sexta-feira, 30 de agosto de 2024

O Equilíbrio Entre Estrutura e Missão: Servir ao Próximo na Vida da Igreja(L8)

(Trollstingen, Noruega)

Em muitas igrejas, a organização e a estrutura são essenciais para manter o funcionamento adequado da comunidade. Funções como tesoureiros, presbíteros e outros cargos administrativos são necessárias para garantir que as decisões sejam tomadas de maneira responsável e que os recursos sejam bem geridos. No entanto, há um perigo sutil quando essas estruturas, em vez de servirem ao corpo de Cristo, começam a se transformar em sistemas que beneficiam apenas um pequeno grupo. Quando isso acontece, a verdadeira missão da Igreja, que é servir e edificar as pessoas, pode ser comprometida.

Olha, Fulano é tesoureiro, temos os presbíteros, e essas funções são necessárias em qualquer situação. Mesmo que você forme um clube de amigos em sua casa, precisará de alguém que decida o que pode ou não ser feito. Isso é normal e faz parte de qualquer organização. No entanto, o problema começa quando a estrutura se torna injusta, onde todos contribuem, mas apenas um pequeno grupo de pessoas se beneficia dos recursos. Esse tipo de situação vai contra o espírito do Evangelho.

A Bíblia nos ensina que a liderança na Igreja deve ser exercida com humildade e serviço, não para ganho pessoal. Em Marcos 10:44-45, Jesus disse: "E quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos." Isso mostra que o foco de qualquer liderança cristã deve ser o serviço à comunidade e não o benefício próprio.

Além disso, em 1 Pedro 5:2-3, Pedro instrui os líderes da igreja: "Pastoreiem o rebanho de Deus que está entre vocês, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por torpe ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho." Aqui, Pedro destaca que a liderança deve ser exercida de forma voluntária e sem o desejo de ganho pessoal, mas com o objetivo de servir e ser um exemplo para os outros.

Quando uma igreja ou organização se desvia do seu propósito original, utilizando os recursos de muitos para o benefício de poucos, ela se distancia dos princípios bíblicos de justiça, amor ao próximo e serviço comunitário. A verdadeira missão da Igreja é refletir o coração de Cristo, que veio "não para ser servido, mas para servir" (Marcos 10:45). Quando os recursos são usados de forma desigual, beneficiando apenas um pequeno grupo, a essência do evangelho—que nos chama a compartilhar com generosidade e a cuidar dos necessitados—é comprometida. As Escrituras nos ensinam a "levar as cargas uns dos outros" (Gálatas 6:2) e a "fazer o bem a todos, especialmente aos da família da fé" (Gálatas 6:10). Portanto, é vital que as igrejas mantenham o foco em servir a comunidade como um todo, honrando os princípios de equidade e justiça que Cristo exemplificou.

Por exemplo, algumas pessoas dizem: "Eu orei e a pessoa foi curada; quanto isso vale?" Como se estivessem cobrando por algo que receberam de Deus gratuitamente. No entanto, Jesus nos ensinou: "De graça recebestes, de graça dai" (Mateus 10:8). O que recebemos de Deus deve ser compartilhado com a mesma generosidade com que nos foi dado. Se alguém se sentir tocado a ponto de querer retribuir financeiramente, isso é aceitável e pode ser uma bênção. Porém, é essencial que nossas ações não sejam motivadas por ganho pessoal ou para construir uma instituição que apenas exalta o sucesso individual. Nosso foco deve ser sempre no serviço ao próximo e na glorificação de Deus, não na autopromoção. Como Paulo escreveu: "Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens" (Colossenses 3:23).

Esse é o ponto central da questão. E de onde tiro respaldo para afirmar isso? Não se trata apenas de uma opinião pessoal, mas de um entendimento fundamentado nas Escrituras e na própria vivência cristã. Jesus nos ensinou que tudo o que fazemos deve ser para a glória de Deus e para o serviço ao próximo, não para o engrandecimento pessoal. Ele nos instruiu a "amar o próximo como a nós mesmos" (Mateus 22:39) e a "buscar em primeiro lugar o Reino de Deus" (Mateus 6:33). Quando desvirtuamos esses princípios, usando os dons que recebemos de Deus para promover apenas nossos próprios interesses, nos afastamos do verdadeiro propósito do Evangelho. É com base nesse entendimento bíblico que faço essa afirmação, não como uma mera opinião, mas como uma reflexão ancorada na Palavra de Deus e na prática de uma fé genuína.

Com base em tudo o que vivi, percebo que essa não é apenas uma questão de opinião pessoal. Se você ler a Bíblia com um coração sincero, especialmente o livro de Atos e as cartas de Paulo, sem isolar versículos para justificar uma doutrina específica, poderá ver o quadro completo e entender o propósito maior do Evangelho.

Por exemplo, ao falar sobre riqueza, não podemos simplesmente selecionar dois versículos fora de contexto para defender uma visão particular sobre o assunto. Esse tipo de abordagem ignora o contexto mais amplo das Escrituras e pode distorcer o verdadeiro ensino bíblico. Para compreender o que a Bíblia realmente diz sobre riqueza, devemos considerar a história dos apóstolos, a vida e os ensinamentos de Jesus, e como essas lições foram aplicadas nas primeiras comunidades cristãs.

Jesus nos ensinou sobre o perigo de confiar nas riquezas materiais ao invés de confiar em Deus, como vemos na parábola do jovem rico (Mateus 19:21-24). Ele também nos instruiu a ser generosos e a usar nossos recursos para ajudar os necessitados, como refletido em Lucas 12:33, onde Ele diz: "Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós bolsas que não se envelheçam, tesouro nos céus que nunca falta".

As cartas de Paulo reforçam essa visão, lembrando-nos que "o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males" (1 Timóteo 6:10) e que devemos estar contentes com o que temos, sendo generosos em compartilhar com os outros (1 Timóteo 6:17-19). A vida dos apóstolos, conforme descrita no livro de Atos, mostra uma comunidade comprometida com a partilha, onde "ninguém considerava exclusivamente sua nenhuma das coisas que possuía, mas todas as coisas lhes eram comuns" (Atos 4:32).

Portanto, a verdadeira compreensão da riqueza, conforme ensinada nas Escrituras, vai além de uma simples acumulação de bens. Trata-se de um chamado à generosidade, ao serviço, e a viver com um foco no Reino de Deus e no bem-estar do próximo. Ao nos afastarmos dessa visão e usarmos a Bíblia para justificar doutrinas que promovem a acumulação pessoal, nos distanciamos da essência do que Jesus e os apóstolos nos ensinaram. É por isso que digo que essa não é apenas uma opinião, mas uma convicção fundamentada no estudo sincero e no entendimento profundo das Escrituras.

O Novo Testamento realmente tem seu início pleno após a cruz e a ressurreição de Jesus, pois é nesse momento que a Nova Aliança é estabelecida. Antes disso, o povo ainda estava sob o sistema da Lei Mosaica, que Jesus veio cumprir e transcender, como Ele próprio afirmou em Mateus 5:17: "Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, mas para cumprir."

Com a ressurreição de Cristo, uma nova era foi inaugurada, e o foco da fé passou a estar na graça e na obra redentora de Jesus, ao invés da obediência estrita à Lei. Para compreender plenamente o Novo Testamento, é fundamental mergulhar nos ensinamentos presentes nas cartas de Paulo e no livro de Atos. Esses textos não apenas narram a vida e os primeiros passos da igreja, mas também fornecem diretrizes práticas e teológicas para a comunidade cristã.

Ao observar o livro de Atos e as cartas de Paulo, percebemos que em nenhum momento os apóstolos se preocuparam em construir grandes instituições ou estruturas religiosas. Em vez disso, o foco era sempre nas pessoas, na propagação do Evangelho e no fortalecimento da comunidade de crentes. A igreja primitiva se reunia nas casas, compartilhava seus bens, e vivia de forma comunitária, conforme Atos 2:44-45: "Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade."

Esse modelo não era fruto de uma simples escolha econômica ou política, mas sim uma expressão prática do amor e da unidade que o Evangelho promovia. O contexto político e econômico da época era, de fato, muito diferente do nosso, mas a essência do cristianismo sempre foi centrada nas pessoas e nas relações, e não na construção de instituições grandiosas.

As cartas de Paulo reforçam essa visão. Em 1 Coríntios 3:16-17, ele lembra aos crentes que "vós sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós". A ênfase está na comunidade como o templo vivo de Deus, não em edifícios físicos ou estruturas organizacionais. Além disso, Paulo admoesta contra qualquer divisão ou facção dentro da igreja que pudesse desviar o foco da unidade em Cristo (1 Coríntios 1:10-13).

Portanto, ao olharmos para o Novo Testamento como um todo, percebemos que o chamado dos apóstolos não era para a construção de instituições complexas ou hierárquicas, mas para a edificação do Corpo de Cristo, que é composto por pessoas, e para o avanço do Reino de Deus na terra através do amor, do serviço, e da pregação fiel do Evangelho. Este é o modelo que devemos buscar, um modelo onde o foco está sempre nas pessoas, na comunhão, e na missão de levar a mensagem de Jesus a todos os povos.

Quando alguém tenta justificar a existência de múltiplas denominações religiosas usando a analogia das 12 tribos de Israel, é importante notar que esse argumento carece de fundamento bíblico no contexto da Nova Aliança. O apóstolo Paulo, em suas cartas, deixa claro que, em Cristo, todas as barreiras culturais, sociais e étnicas são superadas. Em Gálatas 3:28, ele afirma categoricamente: "Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; pois todos vós sois um em Cristo Jesus."

Este versículo destaca a unidade fundamental que deve existir entre todos os crentes, independentemente de suas diferenças exteriores. A mensagem do Evangelho transcende culturas, raças, gêneros e classes sociais, e se fundamenta na nova identidade que todos recebemos em Cristo. A fé em Jesus não é fragmentada por características externas ou contextos culturais; ela é universal e aplicável a todos os que creem.

A ideia de que Deus criou várias denominações para acomodar as diferenças entre as pessoas é, portanto, equivocada. A multiplicidade de denominações que vemos hoje muitas vezes reflete mais as divisões humanas do que um desígnio divino. Em vez de unir, essas divisões podem criar barreiras desnecessárias que contrariam o chamado à unidade no Corpo de Cristo. Na mesma cidade, é comum encontrar várias igrejas de diferentes denominações, cada uma com suas próprias práticas e doutrinas. No entanto, o essencial, que é a fé em Jesus Cristo, deve permanecer o mesmo em todas.

Essa uniformidade na fé é uma expressão do princípio de que Cristo é o centro de tudo. Independentemente da denominação ou tradição, todos os cristãos são chamados a seguir Jesus e a viver de acordo com Seus ensinamentos. Paulo, ao escrever para diferentes comunidades em suas epístolas, como em 1 Coríntios 1:10, exorta os crentes a viverem em harmonia: "Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa, e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer."

As divisões denominacionais muitas vezes surgem de preferências humanas, interpretações doutrinárias particulares ou até mesmo questões culturais. Contudo, essas diferenças não devem obscurecer o fato de que a verdadeira fé cristã é centrada na pessoa e obra de Jesus Cristo. Ele é o fundamento, e é em Sua unidade que devemos nos apoiar.

Portanto, em vez de usar as diferenças entre denominações como justificativa para a fragmentação, devemos buscar a unidade que Paulo prega, lembrando que todos somos um em Cristo. A diversidade de tradições pode enriquecer a experiência cristã, mas nunca deve ser usada para justificar a divisão. A verdadeira medida da fé em uma comunidade não é sua afiliação denominacional, mas sua fidelidade a Cristo e ao Evangelho.

Se você está envolvido na plantação de uma igreja e já estabeleceu um CNPJ, isso por si só não constitui um problema. A formalização jurídica é muitas vezes necessária para questões administrativas e fiscais, e pode facilitar a organização e o funcionamento da igreja. No entanto, o verdadeiro desafio não está na estrutura legal em si, mas na mentalidade que permeia a gestão e a operação da instituição.

O perigo surge quando a energia, o tempo e os recursos financeiros são direcionados predominantemente para manter a estrutura da igreja funcionando, ao invés de se concentrar em sua missão fundamental de servir às pessoas. Se você percebe que a maior parte dos recursos está sendo gasta em manutenção de instalações, administração e formalidades, em detrimento da ação direta em benefício da comunidade e dos membros, é um sinal claro de que é preciso repensar a abordagem.

O propósito essencial de uma igreja é servir e edificar o corpo de Cristo. Isso envolve apoiar os membros espiritualmente, proporcionar assistência às necessidades físicas e emocionais, e engajar-se ativamente em obras de serviço e missão. A estrutura organizacional deve ser um meio para atingir esses objetivos, e não um fim em si mesmo. Em vez de se tornar um fim, a estrutura deve facilitar e apoiar a missão da igreja de maneira eficaz e centrada nas pessoas.

É fundamental revisar periodicamente a forma como os recursos são alocados e o foco das atividades da igreja. Se a estrutura organizacional começa a dominar o propósito e a missão da igreja, é necessário fazer ajustes. A verdadeira eficácia de uma igreja é medida pelo impacto positivo que tem na vida das pessoas e na comunidade, e não apenas pela eficiência administrativa ou pelo tamanho da sua estrutura.

Jesus mesmo destacou que o propósito da igreja é servir e amar aos outros. Em Mateus 20:28, Ele afirma: “Pois o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.” Esse princípio deve guiar todas as decisões e ações dentro da igreja. A estrutura deve, portanto, ser uma ferramenta que permite à igreja cumprir sua missão de forma mais eficaz, não uma barreira que limita a capacidade de servir.

Assim, a chave para uma plantação de igreja bem-sucedida é garantir que a mentalidade e a prática estejam alinhadas com o propósito de servir às pessoas. O CNPJ e a estrutura organizacional devem apoiar, e não obstruir, a missão da igreja. Se você perceber que a instituição está se tornando um fim em si mesma, é crucial ajustar a abordagem para garantir que a missão de servir e edificar o corpo de Cristo permaneça no centro de todas as atividades.

A Igreja Não É Jesus
A afirmação de que "a igreja não é Jesus" é crucial para uma compreensão equilibrada e bíblica da função e propósito da igreja. Embora a igreja desempenhe um papel essencial no plano de Deus, ela não deve ser confundida com Cristo, que é o centro da fé cristã. Aqui estão algumas razões para aprofundar essa distinção:

1. Cristo é o Fundamento da Fé
Jesus Cristo é o fundamento e a pedra angular da fé cristã. Ele afirmou em Mateus 16:18: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela." Jesus é o centro da nossa adoração e a fonte da nossa salvação, conforme João 14:6, onde Ele declara: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim." A igreja, por outro lado, é uma instituição estabelecida para promover o evangelho e edificar os crentes, mas não é o objeto de nossa adoração.

2. A Igreja é um Instrumento, Não um Fim em Si Mesma
A igreja existe para cumprir a missão de Cristo na Terra. Em 2 Coríntios 5:18-19, Paulo descreve a igreja como "o ministério da reconciliação", que é a missão de levar as pessoas a Cristo e promover a reconciliação entre Deus e a humanidade. A igreja é chamada a ser o corpo de Cristo, mas isso não a torna Cristo. O papel da igreja é de servir e refletir a missão de Jesus, mas não substituí-lo ou colocá-lo em segundo plano.

3. Evitar a Idolatria Institucional
Quando a igreja começa a ser vista como a figura central da fé em vez de Cristo, isso pode levar à idolatria institucional. Em 1 Coríntios 1:12-13, Paulo aborda divisões dentro da igreja, dizendo: "Cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está Cristo dividido? Foi Paulo crucificado por vós, ou fostes vós batizados em nome de Paulo?" Este trecho ressalta que a lealdade à igreja ou ao líder da igreja não deve substituir a lealdade a Cristo.

4. A Igreja Como Corpo de Cristo
A igreja é descrita na Bíblia como o corpo de Cristo, com Ele sendo a cabeça (Efésios 1:22-23). Isso significa que a igreja deve funcionar em harmonia com a vontade e os ensinamentos de Cristo, sendo um reflexo do Seu caráter e missão. Em Colossenses 1:18, Paulo escreve: "Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja." A cabeça é responsável por dirigir e governar o corpo, e a igreja deve sempre se submeter a essa liderança divina.

5. Foco na Missão, Não na Instituição
Quando a igreja coloca a sua própria estrutura e operação acima da missão de Cristo, pode ocorrer uma desvirtuamento do propósito original. A missão da igreja é fazer discípulos de todas as nações, conforme Mateus 28:19-20: "Ide, pois, e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho mandado." O foco deve estar em cumprir esta missão e não em manter ou promover a instituição em si.

Em resumo, é essencial reconhecer que a igreja, embora vital para a vida cristã e para a realização da missão de Cristo, não é um substituto para Jesus. A igreja deve sempre manter seu foco em Cristo como a cabeça e o centro de sua adoração e serviço, garantindo que todas as suas atividades estejam alinhadas com a missão e os ensinamentos de Jesus.

Deus abençoe sua vida e te dê clareza na sua vocação

Leonardo Lima Ribeiro 

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Mantendo o Foco nas Pessoas em Meio à Expansão Institucional(L8)

 

(Estocolmo, Suécia)

À medida que a igreja se transforma em um empreendimento, surge a tentação de forçar a interpretação de que qualquer movimento ou ação dentro dela seja necessariamente um reflexo da vontade de Deus. No entanto, é fundamental reconhecer que Deus, em Sua soberania, utiliza os meios e instrumentos que Ele deseja, independentemente da nossa compreensão limitada. Ele pode, se assim quiser, usar um cachorro, um papagaio ou qualquer outro ser para transmitir Sua mensagem.

Isso nos ensina que ser usado por Deus não é, por si só, um sinal de aprovação divina ou de que aquilo está em conformidade com a Sua vontade perfeita. A permissão divina para o uso de certos meios ou pessoas não deve ser confundida com a Sua aprovação absoluta. Deus, em Sua infinita sabedoria, pode escolher utilizar qualquer criatura ou circunstância para cumprir Seus propósitos, mesmo que isso nos pareça incomum ou contrário às expectativas humanas.

Um exemplo claro disso é a história bíblica de Balaão, onde Deus utilizou uma mula para se comunicar com o profeta. O fato de Deus ter falado através de uma mula não só ilustra Seu poder absoluto sobre a criação, mas também nos lembra que Ele não está restrito às formas convencionais de comunicação. Se acreditamos literalmente nessa narrativa, devemos admitir que Deus pode, de fato, utilizar qualquer meio para fazer Sua vontade conhecida.

Essa compreensão se torna mais clara à medida que adquirimos experiência e discernimento espiritual. Com o tempo, certos padrões se tornam óbvios para aqueles que têm observado repetidamente a ação de Deus, tanto nos contextos corretos quanto nos distorcidos. Não se trata de seguir um protocolo rígido ou uma receita pronta, mas de desenvolver uma sensibilidade que nos permite distinguir entre o que é genuinamente divino e o que pode ser uma distorção humana.

Essa experiência nos ensina a não aceitar automaticamente que tudo o que acontece dentro da igreja é necessariamente um reflexo da vontade de Deus. Precisamos estar atentos para discernir entre o uso permissivo de Deus e a Sua vontade soberana, compreendendo que Ele opera de maneiras que muitas vezes desafiam nossas expectativas e conceitos pré-estabelecidos.

Isaías 55:8-9 “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.”

Esse versículo destaca a diferença entre os pensamentos e caminhos de Deus e os nossos, enfatizando a soberania divina em todas as coisas.

Números 22:28 "Então o Senhor abriu a boca da jumenta, e ela disse a Balaão: Que te fiz eu, que me espancaste estas três vezes?"

Este versículo refere-se diretamente à história de Balaão, onde Deus usou uma mula para falar com o profeta, mostrando que Ele pode utilizar qualquer meio para comunicar Sua vontade.

1 Coríntios 1:27-29 "Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele."

Este trecho ressalta como Deus frequentemente utiliza os meios mais improváveis para cumprir Seus propósitos, desafiando a lógica e o orgulho humano.

Provérbios 16:9 "O coração do homem planeja o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos."

Este versículo fala sobre a soberania de Deus na vida humana, mostrando que, apesar dos planos humanos, é Deus quem guia e decide.

Romanos 8:28 "E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito."

Aqui, Paulo lembra que Deus trabalha através de todas as coisas, mesmo as que parecem improváveis, para o bem dos que O amam.

Mateus 7:21 "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus."

Esse versículo alerta para a diferença entre ser usado por Deus e estar verdadeiramente alinhado com Sua vontade, destacando a importância de não confundir os dois.

Se considerarmos a narrativa bíblica de Balaão, acredito firmemente que Deus literalmente usou uma mula para se comunicar com um profeta. Essa história não é apenas uma alegoria ou uma metáfora, mas uma demonstração concreta do poder soberano de Deus, que pode utilizar qualquer elemento de Sua criação para cumprir Seus propósitos.

O profeta, geralmente reconhecido como o porta-voz escolhido por Deus, era o instrumento habitual através do qual a vontade divina era revelada ao povo. No entanto, neste episódio específico, Deus subverte as expectativas humanas ao falar diretamente por meio de uma mula, um animal que, pela lógica humana, não teria capacidade para tal comunicação.

Essa ação divina sublinha um ponto crucial: a soberania de Deus não está limitada pelas convenções humanas. Ele pode escolher meios inusitados para manifestar Sua vontade, desafiando nossas percepções e nos lembrando de que Seu poder transcende todas as nossas limitações. Ao falar com Balaão através da mula, Deus não apenas revelou Sua mensagem, mas também expôs a cegueira espiritual do profeta, demonstrando que até mesmo um animal sem razão poderia perceber a verdade divina que escapava ao entendimento do homem.

Esse relato nos ensina que devemos estar sempre abertos e atentos às maneiras inesperadas pelas quais Deus pode operar. Ele nos lembra que Sua autoridade não se submete às nossas expectativas e que, em Sua infinita sabedoria, Ele pode usar qualquer meio, seja um profeta ou uma simples criatura, para nos guiar e corrigir.

Números 22:28-30 "Então o Senhor abriu a boca da jumenta, e ela disse a Balaão: Que te fiz eu, que me espancaste estas três vezes? E Balaão disse à jumenta: Porque zombaste de mim; quem dera tivesse eu uma espada na mão, porque agora te mataria. E a jumenta disse a Balaão: Porventura não sou eu tua jumenta, em que cavalgaste toda a tua vida até hoje? Tive eu acaso o costume de fazer assim contigo? E ele respondeu: Não."

Este trecho descreve o momento exato em que Deus permite que a jumenta fale, evidenciando Sua capacidade de agir de maneira sobrenatural e surpreendente para comunicar Sua mensagem.

2 Pedro 2:15-16 "Eles abandonaram o caminho reto e se desviaram, seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça, mas foi repreendido por sua transgressão; uma jumenta, uma besta de carga que não podia falar, falou com voz humana e refreou a loucura do profeta."

Este versículo do Novo Testamento reforça a história de Balaão e destaca como a jumenta, incapaz de falar naturalmente, foi usada por Deus para corrigir o profeta.

1 Coríntios 1:27-29 "Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele."

Este versículo ilustra o princípio de que Deus frequentemente usa o que é desprezado ou improvável aos olhos humanos para cumprir Seus propósitos e mostrar Sua soberania.

Salmo 115:3 "Mas o nosso Deus está nos céus; Ele faz tudo o que Lhe agrada."

Este versículo reafirma a soberania absoluta de Deus, que age conforme a Sua vontade, sem estar limitado pelas expectativas humanas.

Isaías 46:10 "Declaro o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; digo: O meu conselho permanecerá de pé, e farei toda a minha vontade."

Este versículo destaca a autoridade de Deus sobre a história e a certeza de que Seu propósito será cumprido, independentemente dos meios que Ele escolha usar.

Amós 3:7 "Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o Seu segredo aos Seus servos, os profetas."

Embora Deus normalmente fale através de Seus profetas, a história de Balaão mostra que Ele pode escolher outras formas, mesmo as mais inesperadas, para comunicar Sua mensagem.

Portanto, é essencial considerar esses aspectos com seriedade. Ao longo dos anos, por causa das experiências que acumulei, certas verdades se tornaram evidentes para mim. Há questões que, para alguém que ainda está tentando entender determinadas situações, podem parecer nebulosas ou difíceis de discernir. No entanto, para mim, essas questões já são claras.

Não se trata de seguir um protocolo rígido ou uma receita de bolo para discernir a realidade espiritual. Em vez disso, há coisas que se tornam óbvias com o tempo, simplesmente porque você já as presenciou repetidas vezes. A experiência oferece uma perspectiva que permite observar a dinâmica dos eventos se desenrolando, tanto quando eles seguem o caminho certo quanto quando se desviam. Essa repetição cria um entendimento mais profundo e intuitivo do que está acontecendo, tornando possível distinguir padrões e resultados com maior clareza.

Com o tempo, você passa a reconhecer o que é autêntico e o que não é, o que está alinhado com a vontade de Deus e o que é uma distorção humana. Essa capacidade de discernimento não é algo que se adquire de imediato; é cultivada através da observação constante e da reflexão sobre as experiências passadas, tanto as que foram bem-sucedidas quanto as que falharam. Esse processo nos ensina a ver além da superfície, a compreender a essência das coisas e a reconhecer quando algo está em sintonia com a verdade divina.

Vamos observar por exemplo uma situação típica:

Então, imagine uma pessoa que chega com R$ 5.000 e deseja ajudar um familiar necessitado, mas o pastor responde: "Não, você não pode fazer isso. Você tem que trazer o seu familiar para a igreja, para que Jesus possa mudar a vida deles, mas o seu dinheiro você não pode dar para eles. Você tem que colocar no gazofilácio."

Essa resposta ilustra uma prática comum em muitas igrejas, onde o dízimo e as ofertas são vistos como contribuições que devem ser exclusivamente destinadas à igreja. A lógica por trás dessa postura está enraizada em uma interpretação de que o dízimo é uma obrigação espiritual, uma entrega que pertence a Deus e, por isso, deve ser destinada à obra Dele, geralmente representada pela instituição e suas atividades.

As igrejas ensinam que o dízimo, conforme estabelecido nas Escrituras (como em Malaquias 3:10), deve ser entregue "na casa do tesouro", ou seja, na igreja, para que haja sustento para os ministérios e obras sociais. Dessa forma, os líderes eclesiásticos acreditam que permitir que os membros utilizem o dízimo para outras finalidades, como ajudar familiares diretamente, desviaria o propósito original dessa prática.

Além disso, essa postura também se baseia na ideia de que o ato de dizimar é um exercício de fé e obediência. Ao entregar o dízimo à igreja, o fiel demonstra confiança em Deus para prover em todas as áreas, inclusive nas necessidades da família. A expectativa é que, ao priorizar a contribuição à igreja, o fiel abrirá caminho para que Deus abençoe não apenas a vida dele, mas também a de seus familiares.

Contudo, essa prática pode gerar tensão entre os valores ensinados pela igreja e as necessidades práticas das famílias. Muitas vezes, as famílias enfrentam dificuldades financeiras imediatas que poderiam ser aliviadas com o dinheiro do dízimo, mas a doutrina institucionalizada não permite essa flexibilidade. Isso pode levar a um dilema moral e espiritual para o membro da igreja, que se vê dividido entre cumprir o ensinamento sobre o dízimo e atender às necessidades urgentes de seus entes queridos.

Essa rigidez na aplicação do dízimo também pode ser vista como uma forma de manter a estabilidade financeira da igreja, garantindo que os recursos necessários para a manutenção da instituição, o pagamento de funcionários, a realização de eventos e o financiamento de projetos missionários estejam sempre disponíveis. No entanto, isso pode, em alguns casos, obscurecer a essência do ensinamento cristão sobre amor ao próximo e cuidado com os mais vulneráveis, incluindo os próprios familiares.

O desafio, então, é encontrar um equilíbrio entre a fidelidade ao ensinamento sobre o dízimo e a responsabilidade pessoal e familiar. A igreja, como corpo de Cristo, deveria também promover a compreensão e a flexibilidade, ajudando seus membros a exercerem a caridade e o cuidado em todas as esferas da vida, sem negligenciar as necessidades básicas daqueles que estão ao seu redor. Afinal, a essência do evangelho é o amor ao próximo, e isso inclui, em primeiro lugar, aqueles que estão mais próximos de nós.

Malaquias 3:10: "Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma bênção tal que dela vos advenha a maior abastança."
Esse versículo é frequentemente usado para apoiar a prática de trazer o dízimo para a igreja, entendida como a "casa do tesouro".

1 Timóteo 5:8: "Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente."
Esse versículo ressalta a importância de cuidar da família, sugerindo que a responsabilidade familiar é fundamental na vida cristã.

Mateus 23:23: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas."
Jesus critica os líderes religiosos por focarem no dízimo, enquanto negligenciam aspectos mais importantes da lei, como justiça e misericórdia.

Provérbios 3:9-10: "Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares."
Este versículo fala sobre a importância de honrar a Deus com nossos recursos, o que inclui o princípio do dízimo.

Lucas 11:42: "Mas ai de vós, fariseus, que dizimais a hortelã, a arruda, e todas as hortaliças, e desprezais a justiça e o amor de Deus. Importava praticar estas coisas, sem omitir aquelas."
Jesus novamente aponta que, embora o dízimo seja importante, ele não deve ser uma desculpa para ignorar a justiça e o amor ao próximo.

Gálatas 6:10: "Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé."
Este versículo incentiva os crentes a fazerem o bem, com ênfase na comunidade de fé, mas também aponta para a importância de ajudar a família e a comunidade imediata.

Atos 4:34-35: "Pois nenhum necessitado havia entre eles; porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade."

Este texto mostra como a igreja primitiva praticava a partilha de bens para atender às necessidades de todos, sugerindo um modelo de generosidade e cuidado mútuo.

Esse sistema, quando se inicia, tem como objetivo primordial servir às pessoas, utilizando a arrecadação para manter o local de encontro e de comunhão. Até aqui, essa prática está em linha com o propósito de proporcionar um espaço para a reunião e o fortalecimento da comunidade cristã. No entanto, com o tempo, esse sistema pode evoluir e assumir uma dinâmica própria, semelhante ao fenômeno descrito na história do bezerro de ouro.

Lembramos da narrativa bíblica em que o povo de Israel, após ter recebido joias e ouro dos egípcios como parte da sua saída do Egito, se vê no deserto. Deus havia feito com que os egípcios entregassem essas riquezas aos israelitas como um sinal de Sua provisão e favor (Êxodo 12:35-36). Essas riquezas, que eram um símbolo de bênção e libertação, acabaram sendo usadas de forma inesperada e questionável.

Quando Moisés subiu ao monte Sinai para receber as tábuas da lei, ele se ausentou por 40 dias. Durante essa ausência, o povo de Israel ficou ansioso e desorientado. Arão, diante da pressão e do desejo do povo por um ídolo visível, pediu que eles entregassem as joias e o ouro que haviam recebido dos egípcios. Esses materiais preciosos foram então fundidos e moldados em um bezerro de ouro, que o povo passou a adorar como o deus que os havia tirado do Egito (Êxodo 32:1-4).

Esse incidente ilustra como algo originalmente destinado a um propósito de adoração e devoção pode, eventualmente, desviar-se e se transformar em um ídolo. O bezerro de ouro tornou-se um símbolo de uma adoração pervertida, substituindo a verdadeira adoração a Deus. A riqueza, que deveria ter sido usada para construir um lugar de adoração verdadeiro e para servir à comunidade, foi desviada para criar um ídolo que refletia uma visão distorcida de Deus.

Da mesma forma, um sistema de arrecadação dentro da igreja, que começa com a intenção de apoiar a obra de Deus e promover a comunhão, pode acabar se transformando em algo que tira o foco da missão principal. Quando a arrecadação e o uso dos recursos passam a servir interesses institucionais ou a manter uma estrutura em vez de atender às necessidades reais das pessoas, o sistema se desvia do seu propósito original e pode se tornar um "bezerro de ouro" moderno.

Essa transformação não ocorre de forma imediata, mas é um processo que pode ser desencadeado pela falta de vigilância espiritual e pela pressão institucional. O foco, então, se desloca de servir e cuidar das pessoas para sustentar a própria estrutura, perdendo de vista a essência do que significa viver a fé cristã genuína, que é o amor e o serviço ao próximo.

Quando o povo de Israel estava no deserto, Moisés subiu ao monte Sinai para se encontrar com Deus e receber as tábuas da lei. Durante os 40 dias em que ele esteve ausente, o povo começou a se sentir ansioso e inquieto, sem saber o que estava acontecendo e quando Moisés retornaria. Esse estado de insegurança e impaciência levou a um momento crítico de crise de fé.

Diante da pressão do povo, Arão, o irmão de Moisés e sacerdote, cedeu e solicitou que os israelitas entregassem suas joias e ouro, que haviam sido adquiridos dos egípcios durante a saída do Egito (Êxodo 12:35-36). Ele então fundiu esses materiais preciosos no fogo, uma ação que deveria ter sido uma preparação para um propósito mais elevado. No entanto, o resultado desse processo não foi o esperado; de forma inesperada e até mesmo irônica, um bezerro de ouro emergiu da fusão dos materiais (Êxodo 32:24).

Arão tentou justificar a criação do bezerro ao explicar a Moisés que o ouro foi simplesmente jogado no fogo e, "como por magia", saiu o bezerro. Esse relato parece quase uma tentativa de desviar a culpa, ignorando a realidade de que a fabricação do ídolo foi um ato deliberado de desobediência e uma manifestação de uma necessidade humana de ter um objeto tangível de adoração (Êxodo 32:24).

A partir desse momento, o bezerro de ouro tornou-se o foco da adoração do povo. Eles começaram a dançar e festejar ao redor do ídolo, proclamando que ele era o deus que os havia libertado da escravidão egípcia. Essa transição é significativa: aquilo que havia sido um símbolo de libertação e bênção tornou-se um objeto de idolatria, substituindo a verdadeira adoração a Deus.

Esse episódio revela como a ansiedade e a falta de fé podem levar a desviar o coração das pessoas do verdadeiro Deus. O bezerro de ouro, que foi inicialmente uma expressão de uma necessidade mal dirigida, acabou ocupando o lugar de Deus em seus corações e mentes. Ele se tornou um "deus substituto", substituindo a figura de Deus que os havia guiado e libertado.

Esse desvio é um alerta para todos sobre como a impaciência e a falta de confiança em Deus podem levar à criação de ídolos modernos, que tomam o lugar da verdadeira adoração. A busca por algo tangível e imediato pode fazer com que desviemos o foco do relacionamento genuíno com Deus, criando substitutos que, apesar de parecerem promissores, não têm a capacidade de preencher a verdadeira necessidade espiritual e de adoração.

O termo "anticristo" vem do grego "ἀντίχριστος" (antíchristos). A palavra "ἀντί" (antí) pode significar tanto "contra" quanto "em lugar de". Isso sugere que o anticristo não é apenas alguém que se opõe a Cristo, mas também alguém ou algo que tenta ocupar o lugar de Cristo. Assim, o bezerro de ouro se tornou o "deus" do povo, substituindo Deus em suas vidas.

E como foi que aquele "deus" foi formado? Arão pegou as riquezas do povo—ou, se trouxermos para os dias de hoje, o dinheiro das pessoas—, jogou no fogo, que simboliza a pressão sobre nossas vidas, a qual revela nossos corações, e o que saiu disso foi um ídolo.

Assim, a denominação se torna um ídolo quando não compreendemos o foco e o coração de Deus, que são as pessoas. E aí, se observarmos o contexto geral, veremos igrejas com 10 mil pessoas, gastando fortunas em decoração de eventos, mas que não pagam sequer R$ 3.000 ou R$ 4.000 de salário para um pastor, que às vezes nem trabalha diretamente com eles na denominação, mas que é um parceiro, um aliançado, alguém que está servindo no mesmo propósito.

Quando você se dirige ao pastor, ao conselho ou à diretoria de uma igreja—e não estou me referindo a uma igreja específica, mas sim a um fenômeno que pode ocorrer em várias congregações—e propõe uma votação para alocar, por exemplo, R$ 3.000 por mês para um indivíduo que desempenha um papel importante no ministério ou que enfrenta dificuldades financeiras, frequentemente a proposta é rejeitada.

Essa situação ocorre por diversas razões que refletem as complexidades e desafios da administração e das prioridades financeiras dentro das igrejas. Em muitos casos, a decisão de não aprovar tais propostas pode ser atribuída a vários fatores:

Prioridades Orçamentárias: As igrejas muitas vezes têm orçamentos rígidos e prioridades financeiras bem estabelecidas. Esses orçamentos são frequentemente direcionados para manter a infraestrutura da igreja, realizar eventos programáticos, e sustentar outros ministérios e atividades. Isso pode levar a uma resistência em desviar recursos para necessidades individuais, mesmo quando essas necessidades são legítimas.

Transparência e Procedimentos: Algumas igrejas têm procedimentos rigorosos para a alocação de fundos, com ênfase na transparência e na prestação de contas. A decisão de apoiar financeiramente um indivíduo pode ser vista como uma exceção a essas normas, levantando questões sobre precedentes e sobre a necessidade de uma revisão mais profunda das políticas.

Perspectivas Teológicas e Institucionais: A abordagem financeira de uma igreja pode ser influenciada por suas perspectivas teológicas e institucionais. Algumas congregações podem acreditar que o dinheiro deve ser investido em programas de alcance e em projetos que beneficiem a comunidade em geral, em vez de apoiar diretamente indivíduos. Essa visão pode levar a uma relutância em usar os recursos da igreja para subsídios pessoais.

Preocupações com a Equidade: Há uma preocupação com a justiça e a equidade ao lidar com as necessidades financeiras. A alocação de fundos para um indivíduo pode ser vista como injusta ou como criando um desequilíbrio entre os membros da congregação, especialmente se outras solicitações semelhantes não forem atendidas.

Fatores Administrativos e de Governança: As decisões financeiras nas igrejas são muitas vezes tomadas por comitês ou conselhos que avaliam as propostas com base em critérios estabelecidos. A votação pode ser influenciada por questões administrativas e pela necessidade de seguir os regulamentos internos, o que pode resultar em uma rejeição de propostas que não se alinham com a visão ou a estratégia financeira da igreja.

Esses fatores mostram como a gestão financeira e as decisões orçamentárias nas igrejas podem ser complexas e influenciadas por uma série de considerações práticas e teológicas. A rejeição de propostas para apoio financeiro individual não é necessariamente uma questão de falta de compaixão, mas pode refletir as múltiplas camadas de responsabilidades e decisões que envolvem a administração dos recursos da igreja.

Quando propostas de apoio financeiro para indivíduos são sistematicamente rejeitadas em igrejas—como quando se sugere, por exemplo, a alocação de R$ 3.000 por mês para alguém—isso pode refletir uma tendência mais ampla que afeta a forma como a igreja prioriza seus recursos e seu foco.

Desvio de Prioridades: Ao priorizar a manutenção e expansão da estrutura da igreja, os recursos são frequentemente direcionados para a construção de instalações, decoração de eventos e outras despesas administrativas. Esse foco na infraestrutura pode desviar a atenção das necessidades urgentes e pessoais dos membros da congregação. Quando o orçamento é rigidamente controlado para manter a estrutura da igreja, as oportunidades de ajudar diretamente aqueles que estão em necessidade são frequentemente limitadas. Isso pode criar um ambiente onde a prioridade é garantir que a instituição permaneça funcional e visível, em vez de se concentrar nas necessidades individuais e no bem-estar da comunidade.

Enfraquecimento do Cuidado Pastoral: A rejeição sistemática de propostas de ajuda financeira para membros pode enfraquecer a prática do cuidado pastoral, que é central no ministério cristão. Em vez de apoiar membros que podem estar enfrentando crises financeiras, dificuldades pessoais ou necessidades específicas, a igreja pode se concentrar em manter uma estrutura e programas que, embora importantes, não atendem diretamente às necessidades imediatas de indivíduos em sofrimento. Isso pode criar uma dissonância entre a missão espiritual da igreja e sua prática administrativa.

Cultura de Exclusividade: Quando o foco se desloca para a estrutura e para a manutenção de uma instituição, pode-se desenvolver uma cultura de exclusividade, onde apenas os projetos que visam a promoção e a expansão da igreja são priorizados. Isso pode levar a uma situação onde as necessidades individuais são vistas como secundárias ou menos importantes, especialmente se esses indivíduos não têm um impacto direto nas metas de crescimento da igreja. Tal cultura pode resultar em um ambiente onde o apoio direto e a solidariedade se tornam menos visíveis e menos valorizados.

Impacto na Comunidade: O foco exagerado na estrutura pode afetar negativamente a percepção da igreja na comunidade. Se a congregação percebe que a igreja está mais preocupada com sua própria manutenção do que com o bem-estar dos membros, isso pode criar um sentimento de alienação e desconexão. A verdadeira eficácia de uma igreja não é medida apenas pelo tamanho de suas instalações ou pela quantidade de eventos realizados, mas pela forma como ela atende às necessidades de seus membros e demonstra o amor e a compaixão de Cristo no dia a dia.

Prevenção de Inovação e Adaptação: Focar apenas na estrutura pode inibir a inovação e a adaptação que são necessárias para atender às necessidades emergentes da comunidade. Quando os recursos são constantemente redirecionados para manter uma infraestrutura existente, há menos flexibilidade para experimentar novas formas de ministério, de apoio comunitário e de envolvimento com aqueles que estão fora do círculo da congregação. A adaptação às necessidades reais da comunidade pode ser sacrificada em favor da preservação do status quo institucional.

O foco excessivo na estrutura e na manutenção da igreja pode levar a uma negligência das necessidades pessoais e comunitárias. Para que uma igreja seja verdadeiramente eficaz em seu ministério, é crucial que mantenha um equilíbrio saudável entre a gestão de seus recursos estruturais e a atenção às necessidades dos indivíduos e da comunidade que serve. Somente através dessa abordagem equilibrada a igreja poderá cumprir plenamente sua missão de cuidar e apoiar todos os seus membros, refletindo a essência do evangelho em suas ações e decisões diárias.

Quando falamos sobre o foco excessivo na estrutura da igreja, é importante entender que a questão não está no fato de haver um CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) para a denominação. Na realidade, em algum momento, será necessário registrar a instituição, tanto por questões legais quanto financeiras, como para receber doações e gerenciar recursos.

No entanto, o problema não é o CNPJ em si, mas sim a mentalidade que o acompanha. Quando menciono o CNPJ, estou me referindo à forma como a construção e a propagação da estrutura da denominação podem refletir e manifestar o ego humano. Em grego, o termo para ego é "ἐγώ" (egó), que significa "eu". O que ocorre é que, à medida que a denominação cresce, o "eu" de algumas pessoas—ou seja, o ego—começa a se manifestar de maneira mais pronunciada.

A questão central é que, conforme a denominação se expande, pode haver uma tendência para que a identidade e os interesses pessoais sejam exaltados. Isso acontece porque o foco passa a ser a própria instituição, sua expansão e manutenção, em vez de se concentrar nas necessidades e no bem-estar das pessoas. Quando a ênfase está na promoção da denominação em si, o ego de líderes e membros pode ser alimentado, e a preocupação com a estrutura e com a imagem institucional pode substituir a atenção dedicada às necessidades reais da comunidade.

Portanto, o problema não está em ter uma denominação registrada ou em possuir um CNPJ, mas na mentalidade que transforma a instituição em um objetivo em si mesma. Isso pode levar a uma situação em que o foco da igreja se desvia do propósito original de servir e cuidar das pessoas, priorizando em vez disso a promoção e a preservação da própria estrutura. A verdadeira missão de uma igreja deve sempre estar centrada no atendimento às necessidades dos indivíduos e no cumprimento do chamado de Deus para amor e serviço, não na promoção de uma identidade institucional ou na exaltação do ego de seus líderes.

Mateus 23:11-12: "O maior entre vocês deverá ser servo. Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado."

Este versículo destaca a importância de servir aos outros em vez de buscar o destaque pessoal ou a exaltação.

Filipenses 2:3-4: "Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros."

Paulo exorta os crentes a agir com humildade e a considerar as necessidades dos outros como prioridade.

Tiago 4:6: "Mas ele dá maior graça. Por isso diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes."

Este versículo fala sobre como Deus resiste ao ego e à soberba, mas oferece graça àqueles que são humildes.

Gálatas 5:13: "Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à carne; ao contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor."

Aqui, Paulo nos lembra que a verdadeira liberdade em Cristo deve ser usada para servir aos outros, não para promover interesses pessoais.

1 Pedro 5:2-3: "Pastoreiem o rebanho de Deus que está sob seus cuidados, não por obrigação, mas de boa vontade, como Deus deseja; não para obter lucro desonesto, mas com zelo. Não sejam autoritários sobre os que lhe foram confiados, mas sejam exemplos para o rebanho."

Pedro instrui os líderes a pastorear com um espírito de serviço e exemplo, não buscando lucro ou controle.

Mateus 7:15: "Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos como ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores."

Este versículo alerta sobre a aparência externa de instituições e líderes e a necessidade de discernir a verdadeira natureza de suas intenções.

Atos 20:35: "Em tudo o que fiz, mostrei a vocês que, trabalhando assim, é preciso ajudar os fracos, lembrando das palavras do próprio Senhor Jesus, que disse: 'Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.'"

Paulo reforça a ideia de que o verdadeiro propósito é ajudar os necessitados e servir aos outros.

Que Deus te dê clareza de entendimento em nome de Jesus 

Leonardo Lima Ribeiro 


terça-feira, 27 de agosto de 2024

Bom senso e orientação do Espírito Santo na Comunidade Cristã(17)

(Alesund, Noruega)

Desenvolver bom senso e discernimento em relação às opiniões, especialmente em contextos religiosos, requer uma abordagem humilde, crítica e aberta ao aprendizado contínuo. 

1. Reconheça a Influência das Experiências Pessoais

Cada pessoa traz consigo um histórico único de vida, experiências, emoções e contextos culturais que influenciam suas interpretações e opiniões. No caso da leitura da Bíblia, é comum que nossas convicções sejam moldadas por esses fatores. Reconhecer essa influência é o primeiro passo para desenvolver um bom senso crítico.

2. Humildade e Abertura para Mudar

Muitas vezes, nossas convicções podem mudar com o tempo e com novas experiências. Ter a humildade de reconhecer que podemos estar equivocados e a abertura para reavaliar nossas crenças é essencial. Em vez de se apegar rigidamente a uma opinião, estar disposto a aprender e a crescer com novas informações e perspectivas é crucial.

3. Estudo e Contextualização

Para formar convicções bem fundamentadas, é necessário um estudo aprofundado e contextualizado. Isso inclui a leitura de textos sagrados, a compreensão de diferentes interpretações teológicas e a reflexão sobre como essas ideias se aplicam na prática. Por exemplo, o estudo de teologia reformada, calvinista ou pentecostal pode oferecer insights valiosos que, quando combinados com experiências pessoais, enriquecem nossa compreensão.

4. Filtro do Coração

Muitas vezes, interpretamos textos religiosos através do "filtro do coração", que pode ser influenciado por emoções, desejos e contextos pessoais. Ser consciente desse filtro e buscar uma leitura mais objetiva e espiritual pode ajudar a evitar interpretações enviesadas. Isso requer autoconhecimento e honestidade consigo mesmo sobre os próprios preconceitos e inclinações.

5. Dialogar com Respeito e Paciência

Em debates sobre questões de fé, é importante lembrar que todos estão em uma jornada de aprendizado. Em vez de entrar em discussões acaloradas, adotar uma postura de respeito e paciência pode facilitar um diálogo mais produtivo. Reconhecer que tanto você quanto a outra pessoa podem estar em processos de mudança e crescimento ajuda a manter a conversa construtiva.

6. Base Sólida para Convicções

Para afirmar algo com convicção, é necessário ter uma base sólida. Isso envolve a combinação de estudo teológico, experiências pessoais e reflexão crítica. Ter uma fundamentação bem articulada para suas crenças oferece um suporte mais forte e credível, evitando afirmações superficiais ou infundadas.

7. Descarte e Aprendizado Contínuo

Ao longo da jornada, é natural descartar algumas crenças e abraçar outras. Esse processo de filtragem é parte do crescimento espiritual e intelectual. Estar disposto a revisitar e, se necessário, ajustar suas convicções com base em novas aprendizagens e experiências é um sinal de maturidade e bom senso.

8. Evitar Precipitação nas Convicções

Finalmente, evite a precipitação ao formar convicções. Permita-se tempo para refletir, estudar e experimentar antes de chegar a conclusões definitivas. A pressa pode levar a interpretações errôneas e a convicções que não se sustentam a longo prazo.

Ao seguir essas diretrizes, você pode desenvolver um bom senso equilibrado e ponderado, capaz de lidar com a complexidade das opiniões e das crenças religiosas de forma madura e construtiva.

A Função Pastoral e o Bom Senso na Jornada de Fé

1. A Importância da Liderança Pastoral

Uma igreja sem liderança é como um rebanho sem pastor. A Bíblia fala claramente sobre a função pastoral, presbíteros e outros líderes espirituais. Paulo, por exemplo, instruiu Timóteo e Tito sobre a necessidade de levantar líderes locais. Esses líderes servem como guias espirituais, oferecendo ensino, aconselhamento e direção à congregação.

2. O Papel do Evangelho na Vida Pessoal

Viver o evangelho é tão importante quanto ensiná-lo. O evangelho não é apenas uma mensagem para ser transmitida, mas uma vida a ser vivida. Jesus é um exemplo vivo, e o Espírito Santo é uma presença contínua que guia os crentes na sua jornada de fé. Portanto, é essencial que a prática do evangelho seja visível na vida dos que o pregam.

3. A Influência da Tecnologia e da Informação

Hoje, com a internet, as pessoas têm acesso a uma quantidade enorme de informações. Isso trouxe tanto desafios quanto oportunidades. A verdade pode ser pesquisada e verificada, mas também há um risco maior de desinformação. Portanto, os pastores precisam ser ainda mais diligentes em ensinar a verdade bíblica e em guiar suas congregações com integridade.

4. Consistência e Coerência na Mensagem

Há uma incoerência em pregar contra a necessidade de liderança pastoral enquanto se assume, implicitamente, uma posição de liderança. Aqueles que negam a estrutura pastoral mas ainda assim formam grupos de seguidores estão, de fato, exercendo uma função pastoral. Isso sublinha a necessidade de honestidade e coerência na mensagem e na prática.

5. Funções de Serviço no Corpo de Cristo

As funções de pastor, presbítero, mestre, apóstolo e profeta são serviços ao corpo de Cristo. Elas não são posições de poder, mas de serviço, conforme ensinado na Bíblia. A hierarquia espiritual é baseada no amor e no serviço, não na superioridade. Paulo adverte contra a unção de novos crentes para posições de liderança prematuramente, enfatizando a necessidade de maturidade espiritual.

6. Fundamentação Bíblica das Convicções

Para desenvolver convicções sólidas, é importante ter uma base bíblica firme. As convicções não devem ser baseadas apenas na palavra de um líder, mas também no estudo pessoal da Bíblia e na orientação do Espírito Santo. A combinação de ensino pastoral e estudo pessoal resulta em uma fé mais robusta e bem fundamentada.

7. Reflexão Crítica e Autoavaliação

A reflexão crítica e a autoavaliação são fundamentais na jornada de fé. Os crentes devem estar dispostos a questionar suas próprias convicções e a aprender continuamente. Isso inclui estar aberto a correções e novas perspectivas, sempre buscando a verdade com humildade e sinceridade.

8. A Vivência do Evangelho como Testemunho

A melhor maneira de ensinar o evangelho é vivê-lo. A vida do crente deve ser um reflexo da mensagem de Cristo. O amor, a graça, a compaixão e a justiça de Jesus devem ser evidentes nas ações diárias. Esse testemunho vivo é mais poderoso do que qualquer sermão.

9. Consultando a Lógica Bíblica

A Bíblia oferece uma estrutura lógica para o entendimento da fé e da prática cristã. É importante consultar essa estrutura e alinhar as convicções pessoais com os ensinamentos bíblicos. Isso ajuda a evitar distorções e a manter a pureza da mensagem cristã.

Desenvolver bom senso em relação às opiniões e crenças, especialmente em contextos religiosos, requer um equilíbrio entre estudo, reflexão, experiência pessoal e orientação espiritual. A liderança pastoral tem um papel crucial nesse processo, oferecendo orientação e apoio. No entanto, cada crente é responsável por buscar a verdade com humildade e integridade, vivendo o evangelho de maneira autêntica e coerente.

A Maturidade na Função Pastoral e o Uso do Bom Senso

1. Treinamento e Reconhecimento na Comunidade

O processo de formação de líderes espirituais na igreja é essencial para garantir que aqueles que assumem posições de liderança estejam aptos para suas responsabilidades. Este treinamento envolve não apenas o ensino teórico, mas também a prática e a vivência de situações reais sob a orientação de líderes mais experientes. O reconhecimento da comunidade é crucial, pois ele valida a maturidade e a aptidão do indivíduo para exercer funções de liderança.

2. Critérios Bíblicos para Avaliação

Paulo, em suas cartas a Timóteo e Tito, estabelece critérios claros para a escolha de líderes na igreja, incluindo ser irrepreensível, marido de uma só esposa, não ser dominado pelo vinho e não ser ganancioso. Esses critérios servem como um protocolo para avaliar a maturidade e a responsabilidade dos candidatos. O bom senso, então, é aplicado ao observar a vivência diária dessas pessoas, suas reações e atitudes em diversas circunstâncias, para determinar sua aptidão para o ministério.

3. Bom Senso e Doutrina

A aplicação do bom senso na vida cristã implica observar a realidade e chegar a conclusões lógicas baseadas na observação dos fatos. No contexto da liderança pastoral, isso significa avaliar a maturidade espiritual e a aptidão dos candidatos para o ministério com base em critérios bíblicos e na realidade vivida. No entanto, muitas vezes, os debates e discussões entre cristãos se baseiam em doutrinas denominacionais estabelecidas, em vez de uma avaliação objetiva e lógica da realidade.

4. O Desafio da Coerência na Doutrina

Vivemos em uma era onde a informação é amplamente acessível, e isso trouxe complexidade à prática da fé. Um crente pode se identificar como calvinista e, ao mesmo tempo, ser influenciado por pregadores pentecostais. Esse ecletismo pode levar a uma mistura de doutrinas que, às vezes, são incompatíveis entre si. O bom senso aqui seria entender profundamente as doutrinas que se segue e reconhecer suas bases e implicações antes de afirmar convicções.

5. O Papel da Internet e da Informação

A internet possibilitou o acesso a uma vasta gama de ensinamentos e doutrinas. Enquanto isso pode ser benéfico, também requer discernimento. O crente precisa ter um parâmetro claro para filtrar o que ouve e vê. Esse parâmetro deve ser baseado em um entendimento sólido e profundo das doutrinas que professa. Sem isso, corre-se o risco de adotar ideias superficiais ou inconsistentes.

6. Formação de Convicções Sólidas

Para desenvolver convicções sólidas, é fundamental ter uma base teológica bem estabelecida. Isso envolve estudar as Escrituras e as doutrinas com profundidade, compreender os fundamentos e as implicações de cada ensino, isso se você quiser afirmar algo com convicção a alguém. Uma vez que se tenha um entendimento claro, é possível avaliar outros ensinamentos com base nesse parâmetro, exercendo bom senso e discernimento.

7. A Necessidade de Um Parâmetro

O conselho comum de "ouvir tudo e reter o que é bom" só é válido se se tiver um parâmetro claro para definir o que é bom. Esse parâmetro deve ser baseado em um entendimento sólido das doutrinas bíblicas e em uma maturidade espiritual que permita discernir a verdade do erro. Sem um parâmetro claro, o crente pode se perder em um mar de informações contraditórias.

8. A Importância da Coerência Doutrinária

Um crente deve buscar coerência em suas crenças e práticas. Isso significa estudar e entender as doutrinas que professa e avaliar novos ensinamentos à luz desse entendimento. A coerência doutrinária proporciona estabilidade e clareza, permitindo que o crente viva sua fé de maneira consistente e íntegra.

Desenvolver bom senso na prática da fé cristã requer uma combinação de estudo profundo, vivência prática e observação cuidadosa da realidade. A liderança pastoral tem um papel crucial nesse processo, fornecendo orientação e apoio. No entanto, cada crente é responsável por buscar um entendimento sólido e coerente das doutrinas que professa, aplicando bom senso e discernimento na avaliação de novos ensinamentos. A maturidade espiritual é alcançada através de um equilíbrio entre conhecimento teológico, prática vivida e orientação do Espírito Santo.

A Busca pela Verdade e o Papel do Bom Senso na Interpretação Bíblica

1. A Tendência Humana aos Extremos

O ser humano tem uma tendência natural de caminhar nos extremos, especialmente no que diz respeito às suas convicções religiosas. Quando alguém adota uma crença ou doutrina, muitas vezes coloca essa convicção como um parâmetro absoluto de verdade. Isso pode levar a uma visão rígida e limitada, onde tudo o que não se encaixa nesse parâmetro é automaticamente rejeitado. No entanto, essa abordagem ignora a complexidade e a profundidade da fé cristã, que muitas vezes exige uma interpretação mais equilibrada e abrangente.

2. O Bom Senso na Interpretação das Escrituras

A prática de ler e interpretar a Bíblia deve ser guiada pelo bom senso e pela busca genuína pela verdade. Um método eficaz é ler um texto bíblico repetidamente, orar sobre ele e, se necessário, jejuar para buscar uma compreensão mais profunda. Muitas vezes, nossas limitações humanas – como incredulidade, orgulho e emoções – podem interferir na nossa interpretação. O jejum e a oração ajudam a superar essas barreiras, permitindo que o Espírito Santo revele a verdade do texto.

3. Humildade e Quebrantamento na Liderança

Um líder espiritual deve estar disposto a reconhecer quando está errado e ser aberto à correção. A humildade é fundamental para um ministério saudável, pois permite que o líder aprenda e cresça continuamente. O orgulho pode levar à defesa de posições erradas apenas para manter a autoridade e a reputação. No entanto, a verdadeira liderança está baseada na verdade e na busca genuína pela vontade de Deus, não na manutenção de uma imagem pessoal.

4. A Importância de um Parâmetro de Fé

Para aplicar o bom senso na prática da fé, é necessário ter um parâmetro claro. Esse parâmetro é a Bíblia e a orientação do Espírito Santo. Em vez de confiar cegamente em interpretações denominacionais, o crente deve buscar a verdade diretamente de Deus. Isso pode envolver um tempo dedicado à oração, estudo bíblico e busca pessoal pela revelação divina.

5. A Oração no Espírito

Um exemplo prático é a questão da oração no espírito. Existem diferentes interpretações sobre este tema, com alguns cessacionistas argumentando que os dons espirituais, como a oração em línguas, cessaram, enquanto os pentecostais e neopentecostais acreditam na sua continuidade. Em vez de aceitar passivamente qualquer dessas posições, um crente pode decidir buscar diretamente a orientação de Deus. Orar no espírito, jejuar e pedir a Deus que revele a verdade pode levar a uma compreensão mais profunda e pessoal sobre a prática da oração no espírito.

6. Flexibilidade e Aprendizado Contínuo

A busca pela verdade requer uma mente aberta e flexível. Mesmo que um crente se identifique com uma doutrina específica, como o calvinismo ou o arminianismo, isso não deve impedir o aprendizado de outras tradições e ensinamentos. Cada doutrina pode oferecer insights valiosos, e o bom senso permite avaliar e integrar esses insights sem se prender a rótulos. O foco deve ser sempre na verdade bíblica e na orientação do Espírito Santo, não em classificações denominacionais.

7. A Verdade como Parâmetro

O verdadeiro parâmetro de fé é a busca pela verdade de Deus. Isso significa que a oração, o estudo bíblico e a orientação do Espírito Santo devem ser a base para todas as convicções e práticas. Mesmo que isso leve a críticas ou a uma posição que não se encaixe em padrões estabelecidos, a prioridade deve ser sempre a verdade revelada por Deus. Isso pode exigir coragem e disposição para enfrentar desafios e críticas, mas é essencial para uma fé autêntica e madura.

8. Experiência Pessoal e Testemunho

A experiência pessoal com Deus é um testemunho poderoso da verdade. Por exemplo, alguém que pratica a oração no espírito e vê frutos positivos em sua vida não pode negar essa realidade, mesmo que outros rejeitem essa prática. A experiência pessoal não deve ser o único critério para a verdade, mas é um elemento importante que complementa o estudo bíblico e a orientação do Espírito Santo.

A busca pela verdade na fé cristã exige um equilíbrio entre conhecimento teológico, prática pessoal e orientação divina. O bom senso desempenha um papel crucial nesse processo, permitindo que o crente avalie ensinamentos e práticas com base em parâmetros sólidos, como a Bíblia e a orientação do Espírito Santo. A humildade, a disposição para aprender e a flexibilidade são essenciais para uma fé madura e autêntica. Em última análise, a verdade de Deus deve ser o parâmetro final, guiando todas as convicções e práticas na vida cristã.

A Experiência Pessoal e a Validade da Profecia

1. O Papel da Profecia na Vida Cristã

A profecia é um dom espiritual que pode trazer direção, conforto e edificação para os crentes. No entanto, muitos questionam a validade das profecias modernas, especialmente quando não encontram um respaldo direto na Bíblia. Este é um ponto de tensão entre aqueles que acreditam na continuidade dos dons espirituais e os cessacionistas, que acreditam que tais dons cessaram com o fim da era apostólica.

2. Profecia e a Bíblia

A Bíblia não fornece respostas específicas para todas as questões da vida diária. Por exemplo, se alguém está buscando orientação sobre se deve mudar de casa, a Bíblia não dirá explicitamente "vá para a imobiliária X e alugue uma casa". No entanto, a Bíblia nos ensina a buscar a direção de Deus através da oração e a estar abertos à orientação do Espírito Santo, por isso, acredito que qualquer convicção teológica que não me permita relacionar com Deus sem a métrica sistemática e metodológica dos teólogos, é algum tipo religiosidade que nos limita de desenvolver essa relação com uma real efetividade. 

3. A Experiência Pessoal como Testemunho

Deus pode usar outras pessoas para falar conosco. Um irmão pode vir, sem conhecimento prévio da nossa situação, e nos dar uma palavra que se encaixa perfeitamente com aquilo que estamos vivendo. Isso é visto como uma forma de profecia prática, onde Deus usa uma pessoa para transmitir Sua vontade. Mesmo que a mensagem não esteja diretamente na Bíblia, o princípio de Deus usar pessoas para nos guiar está presente nas Escrituras.

4. A Reação à Profecia

A reação à profecia muitas vezes revela mais sobre a pessoa que reage do que sobre a profecia em si. Algumas pessoas têm dificuldade em aceitar qualquer coisa que não esteja explicitamente detalhada na Bíblia, enquanto outras estão mais abertas à atuação direta do Espírito Santo em suas vidas. É importante lembrar que Deus é soberano e pode escolher se comunicar conosco de várias maneiras.

5. O Desafio do Bom Senso

O bom senso na fé cristã implica em estar aberto às diferentes maneiras como Deus pode falar conosco, sem descartar a importância da Bíblia como fundamento. O equilíbrio está em discernir quando uma mensagem é realmente de Deus e quando pode ser fruto de nossas próprias emoções ou desejos. Precisamos do Espírito Santo para ter esse discernimento, não podemos nos apoiar nos conceitos mentais discernir, a não ser que seja algo muito discrepante da verdade. 

Conflitos na Comunidade Cristã

1. O Engessamento Institucional

As instituições religiosas podem se tornar engessadas, onde questões importantes não são discutidas abertamente. Isso pode levar à frustração e ao sentimento de que a verdade está sendo sufocada. Para muitos, isso é um sinal de que é hora de buscar uma comunidade onde haja mais transparência e abertura ao diálogo. Onde não há dialogo não há relação. Se você esta em uma comunidade onde nada é colocado em questão para uma avaliação, dialogo e conclusões práticas afim de ser definido em conjunto a decisão final, na verdade você não faz parte de uma comunidade saudável. 

2. Importância do Diálogo

Uma comunidade saudável deve ser capaz de discutir assuntos importantes de maneira aberta e honesta. Quando assuntos cruciais são varridos para debaixo do tapete, isso pode criar um ambiente tóxico e corrompido, onde problemas não resolvidos se transformam em escândalos. O diálogo franco é essencial para o crescimento espiritual e a saúde da comunidade.

3. Flexibilidade e Mudança

Às vezes, a mudança é necessária quando uma comunidade se recusa a lidar com questões importantes. Isso não significa que alguém esteja buscando poder ou reconhecimento, mas sim que está buscando um ambiente onde a verdade e a justiça sejam prioridades.

4. Princípios e Valores Pessoais

Cada pessoa tem seus próprios princípios e valores que guiam suas decisões. Quando esses princípios são violados em uma comunidade, pode ser um sinal de que é hora de buscar um novo ambiente. É importante seguir a orientação do Espírito Santo e estar disposto a fazer mudanças quando necessário.

A busca pela verdade e pela orientação de Deus é um aspecto fundamental da vida cristã. Isso envolve estar aberto à atuação do Espírito Santo e às profecias, mesmo quando estas não encontram um respaldo direto e objetivo na Bíblia. O bom senso nos ajuda a discernir quando uma mensagem é realmente de Deus e a lidar com conflitos dentro da comunidade cristã de maneira saudável. A transparência, o diálogo aberto e a flexibilidade são essenciais para o crescimento espiritual e a manutenção de uma comunidade cristã saudável. Em última análise, a busca pela verdade e pela justiça deve guiar nossas ações e decisões, tanto pessoalmente quanto em comunidade.

1 Coríntios 14:3 "Mas quem profetiza o faz para edificação, encorajamento e consolação dos homens."

1 Tessalonicenses 5:20-21 "Não tratem com desprezo as profecias, mas ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom."

Provérbios 15:22 "Os planos fracassam por falta de conselho, mas são bem-sucedidos quando há muitos conselheiros."

Atos 2:17-18 "Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos. Sobre os meus servos e as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão."

Romanos 12:6 "Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se o seu dom é profetizar, use-o na proporção da sua fé."

João 16:13 "Mas, quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir e lhes anunciará o que está por vir."

Hebreus 4:12 "Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração."

Tiago 1:5 "Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida."

1 João 4:1 "Amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo."

Efésios 4:15 "Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo."

Deus vos abençoe

Leonardo Lima Ribeiro 

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

A Prioridade de Cristo na Igreja(L8)

 

(Worms, Alemanha)

É comum ouvirmos as pessoas dizerem: 'Vamos para aquela igreja porque lá tem uma boa pregação, grupos de convivência dinâmicos, uma escolinha para as crianças, uma cantina acolhedora, um louvor envolvente e um pastor muito carismático'. Esse tipo de argumento reflete um ambiente que se sustenta, em grande parte, por uma estrutura de atração, centrada em oferecer experiências agradáveis e confortáveis. No entanto, é possível que, mesmo após um longo tempo de frequentar a igreja, essas mesmas pessoas ainda não tenham tido uma experiência genuína com Jesus.

Isso acontece porque, em muitas igrejas, a maior parte das atividades oferecidas gira em torno de contextos sociais, entretenimento e momentos de convivência. Embora esses aspectos possam ter seu valor, há um risco de que a essência do Evangelho seja deixada em segundo plano. A superficialidade pode prevalecer quando o foco principal se torna o ambiente social e não o encontro transformador com Cristo.

É fundamental que a igreja ofereça mais do que apenas um espaço de interação social; ela deve ser um lugar onde vidas são confrontadas pela verdade do Evangelho, onde há espaço para um discipulado profundo e para o cultivo de um relacionamento verdadeiro com Deus. O propósito central do corpo de Cristo é guiar as pessoas a uma conexão viva e autêntica com Jesus, promovendo a edificação espiritual e o crescimento em santidade.

Quando 90% das atividades e programas são voltados para o entretenimento e a socialização, há um desequilíbrio que pode obscurecer o papel fundamental da igreja como agente de transformação espiritual. Em vez de facilitar encontros significativos com Cristo, muitas igrejas acabam promovendo uma fé superficial e diluída, onde o aspecto social é predominante e o discipulado profundo é negligenciado."

É claro que Jesus é soberano e pode salvar as pessoas, independentemente do ambiente em que elas estejam. Ele as alcança através do Espírito Santo, onde quer que estejam. No entanto, após a salvação, a igreja, como corpo de Cristo, tem a responsabilidade de promover a edificação e o crescimento espiritual dessas pessoas. É Deus quem dá o crescimento, mas cabe a nós plantar e regar, como a Bíblia nos ensina em 1 Coríntios 3:6, onde Paulo diz: 'Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem dá o crescimento'. Portanto, nós, como pastores e líderes, que acreditamos nos cinco ministérios (apostólico, profético, evangelístico, pastoral e de mestre), temos o dever de cuidar e edificar essas vidas.

Se começamos a priorizar outras coisas em detrimento do principal — que é o crescimento espiritual e a formação em Cristo — já estamos trocando o sistema de Cristo por outro. O sistema de Cristo é focado em pessoas. Jesus morreu na cruz para salvar pessoas e dar uma nova vida a elas. Todo o investimento de Jesus, seja financeiro (como o apoio das mulheres que financiaram Seu ministério), seja de tempo ou de energia, sempre foi voltado para pessoas. Elas eram o alvo central do ministério de reconciliação que recebemos de Jesus.

"Por isso, sou um opositor declarado dessa mentalidade que identifico como o 'bezerro de ouro'. Na Bíblia, vemos que Jesus constantemente confrontava os fariseus, que estavam fixados em preservar dogmas, a Torá, o templo e o sacerdócio. Apesar de toda a religiosidade externa, eles não reconheciam a essência mais importante: a própria pessoa de Jesus. Em muitos ambientes religiosos hoje, o foco permanece nas estruturas humanas — sejam elas dogmas, estatutos, tradições, edifícios ou funções ministeriais — enquanto a centralidade de Cristo é relegada a um plano secundário, tratada quase como um acessório da engrenagem religiosa.

Essa mentalidade é perigosa porque reproduz o mesmo erro dos fariseus: priorizar os aspectos externos da religião enquanto negligencia o coração do Evangelho. Quando a máquina religiosa se torna mais importante do que o relacionamento com Jesus, criamos uma idolatria moderna, um 'bezerro de ouro' que satisfaz nossa necessidade de controle e estabilidade, mas esvazia a fé de sua vitalidade espiritual. Em nome da tradição e da preservação de estruturas, o foco na pessoa viva de Cristo — Sua graça transformadora e o poder da cruz — acaba sendo diluído.

O verdadeiro Evangelho não se conforma a sistemas humanos; ele é, por natureza, revolucionário e subversivo a qualquer coisa que tente usurpar a primazia de Cristo. Qualquer contexto religioso onde Jesus é secundarizado, mesmo que de maneira sutil, está em risco de se tornar uma religião vazia, onde o ritual é valorizado acima da transformação de vidas. É essencial que mantenhamos Cristo como o centro absoluto da nossa fé, não como um adorno para embelezar nossa religiosidade, mas como o fundamento sobre o qual tudo é construído."

Mateus 15:8-9: "Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens."

Esse versículo reflete a crítica de Jesus à hipocrisia religiosa e ao foco em regras humanas em vez de uma devoção sincera a Deus.

Marcos 7:6-8: "Bem profetizou Isaías acerca de vocês, hipócritas; como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens’. Vocês negligenciam os mandamentos de Deus e se apegam às tradições dos homens."

Jesus confronta diretamente os líderes religiosos que priorizam tradições humanas em detrimento dos mandamentos de Deus.

João 5:39-40: "Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito; contudo, vocês não querem vir a mim para terem vida."

Esse versículo ilustra como os líderes religiosos da época conheciam as Escrituras, mas falhavam em reconhecer a centralidade de Cristo, que é o próprio propósito delas.

Colossenses 2:8: "Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo."

Paulo alerta contra a conformidade a sistemas religiosos que não têm Cristo como o foco central.

1 Coríntios 3:11: "Porque ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo."

Esse versículo reforça que Cristo é o único fundamento verdadeiro da fé cristã.

2 Timóteo 3:5: "Tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se desses também."

Paulo descreve pessoas que aparentam religiosidade, mas negam o verdadeiro poder transformador do Evangelho.

Apocalipse 2:4-5: "Contra você, porém, tenho isto: você abandonou o seu primeiro amor. Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio. Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do lugar dele."

Jesus exorta a igreja de Éfeso a voltar ao seu primeiro amor, lembrando que a devoção a Cristo deve estar acima de qualquer outra coisa.

Em nome de Jesus, muitas vezes nos envolvemos em diversas atividades e projetos, mas precisamos discernir que, como plantadores de igrejas e líderes, se não mantivermos Cristo como o centro absoluto de tudo, corremos o risco de construir nossos próprios 'bezerros de ouro'. Isso acontece porque a natureza humana, em sua fraqueza, tende a se apegar às coisas terrenas: a busca por bens materiais, o desejo de poder e o impulso por reconhecimento. O ego facilmente se exalta, e a criação de uma grande igreja ou denominação pode rapidamente se transformar em uma plataforma para a promoção pessoal, onde o nome do fundador é elevado acima do nome de Jesus. Quando a instituição se torna o foco, o verdadeiro propósito do ministério — a exaltação de Cristo e o cuidado pelas almas — é distorcido e, muitas vezes, perdido.

A centralidade de Cristo não pode ser comprometida. Ele é a pedra angular da igreja (Efésios 2:20), e qualquer tentativa de edificar algo que não seja fundamentado Nele inevitavelmente se tornará vaidade e idolatria. Precisamos estar atentos para não permitir que o sistema religioso, com suas estruturas e tradições, tome o lugar de Cristo. Como líderes, nossa responsabilidade é apontar constantemente para Jesus, não para nós mesmos ou para aquilo que construímos. Se falharmos nisso, estaremos alimentando um ciclo perigoso de exaltação humana e esvaziamento espiritual.

Portanto, o chamado é claro: devemos edificar sobre o único alicerce que é Jesus Cristo (1 Coríntios 3:11). Todo o resto — instituições, títulos, programas — são ferramentas, mas nunca o fim em si mesmas. O fim é sempre Cristo, e Nele devemos permanecer ancorados. Quando isso é negligenciado, a obra se desvirtua e o 'bezerro de ouro' moderno emerge, camuflado por uma religiosidade sem poder transformador. É preciso vigilância, humildade e uma constante autorreflexão para assegurar que tudo o que fazemos esteja realmente apontando para a glória de Deus, e não para a nossa própria.**

Quando o CNPJ se torna a prioridade, surge uma questão crucial: quantas vezes já ouvi pastores dizerem algo como: "Pastor, tenho R$ 5.000 e gostaria de usar R$ 2.000 para ajudar um familiar que está passando por uma necessidade, enfrentando um momento difícil. Eu ia dar o dízimo de R$ 5.000, mas estou pensando em tirar R$ 2.000 para apoiar essa pessoa" ou "Vou retirar da oferta para ajudar". Em situações como essas, muitos buscam orientação e aconselhamento, e mesmo não tendo uma resposta absoluta para todas as questões, posso compartilhar o que a experiência me ensinou ao longo dos anos no ministério.

O desafio maior, muitas vezes, está em entender a essência do coração de Deus em meio às demandas institucionais da igreja. Já vi líderes e membros se sentirem pressionados por uma cultura eclesiástica onde a manutenção das estruturas, dos programas e das finanças acaba ofuscando a missão central: cuidar das pessoas e manifestar o amor de Cristo. É claro que a igreja, como instituição, precisa de recursos para funcionar e cumprir sua missão, mas quando o foco se desvia para o 'CNPJ' — ou seja, para a perpetuação das demandas administrativas e financeiras — corremos o risco de perder o verdadeiro propósito do evangelho.

É necessário discernimento espiritual para não cair na armadilha de transformar a obra de Deus em um sistema onde a instituição se torna mais importante do que as pessoas que ela deveria servir. Precisamos estar atentos para não negligenciar o mandamento bíblico de amar ao próximo em favor de um legalismo financeiro. Nossas decisões financeiras, tanto pessoais quanto ministeriais, devem sempre refletir o caráter de Cristo, que priorizava as pessoas acima de qualquer regra institucional.

Portanto, ao aconselhar sobre essas questões, é fundamental lembrar que o propósito do dízimo e das ofertas nunca foi simplesmente sustentar uma estrutura, mas sim promover o bem-estar do Corpo de Cristo e abençoar vidas. Isso inclui, sim, atender às necessidades de familiares, amigos e pessoas em situações críticas. No fim, o que Deus mais valoriza é a compaixão e a generosidade genuína, guiada pelo Espírito Santo, e não a obediência cega a um sistema financeiro eclesiástico.

Miquéias 6:6-8: “Com que me apresentarei ao Senhor e me inclinarei perante o Deus exaltado? [...] Ele te mostrou, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige de ti: que pratiques a justiça, ames a misericórdia e andes humildemente com o teu Deus.”

Esse versículo nos lembra que Deus não está tão interessado em rituais ou ofertas, mas em justiça, misericórdia e humildade.

1 Samuel 15:22: “Samuel, porém, respondeu: ‘Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros.’

Esse versículo ressalta que a obediência a Deus, que inclui amar ao próximo, é mais importante do que rituais ou ofertas materiais.

Mateus 23:23: “Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vocês deveriam praticar estas coisas, sem omitir aquelas.”

Jesus critica os fariseus por priorizarem o legalismo e as regras externas, negligenciando o que é mais importante: a justiça, a misericórdia e a fidelidade.

Tiago 1:27: “A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo.”

Esse versículo destaca que a verdadeira prática da fé cristã está em cuidar dos necessitados.

1 João 3:17-18: “Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade.”

Aqui, o apóstolo João ressalta a importância de agir em amor, sendo generosos e atentos às necessidades das pessoas.

Mateus 6:19-21: “Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração.”

Jesus nos ensina que nossas prioridades devem estar nos valores do Reino, não em riquezas terrenas.

Colossenses 3:2: “Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas.”

Esse versículo nos orienta a focar nas prioridades espirituais em vez de nas preocupações materiais.

Em todo esse tempo, não me limitei a atuar apenas na igreja da qual fazia parte. Sempre busquei aprender com pessoas mais experientes, lendo livros, biografias de missionários, plantadores de igrejas e evangelistas. Antes de sair da Presbiteriana, já mantínhamos relacionamentos com missionários de diversas denominações, como Assembleia de Deus, Congregacional e Batista. Viajamos por nove estados do Nordeste com um ministério de evangelismo, e também para fora do Brasil, onde conhecemos pessoas de outras culturas e nações que trabalham com o evangelho e seguem firmes na fé cristã. Até hoje, mantemos essas conexões. Meu pastor é norueguês e possui igrejas em várias partes do mundo — igrejas em casas, templos e diferentes contextos.

Com o passar do tempo, à medida que amadurecemos na caminhada cristã, começamos a discernir melhor a dinâmica do Corpo de Cristo, independentemente dos formatos culturais ou das mentalidades sociais que prevalecem em cada contexto. Percebemos, então, como a mentalidade terrena, muitas vezes de forma sutil e inconsciente, pode influenciar a maneira como lidamos com o ministério e as prioridades na igreja.

Essa influência pode se manifestar na tendência de valorizar mais as estruturas organizacionais, o status e as aparências do que o genuíno relacionamento com Cristo e a edificação das pessoas. A pressão por resultados, a busca por reconhecimento e a necessidade de manter uma imagem de sucesso podem desviar o foco do propósito central do evangelho: a transformação de vidas pela presença de Jesus.

Se não estivermos atentos, o que deveria ser um ambiente de adoração e crescimento espiritual pode se transformar em um sistema onde o foco é manter a instituição, em vez de exaltar a pessoa de Cristo. Precisamos, portanto, resgatar continuamente a simplicidade e a profundidade do evangelho, lembrando que a verdadeira igreja não é construída sobre estratégias humanas, mas sobre a centralidade de Jesus, a comunhão com o Espírito Santo e o amor sincero ao próximo.

Colossenses 2:8 - “Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo.”

Esse versículo alerta contra a influência de filosofias humanas e tradições que desviam o foco de Cristo.

Colossenses 1:18 - “Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia.”

Paulo destaca que Cristo deve ter a supremacia em todas as coisas, incluindo a igreja.

Mateus 6:33 - “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.”

Jesus ensina que a prioridade deve ser o Reino de Deus, não as preocupações materiais.

1 Coríntios 3:11 - “Porque ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo.”

Esse versículo ressalta que o único fundamento legítimo para a igreja é Cristo, não estruturas ou instituições humanas.

2 Coríntios 4:5 - “Pois não pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor, e a nós como escravos de vocês, por causa de Jesus.”

Paulo deixa claro que o objetivo da pregação é exaltar Cristo, não promover a si mesmo ou qualquer sistema humano.

Romanos 12:2 - “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”

Paulo adverte contra a conformidade com os padrões deste mundo, que podem incluir valores e prioridades errados dentro da igreja.

Filipenses 2:3-5 - “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus.”

Aqui, vemos uma exortação para adotar a humildade e o serviço como princípios fundamentais, em vez da autopromoção ou do ganho pessoal.

Que vocês possa ser abençoados com esse entendimento!!

Leonardo Lima Ribeiro 

A Armadilha da Força: Como as Maiores Qualidades de um Líder Podem se Tornar Suas Maiores Vulnerabilidades(L9)

  (Schweinfurt, Alemanha) O orgulho é uma armadilha insidiosa para o líder desavisado, pois se infiltra de maneira sutil e subversiva em sua...