Nasci em Ribeirão Preto, São Paulo, no dia 1º de fevereiro de 1980. No entanto, minha chegada ao mundo não foi motivo de celebração familiar. Desde o início, minha casa era marcada por tensões e conflitos. Meu pai, muitas vezes ausente, estava imerso no trabalho e distante das minhas lutas e necessidades emocionais. Minha mãe, tentando compensar essa ausência paterna, tornou-se excessivamente controladora. Seu desejo de proteger-me muitas vezes se transformava em sufocamento, criando um ambiente carregado de boas intenções, mas também de conflitos e ressentimentos.
A rejeição que minha mãe sentiu no momento do meu nascimento estava enraizada em sua dor e na traição que havia vivido em seu relacionamento com meu pai. Essa mágoa não apenas moldou a forma como ela me via, mas também influenciou profundamente a dinâmica familiar. A sensação de rejeição e a falta de afeto afetaram a formação da minha identidade desde cedo. Sentindo-me negligenciado e incompreendido, desenvolvi uma rebeldia que me acompanhou por grande parte da minha vida.
Hoje, aos 44 anos, ainda me surpreendo por estar vivo e em boas condições de saúde. Deus, de fato, me livrou da morte em várias ocasiões e sob diversas circunstâncias. Minha história é uma narrativa de dor, frustração e destruição, e a jornada para a recuperação foi marcada por um sofrimento profundo, tanto para mim quanto para minha família. A rejeição e a falta de estrutura emocional deixaram cicatrizes profundas que moldaram meu comportamento e minhas escolhas. Uma vida de carência profunda e auto sabotagem.
Foi somente aos 29 anos que encontrei verdadeira liberdade ao conhecer a pessoa de Jesus Cristo. Embora Ele já me conhecesse desde a fundação do mundo, foi um longo e doloroso caminho até eu reconhecer e aceitar Sua presença em minha vida. A jornada para a cura e a redenção foi repleta de desafios, mas cada passo foi uma oportunidade para a transformação. Hoje, ao olhar para trás, vejo claramente como Deus usou cada momento de dor e frustração para me preparar para um novo propósito, e sou grato por Sua graça e misericórdia que me permitiram superar as cicatrizes do passado e encontrar um novo começo em Cristo.
Desde jovem, sofri com ansiedade, depressão e crises de pânico, acredito que por causa do contexto familiar. Tentava mascarar essas dores com drogas e álcool. Comecei a fumar aos 15 anos, e, aos 16, já usava maconha. Aos 20, me afundei no uso de cocaína. O álcool, presente desde cedo, se tornou uma constante, e só por milagre sobrevivi até a fase adulta. Envolvi-me em acidentes de carro, brigas em bares e relacionamentos destrutivos. A ausência do meu pai e o controle da minha mãe apenas intensificavam minha sensação de fracasso. Mesmo quando tive oportunidades de mudar geograficamente, como nas viagens ao Canadá e Nova Zelândia, o ciclo de frustração persistia. Tentava melhorar, mas a depressão, ansiedade e crises de pânico me aprisionavam cada vez mais. Varias vezes pensei em suicídio, inclusive uma delas na Nova Zelândia.
A mentira se tornou um hábito em minha vida, resultado de uma profunda crise de identidade. Na tentativa de sustentar uma fachada na qual eu mesmo não acreditava, fui construindo uma teia de enganos que apenas me afundava ainda mais no caos emocional. Cada tentativa de mudança se transformava em um novo fracasso, como se eu estivesse preso em uma areia movediça, onde cada esforço para me erguer só me fazia afundar ainda mais.
Em 2008, após retornar da Nova Zelândia, tomei a decisão de aceitar Jesus e me tornar membro da Igreja Sara Nossa Terra, onde fui batizado. No entanto, essa experiência inicial revelou-se insatisfatória e incompleta em termos de amadurecimento e transformação pessoal. Embora o batismo tenha sido um marco simbólico e meu novo nascimento, eu não consegui me envolver em uma verdadeira mudança interior, pois meu orgulho, que era uma máscara para minha profunda carência emocional, permaneceu intocado e inabalado. Esse orgulho era um sintoma de uma identidade profundamente fragmentada e destruída, um posicionamento defensivo, uma tentativa desesperada de compensar a falta de autoestima e a insegurança que me consumiam, então após um período frequentando a igreja, eu iniciei um relacionamento, e aos poucos fui me afastando e voltei as drogas novamente no segundo semestre de 2009.
Além disso, a carência, que se manifestava como uma necessidade constante de validação externa, dificultava meu crescimento espiritual genuíno. A ausência de uma identidade firme e segura me levou a buscar preenchimento nas mesmas fontes superficiais de antes, resultando em uma breve jornada de quatro meses na fé antes de voltar a sucumbir aos antigos padrões de comportamento destrutivos. Esse retorno à velha vida foi um reflexo da incapacidade de lidar com as questões profundas e não resolvidas do meu coração.
Minha vida estava se transformando em um pesadelo interminável de autodestruição. A depressão e a ansiedade eram minha sombra constante, acompanhando-me todos os dias. Em 2010, o fim de um relacionamento foi a gota d'água que me levou ao fundo do poço. Por 15 dias seguidos, mergulhei na cocaína, tentando fugir da dor e do vazio. Meu corpo desnutrido e meu espírito exaurido refletiam o que eu havia me tornado: uma casca vazia de mim mesmo. Minha mãe, impotente e desesperada, tentava controlar a situação, mas estava completamente perdida, sem saber como me ajudar. Além da cocaína, eu misturava Rivotril com vodka e consumia quantidades absurdas de efedrina, buscando aliviar o desespero que consumia cada pedaço de mim. A dor era minha única constante, mascarada pelo vício. Eu havia me afundado tanto que sequer conseguia enxergar uma saída. Meu mundo estava mergulhado em um ciclo incessante de destruição, onde a esperança e a força para continuar pareciam impossíveis de alcançar.
Eu me isolei de todos. Já não tinha amigos ou qualquer tipo de apoio. O dinheiro nunca era suficiente, não apenas por causa das drogas, mas também pela dificuldade de gerir uma empresa/representação que comprei, mas depois de um tempo não tinha saúde para continuar, e não consegui sustentar. Até hoje, uma grande parte dos amigos da época não entendem a realidade do que estava acontecendo. Fisicamente, emocionalmente e espiritualmente, eu estava em ruínas. Meus pais estavam exaustos, meus amigos haviam se afastado, e as mulheres com quem me relacionei não suportavam mais ouvir meu nome. Ninguém mais acreditava que ainda havia alguma esperança para mim.
Embora meus pais tenham proporcionado todas as condições financeiras necessárias para que eu tivesse uma vida confortável, nossa estrutura familiar não ofereceu o suporte emocional e relacional fundamental para meu desenvolvimento saudável. Cresci em um ambiente perturbador, onde as dinâmicas familiares disfuncionais moldaram minha infância e adolescência de maneiras profundas e duradouras.
A ausência de uma base sólida e harmoniosa em casa resultou em uma série de desafios emocionais e psicológicos que marcaram minha fase adulta. A falta de estabilidade e apoio familiar contribuiu para uma sensação persistente de insegurança e carência, que se manifestou em comportamentos autodestrutivos e na busca por validação através de meios prejudiciais. A dificuldade em encontrar um equilíbrio saudável e a constante luta para entender meu próprio valor foram diretamente influenciadas por esse ambiente perturbador.
Essa experiência não só afetou minhas relações pessoais e profissionais, mas também moldou a forma como percebia e reagia ao mundo ao meu redor. O impacto desse ambiente familiar tumultuado foi profundo, afetando meu desenvolvimento emocional e espiritual e perpetuando um ciclo de instabilidade que eu só consegui quebrar com a intervenção de Deus e um processo intenso de cura e autodescoberta. O reconhecimento de como a estrutura familiar pode influenciar a formação da identidade e a saúde mental foi uma parte crucial do meu caminho para a recuperação e transformação pessoal.
Poucas pessoas compreendem o impacto devastador que crescer em ambientes disfuncionais pode ter na formação da personalidade e no desenvolvimento emocional. Muitos acreditam que a posse de recursos financeiros, condições materiais e oportunidades é suficiente para garantir um crescimento saudável e uma vida equilibrada. No entanto, o que frequentemente é negligenciado é o papel crucial que um ambiente familiar estável e afetivo desempenha na formação da identidade e no bem-estar psicológico.
Minha experiência revelou que, apesar de ter sido privilegiado com condições financeiras e oportunidades, o ambiente tumultuado em que cresci teve efeitos profundos e prejudiciais sobre minha saúde mental e emocional. Durante muitos anos, essas influências disfuncionais moldaram minha percepção de mim mesmo e do mundo, criando uma série de traumas não resolvidos que eu só comecei a entender por volta dos 35 anos.
Foi somente ao reconhecer e confrontar esses traumas que pude iniciar um processo de cura genuíno. Através de uma profunda reflexão e da intervenção divina, encontrei em Cristo a restauração necessária para curar as feridas mais profundas da minha alma. Esse processo de autodescoberta e cura revelou como a verdadeira transformação não vem apenas das circunstâncias externas, mas também da restauração interna promovida por uma relação sincera com Deus.
A jornada de cura em Cristo não apenas me permitiu reconciliar com meu passado, mas também me proporcionou uma nova perspectiva sobre a importância de um ambiente familiar saudável e do impacto que ele tem na formação da identidade. Essa compreensão me fez apreciar ainda mais a graça de Deus e o poder da cura espiritual para reverter os efeitos de traumas e moldar uma nova vida com propósito e equilíbrio.
Foi somente ao experimentar uma verdadeira transformação em agosto de 2010, durante um voo de Ribeirão Preto para Recife, que comecei a vivenciar uma mudança real. Nesse momento decisivo, enquanto estava no avião, tive uma intervenção divina que trouxe uma libertação genuína e um novo início em minha vida. A transformação profunda que ocorreu naquele voo marcou o início de uma renovação espiritual autêntica e duradoura, finalmente abordando as cicatrizes emocionais e os padrões de comportamento destrutivos que me acompanharam por tantos anos.
Desde aquele momento, minha vida começou a tomar uma nova direção. Decidi me aproximar de Deus de forma mais intensa e dedicá-lo completamente à minha jornada espiritual. Com o apoio de minha esposa e dos irmãos da igreja, comecei a aprender a viver uma vida de acordo com os princípios cristãos. Aos poucos, Deus começou a restaurar minha identidade e minha autoestima, preenchendo o vazio que me atormentava. O processo de cura foi lento e doloroso, mas também extremamente gratificante.
Aprendi que o verdadeiro amor de Deus é capaz de transformar e curar. Através de uma comunhão constante com Ele, recebi forças para lidar com as minhas ansiedades e superar as depressões que me perseguiam. Com o tempo, minha visão de mundo mudou radicalmente. Encontrei propósito em cada desafio, mesmo os mais dolorosos, e passei a ver minha história pessoal como parte de um plano maior, cheio de significados e propósitos.
Hoje, aos 44 anos, olho para trás com gratidão por cada passo que me trouxe até aqui. Minha trajetória é um testemunho do poder restaurador de Deus, que não só mudou minha vida, mas também me capacitou a ajudar outros a encontrarem a mesma liberdade. Aprendi a abraçar as cicatrizes do passado não como marcas de sofrimento, mas como sinais de superação e esperança. A cada dia, busco viver de maneira autêntica, compartilhando minha experiência e fé com aqueles que cruzam o meu caminho, oferecendo a eles a mesma esperança que encontrei em Cristo.
Minha história é um reflexo do amor e da graça de Deus, que opera milagres todos os dias. Em cada passo, Ele me lembra que é possível transformar dor em vitória e fracasso em oportunidade. Minha jornada não foi fácil, mas cada etapa foi necessária para moldar quem eu sou hoje. Estou grato por cada experiência, por cada pessoa que passou pela minha vida e pela oportunidade de viver uma vida com propósito e cheio de esperança.
Hoje, meu chamado e vocação são dedicados a ajudar outras pessoas a receber de Cristo a plenitude e a liberdade verdadeira. Experimentei em minha própria vida o poder transformador do amor de Deus, que me libertou das cadeias do passado e me restaurou. Agora, minha missão é compartilhar essa mesma graça e liberdade com todos ao meu redor, encorajando e acompanhando cada pessoa em sua jornada espiritual, para que também possam experimentar a cura e a transformação que só Cristo pode oferecer. Desejo que todos possam conhecer a verdadeira liberdade, livre de qualquer cadeia de destruição, e viver plenamente a vida que Deus preparou para cada um.
Leonardo Lima Ribeiro
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