Muitas vezes, nos perguntamos por que certas pessoas escolhem ouvir quem promove mentiras, enquanto ignoram aqueles que falam a verdade. Essa reflexão nos leva a um ponto central: é possível discernir a índole de alguém pela qualidade das vozes que ela escolhe escutar. O tipo de mensagem que aceitamos reflete quem somos interiormente.
Há um versículo bíblico que diz: "As más companhias corrompem os bons costumes." (1 Coríntios 15:33). Este princípio também é ecoado pelo provérbio popular: "Diga-me com quem tu andas e eu te direi quem tu és." Ambos ilustram que a convivência e os relacionamentos que cultivamos influenciam profundamente nosso caráter e ações.
No entanto, algo que sempre me intrigou foi o porquê de pessoas de boa índole frequentemente não terem voz em situações de conflito ou de disputa de interesses. Em Provérbios, a resposta se revela: "Os mentirosos dão ouvidos aos ímpios e desconsideram a verdade." Isso nos ajuda a entender que há uma inclinação natural em alguns para preferirem o que é conveniente, mesmo que seja falso, ao invés de enfrentarem a verdade.
Essa realidade está diretamente ligada à concupiscência e à índole. Muitas vezes, a mentira prospera porque é mais confortável e atrativa. Por exemplo, algumas igrejas que pregam um evangelho distorcido, sem a centralidade de Cristo, tendem a crescer rapidamente, pois apelam às motivações egoístas das pessoas. É mais fácil ouvir algo que agrada, que exalta desejos e interesses pessoais, do que aceitar uma verdade que desafia e confronta.
É comum observar que a pregação de verdades profundas e transformadoras enfrenta resistência, enquanto mensagens centradas em interesses humanos são amplamente aceitas. A Igreja de Cristo, porém, é chamada para viver na luz e na verdade, e não nas trevas. Filhos de Deus não se ofendem com a verdade, mas a abraçam, pois sabem que ela liberta.
A Bíblia adverte que chegariam tempos em que as pessoas escolheriam mestres que falassem o que elas querem ouvir, guiadas por seus desejos carnais. Paulo descreve isso em 2 Timóteo 4:3-4: "Porque virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências." Isso explica porque muitos rejeitam ensinos que confrontam sua realidade e buscam justificar-se ouvindo líderes ou pregadores que validam suas escolhas erradas.
Por exemplo, a prosperidade é um benefício legítimo de Deus, mas não é o evangelho em si. Quando ela se torna o centro da mensagem, a essência do evangelho — que é Cristo, a cruz e a justificação pela graça — é perdida. Há uma diferença crucial entre buscar o Beneficiador e apenas os benefícios.
A Bíblia nos alerta sobre os perigos das concupiscências e motivações egoístas. Igrejas cheias de pessoas que buscam apenas bênçãos materiais e milagres revelam um desvio. É necessário um realinhamento para que o foco volte ao Evangelho puro, que é sobre Cristo e nosso relacionamento com Ele.
Isso também se reflete na forma como lidamos com problemas e escândalos. Muitos evitam confrontar questões graves, como casos de imoralidade, abuso ou corrupção na igreja, porque temem perder privilégios ou benefícios. Preferem manter tudo oculto para preservar o sistema que lhes é vantajoso. No entanto, quando se mistura verdade com mentira, surge o sofisma, que é mais perigoso do que a mentira isolada.
A verdade de Deus é imutável e está disponível a todos. Porém, cabe a cada um escolher entre aceitá-la e viver por ela, ou rejeitá-la para manter uma vida confortável. Como Jesus disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida." (João 14:6). Nossa relação com Deus não pode ser baseada apenas no que Ele pode nos dar, mas deve ser centrada em quem Ele é.
Muitas pessoas acreditam que, após conhecerem a verdade, não podem mais se desviar. No entanto, isso não é verdade. O desvio ocorre quando se adota uma doutrina parcial ou limitada, que não reflete todo o conselho de Deus. Ensinos específicos, como o da prosperidade, são verdadeiros, mas não podem ser tratados como o evangelho completo. A Bíblia é ampla e requer que busquemos a plenitude de seus ensinos, com Cristo como o centro.
Portanto, devemos ter cuidado para não nos acomodarmos em doutrinas que apenas massageiam nossos ouvidos e corações. É necessário buscar a verdade completa e viver por ela, mesmo que isso signifique enfrentar resistências e renúncias. Afinal, a recompensa maior é o próprio Deus, e não apenas os benefícios que Ele nos concede.
Muitas vezes, as pessoas se doutrinam não pela verdade plena, mas pela porção que lhes agrada. Esse fenômeno não é novidade; a própria Palavra de Deus alerta sobre essa inclinação em rejeitar a verdade e abraçar doutrinas convenientes.
Em 1 Timóteo 6:20-21, Paulo exorta Timóteo a guardar o depósito que lhe foi confiado: “Tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência, à qual, professando-a, alguns se desviaram da fé.” Aqui vemos que há pessoas que, mesmo tendo conhecido a verdade, desviaram-se por abraçarem ideias que contradizem a fé verdadeira. Em outro momento, em 1 Timóteo 1:19-20, Paulo afirma que “alguns fizeram naufrágio da fé” e menciona Himeneu e Alexandre como exemplos, dizendo que os entregou a Satanás para que aprendessem a não blasfemar.
O Significado de “Entregar a Satanás”
Entregar alguém a Satanás, como Paulo descreve, é excluir essa pessoa da comunhão da igreja. Trata-se de um ato de amor, não de vingança, com o objetivo de levar à contrição e ao arrependimento. Em 1 Coríntios 5, Paulo orienta a igreja a entregar um homem “a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor.” Esse homem, que cometera pecado de fornicação com a madrasta, precisaria reconhecer a gravidade de seu erro para se arrepender.
O ato não era um “punho de ferro”, mas um tratamento severo visando a restauração. Posteriormente, em 2 Coríntios, Paulo orienta a igreja a receber esse homem de volta em amor, pois ele se arrependera genuinamente. Essa distinção entre remorso e arrependimento é crucial. O remorso é uma consciência pesada por ter sido descoberto, enquanto o arrependimento implica uma mudança genuína de mente e comportamento.
Paulo lamenta que, mesmo diante de pecados graves, a igreja em Coríntios estivesse “orgulhosa”, sem demonstrar tristeza pelo pecado no meio deles (1 Coríntios 5:2). Isso reflete uma consciência cauterizada, onde o pecado é normalizado e aceito. Hoje, vemos algo semelhante: lideranças e crentes compactuando com erros graves como adultério, mentira, desvios financeiros e manipulações doutrinárias, enquanto continuam compartilhando e exaltando tais figuras.
Por que isso ocorre? Três possibilidades:
Falta de discernimento: A cegueira espiritual impede que se veja o erro.
Consciência cauterizada: As pessoas não sentem mais o peso do pecado.
Cumplicidade: Por terem algo oculto, evitam expor o erro alheio com medo de também serem expostos.
Essa cumplicidade é perigosa. Quem vive em transparência e expõe suas limitações está em constante crescimento, mas aqueles que guardam pecados ocultos acabam por legitimar uma cultura de imoralidade na igreja. Não se trata de apontar erros com arrogância, mas de viver na verdade e buscar a santidade.
A Graça e a Responsabilidade
Infelizmente, há uma mensagem distorcida sobre a graça de Deus que cobre toda e qualquer irresponsabilidade, independentemente do arrependimento. Isso tem levado muitos a usarem a graça como justificativa para comportamentos imaturos e irresponsáveis. Alguns pastores e líderes chegam a normalizar o divórcio repetido, alegando que Deus os ama incondicionalmente e que o importante é a felicidade pessoal. Essa é uma mensagem enganosa e destrutiva, que vem das profundezas do inferno.
Deus, em Sua graça, nos ama incondicionalmente, mas esse amor também nos chama ao arrependimento e à santidade. A verdadeira graça não é permissão para pecar, mas força para vencer o pecado. Quando lideranças se desqualificam moralmente, perdem a autoridade para ensinar princípios bíblicos e contribuem para uma cultura onde o pecado é banalizado.
É urgente que a igreja volte a abraçar os princípios da Palavra de Deus. A moralidade e os valores cristãos não são negociáveis. Como Paulo disse: “Estais orgulhosos, e nem ao menos vos entristeceis…” (1 Coríntios 5:2). Quando não há mais tristeza pelo pecado, perdemos nossa sensibilidade espiritual. O caminho da santidade exige arrependimento sincero, responsabilidade e compromisso com Deus.
Que possamos refletir sobre nossas próprias vidas e ministérios, permitindo que Deus exponha qualquer área de trevas em nosso coração. Precisamos de transparência, arrependimento e um retorno à simplicidade do Evangelho, onde Cristo é o centro e a santidade é um processo natural da vida de Deus na igreja.
A graça de Deus não é uma licença para pecar, mas o poder para uma vida transformada. Que não caiamos na armadilha de usar a graça como desculpa para irresponsabilidades, mas como um motivo para viver para a glória de Deus, em santidade e verdade.
A falta de responsabilidade nas relações humanas é um problema crescente em nossa sociedade. Muitas pessoas assumem compromissos importantes, como o casamento e a parentalidade, sem estar dispostas a enfrentar as responsabilidades que acompanham essas escolhas. Quando decidimos ter filhos, precisamos compreender que isso exige dedicação e compromisso até que eles atinjam a maioridade. A paternidade não se limita a prover financeiramente; é preciso cuidar, formar, instruir, corrigir, direcionar e ajudar a construir o destino de nossos filhos. Cada papel familiar tem funções distintas e complementares, mas é essencial que assumamos nossas responsabilidades em vez de delegá-las ou abandoná-las.
É fácil criticar os outros, mas precisamos primeiro refletir sobre nossa própria vida. Quando compartilho uma palavra ou um ensinamento, sou o primeiro a ser confrontado por aquilo que digo. Se não consigo viver de acordo com o evangelho que prego, então perco a legitimidade para ensinar. A hipocrisia de viver de uma forma e ensinar outra é algo que vemos com frequência. Muitos, ao subirem no púlpito, comportam-se como seres perfeitos, mas, fora dele, revelam suas irresponsabilidades e negligências humanas sem buscar coerência entre o discurso e a vida.
Essa desconexão leva à manipulação da palavra de Deus. Quando os princípios são abandonados e a verdade se dilui, muitos recorrem a interpretações convenientes para justificar atitudes erradas. Essa é a raiz de vários problemas: valores perdidos e princípios distorcidos. Pior, é frequente que as pessoas aceitem essas distorções e financiem líderes que as promovem. É um ciclo de cumplicidade, no qual aqueles que seguem tais líderes geralmente têm em seu coração os mesmos desejos desordenados que os levam a buscar aquilo que não é verdadeiro.
A verdade é que cada um de nós é atraído pelo que alimenta seu coração. Quem deseja a verdade buscará a verdade; quem prefere a mentira será atraído pela mentira. Isso ocorre porque nossas concupiscências – ganância, ambição e cobiça – nos levam a aceitar falsidades que nos confortam ou justificam nossos erros. Essa é a raiz do problema. Precisamos abandonar as mentiras e buscar a luz da verdade.
Embora o amor de Deus seja imutável e incondicional, ele não deseja que permaneçamos no pecado ou na mentira. A justificação trazida por Cristo nos chama à metanoia, ou seja, à mudança de mente. Essa transformação interna reflete-se em nosso comportamento, levando-nos a andar como Jesus andou. Infelizmente, há aqueles que distorcem a graça divina para justificar erros, perpetuando um ciclo de hipocrisia e falta de compromisso.
Em vez de discursos subjetivos e negativos sobre o estado da igreja ou do mundo, devemos identificar e atacar a raiz do problema: a mentira. A solução é esclarecer a verdade, iluminar os caminhos das pessoas e ensinar princípios sólidos. Endossar obras das trevas – seja seguindo líderes corruptos ou compartilhando seus conteúdos – nos torna cúmplices. Se sabemos da imoralidade ou corrupção de alguém e ainda assim escolhemos apoiá-lo, não somos vítimas, mas participantes conscientes.
A responsabilidade espiritual e moral é essencial para quem lidera. Embora todos sejamos falhos, há um padrão de decência, integridade e compromisso que deve ser mantido. Mesmo que ainda não tenhamos atingido plena maturidade espiritual, precisamos ser homens e mulheres íntegros, responsáveis e comprometidos. Nosso testemunho deve ser coerente, não apenas com palavras, mas também com nossas ações.
Se você compartilha conteúdos de pessoas desonestas ou imorais, é hora de refletir sobre o que isso representa. Nossa cumplicidade com aquilo que é errado é um reflexo do que escolhemos abrigar em nosso coração. É hora de buscar a verdade, rejeitar a mentira e assumir uma postura firme diante de Deus e dos homens.
A Bíblia nos instrui claramente: "Não sejais cúmplices das obras das trevas." Quando você compartilha conteúdos, endossa ideias ou se associa a pessoas que praticam obras de trevas, você se torna cúmplice dessas ações. A cumplicidade não é apenas uma questão de omissão, mas também de participação ativa ou indireta.
Ser educado, respeitar, não julgar e não falar mal é essencial, mas ser cúmplice é algo completamente diferente. Quando você se omite ao presenciar uma injustiça, ou compartilha conteúdos de pessoas corruptas ou imorais, você se torna tão culpado quanto quem comete a ação. Assim como ocorre com um crime que você presencia e não denuncia: sua omissão também o torna responsável.
A responsabilidade cristã começa com a vigilância em relação à nossa própria vida. Cada um deve cuidar de seu compromisso com a verdade e com seu chamado. A verdade que proclamamos também nos julga. Paulo, em sua carta aos Coríntios, demonstrava cuidado para que suas palavras não condenassem seu próprio ministério. Ele sabia que viver a verdade é o que garante a autoridade para pregar o Evangelho.
Não é válido alegar ignorância diante de Jesus, dizendo: “Eu não sabia; fui enganado.” No fundo, todos nós sabemos a verdade, mas, por vezes, permanecemos onde estamos por medo ou conveniência. Alguns temem maldições, perdem benefícios sociais ou financeiros, ou apegam-se a ideias equivocadas de prosperidade. Essa própria cadeia de pensamento pode aprisionar a mente na mentira.
Jesus disse: “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” A verdadeira liberdade não está ligada a lugares físicos, mas à mudança de mentalidade. Antes de qualquer decisão de sair de um lugar ou romper com algo, é essencial libertar a mente da mentira. Quando isso ocorre, nenhum lugar ou pessoa consegue aprisioná-lo novamente.
Paulo enfrentou situações semelhantes. Em Éfeso, ao libertar uma mulher possuída que gerava lucro aos seus senhores, ele causou revolta naqueles que se beneficiavam de sua condição. Assim ocorre hoje: pregar a verdade incomoda aqueles que se beneficiam do engano. Muitos pregadores temem falar a verdade por receio de perder benefícios financeiros ou sociais.
No entanto, é preciso confiar que Deus cuida de seus servos. Escolher a verdade pode significar perder “castelinhos de areia” construídos em bases falsas, mas essa perda abre espaço para algo firme e verdadeiro. A prisão mental se desfaz quando a verdade ocupa o lugar da mentira. É necessário discernir quem vive na verdade e quem vive na mentira.
Se você sente que sua mente ainda está confusa ou que falta clareza, não se desespere. Muitos anos ouvindo mentiras podem dificultar a compreensão da verdade. Mas Deus oferece luz e clareza. Vamos orar para que sua mente seja liberta:
Oração
Pai, agradecemos por este dia, por teu poder, por tua palavra e pela verdade que está em Cristo. Declaramos sobre todos os que leem esta mensagem a liberdade da mente, a quebra de todas as cadeias mentais e de toda fortaleza que se levanta contra o conhecimento da tua verdade.
Que toda sabedoria falsa, sofismas e raciocínios mentirosos sejam destruídos. Que a tua luz brilhe com clareza na mente dos teus filhos, trazendo liberdade plena. Declaramos que nenhum lugar ou homem mais os aprisionará, pois a verdade de Cristo os liberta completamente. Que o teu nome seja honrado e glorificado na vida de cada um.
Em nome de Jesus,
Seja livre na verdade e caminhe com Cristo.
Deus abençoe sua vida
Leonardo Lima Ribeiro
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