quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Como disciplinar líderes na congregação? (L8)

 

(Tirana, Albânia)

Certamente, é fundamental abordar o tema da disciplina, especialmente em relação a líderes, com discernimento espiritual e sensibilidade, pedindo a Deus que revele a verdade de maneira clara. A correção de líderes dentro da igreja, ou de qualquer posição de autoridade, é um assunto delicado e profundamente espiritual. Ela requer sabedoria divina, pois impacta não apenas a vida dos líderes, mas também a congregação e, de forma mais ampla, o testemunho do corpo de Cristo no mundo. Vamos refletir sobre esse tema à luz das Escrituras, buscando um entendimento mais profundo sobre a disciplina de Deus.

1. A Necessidade de Justiça e Verdade
Deus é justo e, como tal, Sua disciplina busca sempre a verdade e o bem-estar de todos os envolvidos. A correção de líderes não é simplesmente uma questão de expor falhas, mas de restaurar a verdade, a justiça e a santidade no corpo de Cristo. A Bíblia nos adverte a ter cuidado para não confundir compaixão com conivência com o pecado. Uma falsa piedade que ignora o sofrimento das vítimas e perpetua a impunidade não reflete o caráter de Deus, que "ama a justiça e o direito" (Salmo 33:5).

No entanto, vivemos tempos em que, como Paulo advertiu, muitos se afastarão da verdade e abraçarão a injustiça (2 Timóteo 4:3-4). Essa inversão de valores que percebemos na sociedade reflete a influência espiritual do sistema do anticristo, que promove o engano, a corrupção e a falsa piedade. O que muitas vezes vemos é uma cultura de tolerância ao pecado e à má liderança, que prefere proteger os culpados em vez de restaurar os feridos e defender os inocentes.

2. A Responsabilidade dos Líderes e a Necessidade de Correção
Os líderes têm uma grande responsabilidade diante de Deus. Eles são chamados a cuidar do rebanho de Cristo, servindo como exemplos de integridade, amor e santidade. No entanto, quando um líder falha em sua responsabilidade, especialmente de forma que cause escândalo e prejudique os outros, a correção é não apenas necessária, mas vital.

Tiago 3:1 nos lembra que aqueles que ensinam e lideram serão julgados com maior rigor. Isso porque suas ações têm um impacto maior, afetando não apenas a si mesmos, mas todos os que estão sob sua liderança. Quando um líder age de maneira imprópria ou causa escândalo, ele não só prejudica as vítimas diretas, mas também pode ferir a fé de muitos outros, desonrando o nome de Cristo e causando tropeços espirituais.

A disciplina de Deus é uma forma de trazer correção e restauração, tanto para o líder quanto para a comunidade. Ela não deve ser vista como uma punição cruel, mas como uma expressão do amor de Deus, que deseja que todos cheguem ao arrependimento e à plena restauração (Hebreus 12:6). Quando Deus corrige, Ele o faz para o nosso bem, para que possamos compartilhar da Sua santidade.

3. A Justiça de Deus e o Cuidado com as Vítimas
É crucial que, ao corrigirmos líderes, não negligenciemos as vítimas que foram prejudicadas por suas ações. A verdadeira justiça de Deus defende os oprimidos, cura os feridos e protege os inocentes. Em várias passagens das Escrituras, vemos o cuidado de Deus para com os fracos e vulneráveis, e Sua aversão a qualquer forma de abuso ou opressão.

Em Ezequiel 34, Deus repreende os pastores de Israel por não cuidarem de Suas ovelhas, mas, ao contrário, por explorarem o rebanho. Ele promete julgar esses líderes e cuidar pessoalmente de Suas ovelhas, revelando o coração de um Deus que é tanto justo quanto misericordioso. Portanto, a correção de líderes não pode ser focada apenas na restauração do ofensor, mas também deve buscar a justiça para as vítimas, garantindo que sejam ouvidas, apoiadas e curadas.

4. A Influência do Espírito do Anticristo e a Falsa Piedade
A inversão de valores que percebemos hoje é um reflexo direto da influência espiritual do anticristo no mundo. Jesus advertiu que, nos últimos dias, surgiriam falsos mestres e profetas que enganariam muitos (Mateus 24:24). Parte desse engano envolve a normalização do pecado e a aceitação de líderes corruptos, enquanto as vítimas são frequentemente deixadas à margem.

Essa falsa piedade, que parece “amorosa” ao defender os líderes ofensores, muitas vezes ignora a verdadeira justiça. O apóstolo Paulo fala dessa "aparência de piedade", mas que na realidade nega o poder transformador de Deus (2 Timóteo 3:5). O que vemos é uma forma de religião que tolera o pecado, ao invés de confrontá-lo com a verdade do evangelho.

5. O Caminho da Restauração e da Verdadeira Disciplina
A verdadeira disciplina de Deus é sempre redentora. Ela visa a restauração, tanto do líder quanto da comunidade. Quando um líder é corrigido, ele tem a oportunidade de se arrepender, ser restaurado e continuar servindo de acordo com os padrões de Deus. No entanto, esse processo deve ser feito com transparência, justiça e foco na verdade. O perdão e a restauração não podem acontecer sem o arrependimento genuíno e sem que se repare o dano causado.

Ao mesmo tempo, é importante lembrar que nem todos os líderes que falham estão além da restauração. Deus é poderoso para transformar corações e corrigir os caminhos tortuosos. A correção, portanto, deve ser acompanhada de um espírito de graça e verdade, buscando a restauração plena de todos os envolvidos.

Ao refletirmos sobre a correção de líderes, devemos buscar a sabedoria de Deus, que é tanto justa quanto misericordiosa. A disciplina bíblica não é uma forma de vingança, mas um meio de trazer justiça, cura e restauração. Devemos evitar a falsa piedade que protege os ofensores e prejudica as vítimas, e buscar a verdadeira justiça de Deus, que sempre defende os oprimidos.

Temos que orar por discernimento e coragem, para que a igreja seja um lugar de verdade, amor e santidade, onde os líderes sejam exemplos e, quando necessário, corrigidos com o amor restaurador de Deus. Que o Espírito Santo nos guie nessa busca pela verdade e nos capacite a viver e liderar de maneira que honre a Cristo.

1. Mateus 18:15-17 "Se o teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano."

Esse texto aborda o processo de correção dentro da igreja, que pode incluir líderes, destacando a importância da abordagem direta, testemunhas e, se necessário, envolver a comunidade.

Baseado nesse texto de Mateus 18, vamos criar uma situação hipotética em que esse principio deveria ser aplicado:

Imaginemos uma situação em que dois membros de uma igreja, Paulo e Marcos, estão envolvidos. Paulo descobre que Marcos, que é casado, está tendo um relacionamento extraconjugal. Além disso, Paulo sabe que Marcos mentiu repetidamente para sua esposa e para outros membros da igreja, encobrindo o adultério.

De acordo com Mateus 18:15-17, Paulo, com o coração disposto à reconciliação e em obediência à Palavra de Deus, decide confrontar Marcos. Ele se aproxima de Marcos em particular, em um ambiente de respeito e amor cristão, e diz que sabe sobre o adultério e as mentiras. Paulo explica que o comportamento de Marcos está em desacordo com a vida cristã e que ele precisa se arrepender, confessar a verdade à sua esposa, e interromper a relação ilícita.

Se Marcos ouvir Paulo, reconhecer seu erro, e estiver disposto a se arrepender e corrigir a situação, a questão pode ser resolvida. Paulo teria "ganhado a seu irmão", restaurando Marcos à integridade e ajudando-o a retornar ao caminho da santidade. Isso poderia incluir Marcos confessar à sua esposa, buscar aconselhamento pastoral e um processo de restauração espiritual na igreja.

No entanto, se Marcos se recusar a ouvir e continuar negando ou justificando suas ações, Paulo, seguindo a orientação bíblica, leva consigo duas ou três testemunhas, como líderes da igreja ou membros maduros, para uma nova conversa com Marcos. O objetivo é encorajar Marcos ao arrependimento e confirmar que ele teve múltiplas oportunidades de reconhecer seu erro. Se mesmo com a presença das testemunhas Marcos continuar negando e se recusando a mudar de comportamento, Paulo, junto com as testemunhas, leva a questão à liderança da igreja.

Se, mesmo após a intervenção da igreja, Marcos continuar a rejeitar o conselho, recusar-se a arrepender-se de suas mentiras e adultério, e persistir em seu comportamento pecaminoso, a igreja deve seguir a instrução de Mateus 18:17. Nesse caso, Marcos seria tratado como "gentio e publicano", ou seja, alguém fora da comunhão da igreja. Isso não significa tratá-lo com desprezo, mas a igreja deixaria claro que, sem arrependimento, ele não pode continuar em plena comunhão com o corpo de Cristo. O objetivo final, mesmo nesse ponto, seria que Marcos perceba a seriedade de suas ações e, eventualmente, busque restauração.

Essa situação mostra como o texto de Mateus 18:15-17 pode ser aplicado a uma questão grave como a mentira e o adultério, sempre com o objetivo de reconciliação, arrependimento e restauração dentro da comunidade de fé.

Agora vamos ver outro contexto bíblico que se aplica a essa minha explanação:

Texto de 1 Coríntios 5
O apóstolo Paulo escreve à igreja de Corinto sobre um caso grave de imoralidade sexual:

1 Coríntios 5:1-2: "Ouvimos que há entre vós fornicação, e tal fornicação como nunca sequer entre os gentios, a ponto de alguém coabitar com a mulher de seu pai. E vós estais ensoberbecidos, e não vos lamento mais, para que fosse tirado do meio de vós o que tal procedimento praticou."
Paulo está repreendendo a igreja de Corinto por tolerar um pecado grave dentro da comunidade. O pecado em questão é a relação incestuosa entre um membro da igreja e a esposa de seu pai. Paulo critica a igreja por sua atitude de tolerância e falta de ação.

1 Coríntios 5:3-5: "Eu, na verdade, já em espírito, como presente, já julguei como se estivesse presente o que assim praticou. Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, reunidos vós e meu espírito, com o poder de nosso Senhor Jesus Cristo, para entregar a Satanás tal homem para a destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus."
Paulo instrui a igreja a tomar uma atitude disciplinar severa. Ele recomenda que o membro que cometeu o pecado seja entregue a Satanás, ou seja, excluído da comunhão da igreja, para que o pecado não se propague e, ao mesmo tempo, que o indivíduo tenha a oportunidade de arrepender-se e ser salvo.

1 Coríntios 5:6-7: "Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda toda a massa? Lançai fora, pois, o fermento velho, para que sejais nova massa, como sois sem fermento. Porque Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós."
Paulo usa a metáfora do fermento para ilustrar como o pecado não tratado pode se espalhar e corromper toda a comunidade. Ele exorta os coríntios a remover o pecado para manter a pureza da igreja.

Na situação hipotética envolvendo Marcos e o adultério:

Gravidade do Pecado: Assim como Paulo abordou um caso grave de imoralidade sexual em Corinto, a situação de Marcos, que envolve adultério e mentira, também é grave e compromete a integridade moral da comunidade. Ambos os casos mostram a necessidade de ação para proteger a pureza da igreja.

Processo de Disciplina: Paulo instrui a igreja de Corinto a tomar uma ação disciplinar, excluindo o pecador da comunhão para impedir a propagação do pecado. Isso se alinha com o processo descrito em Mateus 18:15-17, onde o pecado é abordado primeiro em particular e, se necessário, com o envolvimento da igreja. Na situação de Marcos, se ele persistir no pecado, a liderança da igreja deve seguir um procedimento semelhante ao que Paulo descreve, buscando restaurar o indivíduo através da disciplina e, eventualmente, excluindo-o para preservar a santidade da igreja.

O objetivo da disciplina, conforme descrito em 1 Coríntios 5, é a purificação da igreja e a possível restauração do pecador. Paulo enfatiza que a disciplina não é apenas para punir, mas para permitir que o indivíduo seja confrontado com a seriedade de seu pecado e, eventualmente, se arrependa e seja salvo. Da mesma forma, o processo descrito em Mateus 18 tem como objetivo a restauração e a reconciliação, sempre com a esperança de que o pecador se arrependa e retorne à comunhão.

Portanto, o texto de 1 Coríntios 5 reforça a importância e a seriedade da disciplina na igreja, que é confirmada e complementada pelo processo descrito em Mateus 18:15-17. Ambos os textos destacam a necessidade de proteger a pureza da comunidade e de buscar a restauração do pecador através de um processo amoroso e disciplinar.

2. 1 Timóteo 5:19-20 "Não aceites acusação contra um presbítero, senão com duas ou três testemunhas. Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor."

Esse texto é específico para líderes (presbíteros), sugerindo que qualquer acusação deve ser cuidadosamente avaliada, e a correção pública deve ocorrer quando necessário.

3. Tito 1:10-13 "Porque há muitos insubordinados, faladores vãos e enganadores, especialmente os da circuncisão, aos quais é preciso tapar a boca; são homens que transtornam casas inteiras, ensinando o que não convém, por torpe ganância. Um deles, seu próprio profeta, disse: 'Os cretenses são sempre mentirosos, feras terríveis, ventres preguiçosos.' Este testemunho é verdadeiro. Portanto, repreende-os severamente, para que sejam são na fé."

Paulo orienta Tito a corrigir severamente os falsos mestres e líderes que estão distorcendo a verdade, para que retornem à sã doutrina.

4. Gálatas 2:11-14 "Quando, porém, Pedro veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque era repreensível. Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, ele comia com os gentios; mas, quando chegaram, afastou-se e separou-se, temendo os que eram da circuncisão. E os outros judeus também se dissimulavam com ele, de modo que até Barnabé foi levado pela sua dissimulação. Mas, quando vi que não andavam corretamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro, na presença de todos: 'Se tu, sendo judeu, vives como os gentios e não como os judeus, como obrigas os gentios a viverem como judeus?'"

Aqui, Paulo confronta Pedro publicamente por sua hipocrisia, mostrando que até líderes importantes podem ser corrigidos quando agem de maneira incoerente com o evangelho.

5. 2 Timóteo 4:2 "Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta, com toda longanimidade e doutrina."

Embora não seja específico sobre líderes, essa instrução a Timóteo inclui a correção como parte do ministério, aplicando-se tanto a líderes quanto aos membros da comunidade.

6. Ezequiel 34:2-4 "Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel, profetiza e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Ai dos pastores de Israel, que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? Comeis a gordura, vestis-vos de lã e degolais o cevado, mas não apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza."

Esse texto profético repreende severamente os líderes espirituais de Israel por sua negligência em cuidar do povo e seu abuso de poder.

7. Provérbios 27:5-6 "Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto. Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos."

Embora mais geral, o princípio de correção honesta entre amigos se aplica também à correção de líderes, desde que feita de maneira leal e respeitosa.

8. 1 Coríntios 5:12-13 "Pois, que me importa julgar os de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, de entre vós a esse iníquo."

Paulo instrui a igreja a exercer disciplina dentro da comunidade, incluindo líderes, se eles se desviarem do comportamento correto.

9. Hebreus 13:17 "Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles, pois velam por vossas almas como quem há de prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não vos seria útil."

Esse versículo destaca a responsabilidade dos líderes de prestar contas e, implicitamente, a possibilidade de serem corrigidos quando não estão cumprindo seu papel corretamente.

10. Tiago 3:1 "Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo."

Embora não fale diretamente de correção, sugere que os líderes e mestres estão sujeitos a um julgamento mais rigoroso, o que pode incluir correção por suas falhas.

Embora muitos líderes saibam da necessidade de corrigir, eles muitas vezes negligenciam esse principio, e isso acontece por diversos fatores

Embora muitos líderes estejam cientes da necessidade e da importância de corrigir aqueles sob sua liderança, eles frequentemente negligenciam esse princípio vital. Essa negligência pode ocorrer por uma série de razões, que vão desde insegurança pessoal e temor das consequências, até uma falta de compreensão clara sobre o propósito e o processo da correção bíblica. Vamos explorar e aprofundar alguns dos principais fatores que contribuem para essa omissão e os impactos que ela pode ter sobre a igreja e a comunidade.

1. Medo de Conflito e Rejeição
Um dos motivos mais comuns pelos quais líderes evitam a correção é o medo de conflito. Enfrentar o erro, seja ele moral, espiritual ou comportamental, pode ser uma experiência emocionalmente desgastante. Muitos líderes temem que, ao corrigir alguém, possam causar mágoa ou, pior ainda, perder o relacionamento ou a confiança da pessoa. Esse medo de rejeição ou de gerar desconforto pode levar ao silêncio, mesmo diante de atitudes claramente erradas.

No entanto, essa abordagem falha em considerar o dano a longo prazo que a ausência de correção pode causar. Quando o pecado ou o erro não são confrontados, eles têm a tendência de crescer, causando um efeito devastador, tanto para o indivíduo quanto para a comunidade. O livro de Provérbios nos ensina que "a repreensão aberta é melhor do que o amor oculto" (Provérbios 27:5). Evitar a correção por medo do conflito muitas vezes resulta em maior dano no futuro.

2. Cultura de Tolerância ao Erro
Outro fator que leva à negligência da correção é a cultura de tolerância ao erro que muitas vezes permeia tanto a sociedade quanto as igrejas. Vivemos em uma época em que a ênfase exagerada no amor e na aceitação, sem um equilíbrio com a verdade e a justiça, pode criar um ambiente em que os erros são ignorados ou minimizados. A ideia de correção é frequentemente vista como algo negativo, julgador, ou que "não reflete o amor de Cristo", quando, na realidade, a correção é uma expressão genuína de amor.

Em Hebreus 12:6, lemos que "o Senhor corrige quem ama". Deus, em Seu amor, não ignora nossos pecados ou falhas, mas os confronta com o propósito de nos restaurar. Quando os líderes evitam corrigir por medo de parecerem "não amorosos", eles acabam participando da cultura da impunidade e comprometem o crescimento espiritual tanto de indivíduos quanto da comunidade como um todo.

3. Insegurança Pessoal e Falta de Autoridade Espiritual
Muitos líderes também enfrentam a insegurança pessoal que os impede de corrigir os outros. Eles podem questionar sua própria autoridade ou se sentirem inadequados para exercer a disciplina. Se um líder está lutando com seus próprios fracassos ou pecados, ele pode se sentir desconfortável em corrigir os outros, temendo ser visto como hipócrita. Essa insegurança pode criar um ciclo de passividade, onde o erro é permitido porque o líder não se sente capaz de confrontá-lo.

Essa falta de correção pode ser devastadora para a integridade espiritual de uma comunidade. A Bíblia nos lembra que, como líderes, temos uma responsabilidade única e somos chamados a cuidar do rebanho de Deus com diligência (1 Pedro 5:2-3). Isso inclui, necessariamente, a correção quando o erro é evidente. Líderes espirituais são chamados a ser exemplos, mas também a exercer autoridade quando necessário, não por dominação, mas com o objetivo de trazer restauração.

4. Medo de Perder Influência ou Poder
Outro aspecto que leva os líderes a negligenciarem a correção é o medo de perder influência ou poder. Em algumas situações, os líderes preferem manter o apoio e a popularidade, mesmo às custas de ignorar comportamentos inadequados. Isso pode acontecer em contextos onde a correção poderia desestabilizar uma base de apoio ou gerar dissensões internas, o que poderia afetar a posição de poder ou a reputação do líder.

No entanto, esse medo de perder influência é uma armadilha perigosa. Jesus nos ensina que o verdadeiro poder na liderança é o serviço, e que o propósito da liderança é guiar as pessoas em justiça e verdade, não manter uma posição de poder (Mateus 20:25-28). Quando a correção é negligenciada por medo de perder influência, a liderança se torna disfuncional, e o próprio líder acaba comprometendo sua integridade e a eficácia de seu ministério.

5. Falta de Compreensão do Propósito Redentor da Correção
Muitos líderes negligenciam a correção simplesmente porque não compreendem plenamente o propósito redentor por trás dela. A correção bíblica não é uma forma de castigar ou humilhar alguém, mas uma ferramenta de restauração. O propósito da disciplina espiritual é guiar a pessoa de volta ao caminho correto, para que ela possa crescer em maturidade e refletir a santidade de Cristo.

Quando os líderes não entendem isso, a correção pode parecer desnecessária ou "dura". No entanto, as Escrituras são claras sobre a importância da correção para o desenvolvimento espiritual. Em 2 Timóteo 3:16-17, Paulo diz que "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a educação na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra". Ignorar a correção é ignorar uma parte vital do processo de crescimento espiritual.

6. A Falsa Ideia de Paz e Unidade a Qualquer Custo
Outro fator que pode levar os líderes a negligenciar a correção é o desejo de preservar a paz e a unidade a qualquer custo. Muitas vezes, a correção é evitada para evitar divisões ou conflitos dentro da comunidade. Embora a unidade seja uma meta importante na igreja, ela nunca deve ser mantida à custa da verdade. A paz verdadeira não pode ser alcançada enquanto o pecado ou o erro permanecem sem confrontação.

Jesus nos ensina que, em alguns casos, trazer a verdade pode causar divisão, mas essa divisão é necessária para a purificação e o crescimento (Lucas 12:51). A verdadeira unidade só pode ser construída sobre a verdade, e líderes que evitam a correção por medo de quebrar a "paz" estão, na verdade, permitindo que o erro se enraíze mais profundamente.

7. Impacto Negativo da Negligência na Correção
Quando líderes falham em corrigir, as consequências podem ser desastrosas. A falta de correção pode levar à perpetuação de padrões de comportamento prejudiciais, tanto no líder quanto nos membros da congregação. O pecado ou o erro que não é confrontado tem o potencial de se espalhar, contaminando outras áreas da vida espiritual e causando tropeços a muitos. Isso pode enfraquecer a credibilidade da liderança e da igreja, minando a confiança das pessoas no sistema espiritual e no próprio evangelho.

Além disso, quando a correção é negligenciada, a vítima de um erro ou abuso fica desprotegida. Isso perpetua a injustiça e contraria o coração de Deus, que se preocupa profundamente com os oprimidos e feridos. A igreja deve ser um lugar de segurança e justiça, e a ausência de correção distorce essa missão.

Há necessidade de uma Liderança Corajosa e Justa
Os líderes são chamados a refletir o caráter de Deus em sua liderança, e isso inclui a disposição de corrigir quando necessário. A correção não é uma tarefa fácil, mas é um componente essencial de uma liderança saudável e bíblica. Quando os líderes negligenciam a correção, eles comprometem o crescimento espiritual da comunidade e permitem que a injustiça prospere.

O verdadeiro líder espiritual deve buscar a coragem e a sabedoria de Deus para corrigir com graça, verdade e amor, entendendo que o objetivo final é a restauração e o crescimento. Ao enfrentar os desafios da correção, os líderes demonstram não apenas sua fidelidade a Deus, mas também seu compromisso com a santidade, a justiça e o bem-estar de todos aqueles sob sua liderança.

A falta de disciplina por parte dos líderes não apenas afeta a saúde espiritual e moral da comunidade, mas também revela uma deformidade de caráter nos próprios líderes. Quando líderes se recusam a confrontar erros ou a corrigir os seus liderados, estão, de certa forma, negligenciando a responsabilidade que lhes foi confiada por Deus. Isso demonstra não apenas uma falha em seu papel de pastores e guias, mas também uma deficiência em áreas fundamentais como coragem, integridade e compromisso com a verdade.

1. Falta de Coragem Moral
A correção, especialmente em um contexto espiritual, exige coragem moral. Muitas vezes, os líderes evitam corrigir porque temem as consequências pessoais ou institucionais, como perder seguidores ou causar divisões. Contudo, essa falta de coragem não é uma característica aceitável na liderança cristã. No livro de Josué, Deus instrui a Josué: "Sê forte e corajoso" (Josué 1:9). A ausência de disciplina muitas vezes reflete uma omissão dessa coragem necessária para proteger a pureza e a integridade da igreja.

2. Compromisso com a Verdade
Quando um líder evita corrigir o erro, ele está colocando a conveniência pessoal ou institucional acima da verdade de Deus. Essa omissão pode demonstrar uma falta de compromisso com os princípios fundamentais do evangelho. Jesus afirmou que a verdade liberta (João 8:32), e a correção está diretamente ligada a essa busca por verdade. Não corrigir aqueles que erram é, em certo sentido, permitir que o erro e a falsidade persistam.

3. Perpetuação da Injustiça
Quando um líder negligencia a disciplina, ele também perpetua a injustiça, especialmente para aqueles que podem ter sido feridos pelo comportamento errado de outros. Não tratar adequadamente os erros cometidos dentro da igreja significa ignorar as vítimas desses erros, e essa falta de ação pode ser vista como cumplicidade. Deus se preocupa profundamente com a justiça, e os líderes que não enfrentam o pecado e a injustiça em suas comunidades distorcem o caráter de Deus, que é justo e reto.

4. Deformidade de Caráter
A omissão da disciplina não é simplesmente uma falha administrativa ou prática, mas uma deformidade de caráter. Um líder que se recusa a corrigir o erro de seus liderados revela que carece de integridade. Ele prioriza o conforto pessoal ou a estabilidade institucional sobre a responsabilidade moral e espiritual que Deus lhe confiou. Essa deformidade pode crescer ao longo do tempo, levando a uma liderança passiva, ineficaz e, em alguns casos, até corrupta.

5. Comprometimento da Missão Espiritual
A liderança cristã tem como um de seus objetivos principais guiar as pessoas à semelhança de Cristo. A correção é uma ferramenta vital para esse processo, pois ajuda as pessoas a se aperfeiçoarem e a abandonarem o pecado. Um líder que falha em disciplinar seus liderados está, essencialmente, sabotando o crescimento espiritual daqueles que lidera. Essa omissão não apenas impede o desenvolvimento individual, mas também enfraquece o corpo de Cristo como um todo, comprometendo a missão da igreja.

A Necessidade de uma Liderança Íntegra
A liderança não envolve apenas pregar ou guiar as pessoas espiritualmente, mas também lidar com os desafios da correção e disciplina. Quando um líder se recusa a exercer essa responsabilidade, demonstra não apenas uma falha administrativa, mas também uma falha moral e espiritual. A deformidade de caráter que surge da negligência na correção não afeta apenas o líder, mas também toda a comunidade que ele serve.

Uma liderança íntegra exige que o líder esteja disposto a confrontar os erros de seus liderados com amor e firmeza, compreendendo que a disciplina, quando feita de maneira justa e amorosa, promove restauração, crescimento e a santidade de toda a igreja.

Muitos, de fato, se sentem chamados para liderar ou servir, especialmente em contextos espirituais, mas seus comportamentos e decisões mostram que ainda não compreenderam plenamente o que esse chamado realmente implica. O chamado de Deus para a liderança não é simplesmente um convite para uma posição de autoridade ou visibilidade, mas uma convocação para um serviço sacrificial, onde a responsabilidade, a humildade e a retidão moral estão no centro.

1. Compreensão Superficial do Chamado
Muitos podem interpretar o chamado de Deus como uma oportunidade de destaque ou status, mas o verdadeiro sentido do chamado envolve responsabilidade, abnegação e um profundo compromisso com a vontade de Deus. Jesus nos ensinou que "o maior entre vós será vosso servo" (Mateus 23:11). Aqueles que ainda não entenderam o que significa ser chamado por Deus, muitas vezes confundem liderança com poder, quando na verdade, é um convite ao serviço.

2. Posicionamentos Que Contradizem o Chamado
O comportamento de muitos que se dizem chamados revela que eles ainda não incorporaram os valores essenciais desse chamado. A liderança espiritual exige coerência entre o discurso e a prática. Quando líderes falham em demonstrar integridade, compaixão e humildade em suas ações, é um sinal de que ainda não compreenderam as implicações do chamado de Deus. Paulo, em sua carta a Timóteo, enfatiza as qualidades necessárias para os líderes: “é necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto” (1 Timóteo 3:2). A liderança exige que se viva de acordo com princípios elevados.

3. A Responsabilidade do Chamado
Ser chamado por Deus é uma responsabilidade de peso. Não se trata apenas de sentir uma inspiração ou desejo de servir, mas de entender que há um padrão divino a ser seguido. A liderança implica guiar outros pelo exemplo, sendo uma referência de caráter e conduta. Muitos não percebem que, ao serem colocados em uma posição de liderança, passam a ser observados e seguidos, e qualquer desvio ou omissão pode causar sérios danos àqueles que os acompanham.

4. A Falta de Maturidade Espiritual
Outra razão pela qual muitos líderes falham em demonstrar o que o chamado implica é a falta de maturidade espiritual. Eles podem ter conhecimento teórico, mas ainda não experimentaram o aprofundamento espiritual necessário para lidar com os desafios da liderança. Tiago nos alerta sobre a responsabilidade daqueles que ensinam: "Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo" (Tiago 3:1). Sem maturidade, é difícil liderar com sabedoria e discernimento.

5. Posição vs. Submissão a Deus
O chamado não é sobre alcançar uma posição de prestígio, mas sobre submissão total à vontade de Deus. Quando líderes priorizam seus próprios interesses, sua popularidade ou até mesmo a estabilidade de suas posições, eles perdem de vista a essência do que significa ser chamado. Deus exige submissão total e obediência à Sua vontade, e aqueles que foram realmente chamados compreendem que sua liderança só é eficaz quando estão completamente rendidos à direção divina.

6. Chamado: Privilégio e Sacrifício
Aqueles que realmente compreendem o que o chamado implica veem sua liderança como um privilégio, mas também como um grande sacrifício. Estão dispostos a sofrer por amor à verdade e pela justiça de Deus. Muitos, porém, se recusam a pagar o preço necessário, preferindo manter-se confortáveis e evitar confrontos difíceis ou decisões que podem comprometer sua imagem ou posição. Esse tipo de atitude revela uma compreensão limitada do chamado.

7. Necessidade de Reflexão e Arrependimento
Líderes que ainda não entenderam a profundidade do chamado precisam refletir profundamente sobre suas motivações e posturas. Devem buscar em oração e arrependimento a orientação de Deus, para que Ele possa ajustar suas vidas àquilo que realmente significa ser um servo-líder. O chamado de Deus exige transformação contínua e uma disposição para corrigir o curso quando necessário.

O Verdadeiro Significado do Chamado
Ser chamado por Deus não é algo a ser tomado de forma leviana. Requer uma compreensão profunda das implicações espirituais, morais e pessoais desse compromisso. Líderes que ainda não entenderam isso estão não apenas comprometendo seu próprio desenvolvimento espiritual, mas também prejudicando aqueles que os seguem. Portanto, é essencial que cada líder se submeta a um processo contínuo de avaliação e crescimento, para que possam estar à altura do propósito divino que receberam.

Muitos entendem a santidade de forma superficial, acreditando que ela se resume a abster-se de determinadas ações ou comportamentos externos, quando na verdade a verdadeira santidade é muito mais profunda. Santidade não é apenas uma questão de evitar pecados visíveis ou se distanciar de práticas consideradas erradas, mas sim um processo interno de transformação, em que o caráter de Cristo é formado em nós.

1. Santidade: Mais que Abstenção, Transformação
A santidade bíblica não pode ser reduzida a uma lista de “faça” ou “não faça”. Muitas vezes, há uma ênfase exagerada naquilo que é visível — como evitar certos hábitos ou comportamentos — sem entender que a verdadeira transformação acontece no coração. Jesus confrontou os fariseus exatamente sobre esse tipo de hipocrisia, quando eles pareciam santos por fora, mas por dentro estavam cheios de injustiça (Mateus 23:27-28). Santidade é o fruto de uma relação profunda e contínua com Deus, onde o Espírito Santo transforma nossas intenções, desejos e caráter.

2. A Santidade de Cristo: Reflexo da Submissão a Deus
Cristo não apenas viveu uma vida sem pecado, mas Ele também demonstrou o que significa estar completamente submisso à vontade de Deus. Essa submissão é o centro da verdadeira santidade. Quando estamos realmente entregues a Cristo, Seu caráter começa a se manifestar em nossas vidas, não apenas como uma série de ações corretas, mas como uma transformação do nosso ser. Como Jesus disse: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra” (João 14:23). A verdadeira santidade não surge do esforço humano de seguir regras, mas de um coração totalmente rendido a Deus.

3. A Verdade que Liberta
Jesus nos ensinou que “a verdade vos libertará” (João 8:32). Essa verdade vai além das aparências externas. Trata-se de uma verdade interior que revela nossa real condição diante de Deus e nos chama à transformação. A liberdade e a santidade que Cristo oferece não são apenas livramentos de práticas pecaminosas visíveis, mas uma libertação da escravidão do pecado em todas as suas formas, incluindo atitudes, pensamentos e desejos. A mudança exterior é apenas o reflexo de uma libertação interior profunda.

4. Raízes Exteriores vs. Transformação Interior
Muitas vezes, o foco está nas “raízes exteriores” — aquilo que é visível para os outros. No entanto, Jesus nos chama a olhar para o coração. Ele ensinou que o que contamina o homem não é o que entra, mas o que sai do coração (Marcos 7:15). Isso significa que a verdadeira santidade começa de dentro para fora. Abster-se de atos exteriores pode ser uma parte da vida cristã, mas se o coração não estiver em alinhamento com Deus, esses esforços serão vazios.

5. A Santidade como Recepção do Caráter de Cristo
A verdadeira santidade é, em última instância, receber o caráter de Cristo em nossas vidas. E isso só acontece através de uma relação contínua e verdadeira de submissão a Ele. Quando nos rendemos completamente ao senhorio de Cristo, Ele nos molda à Sua imagem, nos santifica e nos transforma. Paulo descreveu isso em Gálatas 2:20: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”. Essa é a essência da santidade — não eu tentando ser santo por conta própria, mas Cristo vivendo em mim.

6. A Ilusão da Piedade Exterior
Focar apenas na abstenção de atos exteriores sem transformação interior pode criar uma falsa sensação de piedade. As pessoas podem parecer santas, mas ainda estarem presas à legalidade ou orgulho espiritual. Esse tipo de religiosidade impede o crescimento verdadeiro e afasta da verdadeira liberdade em Cristo. A santidade não é um fardo de regras, mas uma vida de liberdade no Espírito, onde a obediência flui de um coração transformado e não de uma obrigação externa.

Santidade é Relação, não Rito: A santidade que Deus nos chama a viver é muito mais do que a abstenção de atos visíveis. É uma jornada contínua de relacionamento com Cristo, onde, por meio da nossa submissão e dependência d’Ele, recebemos Seu caráter e somos transformados de dentro para fora. Isso envolve não apenas mudar comportamentos, mas permitir que o Espírito Santo reforme completamente nosso ser, libertando-nos do pecado em suas raízes mais profundas e nos conformando à imagem de Cristo.

A disciplina e o direcionamento da fé para Jesus são fundamentais para o crescimento saudável e espiritual da igreja. No contexto cristão, disciplina não se refere apenas à correção de comportamentos errados, mas também a um processo de aprendizado, formação e crescimento. Assim como um pai amoroso disciplina seus filhos para que se tornem pessoas maduras e responsáveis, Deus corrige e molda Seus filhos para que cresçam em santidade e sejam conformados à imagem de Cristo, como destacado em Hebreus 12:5-11. A disciplina na vida cristã é um ato de amor. Quando aplicada corretamente, ela não busca punição, mas transformação. A igreja, como o corpo de Cristo, deve ver a disciplina não como algo punitivo, mas como um processo de amadurecimento que sempre aponta para Jesus e Seu exemplo de santidade. Essa disciplina é um meio de manter o foco na fé em Cristo e em Sua obra redentora.

O chamado à santidade é a base sobre a qual o crescimento da igreja deve estar apoiado. Sem a busca pela santidade, que implica viver em submissão a Deus e ser transformado por Cristo, a igreja perde sua essência. Pedro nos lembra em sua epístola: "Sede santos, porque eu sou santo" (1 Pedro 1:16). A santidade não é meramente abster-se do pecado, mas viver em profunda comunhão com Deus e refletir Seu caráter em todas as áreas da vida. Quando a fé da igreja é dirigida para Cristo, a santidade se torna o caminho natural para o crescimento espiritual e coletivo.

O crescimento verdadeiro da igreja não depende de estratégias humanas, mas da sua fidelidade a Cristo. Ele é a cabeça da igreja, e é através de uma vida de fé, obediência e santidade que o corpo cresce em unidade e propósito. Paulo destaca que o fundamento de todo crescimento está em Cristo, dizendo: “nele, todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor” (Efésios 2:21). A disciplina também desempenha um papel crucial no discipulado. Jesus corrigia e ensinava Seus discípulos, guiando-os no caminho da fé e da santidade. Da mesma forma, a igreja deve seguir esse exemplo, formando discípulos que não apenas compreendam a doutrina, mas vivam uma vida transformada pelo evangelho. Quando aplicada com amor e sabedoria, a disciplina fortalece os cristãos, preparando-os para uma vida de santidade e serviço ao Reino.

Além disso, uma igreja que vive a verdadeira santidade e aponta continuamente para Cristo torna-se um poderoso testemunho para o mundo. A disciplina, quando aplicada de forma correta, não divide, mas fortalece e une a igreja. Ela purifica a comunidade e permite que o corpo de Cristo seja um farol de luz em um mundo carente de verdade e justiça. Uma igreja disciplinada e centrada em Cristo atrai pessoas não por seus programas ou estratégias, mas pela presença viva de Deus em seu meio.

O crescimento da igreja está, em última instância, enraizado em sua fidelidade a Cristo e em seu compromisso com a santidade. A disciplina, tanto individual quanto coletiva, é o caminho para essa santidade, pois direciona continuamente os fiéis para Jesus, o autor e consumador da nossa fé (Hebreus 12:2). Quando a igreja vive em submissão a Ele e é transformada por Seu caráter, ela cresce e floresce, não apenas em número, mas em profundidade espiritual, cumprindo sua missão de ser luz para o mundo.

Que o Senhor liberte os cativos e converta o coração de seus filhos 

Deus vos abençoe 

Leonardo Lima Ribeiro 

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