A paternidade espiritual foi a forma que Deus usou para restaurar a minha vida. Tive uma infância muito difícil, minha mãe era empregada domestica, e cuidava do meu irmão especial, ele nasceu com paralisia cerebral, a parte esquerda do cérebro dele não funciona. Meu pai biológico era alcoólatra, e maltratava muito minha mãe quando bebia, eles viviam brigando, e meu pai por muitas vezes quando chegava bêbado me batia.
Aos sete anos de idade meu pai bebeu muito e chegou em casa embriagado e tinha gastado todo o dinheiro do mês com bebida, minha mãe não aguentou ver eu e meu irmão chorando com fome, e pediu a separação, eles se separaram, meu pai não aceitava a separação e passou a perseguir eu e minha mãe, nos ficávamos fugindo de casa em casa, um dia ele chegou no trabalho dela muito embriagado querendo reatar o relacionamento, minha não aceitou e ele puxou uma faca e desferiu vários golpes nela na minha frente, ela quase morreu, perdeu um pulmão e o movimento de dois dedos. Eu fiquei traumatizado, tive que fazer acompanhamento psicológico para poder superar o trauma.
Então eu cresci com um conceito errado sobre paternidade. Eu passei a odiar meu pai. Meu pai fugiu e foi morar nas ruas, foi para uma casa de recuperação se tratar e nunca mais tive notícias dele até alguns anos atrás. Minha mãe sempre foi muito batalhadora cuidando de mim e do meu irmão que vive num estado vegetativo. Eu fui crescendo sem uma referência de pai, Só em ouvir o nome do meu pai eu sentia muita raiva.
Quando fiz 10 anos meu pai nos procurou pedindo perdão, dizendo que era um novo homem, que Jesus o tinha transformado e queria me ver, minha mãe aceitou o pedido de perdão dele, e decidiu me levar para que eu liberasse perdão para poder seguirmos a vida e vencermos esse trauma. Chegando lá, olhei fundo nos olhos dele, e pra minha surpresa ele realmente não era o homem que eu conheci, que me batia, que batia na minha mãe, tinha algo diferente agora. Ele me pediu perdão, eu confesso que senti verdade nele, mas não conseguia perdoar de coração, e não era nem pelo que tinha acontecido com minha mãe, mas porque ele tinha nos abandonado, me sentia órfão de pai vivo.
Aos 13 anos de idade eu comecei a usar drogas, fumar maconha e andar com outros adolescentes do meu bairro que eram de má índole. Aos 15 eu já estava bastante viciado, aos 17 eu conheci o crack, passei um ano tendo contato com a droga, mas sem me aprofundar, aos 19 eu já estava totalmente entregue ao vício, comecei cometer pequenos delitos para sustentar o vício, acabei sendo preso, e na minha primeira audiência meu pai estava lá (7 anos depois) me deu um abraço e disse que nunca mais me deixaria só, ele agora era pastor e um grande homem de Deus.
Vivi coisas terríveis dentro do sistema penitenciário, porque continuei usando droga dentro da cadeia, e meus pais indo me visitar sempre que podiam. Quando sai da cadeia eu continuei usando drogas, e tive que fugir do bairro onde morava para não morrer, fui parar numa casa de recuperação, (parecia que a historia do meu pai se repetia em minha vida) passei por vários tratamentos e sempre tendo recaídas, cheguei a tentar suicídio por três vezes, mas Deus na sua infinita misericórdia sempre me dando livramento e me mostrando sua graça.
Numa casa de recuperação eu conheci um amigo (Eliel) que me falou sobre um pastor, falou que se eu conhecesse ele minha vida mudaria, eu decidi conhecê-lo, era o Pr. Leonardo Ribeiro, que na época morava em Chá Grande, Pernambuco, comecei a conversar com ele, e ele me disse que eu precisava entender a fé em Jesus e me batizar, nascer de novo, para mortificar minha natureza pecaminosa, só assim eu iria conseguir me libertar, eu fui até o sítio que ele morava e fui batizado nas águas.
Mantive o contato com ele, e pouco tempo depois fui visitá-lo novamente e ele disse que eu precisava edificar minha fé orando no espírito, e eu comecei a praticar os princípios que ele me ensinou, oração em línguas, meditação na palavra, jejum, confissão da palavra, louvor e adoração.
Deus começou revelar o seu amor por mim, as carências da minha alma começaram a ser supridas pelo amor de Deus, eu comecei a enxergar Deus como Pai. Comecei a ver varias transformações na minha vida. Pessoas foram curadas, e salvas através da minha vida. Eu comecei a olhar para o Pr. Leonardo como o pai que eu nunca tive, porque ele me deu o que meu pai não tinha me dado: amor, proteção, cuidado, correção, provisão e destino.
O principio de paternidade espiritual foi sendo revelado no meu espirito, comecei ver o Pr. Leo e Pra. Sara, sua esposa, como meus pais espirituais, decidi no meu coração honrá-los em quanto vivesse, pois eles foram o canal de Deus para mudar minha vida. Um dia orando pela vida deles, eu disse assim:- Senhor, obrigado pela vida do meu pai na fé, Pr. Leo, que possa amá-lo e honrá-lo.
Eu escutei nitidamente o Senhor me dizer assim: - Você consegue amar, honrar, e se sujeitar em obediência ao seu pai espiritual, que você conheceu agora a pouco, mas o Pai que eu escolhi pra você, você não consegue.- Mas Senhor ele errou comigo e com minha mãe todos esses anos, disse eu.
O Senhor me disse que eu precisa perdoá-lo de coração e amá-lo e honrá-lo, só assim eu estaria honrando a Deus. Procurei pelo meu pai, pedi perdão, nos abraçamos e choramos muito, ouve uma unção de quebrantamento e cadeias foram quebradas tanto na minha vida quanto na dele.
Hoje somos melhores amigos, nos falamos todos os dias, amo muito meu pai. Através da paternidade espiritual meu relacionamento com meu pai foi restabelecido.
"E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição. " (Malaquias 4:6)
Essa promessa se cumpriu em minha vida. Hoje eu sou pai, tenho uma família linda, um ministério, e posso dar aos meus filhos o que eu não recebi do meu pai da terra, mas o que recebi do meu do céu.
Louvo a Deus pelos instrumentos que o Senhor usou para se revelar a mim como um pai amoroso.
Pr. Leonardo, Pra. Sara, toda sua casa e ao ministério Maná de Letras por ter me abraçado.
Marcelo Marques de Souza, Camaragibe-Pernambuco
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