quarta-feira, 29 de abril de 2020

Abrindo o coração para entender o dízimo

(Innsbruck, Áustria) 

Muitas vezes, nos deparamos com conceitos que nos desafiam, nos fazem questionar e até mesmo duvidar. O dízimo é um desses temas. Porém, antes de tirar conclusões precipitadas ou rejeitar essa prática, convido você a abrir seu coração e considerar alguns pontos importantes.

Primeiramente, vamos esquecer os estereótipos e preconceitos em torno do dízimo. Não se trata de uma imposição religiosa ou uma forma de manipulação financeira. Ao contrário, quando entendido corretamente, o dízimo é um princípio de fé e gratidão.

Na história bíblica, vemos exemplos poderosos de como o dízimo pode ser uma expressão de fé e confiança em Deus. Abraão, por exemplo, deu o dízimo a Melquisedeque como um ato de honra e reconhecimento da bênção de Deus sobre sua vida. Paulo, em suas epístolas, exortou os crentes a contribuir generosamente para o sustento da obra de Deus, lembrando que quem semeia com generosidade, colherá com abundância.

Salomão, o sábio rei de Israel, também nos deixou ensinamentos valiosos sobre a importância de semear financeiramente. Ele escreveu: "Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares."

Além desses exemplos, temos a história da viúva pobre que deu suas duas únicas moedas como oferta no templo, demonstrando uma fé extraordinária e confiando na provisão de Deus.

Portanto, antes de descartar o dízimo como uma prática ultrapassada ou desnecessária, convido você a considerar estas palavras com mente aberta e coração receptivo. Não se trata de uma questão de legalidade, mas sim de fé e relacionamento com o nosso Criador.

Que possamos abrir nossos corações para compreender verdadeiramente o propósito e os benefícios do dízimo, e que, através dessa prática, possamos experimentar a abundância da graça e da provisão divina em nossas vidas.

Refletindo sobre o significado do dízimo na vida cristã, me deparo com a história inspiradora de Abraão em Gênesis 14. Imagine, após uma batalha épica, onde Abraão e seus 318 homens enfrentam e vencem cinco reis para resgatar seu sobrinho Ló, surge Melquisedeque, não apenas como um rei, mas como um sacerdote do Deus Altíssimo, trazendo pão e vinho para abençoar Abraão.

É nesse momento de triunfo que a gratidão de Abraão transborda. Ele não apenas recebe a bênção de Melquisedeque, mas reconhece a providência divina em sua vida e voluntariamente entrega o dízimo de tudo o que possui. É uma resposta espontânea, baseada não em obrigação, mas em profunda reverência e gratidão pelo que Deus fez por ele.

Além disso, a recusa de Abraão às riquezas oferecidas pelo rei de Sodoma é um testemunho poderoso de sua fé. Ele entende que sua prosperidade não vem de acordos terrenos, mas da fidelidade do Deus Altíssimo. Essa atitude de confiança e dependência divina é uma lição valiosa para todos nós.

Assim, quando penso sobre o dízimo em minha própria vida, vejo-o não como uma mera prática religiosa, mas como um ato de fé e gratidão. É uma maneira tangível de expressar minha confiança na provisão de Deus e minha disposição em contribuir para Sua obra no mundo.

O dízimo de Abraão para Melquisedeque é um momento de profundo significado espiritual. Ele reconhece a autoridade espiritual de Melquisedeque como sacerdote do Deus Altíssimo, e ao fazê-lo, Abraão coloca sua confiança na bênção divina sobre sua vida e sua posteridade.

Além disso, a narrativa de Abraão dando o dízimo a Melquisedeque antecipa o papel do sacerdócio de Cristo. Como o autor de Hebreus posteriormente explicaria, Melquisedeque é um tipo de Cristo, e o dízimo de Abraão é uma prefiguração da obediência e fé que encontramos em Cristo.

Portanto, o ato de Abraão dando o dízimo a Melquisedeque é mais do que um simples gesto de generosidade. É um testemunho de sua fé inabalável e uma antecipação da obra redentora de Cristo. Assim como Abraão confiou em Deus e em Seu sacerdote Melquisedeque, somos chamados a confiar em Cristo como nosso Sumo Sacerdote e Salvador, sabendo que Nele encontramos perdão, graça e bênção eterna.

No entanto, reconheço que cada pessoa tem sua própria jornada espiritual e sua maneira única de se relacionar com Deus. Portanto, encorajo a todos a buscar a orientação divina sobre como contribuir financeiramente para Sua obra, seja através do dízimo ou de outras formas de doação. O mais importante é dar com um coração generoso e grato, confiando na promessa de Deus de suprir todas as nossas necessidades.

Gênesis 14:20b (NVI): "E Abraão deu a Melquisedeque o dízimo de tudo."

Hebreus 7:4 (NVI): "Considerem, pois, como era grande esse homem a quem até mesmo o patriarca Abraão deu o dízimo dos despojos!"

Hebreus 7:6 (NVI): "Contudo, aquele cuja genealogia não está incluída na lista de descendência deles recebeu dízimos de Abraão e abençoou aquele que tinha as promessas."

Hebreus 7:9-10 (NVI): "E, por assim dizer, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos por meio de Abraão, pois ainda estava nos lombos do seu antepassado quando Melquisedeque veio ao seu encontro."

Quando consideramos o episódio em que Abraão entrega o dízimo a Melquisedeque, vemos um exemplo marcante de fé e reconhecimento da autoridade espiritual. Este relato, registrado em Gênesis 14:18-20, nos mostra como Abraão, após uma vitória na batalha, reconheceu a importância de Melquisedeque ao lhe dar o dízimo de tudo o que havia conquistado.

Ao observarmos as Escrituras, percebemos que este gesto de Abraão vai além de uma mera obrigação legal. Ele não estava apenas cumprindo uma lei, mas sim expressando sua fé e submissão à autoridade espiritual representada por Melquisedeque. Isso fica claro quando vemos que Abraão, mesmo sendo o pai da nação judaica e tendo a promessa de Deus sobre sua descendência, reconheceu a superioridade espiritual de Melquisedeque ao lhe entregar o dízimo.

Ao entregar o dízimo a Melquisedeque, Abraão demonstrou sua fé na provisão de Deus e sua submissão à sua vontade soberana. Ele reconheceu que todas as suas vitórias e conquistas eram fruto da bênção divina, e por isso ele devolveu uma parte de seus ganhos como um ato de gratidão e adoração.

Além disso, o fato de Abraão ter dado o dízimo a Melquisedeque antes mesmo da instituição formal da lei mosaica é uma poderosa evidência de que seu gesto foi motivado pela fé, não pela legalidade. Abraão confiou na promessa de Deus de abençoá-lo e prosperá-lo, e seu ato de dar o dízimo foi uma expressão prática dessa confiança.

Portanto, podemos concluir que o ato de Abraão em entregar o dízimo a Melquisedeque vai muito além da legalidade; é um testemunho vívido de sua fé inabalável em Deus e sua disposição para obedecer à sua vontade, mesmo quando isso exigia sacrifício pessoal. Essa atitude de Abraão nos ensina importantes lições sobre fé, submissão e reconhecimento da autoridade espiritual. Ela nos lembra que o dízimo não é apenas uma questão financeira, mas sim um ato de fé e obediência a Deus. Quando damos o dízimo, estamos declarando nossa confiança na provisão divina e reconhecendo a autoridade espiritual que Deus estabeleceu sobre nossas vidas.

Além disso, ao dar o dízimo, estamos plantando sementes de bênçãos em nossa vida. Assim como Abraão foi abençoado por Melquisedeque após entregar o dízimo, também podemos esperar as bênçãos do alto sobre nós quando nos submetemos à vontade de Deus.

Portanto, que possamos seguir o exemplo de Abraão, dando o nosso dízimo com fé e gratidão, reconhecendo a autoridade espiritual sobre nós e confiando na promessa de Deus de suprir todas as nossas necessidades segundo as suas riquezas em glória."

É incrível pensar como o ato de Abraão ao dar o dízimo a Melquisedeque está profundamente enraizado na fé. Ao celebrar a morte de Cristo através do dízimo, Abraão declarou com convicção: 'Meu Redentor vive!' Ele reconhecia que Jesus, seu Sumo Sacerdote, está vivo e intercedendo por ele diante do trono de Deus.

Alguns versículos que confirmam o princípio de líderes religiosos dizimarem para outros líderes espirituais:

1 Coríntios 9:11 (NVI): "Se semeamos coisas espirituais entre vocês, não é demais pedir que colhamos de vocês bens materiais?"

Gálatas 6:6 (NVI): "Aquele que está sendo instruído na palavra deve repartir todas as coisas boas com quem o instrui."

1 Timóteo 5:17-18 (NVI): "Os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente os que se esforçam na pregação e no ensino. Pois a Escritura diz: 'Não amordace o boi enquanto pisa o grão.' E ainda: 'O trabalhador merece o seu salário.'"

Hebreus 13:17 (NVI): "Obedeçam aos seus líderes e submetam-se à autoridade deles. Eles cuidam de vocês como quem deve prestar contas. Obedeçam-lhes, para que o trabalho deles seja uma alegria e não um peso, pois isso não seria proveitoso para vocês."

Esses versículos destacam a importância de apoiar financeiramente os líderes espirituais que trabalham duro no ministério, fornecendo-lhes recursos materiais para que possam continuar a servir e ministrar às necessidades espirituais da comunidade de fé.

Essa prática transcende a legalidade; é uma expressão da fé que Abraão tinha em Deus. Ele entregou o dízimo não por obrigação, mas como um ato de confiança na provisão divina e como uma expressão de sua gratidão.

Assim como Abraão, nós também podemos confiar na provisão de Deus em nossas vidas. Quando dizimamos, estamos declarando nossa fé na fidelidade de Deus em suprir todas as nossas necessidades. É por isso que podemos levantar as mãos aos céus e proclamar que as janelas dos céus se abram sobre nós, que bênçãos sem medida venham sobre nossas vidas.

Entender o dízimo como uma expressão de fé nos leva a uma nova dimensão de prosperidade espiritual e material. Quando praticamos o dízimo com fé e gratidão, estamos alinhando nossas vidas com os princípios do Reino de Deus.

Quanto à questão de líderes religiosos que não praticam o dízimo em suas próprias igrejas, é importante entender que a prática do dízimo vai muito além da legalidade. É uma questão de fé e confiança na provisão de Deus. Os líderes espirituais devem liderar pelo exemplo, praticando o que pregam e confiando na fidelidade de Deus para suprir todas as necessidades.

Se o dizimo é pela fé, ele poderia ser um ato de honra?

Sim, definitivamente! O dízimo pode ser visto como um ato de honra por várias razões:

Reconhecimento da Soberania de Deus: Ao entregar o dízimo, estamos reconhecendo que tudo o que temos vem de Deus e que Ele é o dono de tudo. É um ato de honra reconhecer a soberania e a generosidade de Deus em nossas vidas.

Expressão de Gratidão: Dizimar é uma maneira de expressar gratidão a Deus por Suas bênçãos e provisões em nossas vidas. É uma forma de demonstrar nossa apreciação e reconhecimento pelo que Ele tem feito por nós.

Confiança na Provisão Divina: Ao entregar o dízimo, estamos demonstrando nossa confiança na promessa de Deus de cuidar de nós e suprir todas as nossas necessidades. É um ato de honra confiar em Deus como nosso provedor e sustentador.

Obediência e Submissão: Dizimar é também um ato de obediência aos mandamentos de Deus e de submissão à Sua vontade. É uma forma de honrar a autoridade e a orientação de Deus em nossas vidas, reconhecendo que Ele sabe o que é melhor para nós.

Investimento no Reino de Deus: Ao entregar o dízimo, estamos investindo no trabalho do reino de Deus na terra. Estamos contribuindo para o avanço da obra de Deus e para a expansão de Seu reino, honrando assim Seu propósito e Sua missão.

Portanto, o dízimo pode ser visto como um ato de honra que reflete nossa fé, gratidão, confiança, obediência e investimento no reino de Deus. É uma maneira significativa de demonstrar nosso relacionamento e compromisso com Deus.

E ainda podemos usar de uma analogia orgânica:

Imagine que cada cristão é como uma árvore frutífera plantada por Deus. A árvore representa a vida espiritual de cada pessoa, enquanto os frutos representam as bênçãos e as contribuições que essa pessoa pode oferecer ao Reino de Deus.

Dízimo como as Raízes da Árvore: Assim como as raízes são a base e o sustento da árvore, o dízimo é a base e o sustento da vida financeira no âmbito espiritual do cristão, como que um termômetro também, pois a alegria em fazê-lo revela a saúde na generosidade, e reconhecimento de quem Deus é nessa área da vida. Ele representa a fidelidade e a obediência básica ao princípio de devolver a Deus uma parte de tudo o que Ele nos dá.

Ofertas como os Frutos da Árvore: Enquanto o dízimo é uma contribuição regular e sistemática, as ofertas são como os frutos que a árvore produz em determinadas épocas e circunstâncias. Paulo ensina que devemos contribuir com ofertas voluntárias e generosas conforme Deus nos abençoa e conforme somos motivados pelo amor e pela gratidão em nossos corações.

Crescimento e Maturidade: Assim como uma árvore saudável cresce e produz mais frutos à medida que amadurece, um cristão maduro também cresce em generosidade e em prontidão para contribuir com ofertas além do dízimo. Esse crescimento reflete uma fé mais profunda e um relacionamento mais íntimo com Deus.

Benefícios para o Reino de Deus: Tanto o dízimo quanto as ofertas têm o propósito de sustentar e promover o trabalho do Reino de Deus na terra. Assim como os nutrientes das raízes alimentam toda a árvore e facilitam o crescimento dos frutos, as contribuições dos cristãos fortalecem a igreja local e capacitam os ministérios a alcançarem mais pessoas com o evangelho.

Portanto, a analogia da árvore frutífera ilustra como o dízimo e as ofertas trabalham juntos para nutrir e fortalecer a vida espiritual do cristão, ao mesmo tempo em que beneficiam o Reino de Deus e promovem o avanço da obra de Deus no mundo.

Provérbios 11:24-25 (Salomão): "Há quem dê generosamente, e vê aumentar suas riquezas; outros retêm o que deveriam dar, e caem na pobreza. O generoso prosperará; quem dá alívio aos outros, alívio receberá."

2 Coríntios 9:6-8 (Apóstolo Paulo):"Lembre-se disso: Quem semeia pouco, também colherá pouco, e quem semeia com fartura, também colherá fartamente. Cada um dê conforme resolvendo no coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer que lhes seja acrescentada toda a graça, para que em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo o que é necessário, vocês transbordem em toda boa obra."

Em conclusão, a prática do dízimo é um tema que, além de ser embasado em princípios bíblicos, também reflete a busca por uma espiritualidade autêntica e transformadora. Reconhecendo a complexidade e a diversidade de visões sobre o assunto, é essencial manter um espaço para o diálogo respeitoso e a liberdade de pensamento. Para mim, pessoalmente, o dízimo não é apenas um ato de obediência legal, mas sim um reflexo tangível da minha fé e gratidão. 

Acredito que ao semear generosamente, não apenas contribuímos para o sustento da obra divina, mas também experimentamos o fluxo abundante da providência de Deus em nossas vidas. No entanto, reconheço que essa prática pode não ressoar da mesma forma para todos, e é igualmente válido seguir a orientação de sua própria consciência. Portanto, encorajo tanto aqueles que praticam o dízimo quanto aqueles que optam por não fazê-lo a cultivar uma vida de amor, compaixão e serviço mútuo. Que possamos todos encontrar nossa própria jornada espiritual, enquanto celebramos a diversidade de expressões de fé e vivemos em harmonia uns com os outros."

Esses versículos destacam a importância de semear generosamente e os benefícios que vêm com isso, tanto espiritualmente quanto materialmente.

Leonardo Lima Ribeiro 

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