(Miroslav, um Tcheco que trabalha no complexo que abriga refugiados da África e Oriente médio em Schweinfurt, Alemanha)
"Guarda-te que não te esqueças do Senhor teu Deus, deixando de guardar os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus estatutos que hoje te ordeno; Para não suceder que, havendo tu comido e fores farto, e havendo edificado boas casas, e habitando-as, E se tiverem aumentado os teus gados e os teus rebanhos, e se acrescentar a prata e o ouro, e se multiplicar tudo quanto tens, Se eleve o teu coração e te esqueças do Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão;
Que te guiou por aquele grande e terrível deserto de serpentes ardentes, e de escorpiões, e de terra seca, em que não havia água; e tirou água para ti da rocha pederneira;
Que no deserto te sustentou com maná, que teus pais não conheceram; para te humilhar, e para te provar, para no fim te fazer bem;
E digas no teu coração: A minha força, e a fortaleza da minha mão, me adquiriu este poder.
Antes te lembrarás do Senhor teu Deus, que ele é o que te dá força para adquirires riqueza; para confirmar a sua aliança, que jurou a teus pais, como se vê neste dia.
Será, porém, que, se de qualquer modo te esqueceres do Senhor teu Deus, e se ouvires outros deuses, e os servires, e te inclinares perante eles, hoje eu testifico contra vós que certamente perecereis.
Como as nações que o Senhor destruiu diante de vós, assim vós perecereis, porquanto não queríeis obedecer à voz do Senhor vosso Deus.
(Deuteronômio 8:11-20)
A forma como o mundo vê o Evangelho é segundo o entendimento de cada um, por isso, ele pode ser relativizado. Muitos associam as imagens e ideias que lhe foram mostradas desde sua infância. tenho amigos que pensam que o evangelho é o que ele estudou sobre as cruzadas na Europa e oriente médio, outros pensam que o evangelho é o que aconteceu com Lutero e a reforma protestante, associam suas expectativas e eventos mais próximos de suas realidades. Já ouvi que o evangelho é a igreja católica e seu maior representante na terra, o papa.
Friedrich Wilhelm Nietzsche foi um filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor prussiano do século XIX, nascido na atual Alemanha: defendia a inexistência em vários sentidos: de Deus, da alma e do sentido da vida. Para ele, o ser humano deveria abandonar as muletas metafísicas, a chamada morte dos ídolos. O filósofo se opunha aos dogmas da sociedade, principalmente ao defender que a verdade era uma ilusão, dele vem a famosa frase: Deus está morto, uma ideia que impregnou a Europa a partir do século XIX.
O pensamento do filósofo diz que a morte de Deus metaforiza o fato de os homens não serem mais capazes de crer numa ordenação cósmica transcendente, o que os levaria a uma rejeição dos valores absolutos e à descrença em quaisquer valores.
Então, a partir dai, ateus e crentes também puderam ter sua oportunidade de relativizar Deus e o Evangelho, porém, Deus não existe pelo que o homem crê, mas Ele é existente e suficiente em si mesmo, pois, como criador, não existe por ninguém, mas por sua suficiência. Devido a este fato, podemos crer que a palavra escrita é uma expressão da sua relação conosco, pois, tudo o que está escrito na Bíblia sagrada se prova pela sua existência.
O povo de Israel, saiu do Egito, deixando de ser escravo, e após sua libertação ainda passou por um grande processo ao longo do trajeto pelo deserto até Canaã, e tudo isso já tinha sido profetizado séculos antes de acontecer.
"Que te guiou por aquele grande e terrível deserto de serpentes ardentes, e de escorpiões, e de terra seca, em que não havia água; e tirou água para ti da rocha pederneira;
Que no deserto te sustentou com maná, que teus pais não conheceram; para te humilhar, e para te provar, para no fim te fazer bem;" (Dt 8:15)
Ele aponta um caminho, sustenta durante o caminho e pede somente uma coisa, que confiemos Nele, pois essa confiança verdadeira, chamada fé, que nos transforma segundo a imagem e semelhança Dele. O ponto é que o cerne do ser humano é a auto-confiança, esse caráter nos afastou dele lá no Éden. Ele só pediu uma coisa a Adão: Confie em mim, eu cuido de você!
O processo do Egito a Canaã é a figura do processo da Terra para a eternidade, e durante esses longos anos de peregrinação, o objetivo de Deus é nos levar a sua presença plena, porém com nossa natureza regenerada e nossa mente renovada. E o deserto é essa escola. Ele mesmo diz:
"Antes te lembrarás do Senhor teu Deus, que ele é o que te dá força para adquirires riqueza; para confirmar a sua aliança, que jurou a teus pais, como se vê neste dia.
Será, porém, que, se de qualquer modo te esqueceres do Senhor teu Deus, e se ouvires outros deuses, e os servires, e te inclinares perante eles, hoje eu testifico contra vós que certamente perecereis.
Como as nações que o Senhor destruiu diante de vós, assim vós perecereis, porquanto não queríeis obedecer à voz do Senhor vosso Deus." (Dt 8:18-20)
Observe bem, e medite um tempo nesses versículos, o objetivo final de Deus é nos levar a confiar plenamente Nele. Ele nos deu uma semente chamada fé, que nos permite relacionar com Ele através da obra de Jesus que nos justificou e abriu a porta de casa novamente. Éramos os filhos pródigos da parábola dos Evangelhos. Por isso, insisto, o Evangelho não é um conceito, nem uma religião. Não existe uma teologia sistemática que faça alguém entender o que é o Reino de Deus e o Evangelho de Jesus Cristo.
O Evangelho é uma boa nova, uma notícia aos perdidos de que eles foram achados, que o Pai deles enviou seu filho mais velho, o perfeito, para justificar e resgatar aqueles que se haviam perdido. Tudo isso nos remete a uma relação familiar e não a um conceito, devido a isso, o deserto é um processo e não um castigo, e o Egito não era uma prisão, era a consequência do pecado, a escravidão. Em Canaã, eles puderam encontrar abundância de alimento e descanso. E por que muitos não entraram? Porque a condição é confiar naquilo que Deus fala, nosso Pai. A condição é essa, confiar incondicionalmente.
Josué e Calebe creram incondicionalmente naquilo que Deus disse através de Moisés, e foi por isso que entraram em Canaã, no descanso, na terra prometida. Quem confia em Deus, descansa Nele. Esses dois representam a lei e a graça, a lei aponta a graça. O antigo testamento sendo a sombra do novo, e o novo sendo a luz que revela o antigo. Essa transição, ocorre pela fé, aqueles que creram naquilo que Deus disse viram Jesus Cristo. E ainda hoje é assim, todo aquele que crer, será salvo e verá a Deus, através de Jesus.
A palavra se prova em si mesma. Aqueles que creem passam pelo deserto, e é nesse lugar que nossos corações são expostos, nossas feridas são curadas, nossas motivações são conhecidas, somos humilhados, vemos o agir de Deus em cuidar de nós em situações extremas, somos purificados e também, podemos aprender sobre essa nova vida e nova realidade de viver com Ele.
Todos nós vamos passar por esses processos se confiarmos nele e em sua palavra. Veja o que Paulo fala em Hebreus:
"Temamos, pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás.
Porque também a nós foram pregadas as boas novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram.
Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim jurei na minha ira Que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo.
Porque em certo lugar disse assim do dia sétimo: E repousou Deus de todas as suas obras no sétimo dia. E outra vez neste lugar: Não entrarão no meu repouso.
Visto, pois, que resta que alguns entrem nele, e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas novas não entraram por causa da desobediência, (Hebreus 4:1-6)
É a confiança e obediência o alvo da fé, e seu fruto o descanso. Porém, a incredulidade e auto suficiência produzem tormento, culpa, vergonha, insegurança e perdição. Consegue ver agora como esse detalhe de entendimento e revelação esclarecem o porque do mundo ser como é?
Todos distúrbios comportamentais vem do pecado, que é a incredulidade do homem, pois a fé justifica e nos proporciona receber de forma direta e consciente o amor de Deus, e dessa forma podemos desfrutar de uma promessa:
"No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.
Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro.
Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?
E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão. (1 João 4:18-21)
E agora, podemos entender que a confiança é a prova da fé e o amor o fruto dessa fé madura. Entenda: Quem não ama seu irmão, não foi amadurecido na fé, mesmo que seja eloquente, inteligente, bem sucedido, rico, poderoso, famoso, e bem sucedido em todas as empreitadas humanas.
Entender Jesus de forma filosófica é só uma expressão de inteligência, é uma habilidade de interpretação de texto, mas, conhecê-lo produz a manifestação do amor em nós e consequentemente produz o mesmo amor do qual ele nos amou quando foi pregado naquela cruz.
Pense bem, pense comigo agora: Você é bom o suficiente para que Deus pensasse na necessidade de enviar seu filho, humilhando-o e fazendo com que ele recebesse toda maldição no madeiro? você é digno? Sua inteligência e habilidade de vencer na vida te faz digno desse amor? pense por um minuto.
Nunca poderemos receber nada de Deus pelo que fazemos, pois Ele fez primeiro, lá na fundação do mundo. Ele é o suficiente em si mesmo, e existimos somente por causa disso. O Deserto é onde somos humilhados, para sairmos da mentalidade de Adão, Egito e entrarmos na realidade da mente de Cristo, Canaã, onde todas as batalhas já foram vencidas por Ele, e comemos do que não plantamos porque Ele já nos deu em Cristo.
Enquanto você não passar pelo processo da humilhação, não vai sair do deserto, e não sou eu quem digo:
"Que no deserto te sustentou com maná, que teus pais não conheceram; para te humilhar, e para te provar, para no fim te fazer bem;
E digas no teu coração: A minha força, e a fortaleza da minha mão, me adquiriu este poder.
Antes te lembrarás do Senhor teu Deus, que ele é o que te dá força para adquirires riqueza; para confirmar a sua aliança, que jurou a teus pais, como se vê neste dia." (Dt 8:16-17)
Algumas pessoas acham que são superiores a outras porque tem ou são alguma coisa aqui na terra, porque se esforçaram mais ou sofreram mais para conquistar algo, essas ainda estão no deserto, ainda estão no processo, não entraram em Canaã, onde existe a promessa do Salvador que fez tudo por nós, e nos amou incondicionalmente a ponto de deixar a condição de Deus, se fazer homem, se humilhando e entregando sua vida para que pudéssemos voltar ao Pai. Os que ainda destratam seus irmãos, ou amam as coisas do mundo, ainda são orfãos.
Lembrando a alguns que "amar o seu próximo como a ti mesmo", todos os dias, no caso dos casados se refere ao seu cônjuge e sua família, sem experimentar e manifestar o amor de Deus no ambiente familiar, o ministério publico não existe ou é uma farsa. Homens ou mulheres que não tem por prioridade sua família, não podem dizer que amam, ou falar com propriedade do Evangelho, pois pode alguém amar o perdido e desprezar ou negligenciar sua própria família? por isso, o amor verdadeiro é um fruto, que se manifesta de forma incondicional, e por isso, não faz acepção de pessoas.
Que o Senhor possa abrir a mente daqueles que ainda caminham no deserto, para que estes não venham a perecer depois de 40 anos caminhando. Que o amor de Deus, edifique a fé desses irmãos e eles possam ser como Josué e Calebe que entraram no descanso que é o amor de Deus.
Abraço
Leonardo Lima Ribeiro
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