos por conveniência, seja por causa dos benefícios que eles nos oferecem, da posição de status que nos garantem, ou pelo poder e influência que mantemos através dessas conexões. Essa é uma das armadilhas mais sutis e perigosas para a nossa integridade espiritual, pois, ao longo do tempo, os valores e princípios que outrora cultivávamos começam a se dissipar por meio das decisões diárias que fazemos para preservar essas vantagens.

Essa tentação de priorizar a conveniência sobre a verdade e a retidão é claramente advertida nas Escrituras. Em Mateus 6:24, Jesus nos adverte: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou se devotará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas." Esse versículo nos chama a refletir sobre a lealdade do nosso coração. Quando mantemos relacionamentos baseados na conveniência, estamos, na verdade, fazendo uma escolha sobre qual senhor serviremos – se a Deus, com Sua verdade imutável, ou às riquezas e benefícios terrenos que esses relacionamentos podem nos proporcionar.

Essa luta entre o espiritual e o material é ainda mais evidente em 1 Timóteo 6:9-10: "Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, em laço, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores." Quando escolhemos manter um relacionamento por conveniência, por aquilo que ele pode nos proporcionar em termos materiais, estamos nos colocando em um caminho perigoso que pode nos desviar da fé e nos levar a uma vida de sofrimento e perda espiritual.

O livro de Provérbios também nos oferece sabedoria a respeito disso. Em Provérbios 29:25, lemos: "O receio do homem armará laços, mas o que confia no Senhor estará seguro." Muitas vezes, a conveniência nos prende em laços, enredando-nos em uma rede de compromissos que gradualmente corroem nossa integridade. No entanto, a confiança em Deus nos liberta desses laços, permitindo-nos viver de acordo com os valores que Ele nos ensinou, sem medo de perder os benefícios temporais.

Além disso, em Provérbios 16:8, está escrito: "Melhor é o pouco com justiça, do que grandes rendas com injustiça." Este versículo nos lembra que a verdadeira prosperidade não se mede pelos bens materiais ou pela posição social, mas pela justiça e pela retidão com as quais vivemos nossas vidas. Manter relacionamentos por conveniência, em detrimento da justiça, pode nos proporcionar grandes rendas ou influências, mas à custa da nossa integridade e paz interior.

Finalmente, é importante considerar o que Jesus ensina em Marcos 8:36-37: "Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?" Quando mantemos relações por conveniência, estamos, em última análise, fazendo uma barganha perigosa, trocando a saúde de nossa alma pelos ganhos temporais que esses relacionamentos nos proporcionam.

Portanto, o desafio que nos é apresentado como cristãos é viver uma vida que honra a Deus acima de tudo, mesmo que isso signifique abrir mão de vantagens, status ou influência que certos relacionamentos nos oferecem. Precisamos estar dispostos a sacrificar essas conveniências em favor de uma vida que reflete a verdadeira justiça, amor e integridade que Cristo nos ensinou. Afinal, é somente através de uma vida firmada nesses valores que podemos experimentar a verdadeira paz e a realização plena em Deus.

Um dos enganos mais sutis e perigosos que têm se infiltrado no evangelho é a ideia de que a riqueza material e os dons sobrenaturais são sinais inequívocos da aprovação de Deus. Esse pensamento distorcido tem levado muitos a negligenciarem o caráter como requisito básico para liderança e critério essencial para amizades e associações na comunidade cristã. Assim, não importa a conduta da pessoa; se ela possui dons espirituais extraordinários ou uma condição financeira elevada, ela é frequentemente considerada apta para ministrar e influenciar a vida de outros. Essa mentalidade revela uma clara influência do espírito do mundo agindo dentro da igreja, desviando o foco da santidade e integridade para aspectos superficiais e transitórios.

A Escritura, no entanto, nos alerta sobre a importância do caráter e da conduta em diversas passagens. Em Mateus 7:15-20, Jesus nos adverte sobre os falsos profetas que vêm “disfarçados em peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores.” Ele nos ensina que “pelos seus frutos os conhecereis”, e não pelos dons ou riquezas que possam possuir. Os frutos de uma vida transformada e vivida em obediência a Deus são o verdadeiro sinal de Sua aprovação e da autenticidade do ministério de uma pessoa.

Além disso, em 1 Samuel 16:7, quando o profeta Samuel foi enviado para ungir um novo rei para Israel, Deus lhe disse: "Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem olha para a aparência exterior, mas o Senhor olha para o coração." Esse versículo sublinha o valor que Deus atribui ao caráter interior em vez de às aparências externas, sejam elas de riqueza, beleza ou dons extraordinários.

Paulo também trata desse tema em 1 Coríntios 13, onde destaca que, ainda que alguém possua os dons mais extraordinários, como falar línguas, profetizar ou ter fé capaz de mover montanhas, se essa pessoa não tiver amor, ela “nada é” (1 Coríntios 13:2). Aqui, o apóstolo Paulo coloca o amor – um fruto do Espírito e uma marca de caráter – acima dos dons espirituais. O amor autêntico, que é paciente, bondoso, não invejoso, e não busca seus próprios interesses, é o verdadeiro indicador de maturidade espiritual e aprovação divina.

A distorção que eleva a riqueza e os dons acima do caráter também se reflete na advertência de Tiago 2:1-4 contra o favoritismo na igreja: “Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Porque, se entrar na vossa reunião algum homem com anel de ouro no dedo, trajando vestes finas, e entrar também algum pobre com veste sórdida, e atentardes para o que traz a veste preciosa e lhe disserdes: Senta-te tu aqui em lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica ali em pé, ou senta-te abaixo do meu estrado, porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos tornastes juízes movidos de perversos pensamentos?” Tiago condena o julgamento superficial baseado em riqueza, lembrando-nos que Deus não faz acepção de pessoas e que a verdadeira fé deve refletir essa imparcialidade.

Em 1 Timóteo 3:1-7, Paulo oferece uma lista de qualidades necessárias para aqueles que aspiram à liderança na igreja, enfatizando a importância do caráter. Entre essas qualidades estão ser irrepreensível, moderado, sóbrio, respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar, além de governar bem sua própria casa. Não há menção a dons espirituais espetaculares ou à riqueza como critérios para liderança. Ao contrário, o foco está nas qualidades morais e espirituais que refletem uma vida de santidade e devoção a Deus.

Essa busca por sinais externos de aprovação, como dons e riqueza, em detrimento do caráter, é, de fato, uma influência do espírito do mundo, que valoriza o sucesso material e o poder visível acima da integridade e do compromisso com os valores eternos do Reino de Deus. O apóstolo João nos adverte em 1 João 2:15-17: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.”

Assim, como comunidade de fé, devemos resistir a essa tendência e retornar ao modelo bíblico, que valoriza o caráter, a humildade, e a santidade como os verdadeiros sinais da aprovação de Deus. Somente assim poderemos edificar uma igreja saudável, que verdadeiramente reflete a glória de Deus e o Seu amor transformador.

Em muitos momentos de nossa caminhada cristã, seremos mal interpretados e até mesmo acusados de sermos insensíveis ou sem amor ao decidir excluir de nossa rede de amizades ou de parcerias ministeriais pessoas que não compreendem o valor da honra, do compromisso e da disposição em priorizar objetivos espirituais acima de metas meramente institucionais. No entanto, é essencial perseverarmos naquilo que a Palavra de Deus nos ensina, escolhendo com sabedoria aqueles com quem partilhamos nossa jornada de fé. Ainda que sejamos vistos como inflexíveis, é preciso entender que essa percepção muitas vezes surge porque as ações ou atitudes das pessoas que escolhemos afastar não as afetam diretamente, levando-as a acreditar, erroneamente, que jamais sofrerão as consequências de seus próprios comportamentos. Esse é um ledo engano que pode ter graves implicações espirituais e comunitárias.

A Bíblia nos oferece claros ensinamentos sobre a importância de discernir com quem nos associamos em nossa caminhada espiritual. Em Amós 3:3, o profeta faz uma pergunta retórica que ressoa profundamente: "Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?" Este versículo nos lembra que a verdadeira comunhão e parceria só podem existir quando há unidade de propósito e valores. Quando alguém não compartilha a visão espiritual e os princípios de honra e compromisso que sustentam nosso ministério ou nossa vida de fé, a continuidade dessa relação pode se tornar um fardo, desviando-nos do propósito que Deus tem para nós.

Além disso, em 2 Coríntios 6:14-15, Paulo exorta os crentes: "Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?" Embora este versículo se refira diretamente à aliança com incrédulos, o princípio subjacente é aplicável às nossas associações mais amplas. Paulo está nos ensinando que, ao formar alianças, sejam elas de amizade, ministeriais ou de outra natureza, devemos priorizar a compatibilidade espiritual e a fidelidade aos princípios de Deus. Quando nos ligamos a pessoas que não compartilham nosso compromisso com a verdade e a justiça, corremos o risco de comprometer nosso testemunho e nossa eficácia no ministério.

Em Provérbios 22:24-25, encontramos uma advertência semelhante: "Não faças amizade com o iracundo, nem andes com o homem colérico, para que não aprendas as suas veredas e tomes um laço para a tua alma." Aqui, Salomão nos adverte sobre os perigos de manter companhias que podem nos influenciar negativamente. Embora alguém possa não perceber imediatamente o impacto dessas influências, a repetição de más companhias ou parcerias pode, eventualmente, levar à ruína espiritual.

Essa questão também é abordada por Paulo em 1 Coríntios 5:11, onde ele instrui a igreja a não se associar com alguém que, embora se chame irmão, vive em pecado descarado: "Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais." O objetivo aqui não é ser insensível, mas proteger a integridade da comunidade e manter a pureza da fé. Paulo entende que a tolerância ao pecado, ou a uma conduta que desonra os valores cristãos, não só afeta o indivíduo em questão, mas também tem o potencial de corromper toda a comunidade.

Quando somos fiéis ao discernimento espiritual e tomamos decisões que priorizam a honra, o compromisso e os objetivos espirituais, podemos ser vistos como rígidos ou inflexíveis. Contudo, precisamos lembrar que nossa responsabilidade é com Deus e com a Sua verdade, não com a opinião daqueles que não compreendem plenamente as implicações espirituais das suas ações. Em Gálatas 1:10, Paulo afirma: "Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? Ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo." Este versículo sublinha que nossa principal lealdade deve ser a Cristo, mesmo que isso signifique tomar decisões difíceis que possam ser mal interpretadas por outros.

Em resumo, a fidelidade aos princípios bíblicos e ao chamado de Deus exige que escolhamos com cuidado aqueles com quem partilhamos nossa jornada de fé. Embora possamos ser mal interpretados, e às vezes até acusados de falta de amor, devemos nos manter firmes na verdade, sabendo que é melhor agradar a Deus do que aos homens, e que as nossas escolhas, quando fundamentadas na Palavra, nos conduzem à vida eterna.

Ao longo de toda a sua jornada de fé, você inevitavelmente enfrentará situações em que pessoas entram e saem de sua vida. Essa dinâmica é natural, mas requer um alto grau de discernimento e sabedoria para saber até onde ir com cada uma dessas pessoas. Nem todos que se aproximam de você o farão por quem você é em Deus; na verdade, muitos serão atraídos pelo que você tem a oferecer em termos de status, autoridade, fama, riqueza e influência. Essas motivações, porém, não são critérios adequados para a formação de amizades genuínas ou alianças ministeriais sólidas. Aqueles que ainda não passaram por experiências profundas com Deus muitas vezes não compreendem nem discernem essas questões com clareza.

A Bíblia nos adverte repetidamente sobre a importância de discernir as motivações e as intenções daqueles que se aproximam de nós. Em João 2:24-25, lemos que "Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia, e não necessitava de que alguém lhe desse testemunho do homem, pois ele bem sabia o que havia no homem." Jesus demonstrou um discernimento perfeito sobre o coração humano, compreendendo que nem todos os que o seguiam estavam comprometidos com Ele por motivos puros. Esse exemplo nos ensina que devemos ser igualmente cuidadosos e discernir as intenções daqueles que desejam se associar a nós.

Muitas vezes, as pessoas se aproximam atraídas por vantagens terrenas e transitórias, como status e influência, e não pelo desejo genuíno de crescerem espiritualmente ao nosso lado. Em 1 Timóteo 6:9-10, Paulo alerta sobre os perigos da busca por riquezas e dos desejos equivocados que podem surgir daí: "Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores." Este versículo nos lembra que a busca por riqueza e poder pode corromper as motivações, tanto das pessoas ao nosso redor quanto as nossas próprias, se não estivermos vigilantes.

Aqueles que se aproximam de você pelas razões erradas, motivados por aquilo que você pode oferecer em termos materiais ou de prestígio, não são os aliados que Deus deseja para você. Salomão, em Provérbios 19:4, nos diz: "As riquezas granjeiam muitos amigos, mas ao pobre, o seu próprio amigo o deixa." Este versículo ilustra como a riqueza e a influência podem atrair muitas pessoas, mas essas associações tendem a ser superficiais e instáveis, desaparecendo quando os benefícios materiais deixam de existir.

Por outro lado, as alianças verdadeiras devem ser baseadas em princípios espirituais e em um compromisso mútuo com os valores do Reino de Deus. Em Provérbios 17:17, lemos: "O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade." Uma amizade genuína, uma aliança verdadeira, é aquela que permanece firme em todos os momentos, não apenas nos tempos de prosperidade e sucesso, mas também nos tempos de dificuldade e adversidade. Esses são os relacionamentos que Deus valoriza e abençoa.

Também é importante lembrar que Jesus nos deu um critério claro para reconhecer aqueles que verdadeiramente pertencem ao Seu Reino. Em Mateus 7:20, Ele disse: "Portanto, pelos seus frutos os conhecereis." Os frutos de uma vida que vive segundo os princípios de Deus – como amor, paciência, bondade, fidelidade e domínio próprio – são os indicadores verdadeiros de uma pessoa com quem vale a pena formar alianças. Aqueles que não exibem esses frutos, mas estão mais interessados no que podem obter da relação, devem ser abordados com cuidado e discernimento.

Muitas pessoas não entenderão esse discernimento, especialmente se ainda não tiverem vivido experiências profundas com Deus que as tenham ensinado a diferenciar entre o que é valioso aos olhos de Deus e o que é meramente atraente aos olhos humanos. Em 1 Coríntios 2:14, Paulo explica que "o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente." Somente aqueles que estão espiritualmente despertos e maduros são capazes de discernir as motivações corretas e formar alianças baseadas em valores eternos, não em interesses temporais.

Na maioria das vezes, as pessoas tendem a ficar do lado do injusto, movidas por um sentimento de culpa que se manifesta através de emoções que chamamos de pena e dó, em vez de se posicionarem ao lado da justiça. Podemos observar essa realidade hoje em dia, quando a sociedade frequentemente vê o criminoso como uma vítima das circunstâncias, enquanto a pessoa lesada ou ofendida muitas vezes carrega a responsabilidade adicional de amar e perdoar o ofensor. Essa inversão de valores e de justiça é uma clara manifestação da operação do espírito do mundo. Vivemos em tempos em que a injustiça está corroendo todas as esferas da sociedade, inclusive o ambiente religioso. A tendência da sociedade, e até mesmo da comunidade religiosa, é frequentemente se posicionar em favor do ofensor, exigindo flexibilidade e amor da vítima.

A Bíblia nos alerta sobre a corrupção da justiça nos últimos dias e a tendência do mundo de distorcer o que é certo e justo. Em Isaías 5:20, o profeta denuncia essa inversão de valores: "Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, e da luz, trevas; e fazem do amargo doce, e do doce, amargo!" Esse versículo ilustra como a sociedade pode confundir e distorcer os padrões morais, promovendo uma falsa justiça que, na verdade, endossa a iniquidade.

Jesus também advertiu sobre os tempos difíceis que viriam, quando a injustiça se multiplicaria e o amor se esfriaria. Em Mateus 24:12, Ele disse: "E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará." Este versículo destaca como a prevalência do pecado e da injustiça pode enfraquecer o amor verdadeiro, tanto nas relações pessoais quanto nas comunidades, incluindo a igreja.

Essa inclinação para apoiar o ofensor, muitas vezes às custas da vítima, também se reflete na tendência de querer justificar o pecado em nome de uma falsa compaixão. Em 2 Timóteo 4:3-4, Paulo alerta que "virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas." Este texto mostra que as pessoas, preferindo o conforto de suas próprias emoções distorcidas, buscarão justificar o erro e desviarão da verdade, ao invés de enfrentar a realidade da justiça divina.

No contexto de nossa sociedade atual, onde o espírito do mundo influencia até mesmo as esferas religiosas, a injustiça se prolifera quando as pessoas, sob a pressão de sentimentos de culpa ou de uma falsa noção de amor, ignoram a necessidade de justiça verdadeira. Em Miqueias 7:2-3, o profeta lamenta a falta de homens justos: "Pereceu da terra o homem piedoso, e não há entre os homens um que seja reto; todos armam ciladas para sangue, caçam cada um a seu irmão com uma rede. As suas mãos fazem diligentemente o mal; o príncipe exige, e o juiz se deixa subornar, e o grande fala dos desejos de sua alma, e, assim, todos eles juntamente urdem o mal." Este versículo reflete a corrupção das autoridades e da justiça, onde o poder e o egoísmo substituem a retidão e o cuidado com o próximo.

A inversão de valores, onde o ofensor é protegido e a vítima é pressionada a perdoar sem a devida consideração pela justiça, revela a operação de um sistema que se opõe aos princípios do Reino de Deus. No entanto, a Bíblia nos exorta a buscar a justiça e a retidão, mesmo em meio à pressão social. Em Provérbios 21:15, está escrito: "Praticar a justiça é motivo de alegria para o justo, mas espanto para os malfeitores." A verdadeira justiça, que é a alegria dos justos, inevitavelmente trará convicção e desconforto para aqueles que vivem na iniquidade.

Como cristãos, somos chamados a manter uma postura firme em relação à justiça, mesmo quando a sociedade e, muitas vezes, até a igreja, nos pressionam a ceder. Em Romanos 12:2, Paulo nos admoesta: "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." Este versículo nos lembra de não nos conformarmos com as injustiças e distorções deste mundo, mas de renovar nossa mente e buscar a vontade de Deus, que é boa, agradável e perfeita.

Devemos estar conscientes de que a injustiça se espalhará em todas as áreas da sociedade, incluindo o ambiente religioso. A tendência será muitas vezes apoiar o ofensor e exigir amor e flexibilidade da vítima, uma inversão clara dos valores do Reino de Deus. No entanto, a Palavra nos chama a discernir esses tempos, permanecendo firmes na justiça e na verdade, mesmo que isso signifique ser mal compreendido ou criticado por aqueles ao nosso redor.

Aqueles que defendem os ofensores muitas vezes acreditam, erroneamente, que jamais serão vítimas de suas injustiças. Eles carregam uma falsa sensação de segurança, imaginando que estão protegidos pela neutralidade ou por um suposto vínculo de amizade. É como pensar que o ladrão que assaltou nosso amigo nunca nos atacaria, ou acreditar que o fofoqueiro, que fala mal de todos, não falará mal de nós porque somos "amigos". Essa presunção é perigosa e equivocada, pois ignora a natureza do comportamento injusto.

A Bíblia nos adverte sobre a insensatez de tal pensamento. Em Provérbios 26:27, somos lembrados de que "Quem cava um buraco, nele cairá; se alguém rola uma pedra, esta voltará sobre ele." Isso ilustra que o mal praticado acaba recaindo sobre quem o pratica, e aqueles que se associam a tais pessoas, ou as defendem, também estão vulneráveis a sofrer as mesmas consequências. Além disso, 1 Coríntios 15:33 nos ensina que "As más companhias corrompem os bons costumes," enfatizando que a proximidade com pessoas de caráter duvidoso inevitavelmente nos afetará negativamente.

Quando defendemos a injustiça, seja em nome de uma falsa unidade ou de uma paz superficial, estamos, na verdade, abrindo mão dos princípios de retidão e verdade que Cristo nos ensinou. Em Efésios 5:11, Paulo nos exorta a "Não participar das obras infrutíferas das trevas, antes, porém, reprovai-as." Isso significa que nossa lealdade deve estar com a verdade e a justiça, mesmo que isso signifique confrontar aqueles que estão errados.

Defender um ofensor sob a ilusão de que estamos preservando a paz ou mantendo a unidade é, na verdade, um erro grave. A verdadeira unidade e paz são baseadas na justiça e na verdade, e não podem ser sustentadas se fecharmos os olhos para o pecado e a injustiça. Como Jesus nos ensina em Mateus 5:9: "Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus." No entanto, ser um pacificador não significa ignorar o mal, mas sim confrontá-lo e trabalhar para restaurar a justiça.

Portanto, em sua caminhada de fé, é crucial que você permaneça firme naquilo que a Palavra de Deus ensina, exercitando o discernimento ao escolher com quem se associar. Nem todos entenderão suas decisões, e alguns podem até considerá-lo inflexível, mas a fidelidade a Deus e à Sua verdade deve sempre guiar suas escolhas. É melhor caminhar com poucos que compartilham de uma visão espiritual genuína e comprometida do que se rodear de muitos cuja lealdade é condicionada pelas vantagens temporais que podem obter. Ao manter esse compromisso, você protegerá sua integridade espiritual e assegurará que suas alianças sejam fontes de crescimento e bênção, tanto para você quanto para a comunidade de fé.

Deus vos abençoe

Leonardo Lima Ribeiro 

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