quarta-feira, 15 de maio de 2024

Mentalidade Institucionalizada na Fé Cristã(e)

 

(Palhoça, Santa Catarina)

Tenho observado uma tendência preocupante entre os cristãos: a dificuldade de compreender o verdadeiro significado de andar no Espírito e viver em liberdade. Como muitos de vocês, experimentei esse resquício da institucionalização da nossa fé. Parece que algumas pessoas ainda vinculam sua fé a um lugar físico específico. Por exemplo, frequentar o culto duas vezes por semana pode ser visto como o padrão para manter-se conectado a Deus. Mas isso vai contra o entendimento bíblico do Reino de Deus.

Lucas 17:20-21 (NVI): "Uma vez, sendo interrogado pelos fariseus sobre quando viria o Reino de Deus, Jesus respondeu: 'O Reino de Deus não vem de modo visível, nem se dirá: ‘Aqui está ele’, ou ‘Lá está’. Pois o Reino de Deus está entre vocês'."

Marcos 1:15 (NVI): "O tempo é chegado", dizia ele. "O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas-novas!"

Romanos 14:17 (NVI): "Pois o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo."

1 Coríntios 4:20 (NVI): "Pois o Reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder."

Mateus 12:28 (NVI): "Mas, se é pelo Espírito de Deus que expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus."

A verdade é que o Espírito Santo habita em nós, tornando-nos filhos de Deus. Por meio do novo nascimento e da presença do Espírito Santo, somos justificados e capacitados a viver em comunhão com Deus. Nenhuma outra proposta ou padrão externo deve ser aceito como parâmetro de nossa filiação divina.

A institucionalização da nossa fé, ao longo do tempo, tem levado muitos a equivocadamente acreditarem que sua conexão com Deus é mediada por CNPJ, prédios, organizações e rituais. Porém, o cerne do Evangelho nos ensina uma verdade mais profunda: é a graça de Deus que nos atrai para Ele, não nossas próprias obras ou atividades religiosas.

O Evangelho não é uma série de práticas religiosas a serem cumpridas mecanicamente, mas sim um relacionamento de transformação profunda, operada pelo poder de Deus na vida daqueles que O acolhem. A mensagem central é a da graça redentora, que transcende qualquer estrutura institucional ou ritual humano.

Essa perspectiva ressalta a importância de reconhecermos que nossa fé não está enraizada em construções físicas ou em cerimônias formais, mas sim em um relacionamento vivo e dinâmico com o Criador do universo. É esse relacionamento pessoal que nos capacita a experimentar a verdadeira transformação interior e a vivermos de acordo com os princípios do Reino de Deus.

Portanto, enquanto reconhecemos a importância das comunidades de fé e das práticas espirituais, devemos sempre lembrar que essas são meios, não fins em si mesmos. Nosso foco principal deve estar na busca constante da presença de Deus em nossas vidas, permitindo que Sua graça e poder nos moldem e nos guiem em nosso caminho espiritual.

Devemos desafiar a mentalidade de que precisamos fazer algo para alcançar Deus, quando na verdade Ele já fez tudo por nós. O papel do Espírito Santo em nossas vidas é transformar-nos à imagem de Cristo, conforme estabelecido por Deus desde a fundação do mundo.

Romanos 8:11 (NVI): "E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos também dará vida a seus corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em vocês."

2 Coríntios 3:18 (NVI): "E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito."

Gálatas 5:22-23 (NVI): "Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei."

Efésios 2:8-9 (NVI): "Porque pela graça vocês são salvos, mediante a fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie."

Filipenses 1:6 (NVI): "Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus."

Portanto, não estou colocando nenhuma barreira contra a igreja institucional ou denominacional. No entanto, é importante reconhecer que a verdadeira eficácia do Reino de Deus não depende desses fatores externos, mas da nossa conexão pessoal e transformadora com o Espírito Santo.

Vamos desafiar as noções preconcebidas e buscar uma compreensão mais profunda do Evangelho, vivendo em liberdade no Espírito e sendo transformados à imagem de Cristo.

Tenho observado o uso de algumas frases de efeito na fé cristã, muitas vezes baseadas em versículos bíblicos, mas que não são completas em si mesmas, pois carecem de contexto. Um exemplo disso é a frase: "A igreja não salva, mas todo salvo vai à igreja". Embora a primeira parte seja verdadeira - a igreja não salva, pois é Jesus quem salva - a segunda parte contém um sofisma.

Na verdade, os salvos são a igreja, e não frequentam a igreja como se esta fosse uma entidade separada. A noção de que é necessário ir à igreja para se conectar com Deus é um equívoco. Jesus é o único mediador entre Deus e os homens, não uma instituição ou líder religioso. É esse pensamento é tão humano que remete sempre a uma organização de controle.

Compreender que os salvos constituem a própria igreja é essencial para uma visão bíblica da fé cristã. Essa percepção vai além da ideia de frequentar um edifício ou participar de atividades religiosas e nos lembra que somos parte de um corpo espiritual vivo, cuja conexão com Deus não é mediada por instituições humanas, mas é estabelecida por meio de Jesus Cristo, o único mediador entre Deus e os homens.

A noção de que é necessário ir à igreja para se conectar com Deus muitas vezes é resultado de um entendimento equivocado do propósito da igreja. A igreja não é um local a ser frequentado, mas uma comunidade de crentes unidos em Cristo, onde a presença de Deus é experimentada por meio do Espírito Santo. A verdadeira conexão com Deus ocorre quando vivemos em comunhão uns com os outros, nutrimos relacionamentos autênticos e nos engajamos em adoração e serviço mútuo.

A centralidade de Jesus como o único mediador entre Deus e os homens destaca a natureza pessoal e relacional da nossa fé. Ele não apenas nos reconciliou com Deus por meio de Sua morte e ressurreição, mas também nos convida a uma intimidade profunda e direta com o Pai. Não precisamos de intermediários humanos para nos aproximarmos de Deus, pois Jesus nos deu acesso direto ao Pai por meio do Seu sacrifício na cruz.

É importante reconhecer que a ideia de que é necessário ir à igreja para se conectar com Deus pode refletir uma mentalidade de controle religioso, onde as instituições buscam exercer autoridade sobre a vida espiritual dos crentes. No entanto, a verdadeira liberdade e plenitude espiritual são encontradas na relação pessoal e íntima com Deus, que não é limitada por estruturas ou hierarquias humanas.

Portanto, ao compreendermos que somos a igreja e que nossa conexão com Deus é estabelecida por meio de Jesus Cristo, podemos transcender a ideia de que a presença de Deus está confinada a um local físico ou a uma organização religiosa, e experimentar a plenitude da vida espiritual em Cristo.

Por muito tempo, fui ensinado a acreditar que a igreja física era um intermediário entre mim e Deus. No entanto, percebi que isso é um engano. A verdadeira comunhão dos santos acontece através do Espírito Santo, que habita em cada crente. A igreja é uma comunidade de crentes, não uma organização institucional.

É importante compreender que nossa relação com Deus não é condicionada à participação em uma igreja física ou à obediência a líderes religiosos. É a ressurreição de Cristo e a habitação do Espírito Santo que nos conectam a Deus e nos transformam à Sua imagem.

Embora nossa relação com Deus não esteja condicionada a um prédio ou instituição religiosa, é importante reconhecer que a comunhão com outras pessoas desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da nossa saúde espiritual e maturidade cristã. Somos chamados a viver em comunhão uns com os outros porque, juntos, formamos o corpo de Cristo na terra.

A comunhão com outros crentes nos oferece oportunidades para crescimento espiritual, encorajamento mútuo, apoio em tempos de dificuldade e prestação de contas. Quando nos reunimos em comunidade, compartilhamos experiências de fé, oramos uns pelos outros, estudamos as Escrituras juntos e nos desafiamos a viver de acordo com os princípios do Evangelho.

Além disso, a comunhão nos ajuda a experimentar diferentes dons espirituais, à medida que cada membro do corpo de Cristo contribui de maneira única para o bem-estar do todo. À medida que servimos uns aos outros com nossos dons e habilidades, fortalecemos o corpo de Cristo e demonstramos o amor de Deus de maneira prática e tangível.

A comunhão também nos leva a uma compreensão mais profunda do amor de Deus, pois aprendemos a amar e perdoar uns aos outros, mesmo em meio às nossas diferenças e imperfeições. Ao enfrentarmos desafios e conflitos juntos, somos moldados e transformados à imagem de Cristo, que é o nosso exemplo máximo de amor e sacrifício.

Portanto, embora nossa relação com Deus seja pessoal e individual, a comunhão com outras pessoas é essencial para nosso crescimento espiritual e testemunho cristão. Juntos, somos chamados a viver em unidade e amor, refletindo a natureza do corpo de Cristo na terra e cumprindo o propósito de Deus para Sua igreja.

Hebreus 10:24-25 (NVI): "E consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o Dia."

1 Coríntios 12:12-14 (NVI): "O corpo é uma unidade, embora tenha muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo. Assim acontece com Cristo. Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito. Até o corpo não é composto de um só membro, mas de muitos."

Romanos 12:4-5 (NVI): "Pois assim como cada um de nós tem um corpo com muitos membros, e esses membros não exercem todos a mesma função, assim também em Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros."

1 João 1:7 (NVI): "Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado."

Efésios 4:15-16 (NVI): "Ao contrário, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função."

A unção do Espírito Santo pode quebrar as barreiras que aprisionam nossas mentes em uma mentalidade religiosa, mas é a verdade que nos liberta verdadeiramente. Devemos buscar a verdade do Evangelho e não nos contentar com sofismas ou tradições humanas.

Além disso, devemos ter cuidado com as opiniões alheias e com as nossas próprias. Não somos definidos pelo que pensamos, mas pelo que somos em Cristo. A autenticidade vem de vivermos de acordo com nossa identidade em Cristo, não de expressarmos meras opiniões.

Neste momento da minha jornada espiritual, entendo que Deus está mais interessado em quem somos do que no que pensamos ou dizemos. Ele nos chama a viver em autenticidade e verdade, buscando a Sua vontade em todas as coisas.

É crucial compreender que minha jornada espiritual está intrinsecamente ligada ao propósito e à maturidade que Deus tem para mim. Ele age de acordo com o meu nível de compreensão e o estágio de desenvolvimento da minha fé. Isso não desafia os atributos de Deus, mas revela como Ele tem conduzido minha vida para meu crescimento e amadurecimento espiritual.

Em diferentes momentos, Deus pode me direcionar para diferentes caminhos. Ele pode me guiar para trabalhar em uma empresa, ser um empreendedor, ou se dedicar integralmente ao ministério. Como Seu filho e servo, entendo que Ele me instrui e direciona de acordo com Sua vontade soberana.

Algumas pessoas podem ter concepções predefinidas sobre o que é viver pela fé ou estar no Espírito. Por exemplo, há aqueles que acreditam que trabalhar em um emprego secular é incompatível com uma vida de fé. Outros argumentam que pastores não devem receber salário. No entanto, tais ideias são muitas vezes baseadas em opiniões pessoais ou tradições, e não na vontade específica de Deus para cada indivíduo.

É importante reconhecer que o plano de Deus para nossa vida pode mudar ao longo do tempo. Ele pode nos conduzir por diferentes trajetórias, cada uma moldada pelas necessidades e propósitos específicos de cada momento. Por exemplo, Paulo fez tendas em um período de sua vida, enquanto em outros momentos ele recebeu provisão das igrejas. Essas não são regras fixas, mas direções específicas dadas por Deus para circunstâncias específicas.

Portanto, não devemos nos apegar rigidamente a ideias preconcebidas sobre como viver nossa fé. Em vez disso, devemos estar abertos à liderança do Espírito Santo, permitindo que Ele nos guie em cada passo do caminho. Como filhos de Deus, nossa confiança está Nele e na Sua sabedoria soberana, não em conceitos humanos ou tradições religiosas. Que possamos permanecer flexíveis e receptivos à voz de Deus, permitindo que Ele nos conduza de glória em glória, de fé em fé.

O relacionamento entre um filho e seu pai é um paradigma poderoso para compreender nossa jornada espiritual. Assim como um filho confia na orientação e sabedoria de seu pai terreno, nós, como filhos de Deus, precisamos confiar na direção e discernimento do Espírito Santo em cada situação.

Em muitos momentos da minha vida, reconheci minha própria dependência de buscar conselhos externos. A orientação pastoral foi uma parte valiosa do meu crescimento espiritual, mas chega um ponto em que precisamos assumir responsabilidade por nossas próprias decisões. Devemos ter o compromisso de buscar a vontade de Deus em oração e obedecer ao que Ele nos revela.

A Bíblia e os conselhos de outros cristãos podem ser úteis, mas é essencial ter uma relação direta com Deus para discernir Sua vontade para nós. Isso significa não apenas observar as circunstâncias externas, mas também buscar a paz interior que vem da comunhão íntima com Ele. Essa paz nos guiará e nos protegerá contra decisões precipitadas ou enganosas.

Embora seja natural buscar por sinais externos para confirmar a direção de Deus, precisamos estar cientes de que esses sinais podem ser enganosos. Somente através de uma relação profunda com Deus e do fortalecimento da nossa fé seremos capazes de discernir verdadeiramente Sua vontade para nós.

Muitas pessoas que afirmam viver no Espírito ainda são guiadas por suas próprias percepções, circunstâncias e emoções. No entanto, a verdadeira vida no Espírito é caracterizada pela confiança completa em Deus e pela obediência à Sua vontade, mesmo quando as circunstâncias parecem desafiadoras.

Por fim, ao olharmos para a história do povo de Israel no deserto, aprendemos a importância da fé e da confiança em Deus, mesmo diante das adversidades. A terra prometida estava à disposição deles, mas muitos se deixaram levar pelo medo e pela incredulidade. Da mesma forma, somos chamados a confiar em Deus e a enfrentar os "gigantes" da vida com coragem e fé, sabendo que Ele já nos deu a vitória em Cristo.

Quando Deus nos aponta uma direção, nossa resposta deve ser render-nos e obedecer. Nesse processo, a vitória já está assegurada, assim como Sua provisão e cuidado. No entanto, às vezes nos encontramos em situações onde parece não haver provisão, vitória ou paz, e isso pode ser resultado de nossa própria falta de sintonia com a voz de Deus.

Há momentos em que, mesmo conhecendo a promessa de Deus, duvidamos e buscamos soluções humanas. Isso é semelhante ao episódio em que parte do povo de Israel duvidou da capacidade de conquistar a terra prometida e até mesmo sugeriu levantar novos líderes que pudessem conduzi-los de acordo com suas próprias vontades. Essa dinâmica ainda está presente nos dias de hoje, onde muitos preferem ouvir o que desejam ao invés da verdade de Deus, como mencionado em 2 Timóteo 4:3.

2 Timóteo 4:3 (NVI): "Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos."

Porém, devemos nos perguntar: será que Deus nos daria uma orientação errada? Será que Ele nos deixaria perdidos sem direção? A verdade é que Deus nos oferece um GPS espiritual infalível, mas muitas vezes insistimos em seguir nossos próprios caminhos, buscando orientação em fontes humanas em vez de nos rendermos à voz de Deus.

A promessa de Deus é clara: Ele nos guiará e nos sustentará em nosso caminho, mesmo nos desertos da vida. Ainda assim, é necessário que estejamos dispostos a ouvir Sua voz e seguir Suas instruções, confiando em Sua fidelidade e capacidade de nos conduzir ao cumprimento de Seus propósitos em nossas vidas.

Portanto, que possamos aprender a confiar na orientação de Deus, buscando Sua vontade em oração e sendo sensíveis à Sua voz. Que possamos abandonar a busca por soluções humanas e nos render completamente ao plano perfeito que Ele tem para cada um de nós. Que nossa fé seja fortalecida ao reconhecermos que, mesmo nos momentos de incerteza, podemos confiar na promessa de Deus de nos conduzir com amor e sabedoria.

Leonardo Lima Ribeiro 
 

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