Nos últimos tempos, temos ouvido falar muito sobre teologias diversas, principalmente em meio a escândalos e divergências. Como cristãos, infelizmente, muitas vezes temos nos tornado motivo de constrangimento perante o mundo, em vez de sermos um verdadeiro testemunho do Evangelho. Isso nos leva a refletir: o que temos transmitido como Igreja?
Sabemos que as notícias ruins se espalham mais rápido e que os ministérios de grande alcance acabam sendo mais expostos quando ocorre algum escândalo. No entanto, isso não significa que não existam frutos bons sendo produzidos. A grande questão é: e nós, que não estamos em evidência midiática? Como tem sido o nosso testemunho no lar, no trabalho e na comunidade? (Mateus 5:16)
Este capítulo é para você, cristão comum, que tem sua vida cotidiana, seu trabalho, sua igreja local e o desejo sincero de conhecer a verdade e andar nela. Também é para aqueles que têm um chamado ministerial, sejam pastores, líderes ou pessoas buscando amadurecimento e entendimento sobre a maturidade cristã.
Nas redes sociais, temos observado quatro pontos divergentes ou antagônicos:
Graça e Lei;
Religião e Vida no Espírito;
Coerência entre discurso e ações;
Realidade e Idealismo.
Graça e Lei
O Evangelho da Graça enfatiza a obra consumada de Cristo, enquanto alguns o interpretam erroneamente como "Hipergraça", sugerindo que é uma permissão para o pecado (Romanos 6:1-2). Por outro lado, há aqueles que ainda se apegam aos rudimentos da Lei, esquecendo-se de que Jesus cumpriu a Lei e estabeleceu uma Nova Aliança (Hebreus 8:6-13).
A questão não é apenas discutir qual doutrina é correta, mas refletir: qual é o nosso testemunho para a sociedade? O mundo não entende teologia, mas observa nossas atitudes. Podemos falar sobre a graça, mas se ainda agimos conforme um legalismo interior, demonstramos incoerência (Tiago 1:22).
Testemunho e o Mundo
Muitas vezes, tentamos ensinar conceitos complexos sem primeiro estabelecer os fundamentos. Para um novo convertido, conceitos como "Lei" e "Graça" são desconhecidos. Ele precisa ser acompanhado em fundamentos como arrependimento, fé, amor e identidade em Cristo (Hebreus 6:1-2).
A questão essencial é: quem nos tornamos após conhecer a Cristo? "Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." (2 Coríntios 5:17). Nosso testemunho fala mais alto do que nossa pregação. Podemos ter um vasto conhecimento doutrinário, mas se nossas atitudes não refletem Cristo, nossa mensagem perde força (Mateus 7:16-20).
Caráter e Vida no Espírito
O verdadeiro cristianismo não é apenas argumentação teológica, mas uma transformação de caráter. O apóstolo Paulo nos ensina que o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gálatas 5:22-23). O primeiro traço do novo nascimento é um caráter benigno, ou seja, inclinado para o bem.
Jesus nos alertou que seríamos conhecidos pelo amor que demonstramos uns pelos outros (João 13:35). Um coração regenerado transparece essa realidade em suas atitudes, e não apenas em discursos eloquentes.
O desafio que lanço é este: ao invés de nos preocuparmos apenas em defender um ponto de vista teológico, que possamos refletir sobre como nossa vida tem expressado a graça de Deus. Que possamos crescer na compreensão das Escrituras, mas também amadurecer no testemunho. A doutrina é essencial, mas sem uma vida transformada, ela se torna vazia (Tiago 2:17).
Portanto, seja você um líder ou um cristão comum, lembre-se: nosso maior chamado é refletir a imagem de Cristo ao mundo (Romanos 8:29). Como Paulo disse: "Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo." (1 Coríntios 11:1). Que possamos viver não apenas em palavras, mas em espírito e em verdade (João 4:24).
Deus é bom, Ele é benigno, e o Seu caráter é benigno. Assim, a pessoa que é nascida de novo e verdadeiramente convertida manifestará, em primeiro lugar, a benignidade. Como está escrito em Gálatas 5:22-23: "Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança; contra estas coisas não há lei."
Não adianta apenas ter conhecimento teológico se esse conhecimento não resulta em transformação de vida. Muitos se apoiam na teologia da graça, mas, na prática, não expressam essa graça através de um comportamento transformado. O apóstolo Paulo enfatiza isso em Romanos 6:1-2: "Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum! Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?"
O comportamento é o reflexo do que realmente cremos. Existe uma grande diferença entre a benignidade e a autoindulgência. Alguns podem afirmar que entenderam a graça, mas, na realidade, justificam suas falhas e pecados sem arrependimento verdadeiro. Entretanto, o verdadeiro arrependimento envolve mudança de mente e comportamento, conforme Romanos 12:2: "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus."
A religiosidade muitas vezes leva ao legalismo, onde a pessoa tenta alcançar justiça própria, esquecendo que a justificação vem somente por Cristo (Efésios 2:8-9). No entanto, um grande perigo é usar a teologia da graça como um pretexto para não viver uma vida de transformação genuína. Tiago 1:22 adverte: "E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos."
O verdadeiro convertido não apenas entende intelectualmente a graça, mas a manifesta em sua vida diária. Um dos maiores sinais de uma vida transformada é a disposição para reconhecer erros e pedir perdão. A humildade para admitir falhas e buscar reconciliação demonstra maturidade espiritual. Como está escrito em Mateus 5:23-24: "Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta."
A benignidade se manifesta na ausência de malícia, na integridade e na coerência entre o que se prega e o que se vive. Jesus disse em Mateus 7:16: "Por seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?" Portanto, devemos buscar não apenas conhecer a graça, mas vivê-la, permitindo que o Espírito Santo produza em nós os frutos que testificam da nossa nova vida em Cristo.
A mensagem da graça é poderosa e transformadora, pois revela o amor imensurável de Deus e a justificação que temos em Cristo (Efésios 2:8-9). No entanto, a verdadeira compreensão da graça se reflete no comportamento, e não apenas no discurso. Quando se observa malícia, má fé, arrogância, mentira e autoindulgência sob o pretexto de viver a graça, há uma distorção grave do evangelho (Gálatas 5:13).
A fé nos leva à semelhança com Cristo, que é benigno e imutável (Hebreus 13:8). Jesus ensinou claramente: “Amai ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e ao teu próximo como a ti mesmo” (Marcos 12:30-31). Essa expressão do amor é incompatível com uma vida de engano, orgulho e dureza de coração. O verdadeiro arrependimento, que é uma mudança de mente (metanoia), implica transformação de vida e frutos visíveis (Mateus 3:8).
Muitos se apropriam do discurso da graça, mas não demonstram os frutos do Espírito, como amor, bondade e benignidade (Gálatas 5:22-23). A justificação em Cristo não anula a necessidade de pedir perdão quando erramos, pois a reconciliação é essencial nas relações cristãs (Mateus 5:23-24). Não se trata de viver em culpa, mas de compreender que a graça nos ensina a renunciar à impiedade e viver de forma justa (Tito 2:11-12).
Infelizmente, o que se vê são relações superficiais e falta de responsabilidade interpessoal. Poucos chegam e dizem: "Me perdoa, eu errei" (Tiago 5:16). Em vez disso, vê-se autojustificação mascarada como entendimento da graça. Mas Cristo nos chama à verdade e à humildade (Filipenses 2:3-5).
A hipergraça, mal compreendida, leva alguns a negligenciarem os princípios básicos da ética e moral. No entanto, Paulo orienta que líderes espirituais devem ter um caráter irrepreensível, ser sensatos e justos (Tito 1:7-9). A ética e o respeito nas relações são expressões práticas do amor ao próximo.
Essa falta de responsabilidade relacional tem feito com que muitos busquem nos pregadores da lei e nos "coachs" seculares aquilo que deveria ser encontrado na comunidade cristã: integridade e maturidade. A igreja deveria ser o lugar onde se ensina não só a justificação pela fé, mas também a vivência da nova vida em Cristo (2 Coríntios 5:17).
O desafio é claro: se a graça verdadeiramente nos alcançou, ela deve nos tornar pessoas mais humildes, reconciliadoras e dispostas a pedir e oferecer perdão (Colossenses 3:13). A graça não nos isenta de responsabilidade, pelo contrário, ela nos chama à maturidade e à verdade (Efésios 4:15).
Assim, que cada um reflita: há alguém que precisamos procurar para pedir perdão? Há algo que devemos corrigir? Se a resposta for sim, então que a graça nos leve ao quebrantamento e à restauração, pois "Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes" (Tiago 4:6).
A pessoa adultera, trai a esposa e tenta usar a justificação do Evangelho para tal ato, esquecendo que o adultério, mesmo fora do contexto do Evangelho, continua sendo um erro. Socialmente e em termos de relações, permanece errado. Assim, mesmo que a pessoa não fosse crente, ela precisaria se retratar e restaurar a situação.
No entanto, alguns entram no Evangelho e dizem: "Agora estou coberto, posso fazer o que quero porque estou sob a graça". Mas isso é uma confusão, pois a graça não permite o pecado. Como está escrito: "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum! Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?" (Romanos 6:1-2).
O problema se agrava quando as atitudes daqueles que pregam e ensinam mostram uma incongruência com o que é ensinado. Todo ensino precisa ser justificado em uma realidade; do contrário, ele é apenas uma teoria. Assim como a lei da gravidade foi provada e é uma realidade, a verdade do Evangelho também precisa ser manifesta na vida dos que o seguem. "Pelos seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?" (Mateus 7:16).
Se o Evangelho que pregamos é verdadeiro, ele deve ser eficaz em nossa vida a ponto de nos tornar mais humildes, quebrantados e respeitosos. Se, ao contrário, ele nos torna mais prepotentes, inflexíveis e orgulhosos em nossas convicções teológicas, algo está errado. Como disse Tiago: "Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma" (Tiago 2:17). A justificação é pela fé, mas a prova de que a fé é verdadeira se dá através das obras.
Muitos dizem que a justificação não é por obras, mas por fé, e está correto. Contudo, as obras testificam a fé verdadeira. Jesus comparou aqueles que têm apenas aparência de piedade a "nuvens sem água" (Judas 1:12). Assim, um crente que apenas crê, mas não produz frutos, é como uma árvore estéril: "Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo" (Mateus 7:19).
O que temos visto são pessoas que dizem ter fé, mas não apresentam transformação. Como pode o Evangelho não mudar nem mesmo o mensageiro? A graça verdadeira gera frutos, caso contrário, trata-se apenas de um discurso vazio. "Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8:36).
A verdade, quando transmitida, primeiramente transforma o mensageiro. Se a verdade passa por alguém e não produz frutos, então ou o coração dessa pessoa está endurecido ou o que ela está ouvindo não é a verdade. "O que caiu na boa terra são os que, ouvindo a palavra com coração reto e bom, a retêm e dão fruto com perseverança" (Lucas 8:15).
A transformação é o que testifica o verdadeiro Evangelho. O mundo conhecerá os cristãos pelo amor que existe entre eles (João 13:35). Não é através de pirotecnia, luzes, efeitos sensoriais ou discursos intelectualmente sofisticados que o Evangelho será reconhecido. "Porque o reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder" (1 Coríntios 4:20).
A intelectualidade pode embriagar, mas a verdade liberta. O que converte não é um discurso bem elaborado ou uma falsa unção produzida por artifícios humanos. "Se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber" (1 Coríntios 8:2).
Por fim, precisamos sair do idealismo e viver a realidade que Cristo nos oferece. O idealismo é a projeção de nossas expectativas e carências em alguma ideologia. A realidade é Cristo e a nova vida que Ele nos proporciona. "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente" (Romanos 12:2).
O alvo deve ser sempre colocar nossa completa dependência em Jesus para que, pelo Espírito Santo, sejamos guiados à verdade que transforma e frutifica. Essa é a realidade que Ele nos oferece. Jesus não nos proporciona idealismo, mas sim uma realidade transformadora e concreta.
“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14:6)
A proposta para você hoje é: saia do idealismo e entre na realidade do Evangelho verdadeiro. Pergunte a si mesmo: Você é benigno? As pessoas te reconhecem pela sua benignidade, pelo seu amor, pelo seu testemunho de Cristo? Ou você é mais conhecido por sua intelectualidade e capacidade argumentativa?
“Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?” (Mateus 7:16)
Muitas vezes podemos nos apegar tanto à lógica e ao conhecimento teológico que nos esquecemos do essencial: os frutos do Espírito em nossa vida. O conhecimento por si só, sem transformação e sem frutos dignos de arrependimento, torna-se vazio.
“Se eu tivesse o dom de profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e tivesse tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tivesse amor, nada seria.” (1 Coríntios 13:2)
Talvez você assista a algum vídeo, leia um livro ou ouça uma pregação e pense: “Isso está errado, não concordo.” Mas a pergunta que devemos nos fazer é: qual é o fruto dessa mensagem? Nenhum teólogo ou pastor na Terra conseguirá expor 100% correto todo o conselho de Deus, pois estamos todos aprendendo e sendo moldados por Ele.
Devemos nos apegar aos fundamentos inegociáveis da fé: a obra da cruz, a ressurreição de Cristo, a justificação pela fé. Esses pontos são claros nas Escrituras e nos conduzem à verdade.
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2:8-9)
Mas e quanto à nossa vida? O Evangelho que pregamos está gerando fruto? A Graça de Deus tem transformado o nosso coração?
O verdadeiro arrependimento (metanoia) é a mudança de mente, da mente do orgulho para a mente de Cristo. E o que significa ter a mente de Cristo? Significa viver em humildade, quebrantamento, amor e disposição para servir e perdoar.
“Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens.” (Filipenses 2:5-7)
Se a Graça não está produzindo frutos em sua vida, talvez você esteja apenas acumulando conhecimento e não permitindo que a Palavra transforme seu coração. O Evangelho verdadeiro produz amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gálatas 5:22-23).
“Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor.” (Filipenses 4:5)
Reflita: a Graça de Deus está transformando sua vida? Sua caminhada com Cristo tem sido marcada por frutos do Espírito? Se não, talvez seja o momento de deixar o conhecimento descer da mente para o coração, permitindo que Ele realmente mude sua vida.
“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:2)
Assista a esta mensagem mais de uma vez, leia, medite, ore, e permita que o Espírito Santo guie você à verdade plena. Deus abençoe sua vida e que você viva a realidade do Evangelho de Cristo!
Leonardo Lima Ribeiro
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