O Novo Testamento apresenta diversas passagens que abordam o sustento financeiro dos apóstolos e daqueles que dedicavam suas vidas ao ministério. A Bíblia ensina que aqueles que pregam o evangelho têm o direito de receber sustento, mas também destaca a importância da integridade, do desprendimento e da confiança em Deus para prover.
1. O Direito ao Sustento Ministerial
O apóstolo Paulo ensina claramente que aqueles que trabalham na obra de Deus têm o direito de receber sustento material da comunidade cristã:
1 Coríntios 9:7-14 – Paulo usa exemplos da vida cotidiana (soldados, agricultores e pastores) para mostrar que aqueles que servem têm o direito de receber sustento. Ele afirma:
“Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.” (1 Coríntios 9:14)
Lucas 10:7 – Jesus instrui os discípulos enviados a não levarem provisões, pois aqueles a quem pregassem deveriam sustentá-los:
"Permanecei naquela mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem, pois digno é o trabalhador do seu salário."
1 Timóteo 5:17-18 – Paulo reforça que aqueles que ensinam a Palavra devem ser bem tratados:
“Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina.”
2. O Exemplo de Paulo: Trabalho e Renúncia
Embora Paulo defendesse o direito dos ministros do evangelho ao sustento, ele mesmo escolheu, em várias ocasiões, não usufruir desse direito para não ser um peso para a igreja e para dar exemplo:
Atos 18:3 – Paulo trabalhava como fabricante de tendas para se sustentar enquanto pregava.
1 Coríntios 9:12 – Ele diz que não fez uso do direito ao sustento para não colocar impedimento ao evangelho.
2 Tessalonicenses 3:7-9 – Paulo ensina que trabalhou dia e noite para não ser pesado a ninguém, mostrando um exemplo de autossustento.
3. A Generosidade das Igrejas no Sustento Apostólico
Muitas igrejas ajudaram financeiramente os apóstolos e missionários:
Filipenses 4:15-17 – A igreja de Filipos ajudou financeiramente Paulo mais de uma vez:
“Nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar e receber, senão vós somente.”
Romanos 15:26 – Paulo menciona ofertas levantadas por igrejas da Macedônia e Acaia para ajudar os irmãos pobres em Jerusalém.
4. O Perigo do Amor ao Dinheiro e a Piedade como Fonte de Lucro
O Novo Testamento alerta contra o uso do evangelho como meio de enriquecimento pessoal:
Mateus 10:8 – Jesus instrui os discípulos: "De graça recebestes, de graça dai."
1 Timóteo 6:5-10 – Paulo adverte sobre aqueles que usam a piedade como fonte de lucro e sobre o amor ao dinheiro como raiz de todos os males.
Atos 8:18-21 – Simão, o mago, tenta comprar o dom do Espírito Santo, e Pedro o repreende severamente.
O Novo Testamento ensina que os apóstolos e ministros do evangelho têm direito ao sustento, mas esse sustento deve ser oferecido voluntariamente pelas igrejas e administrado com integridade. O exemplo de Paulo mostra que, embora o sustento seja legítimo, o ministério não deve ser visto como meio de enriquecimento. A ênfase está na dependência de Deus e na generosidade da comunidade cristã para suprir as necessidades dos que servem ao Senhor.
A Responsabilidade dos Fiéis em Sustentar o Ministério
No Novo Testamento, encontramos uma clara ênfase no princípio da reciprocidade espiritual e material dentro da comunidade cristã. A ideia central é que aqueles que recebem bênçãos espirituais através do ministério devem, em gratidão e responsabilidade, contribuir para o sustento da obra de Deus. No entanto, muitas pessoas desejam usufruir dos benefícios do ministério sem assumir a responsabilidade de apoiá-lo financeiramente ou de outra forma.
1. O Princípio Bíblico da Reciprocidade
A Bíblia ensina que há uma relação de mutualidade entre aqueles que ensinam e aqueles que são ensinados:
Gálatas 6:6 "E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui."
Aqui, Paulo destaca que quem recebe ensino deve contribuir materialmente para o sustento daquele que ensina. Isso não é uma troca comercial, mas um princípio de gratidão e apoio mútuo no Corpo de Cristo.
Romanos 15:27 "Isto lhes pareceu bem, e devedores são para com eles; porque, se os gentios têm sido participantes dos seus bens espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais."
Neste versículo, Paulo mostra que os gentios, que receberam benefícios espirituais, tinham a obrigação moral de contribuir financeiramente com os judeus crentes em Jerusalém que passavam necessidade.
2. O Exemplo dos Macedônios: Contribuição com Alegria e Generosidade
Paulo exalta a igreja da Macedônia como um modelo de generosidade, apesar das dificuldades financeiras:
2 Coríntios 8:2-4 "Porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria e a sua profunda pobreza superabundou em grande riqueza da sua generosidade. Porque, dou-lhes testemunho de que, segundo as suas posses, e ainda acima delas, deram voluntariamente, pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos."
Isso mostra que a disposição de contribuir não deve depender de riqueza material, mas de um coração generoso.
3. O Problema da Ingratidão e da Negligência no Sustento do Ministério
Embora a Bíblia ensine sobre a importância de sustentar a obra de Deus, muitos se beneficiam do ministério sem contribuir para ele. Essa atitude pode ser fruto de egoísmo, falta de entendimento ou negligência espiritual.
Malaquias 3:8-10 "Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas."
Embora este texto esteja no contexto do Antigo Testamento, o princípio continua relevante: reter aquilo que pertence ao sustento da obra de Deus é visto como um ato de infidelidade.
1 Coríntios 9:11 "Se nós semeamos para vós as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as materiais?"
Paulo confronta diretamente a mentalidade de quem quer receber benefícios espirituais sem estar disposto a apoiar financeiramente a obra.
4. O Perigo do Consumo Espiritual sem Compromisso
Nos tempos modernos, essa questão se manifesta de diversas formas:
Pessoas que frequentam igrejas, assistem a cultos online e recebem ensinamentos, mas nunca contribuem financeiramente.
Crentes que esperam que a igreja esteja sempre disponível para ajudá-los em momentos difíceis, mas não investem no crescimento da própria comunidade.
Indivíduos que querem pastores disponíveis para aconselhamento, discipulado e visitação, mas não se preocupam com a subsistência desses líderes.
Essa atitude demonstra uma visão utilitarista da fé, onde o cristianismo é visto apenas como um serviço gratuito ao invés de um compromisso comunitário.
5. A Bênção da Contribuição Voluntária
A Bíblia ensina que aqueles que dão generosamente não apenas sustentam a obra de Deus, mas também recebem bênçãos espirituais e materiais:
2 Coríntios 9:6-7 "E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria."
Lucas 6:38 "Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos darão; porque, com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo."
A contribuição não é uma obrigação legalista, mas uma oportunidade de participar da obra de Deus e experimentar sua provisão abundante.
O Novo Testamento ensina claramente que aqueles que são beneficiados pelo ministério devem contribuir para seu sustento. Essa contribuição deve ser feita com gratidão, generosidade e alegria, e não por obrigação ou coação. O maior problema não é a falta de dinheiro, mas a falta de compromisso e visão espiritual.
Leonardo Lima Ribeiro
A pergunta que cada cristão deve fazer é: "Estou apenas recebendo do ministério ou também estou contribuindo para que a obra de Deus avance?"
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