quarta-feira, 7 de maio de 2025

Posso cobrar para ministrar a palavra?

 


Entre o Dom e o Sustento: Reflexões sobre Cobrança, Vocação e Prosperidade no Ministério

Recentemente, durante uma de nossas aulas de discipulado, uma pergunta tocou um ponto delicado e recorrente nas discussões sobre ministério cristão: seria correto cobrar para cantar, pregar ou ensinar aquilo que, em essência, recebemos de Deus como dom?

Uma irmã, cuja voz e unção são nitidamente dons espirituais, indagou se seria de boa fé cobrar para ministrar em igrejas ou eventos. Outras perguntas semelhantes surgiram:

“É aceitável cobrar por um curso baseado na Palavra de Deus, mesmo que com aplicação prática?”

“Pastores podem receber por pregar, ou isso corromperia a natureza do chamado?”

Essas questões não são simples. Têm raízes em tradições e doutrinas diversas, mas também em experiências pessoais, e por isso merecem reflexão cuidadosa. Nesta seção, quero compartilhar parte do meu próprio percurso — não como modelo, mas como testemunho que talvez dialogue com a sua jornada.

Me converti ainda jovem, em Ribeirão Preto, e ali fui batizado em uma igreja de doutrina rígida e práticas muito específicas. Pouco tempo depois, mudei-me para Pernambuco, onde permaneci por cerca de um ano e meio na Igreja Presbiteriana de Porto de Galinhas. Em uma viagem missionária conheci minha esposa, com quem me casei em Recife. Passamos então a congregar em uma igreja reformada e calvinista, onde fiquei por quase cinco anos.

Com o passar do tempo, notei que, embora o discurso da instituição fosse fortemente contrário à chamada “teologia da prosperidade”, na prática, seus líderes e membros viviam buscando o que criticavam. Investiam em educação, especializações em teologia, viagens a Israel, boas escolas para os filhos — algumas das quais eu jamais teria condição de pagar naquela fase da minha vida.

A mensagem pública era de contentamento e resignação. Mas internamente, a busca por crescimento e estabilidade financeira era evidente. Comecei a questionar: por que se prega contra aquilo que se pratica? Por que desestimular os membros a sonhar e prosperar, enquanto os próprios líderes avançam em suas conquistas materiais?

Essas incoerências despertaram em mim uma inquietação. Não se tratava de rebeldia, mas de honestidade intelectual e espiritual. Eu e minha esposa ansiávamos por um ministério mais coerente com o Evangelho integral — aquele que salva, transforma e também ativa dons e talentos com propósito.

Por isso, decidimos sair. Passamos um tempo retirados, buscando clareza. Depois, fomos direcionados a um ministério classificado por muitos como “neopentecostal” — e foi ali que começamos a compreender melhor a relação entre fé, propósito e prosperidade.

Fomos ensinados a desenvolver uma mentalidade produtiva, a multiplicar talentos, a semear e colher. E aprendemos que prosperidade não é sinônimo de ganância, mas de liberdade e responsabilidade. Trata-se de usar seus dons para servir e, ao mesmo tempo, construir uma vida sustentável.

Tínhamos, naquele ministério, parte de nossas necessidades supridas. O aluguel, a internet, a luz e a água eram pagos; recebíamos ajuda com combustível e uma ajuda de custo mensal. Isso nos permitiu mergulhar com mais intensidade no serviço ao Reino — ainda que com limitações.

No entanto, um novo dilema surgiu: ainda que a mensagem fosse de liberdade e prosperidade, muitos dos trabalhadores da casa — como nós — não tinham liberdade para crescer financeiramente. A estrutura institucionalizada não permitia muito espaço para desenvolvimento fora dos limites do ministério. Era como se a prosperidade real estivesse reservada aos que estavam no topo da hierarquia.

O ciclo se repetia. Em instituições conservadoras ou pentecostais, a tensão era a mesma: entre o discurso e a prática, entre o dom e o sustento. Essa é uma debilidade que deveria ser observada para que os ministérios pudessem ser efetivos nas vidas de todos aqueles que trabalham integralmente. 

Essa experiência nos levou a uma decisão: trilhar um caminho de maior autonomia. Queríamos continuar servindo a Deus com integridade, mas também exercer com liberdade nossos dons e habilidades, inclusive de forma profissional e empreendedora, desenvolver a vocação na liberdade do chamado especifico e livres para prosperar financeiramente também. 

Hoje, entendo que a resposta àquelas perguntas iniciais — “Posso cobrar por ministrar?”, “É certo vender conhecimento bíblico prático?” — não é simplesmente “sim” ou “não”. A resposta depende da motivação, da integridade e da transparência com que se vive a vocação. Depende de compreender que o operário é digno do seu salário (Lucas 10:7), mas que o ministério nunca deve ser movido pelo lucro, e sim pelo propósito.

A Igreja precisa amadurecer nesse entendimento. O problema não está em receber, mas em transformar o púlpito em comércio ou o dom em vaidade. Por outro lado, negar a possibilidade de sustento digno àqueles que dedicam sua vida ao serviço cristão também é injusto.

Afinal, como ensinava o apóstolo Paulo: “Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós colhamos as materiais?” (1 Coríntios 9:11).

Liberdade, Remuneração e Serviço no Ministério Cristão

Durante um tempo, eu fiz parte de um ministério onde não havia liberdade para receber doações pessoais diretamente. Se alguém sentisse no coração de me abençoar com uma oferta — digamos, R$ 5.000 — eu não poderia aceitar. Eu teria que instruir a pessoa a enviar ao ministério, que decidiria se repassaria ou não para mim. Isso me colocava numa posição de dependência institucional, que para mim não fazia sentido, e no fim, o pior foi que percebi que fui eu quem aceitei essa condição. 

Não estou dizendo que esse modelo está errado, mas hoje consigo ver os dois lados da moeda. Essa estrutura busca evitar conflitos de interesse, especialmente quando se lidera uma igreja. A administração era centralizada na sede, e embora eu pastoreasse uma comunidade local, o controle financeiro não era meu. Havia o receio de que o líder local, ao receber ofertas diretamente, pudesse romper com a fidelidade institucional dos membros, o que, de fato, poderia gerar desordem quando se trata de igrejas denominacionais.

Esse é um dos motivos pelos quais defendo, como escrevi no meu livro Destronando o Bezerro de Ouro, que a igreja local deve ser autônoma. Assim, o pastor pode receber ofertas e bênçãos diretamente de quem sentir-se tocado por Deus. A generosidade é uma expressão espiritual, e limitá-la pode causar frustração de ambos os lados.

Há muitas críticas, especialmente de quem não está dentro da fé cristã — e até de alguns que estão — sobre dinheiro, dízimos e ofertas. Mas o que percebo é que essas pessoas também estão em busca de provisão, seja por seus empregos, negócios ou ministérios. A incoerência surge quando se critica a prosperidade no ministério, mas se trabalha com afinco por um salário, buscando estabilidade e conforto.

Durante muito tempo vivi esse conflito: devo cobrar ou não? Devo vender ou doar os livros? Cursos gratuitos ou pagos? Essa dualidade me impedia de avançar com clareza. Às vezes, é melhor decidir um caminho e seguir por ele com fé do que ficar em dúvida e paralisado. Alguns decidem viver inteiramente pela generosidade, sem cobrar nada, confiando que Deus vai tocar o coração das pessoas. Outros, entendendo seu preparo e dedicação, cobram por seus serviços. E tudo isso é válido.

Eu, por exemplo, estudei muito. Sou formado em Gestão de Hotelaria, fiz instituto bíblico à distância, Missiologia EAD, bacharelado em Relações Internacionais e, atualmente, Pós em Psicologia Organizacional e Pós em Psicanálise Clínica. Comprei e li centenas de livros, investi tempo, dinheiro e esforço em imersões, criando meios de me sentar de frente com Homens de unção e sabedoria. Isso não me torna melhor do que ninguém, mas mostra que ministério também é preparo e dedicação.

É injusto esperar que alguém que se prepara tanto tenha que viver em constante dificuldade financeira. O evangelho pode ser comunicado em várias esferas da vida, inclusive na política, na educação, na psicologia. Mas se citarmos o nome de Jesus, muitos acreditam que o conteúdo precisa ser gratuito, o que revela uma visão distorcida do ministério.

O pastoreio pode ser sustentado de várias formas: salário, doação, oferta. O importante é entender que é, sim, um trabalho — espiritual, emocional, intelectual e, muitas vezes, físico. O Novo Testamento oferece respaldo para isso. Paulo, ao escrever aos coríntios, diz que Pedro e sua esposa eram sustentados pelas igrejas. Pedro, que muitos usam como exemplo de “pobreza espiritual” quando disse "não tenho prata nem ouro", era sustentado pelo povo de Deus.

Não temos nós o direito de levar conosco uma mulher crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?" (1 Coríntios 9:5 – ARA)

Aqui Paulo está defendendo o direito dos apóstolos ao sustento ministerial, incluindo:

o direito de levar esposas crentes com eles no ministério (que também seriam sustentadas), e, por inferência, o direito de receber sustento da igreja, como Pedro e os demais já faziam.

No mesmo capítulo, Paulo argumenta que quem prega o evangelho deve viver do evangelho (v.14).

"Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho."                  (1 Coríntios 9:14)

Paulo escolheu não usar esse direito pessoalmente em certas situações, mas deixou claro que ele e outros tinham esse direito legítimo.

Os valores são relativos. R$ 15.000, por exemplo, pode ser muito para alguns e pouco para outros. Não há um número absoluto. Por isso, quem ministra deve ter paz com o que cobra, com o que recebe e com aquilo que entrega. Eu disse isso para uma irmã que me perguntou se deveria cobrar para cantar. Falei: "Ore, tenha paz no seu coração. Se Deus te der paz, faça como Ele te direcionar." A paz de Deus é critério. Não é conformismo nem ilusão. Quem vive com Deus sabe reconhecer quando está sendo guiado por Ele.

Se você decide cobrar, estabeleça seu preço com base no valor do seu serviço, não no valor da sua pessoa — porque essa é inestimável. E esteja aberta a ajustes. Há igrejas que vão te chamar e você verá que não podem pagar. Nesses casos, você pode decidir não cobrar ou adaptar o valor. Isso é liberdade.

Críticas virão. Sempre virão. Mas se você viver com base na opinião dos outros, ficará paralisada. Vai se sentir em dívida com quem não te conhece, com quem não ora por você, com quem não entende seu chamado. E isso é uma armadilha.

Hoje, eu vendo livros, recebo ofertas, dou cursos gratuitos, faço discipulado sem cobrar — e criei uma mentoria paga. Cada um desses formatos alcança pessoas diferentes, em momentos diferentes, de maneiras diferentes. E todos são válidos.

Seja guiado pela paz. Seja fiel ao seu chamado. E seja livre para servir como Deus te dirigir.

Entendeu que ela está vivendo um versículo que eu vou compartilhar com vocês aqui. Eu falei tudo isso para a gente chegar nesse ponto: Provérbios 23:23 – “Compra a verdade e não a vendas, sim, a sabedoria, a disciplina e o entendimento.”

Esse versículo mostra que a sabedoria tem valor e é legítimo fazer esforço — inclusive financeiro — para adquiri-la.

Então vamos lá: nesses últimos quatro anos eu investi bastante dinheiro para aperfeiçoar meu conhecimento. Não só em ciências humanas, mas também aprendendo com pessoas que estão à minha frente em entendimento no evangelho. Muitas delas nunca me cobraram, mas eu ofertei porque quis honrar aquilo que eu estava recebendo. É uma questão de consciência. Eu aprendi assim. Aprendi o preço da sabedoria.

Tem pessoas que ainda não entenderam isso. E quem quer entender, uma hora vai entender. Mas quem não quer, já demonstra o nível de sabedoria que tem. Sempre que você for aprender algo com alguém que sabe mais, essa pessoa pode ou não te cobrar. Mas aquilo que ela está te ensinando tem valor. E se você é alguém de valor, você dá valor às coisas.

Vou falar algumas coisas polêmicas aqui, tá? Quando você senta para ouvir alguém que exerce uma vocação — não é necessariamente um ministério ou uma profissão, mas um serviço — como um pastor, por exemplo, você pode achar absurdo que ele receba ofertas ou salário. Mas hoje o público cristão está migrando para o movimento coaching. E o movimento coaching entendeu algo que muitos cristãos ainda não entenderam. E quando eu falo "cristãos", não estou generalizando, estou falando de públicos específicos.

Os coaches entenderam que a sabedoria tem preço — e um preço alto. O que acontece? Muitas vezes, o pastor tem um conhecimento capaz de mudar a condição da pessoa. Mas porque é de graça, aquela informação entra na cabeça da pessoa sem valor. A pessoa pensa: “ah, não era bem isso que eu queria ouvir.” Ela agradece e vai embora. Ou ouve tudo, mas não aplica o que ouviu, porque ela tem aquele pastor disponível a todo momento. Não custa nada adquirir aquele conhecimento na hora que precisar.

Mas quando essa mesma pessoa vai conversar com um mentor, um coach — e “coaching” aqui não é pejorativo, é só a palavra em inglês para treinador, alguém que ensina algo que aprendeu, pode ser de futebol, basquete ou sabedoria — ela pode pagar 3 mil, 4 mil, 8 mil, 20 mil, até 100 mil reais por uma mentoria. Existem mentorias de meses ou até de um ano que custam R$ 300.000 no Brasil. E não é só para assistir, é para conviver com aquela pessoa durante um tempo.

Aí você me pergunta: “você acha isso certo ou errado?” Eu acredito que nós devemos ser adaptáveis a formatos, desde que não quebrem princípios do evangelho. Eu vi pessoas ficarem anos numa igreja, recebendo sabedoria de um pastor gratuitamente, sem aplicar o que receberam, sem honrar financeiramente aquele lugar. E quando falo “honrar”, tem gente que já se incomoda com essa palavra. Mas, por exemplo, se você tem um boleto e não paga, você não honrou seu compromisso.

A palavra “honra” ofende quem tem dificuldade com responsabilidade. Para quem não tem esse problema, honra é só isso: “eu recebi algo de valor e cumpri meu compromisso com isso.” Se você não valorizou, tudo bem — mas é disso que estamos falando.

Aí a mesma pessoa ouve um amigo dizer: “fiz uma imersão e mudou minha vida. Virou chaves na minha cabeça.” E pergunta quanto custou: “cinco mil.” E ainda ouve: “dá pra parcelar.” Aí ela paga.

Por muito tempo eu achei isso errado. Achei um absurdo. Mas lendo a Bíblia, entendi que Deus quer levar a verdade da forma mais simples possível — mas muitas vezes o ser humano complica. Por isso os coaches conseguem tirar pessoas da igreja e levá-las para uma jornada fora da instituição, onde elas continuam recebendo ensinamentos — às vezes até mais amplos, porque envolvem temas empresariais, por exemplo. E a igreja deveria focar especificamente no evangelho. Mas também poderia ter salas semanais, trazer bom senso e sabedoria prática para as pessoas.

Quando eu falo “bom senso”, quero dizer: aprender a lidar com as realidades da vida, como finanças, que a escola e muitas famílias brasileiras não ensinaram. A igreja pode oferecer isso, pois isso é responsabilidade do cristão, parte da integralidade do seu papel na sociedade. 

Eu mesmo fui muito beneficiado por mentorias pagas. Não esperava fazer, mas Deus me deu condição. Em poucas horas, já fizeram muita diferença na minha vida. E percebi que quem te instrui gastou muito dinheiro para ter aquele conhecimento. Fez cursos, investiu tempo e recursos. Eu também. Nunca tinha parado para pensar quanto já investi em livros, cursos, experiências. A revelação de Deus é gratuita, mas envolve procura, tempo, prática.

Quem não experimentou aquilo que ensina é teórico. Vai especular quando você perguntar. Mas quem viveu aquilo tem convicção. É como na minha faculdade de veterinária: tive teoria em anatomia, mas pouca prática. Se alguém me perguntar hoje, posso falar alguns conceitos, mas não tenho segurança. Agora, alguém que faz cirurgias todo dia pode te explicar tudo nos mínimos detalhes.

O teórico pode ajudar a entender, mas a sabedoria — que é saber como e quando aplicar o conhecimento — você aprende com quem viveu. E também com revelação do Espírito. Mas o próprio Espírito de Deus te leva a buscar pessoas mais sábias. E você vai valorizar isso.

Se você hoje for fazer uma faculdade, você vai investir. Faça o mesmo com aquilo que transforma sua vida espiritual e emocional. Valorize. E lembre-se: tudo que recebemos tem um preço, ainda que não seja cobrado.

Sobre o valor do serviço ministerial e o princípio da honra

Profissões são reconhecidas pelos serviços prestados. Se você procurar um advogado hoje, você vai pagar pela hora, ou conforme o sistema de cobrança dele — seja na primeira consulta ou nos honorários. O mesmo vale para um dentista, um médico, um fisioterapeuta, um psicanalista, um psicólogo ou um psiquiatra. E por quê? Porque todos eles adquiriram sabedoria para aquilo que fazem — sabedoria humana.

E se a sabedoria humana tem preço, imagine a sabedoria que você recebe de Deus, por meio da sua fé e da sua busca.

Aí alguém diz:

"Ah, mas eu recebi de graça, então não posso vender."

Esse conceito, criado por algumas pessoas — de que, por ter recebido de graça, deve se dar de graça — não é coerente nem com a própria vida delas. Porque nenhuma delas, em suas profissões, trabalha de graça. Mesmo um trabalhador com carteira assinada (CLT) está vendendo a hora dele ao patrão para executar uma função. Ele está vendendo sua própria vida.

Às vezes é por um conhecimento específico, às vezes é só uma função dentro da empresa. Mas, no fim, é sua hora, seu dia sendo trocado por valor.

No entanto, quando essas pessoas vão ler a Bíblia, elas interpretam com uma mentalidade enraizada nas tradições religiosas brasileiras — uma mistura de justiça própria com raízes franciscanas e agostinianas. O catolicismo, por exemplo, tem a questão do voto de pobreza. Muitos sacerdotes e ordens, como os templários, faziam voto de pobreza. Lutero, no protestantismo, era um monge agostiniano. Essa mentalidade de pobreza está enraizada na religião.

E isso forma uma mentalidade que aprisiona. Tem gente que se sente culpada só por desejar uma vida melhor. Dizem:

"Ah, vou fazer um curso para melhorar meu serviço e ganhar um pouco mais."

E escutam:

"Besteira. Se contente com o que tem."

Mas desejar melhorar não é falta de contentamento. Se você não está contente, sim, precisa ajustar isso, porque em Cristo temos contentamento. Agora, querer melhorar sua renda, ter uma casa melhor, realizar sonhos, ou até suprir obras missionárias e sociais, faz parte do propósito. Cada pessoa será frutífera naquilo que Deus deu para ela. Deus deseja que a gente multiplique o que Ele nos dá — inclusive a sabedoria. Sabedoria que serve para edificar pessoas e também transformar recursos, alcançar mais, aprender mais.

Cada vez que você se torna mais sábio, Deus te dá acesso a mais pessoas. Isso te faz amadurecer emocionalmente, espiritualmente e até socialmente. Pode vir por experiência acadêmica ou convivência com líderes. Eu aprendi muito observando, ouvindo e sim, pagando o preço. Às vezes financeiro, às vezes não.

Mesmo que uma pessoa diga:

"Não, não vou te cobrar pra aprender comigo."

Quem entende o princípio da honra, entende o valor espiritual disso. Ele vai desejar honrar, inclusive financeiramente.

Uma coisa eu te digo: eu não tenho preocupação com o que pensam do meu caráter. Quem anda comigo, quem é pastoreado por mim, sabe. Mas nós percebemos claramente — minha esposa e eu — que as pessoas que honram o conhecimento que recebem, principalmente com honra financeira, têm um aproveitamento exponencialmente maior do que as que desconsideram isso. Os frutos são diferentes. Todas recebem, mas a resposta ao que se recebe é o que determina o fruto.

Às vezes dizem:

"Você não pode cobrar por isso!"

Mas eu nem consigo segurar o que tenho, dá vontade de compartilhar tudo. Só que nós, como missionários e pastores, também temos contas, vida, filhos, gastos. Somos cidadãos. Temos o mesmo direito de prosperar que qualquer trabalhador.

Eu não sou empresário, não sou CLT. Sou ministro da Palavra. Acordo com as mesmas obrigações de qualquer um — talvez até maiores, porque não tenho patrão. A iniciativa é minha. Hoje mesmo acordei às 5 da manhã, escrevi dois textos para o nono livro. O sétimo está na editora, o oitavo está pronto, e já estou no nono. Produzimos conteúdo, atendemos pessoas por videochamada a qualquer hora. Às vezes, uma palavra muda a realidade de alguém. Isso é trabalho!

Quem não vê isso, não vê. E o problema não está comigo. Este livro é para mandar para pessoas que perguntam nas aulas:

"Pastor, como você vê isso?"

Eu digo: "É assim que eu penso."

Se você entender isso, vai mudar muita coisa.

Tem gente que faz sobrancelha, massagem, unha… e não sabe cobrar.

"Quanto é?"

"Ah, é R$150, mas pra você faço por R$90…"

Isso mostra insegurança no valor do que se faz.

Temem que digam: "Tá caro."

Deixa dizer que tá caro!

Na mentoria que faço, é cobrado. Quem entende, paga. Quem não entende, faz o curso gratuito. Cada um escolhe o que quer. Se as pessoas vivessem o que acreditam sem perturbar o que o outro acredita, a convivência seria melhor. Tem o livro por R$70 com frete. Acha caro? Tem o PDF gratuito. Eu não coloco barreiras. Quem quiser, recebe. Só que o valor não é imposição, é princípio.

Tem gente que distorce versículo:

"Ah, negue-se a si mesmo."

Então você vai se anular? Não vai mais viver? Não vai ter roupa, carro, casa?

Eu ensinei pessoas a enriquecer no Mato Grosso e em Pernambuco, mas eu não podia enriquecer? Faz sentido isso?

As pessoas se preocupam se o pastor mudou de carro, mas não com quanto o traficante ganha. Isso é justiça própria. A igreja brasileira precisa sair da imaturidade. Eu mesmo já passei por isso. Antes de ir para o Mato Grosso, eu não sabia receber. Quando me ofertavam, eu ficava sem graça. Isso é orgulho, é falsa humildade.

Hoje, recebo com gratidão.

Se a pessoa compra um livro meu, quer aprender, quer investir — eu agradeço. Ela crê no que faço. Agora, se anda comigo há anos e nunca comprou nada, nunca ofertou nada… essa pessoa não valoriza. Vê todo mundo comprando, pagando, e ela ali do lado, sem fazer nada… isso é falta de reconhecimento. 

Enfim:

É lícito cobrar para pregar?

1. A pregação do Evangelho não deve ser comercializada.

Jesus disse: "De graça recebestes, de graça dai." (Mateus 10:8)

O conteúdo da mensagem (o Evangelho) é gratuito. O dom, o chamado, a mensagem em si não têm preço. A Palavra de Deus não é um produto de mercado.

2. Mas a Bíblia reconhece que o obreiro é digno do seu salário.

Paulo afirma: "O trabalhador é digno do seu salário." (1 Timóteo 5:18)

"Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho." (1 Coríntios 9:14)

Paulo defende que quem se dedica integralmente ao ministério tem o direito de ser sustentado por ele. Isso não é "venda" da Palavra, mas honra e reconhecimento pelo serviço prestado, inclusive com tempo, estudo, deslocamentos, renúncias, etc.

3. O problema não está em receber, mas em exigir de forma comercial ou mercantilista.

O risco está quando:

A pessoa só prega mediante pagamento fixo, como se fosse um show.

A motivação se torna lucro, e não amor ao próximo.

Se há exigências materiais incompatíveis com o espírito do Evangelho (ex: camarins luxuosos, hospedagens específicas, cachês elevados).

4. É diferente entre “honorário”, “oferta” e “cachê”.

Honorário: uma compensação justa por um serviço prestado (normal em cursos, palestras, eventos, especialmente quando há dedicação e preparo).

Oferta: doação espontânea, bíblica e comum nas igrejas.

Cachê: geralmente usado para shows, entretenimento – e, quando aplicado à pregação, pode revelar uma visão errada do ministério.

5. A motivação e o contexto são essenciais.

Um pastor que vive da obra precisa de sustento: salário, ofertas, e/ou outros tipos de remuneração.

Um pregador itinerante pode receber manutenção para continuar seu ministério.

Mas se o coração se torna ganancioso ou dependente do valor para obedecer o chamado, há desvio.

Não se vende a Palavra. Sim, é lícito ser sustentado pela pregação, quando feito com humildade, transparência e compromisso com o Reino.

Não é lícito fazer da pregação um negócio pessoal ou um show de auto promoção.

Cada um deve agir com consciência, temor a Deus e clareza diante dos irmãos.

Deus abençoe vocês 


Leonardo Lima Ribeiro 

Um comentário:

  1. Louvado seja Deus pastor Leonardo, isso é o genuíno ensino sobre dinheiro que a igreja tem que entender.

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