segunda-feira, 26 de agosto de 2024

A Prioridade de Cristo na Igreja(L8)

 

(Worms, Alemanha)

É comum ouvirmos as pessoas dizerem: 'Vamos para aquela igreja porque lá tem uma boa pregação, grupos de convivência dinâmicos, uma escolinha para as crianças, uma cantina acolhedora, um louvor envolvente e um pastor muito carismático'. Esse tipo de argumento reflete um ambiente que se sustenta, em grande parte, por uma estrutura de atração, centrada em oferecer experiências agradáveis e confortáveis. No entanto, é possível que, mesmo após um longo tempo de frequentar a igreja, essas mesmas pessoas ainda não tenham tido uma experiência genuína com Jesus.

Isso acontece porque, em muitas igrejas, a maior parte das atividades oferecidas gira em torno de contextos sociais, entretenimento e momentos de convivência. Embora esses aspectos possam ter seu valor, há um risco de que a essência do Evangelho seja deixada em segundo plano. A superficialidade pode prevalecer quando o foco principal se torna o ambiente social e não o encontro transformador com Cristo.

É fundamental que a igreja ofereça mais do que apenas um espaço de interação social; ela deve ser um lugar onde vidas são confrontadas pela verdade do Evangelho, onde há espaço para um discipulado profundo e para o cultivo de um relacionamento verdadeiro com Deus. O propósito central do corpo de Cristo é guiar as pessoas a uma conexão viva e autêntica com Jesus, promovendo a edificação espiritual e o crescimento em santidade.

Quando 90% das atividades e programas são voltados para o entretenimento e a socialização, há um desequilíbrio que pode obscurecer o papel fundamental da igreja como agente de transformação espiritual. Em vez de facilitar encontros significativos com Cristo, muitas igrejas acabam promovendo uma fé superficial e diluída, onde o aspecto social é predominante e o discipulado profundo é negligenciado."

É claro que Jesus é soberano e pode salvar as pessoas, independentemente do ambiente em que elas estejam. Ele as alcança através do Espírito Santo, onde quer que estejam. No entanto, após a salvação, a igreja, como corpo de Cristo, tem a responsabilidade de promover a edificação e o crescimento espiritual dessas pessoas. É Deus quem dá o crescimento, mas cabe a nós plantar e regar, como a Bíblia nos ensina em 1 Coríntios 3:6, onde Paulo diz: 'Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem dá o crescimento'. Portanto, nós, como pastores e líderes, que acreditamos nos cinco ministérios (apostólico, profético, evangelístico, pastoral e de mestre), temos o dever de cuidar e edificar essas vidas.

Se começamos a priorizar outras coisas em detrimento do principal — que é o crescimento espiritual e a formação em Cristo — já estamos trocando o sistema de Cristo por outro. O sistema de Cristo é focado em pessoas. Jesus morreu na cruz para salvar pessoas e dar uma nova vida a elas. Todo o investimento de Jesus, seja financeiro (como o apoio das mulheres que financiaram Seu ministério), seja de tempo ou de energia, sempre foi voltado para pessoas. Elas eram o alvo central do ministério de reconciliação que recebemos de Jesus.

"Por isso, sou um opositor declarado dessa mentalidade que identifico como o 'bezerro de ouro'. Na Bíblia, vemos que Jesus constantemente confrontava os fariseus, que estavam fixados em preservar dogmas, a Torá, o templo e o sacerdócio. Apesar de toda a religiosidade externa, eles não reconheciam a essência mais importante: a própria pessoa de Jesus. Em muitos ambientes religiosos hoje, o foco permanece nas estruturas humanas — sejam elas dogmas, estatutos, tradições, edifícios ou funções ministeriais — enquanto a centralidade de Cristo é relegada a um plano secundário, tratada quase como um acessório da engrenagem religiosa.

Essa mentalidade é perigosa porque reproduz o mesmo erro dos fariseus: priorizar os aspectos externos da religião enquanto negligencia o coração do Evangelho. Quando a máquina religiosa se torna mais importante do que o relacionamento com Jesus, criamos uma idolatria moderna, um 'bezerro de ouro' que satisfaz nossa necessidade de controle e estabilidade, mas esvazia a fé de sua vitalidade espiritual. Em nome da tradição e da preservação de estruturas, o foco na pessoa viva de Cristo — Sua graça transformadora e o poder da cruz — acaba sendo diluído.

O verdadeiro Evangelho não se conforma a sistemas humanos; ele é, por natureza, revolucionário e subversivo a qualquer coisa que tente usurpar a primazia de Cristo. Qualquer contexto religioso onde Jesus é secundarizado, mesmo que de maneira sutil, está em risco de se tornar uma religião vazia, onde o ritual é valorizado acima da transformação de vidas. É essencial que mantenhamos Cristo como o centro absoluto da nossa fé, não como um adorno para embelezar nossa religiosidade, mas como o fundamento sobre o qual tudo é construído."

Mateus 15:8-9: "Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens."

Esse versículo reflete a crítica de Jesus à hipocrisia religiosa e ao foco em regras humanas em vez de uma devoção sincera a Deus.

Marcos 7:6-8: "Bem profetizou Isaías acerca de vocês, hipócritas; como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens’. Vocês negligenciam os mandamentos de Deus e se apegam às tradições dos homens."

Jesus confronta diretamente os líderes religiosos que priorizam tradições humanas em detrimento dos mandamentos de Deus.

João 5:39-40: "Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito; contudo, vocês não querem vir a mim para terem vida."

Esse versículo ilustra como os líderes religiosos da época conheciam as Escrituras, mas falhavam em reconhecer a centralidade de Cristo, que é o próprio propósito delas.

Colossenses 2:8: "Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo."

Paulo alerta contra a conformidade a sistemas religiosos que não têm Cristo como o foco central.

1 Coríntios 3:11: "Porque ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo."

Esse versículo reforça que Cristo é o único fundamento verdadeiro da fé cristã.

2 Timóteo 3:5: "Tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se desses também."

Paulo descreve pessoas que aparentam religiosidade, mas negam o verdadeiro poder transformador do Evangelho.

Apocalipse 2:4-5: "Contra você, porém, tenho isto: você abandonou o seu primeiro amor. Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio. Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do lugar dele."

Jesus exorta a igreja de Éfeso a voltar ao seu primeiro amor, lembrando que a devoção a Cristo deve estar acima de qualquer outra coisa.

Em nome de Jesus, muitas vezes nos envolvemos em diversas atividades e projetos, mas precisamos discernir que, como plantadores de igrejas e líderes, se não mantivermos Cristo como o centro absoluto de tudo, corremos o risco de construir nossos próprios 'bezerros de ouro'. Isso acontece porque a natureza humana, em sua fraqueza, tende a se apegar às coisas terrenas: a busca por bens materiais, o desejo de poder e o impulso por reconhecimento. O ego facilmente se exalta, e a criação de uma grande igreja ou denominação pode rapidamente se transformar em uma plataforma para a promoção pessoal, onde o nome do fundador é elevado acima do nome de Jesus. Quando a instituição se torna o foco, o verdadeiro propósito do ministério — a exaltação de Cristo e o cuidado pelas almas — é distorcido e, muitas vezes, perdido.

A centralidade de Cristo não pode ser comprometida. Ele é a pedra angular da igreja (Efésios 2:20), e qualquer tentativa de edificar algo que não seja fundamentado Nele inevitavelmente se tornará vaidade e idolatria. Precisamos estar atentos para não permitir que o sistema religioso, com suas estruturas e tradições, tome o lugar de Cristo. Como líderes, nossa responsabilidade é apontar constantemente para Jesus, não para nós mesmos ou para aquilo que construímos. Se falharmos nisso, estaremos alimentando um ciclo perigoso de exaltação humana e esvaziamento espiritual.

Portanto, o chamado é claro: devemos edificar sobre o único alicerce que é Jesus Cristo (1 Coríntios 3:11). Todo o resto — instituições, títulos, programas — são ferramentas, mas nunca o fim em si mesmas. O fim é sempre Cristo, e Nele devemos permanecer ancorados. Quando isso é negligenciado, a obra se desvirtua e o 'bezerro de ouro' moderno emerge, camuflado por uma religiosidade sem poder transformador. É preciso vigilância, humildade e uma constante autorreflexão para assegurar que tudo o que fazemos esteja realmente apontando para a glória de Deus, e não para a nossa própria.**

Quando o CNPJ se torna a prioridade, surge uma questão crucial: quantas vezes já ouvi pastores dizerem algo como: "Pastor, tenho R$ 5.000 e gostaria de usar R$ 2.000 para ajudar um familiar que está passando por uma necessidade, enfrentando um momento difícil. Eu ia dar o dízimo de R$ 5.000, mas estou pensando em tirar R$ 2.000 para apoiar essa pessoa" ou "Vou retirar da oferta para ajudar". Em situações como essas, muitos buscam orientação e aconselhamento, e mesmo não tendo uma resposta absoluta para todas as questões, posso compartilhar o que a experiência me ensinou ao longo dos anos no ministério.

O desafio maior, muitas vezes, está em entender a essência do coração de Deus em meio às demandas institucionais da igreja. Já vi líderes e membros se sentirem pressionados por uma cultura eclesiástica onde a manutenção das estruturas, dos programas e das finanças acaba ofuscando a missão central: cuidar das pessoas e manifestar o amor de Cristo. É claro que a igreja, como instituição, precisa de recursos para funcionar e cumprir sua missão, mas quando o foco se desvia para o 'CNPJ' — ou seja, para a perpetuação das demandas administrativas e financeiras — corremos o risco de perder o verdadeiro propósito do evangelho.

É necessário discernimento espiritual para não cair na armadilha de transformar a obra de Deus em um sistema onde a instituição se torna mais importante do que as pessoas que ela deveria servir. Precisamos estar atentos para não negligenciar o mandamento bíblico de amar ao próximo em favor de um legalismo financeiro. Nossas decisões financeiras, tanto pessoais quanto ministeriais, devem sempre refletir o caráter de Cristo, que priorizava as pessoas acima de qualquer regra institucional.

Portanto, ao aconselhar sobre essas questões, é fundamental lembrar que o propósito do dízimo e das ofertas nunca foi simplesmente sustentar uma estrutura, mas sim promover o bem-estar do Corpo de Cristo e abençoar vidas. Isso inclui, sim, atender às necessidades de familiares, amigos e pessoas em situações críticas. No fim, o que Deus mais valoriza é a compaixão e a generosidade genuína, guiada pelo Espírito Santo, e não a obediência cega a um sistema financeiro eclesiástico.

Miquéias 6:6-8: “Com que me apresentarei ao Senhor e me inclinarei perante o Deus exaltado? [...] Ele te mostrou, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige de ti: que pratiques a justiça, ames a misericórdia e andes humildemente com o teu Deus.”

Esse versículo nos lembra que Deus não está tão interessado em rituais ou ofertas, mas em justiça, misericórdia e humildade.

1 Samuel 15:22: “Samuel, porém, respondeu: ‘Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros.’

Esse versículo ressalta que a obediência a Deus, que inclui amar ao próximo, é mais importante do que rituais ou ofertas materiais.

Mateus 23:23: “Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vocês deveriam praticar estas coisas, sem omitir aquelas.”

Jesus critica os fariseus por priorizarem o legalismo e as regras externas, negligenciando o que é mais importante: a justiça, a misericórdia e a fidelidade.

Tiago 1:27: “A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo.”

Esse versículo destaca que a verdadeira prática da fé cristã está em cuidar dos necessitados.

1 João 3:17-18: “Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade.”

Aqui, o apóstolo João ressalta a importância de agir em amor, sendo generosos e atentos às necessidades das pessoas.

Mateus 6:19-21: “Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração.”

Jesus nos ensina que nossas prioridades devem estar nos valores do Reino, não em riquezas terrenas.

Colossenses 3:2: “Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas.”

Esse versículo nos orienta a focar nas prioridades espirituais em vez de nas preocupações materiais.

Em todo esse tempo, não me limitei a atuar apenas na igreja da qual fazia parte. Sempre busquei aprender com pessoas mais experientes, lendo livros, biografias de missionários, plantadores de igrejas e evangelistas. Antes de sair da Presbiteriana, já mantínhamos relacionamentos com missionários de diversas denominações, como Assembleia de Deus, Congregacional e Batista. Viajamos por nove estados do Nordeste com um ministério de evangelismo, e também para fora do Brasil, onde conhecemos pessoas de outras culturas e nações que trabalham com o evangelho e seguem firmes na fé cristã. Até hoje, mantemos essas conexões. Meu pastor é norueguês e possui igrejas em várias partes do mundo — igrejas em casas, templos e diferentes contextos.

Com o passar do tempo, à medida que amadurecemos na caminhada cristã, começamos a discernir melhor a dinâmica do Corpo de Cristo, independentemente dos formatos culturais ou das mentalidades sociais que prevalecem em cada contexto. Percebemos, então, como a mentalidade terrena, muitas vezes de forma sutil e inconsciente, pode influenciar a maneira como lidamos com o ministério e as prioridades na igreja.

Essa influência pode se manifestar na tendência de valorizar mais as estruturas organizacionais, o status e as aparências do que o genuíno relacionamento com Cristo e a edificação das pessoas. A pressão por resultados, a busca por reconhecimento e a necessidade de manter uma imagem de sucesso podem desviar o foco do propósito central do evangelho: a transformação de vidas pela presença de Jesus.

Se não estivermos atentos, o que deveria ser um ambiente de adoração e crescimento espiritual pode se transformar em um sistema onde o foco é manter a instituição, em vez de exaltar a pessoa de Cristo. Precisamos, portanto, resgatar continuamente a simplicidade e a profundidade do evangelho, lembrando que a verdadeira igreja não é construída sobre estratégias humanas, mas sobre a centralidade de Jesus, a comunhão com o Espírito Santo e o amor sincero ao próximo.

Colossenses 2:8 - “Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo.”

Esse versículo alerta contra a influência de filosofias humanas e tradições que desviam o foco de Cristo.

Colossenses 1:18 - “Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia.”

Paulo destaca que Cristo deve ter a supremacia em todas as coisas, incluindo a igreja.

Mateus 6:33 - “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.”

Jesus ensina que a prioridade deve ser o Reino de Deus, não as preocupações materiais.

1 Coríntios 3:11 - “Porque ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo.”

Esse versículo ressalta que o único fundamento legítimo para a igreja é Cristo, não estruturas ou instituições humanas.

2 Coríntios 4:5 - “Pois não pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor, e a nós como escravos de vocês, por causa de Jesus.”

Paulo deixa claro que o objetivo da pregação é exaltar Cristo, não promover a si mesmo ou qualquer sistema humano.

Romanos 12:2 - “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”

Paulo adverte contra a conformidade com os padrões deste mundo, que podem incluir valores e prioridades errados dentro da igreja.

Filipenses 2:3-5 - “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus.”

Aqui, vemos uma exortação para adotar a humildade e o serviço como princípios fundamentais, em vez da autopromoção ou do ganho pessoal.

Que vocês possa ser abençoados com esse entendimento!!

Leonardo Lima Ribeiro 

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