segunda-feira, 5 de maio de 2025

O julgamento é um sintoma

Mateus 7:1-6, parte final do Sermão da Montanha:

"Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos medirão a vós. Por que vês o argueiro no olho do teu irmão e não reparas na trave que está no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás claramente para tirar o argueiro do olho do teu irmão."

Na versão "A Mensagem", esse trecho ganha uma dimensão mais atual:

"Não bombardeiem os outros com críticas, a menos que queiram ser bombardeados. O espírito crítico é como um bumerangue. É fácil ver o defeito alheio e ignorar os nossos. Vocês dizem: 'Deixe-me limpar seu rosto', mas o rosto de você está distorcido pelo desprezo. Isso é teatro. Viva a verdade primeiro. Então você poderá ajudar outros com humildade."

Quando nascemos de novo, o Espírito Santo passa a habitar em nós. Ele é perfeito, pronto, completo. Mas nossa mente foi moldada por anos de realidade temporal, cultura, traumas, crenças, pecados. Por isso, precisamos de uma renovação da mente, como Paulo ensina em Romanos 12.

Às vezes achamos que, por sermos adultos, também somos maduros na fé. Mas não é assim. Há quem tenha muitos anos de igreja e ainda esteja imaturo espiritualmente. Maturidade espiritual vem da vivência da Palavra, da forma como reagimos aos desafios, convivemos com os outros, lidamos com o sofrimento.

É no processo entre meditar, viver e vencer que a maturidade vem. E isso traz autoridade espiritual. Então, mesmo que você seja apaixonado por Jesus, leia a Bíblia todos os dias, o que vai formar Cristo em você é a maneira como você vive aquilo que leu, e para vivê-la a palavra precisa ser revelada em você. 

A Palavra Revelada (Rhema) e o Poder Transformador de Deus

Não basta pregar com técnica, é preciso revelação

Hoje, eu não consigo mais ouvir pregadores que não carregam uma palavra revelada — a Palavra Rhema.

Sabe por quê? Porque qualquer pessoa pode interpretar a Bíblia usando técnicas de hermenêutica. Basta estudar. Basta aplicar o método histórico-gramatical, fazer perguntas ao texto como: “O que ele está dizendo?”, “Para quem está falando?”, “Qual o contexto?”. Com isso, você faz uma exposição bíblica muito bem estruturada… mas sem o Espírito Santo. Há quem diga que o Espírito Santo está interpretando, mas, a palavra Rhema tem poder, e por isso pode libertar as pessoas e gerar transformação. 

A diferença está na revelação. Só o Espírito Santo pode trazer vida à letra.

A Palavra que transforma não é a letra bem explicada — é a letra vivificada. Isso é Rhema.

Do Logos ao Dunamis: o processo da manifestação do poder

A Palavra Logos (escrita) precisa ser vivificada pelo Espírito para se tornar Rhema (revelada).

A Palavra Rhema, quando crida e liberada, se torna Dunamis — o poder de Deus manifesto.

É assim que vemos curas, milagres, palavras de sabedoria, milagres financeiro. Isso não é mérito do homem. É o poder sobrenatural de Deus através do homem.

E sabe o que é mais surpreendente? Muitas vezes, Deus usa pessoas que nós, com nossa mente religiosa, achamos que Ele não usaria. Pessoas imperfeitas, com falhas visíveis. Isso nos mostra que os dons são irrevogáveis. O poder de Deus é uma dádiva, não um merecimento.

Todos seremos julgados — A Bíblia diz que há vasos de honra e de desonra. Todos vamos prestar contas:

Os salvos comparecerão diante do Tribunal de Cristo para o julgamento das obras — será julgado o que foi feito em fé, com motivações puras.

Os não salvos comparecerão diante do trono branco — não escaparam da segunda morte.

Você só muda de verdade com uma Palavra Rhema

Durante anos, tentei mudar áreas da minha vida com esforço humano. Talvez você esteja passando por isso também. Mas entenda: a verdadeira transformação só acontece quando o Espírito Santo te dá uma Palavra Rhema.

É como se uma chave virasse dentro de você — e seu comportamento muda naturalmente, espontaneamente.

Há uma tendência errônea de julgar o exterior: o que parece discernimento nem sempre é

Antes de Cristo, julgávamos as pessoas pelas aparências. Infelizmente, muitos levam essa mentalidade para dentro do Evangelho e chamam isso de "discernimento".

Na verdade, muitas vezes é só leitura superficial de personalidade.

Exemplo: alguém muito vaidoso, muito extrovertido ou altivo — isso salta aos olhos. Mas cuidado: perceber traços evidentes não é discernimento espiritual. É só observação natural.

Entender o contexto: Jesus falava para quem?

Um erro comum na pregação é tirar falas de Jesus do contexto e aplicar de forma genérica.

Mas Jesus falava de maneiras diferentes para públicos diferentes:

Para os fariseus: Ele falava da Lei.

Para os discípulos: Ele falava do Reino de Deus, da Nova Aliança.

Para a multidão: Ele manifestava milagres, sinais e provisão.

Não entender isso gera confusão. Muitos pegam o que Jesus falou aos fariseus e aplicam para a igreja hoje — ignorando que Ele ainda estava cumprindo a Antiga Aliança.

Esses confrontos com os fariseus eram necessários. Jesus precisava ser testado em tudo, mas não poderia ser condenado em nada, pois Ele seria a oferta perfeita.

A Palavra mal aplicada gera morte

Quem não tem a palavra revelada tende a aplicar a Bíblia com lógica, razão e justiça própria. Mas a Bíblia sem o Espírito se torna instrumento de condenação. A letra mata, a revelação vivifica.

Claro que precisamos da lógica e da razão — para compreender a gramática, o contexto, a construção. Mas sem a revelação, você pode virar um "especialista" em Bíblia e ainda assim se tornar alguém que espalha culpa em vez de libertação.

Você não é mais um pecador — pare de viver com essa consciência!

Alguns continuam afirmando que somos pecadores, mesmo depois da cruz.

Mas veja o que a Palavra diz:

“Pela desobediência de um só homem, o pecado entrou no mundo;

Pela obediência de um só, muitos foram feitos justos.” (cf. Romanos 5)

Quando João viu Jesus, ele declarou:

“Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.” (João 1:29)

Mas muitos ainda vivem com a consciência de pecado. Por quê?

Porque falam da Bíblia com o filtro do coração ferido, não com a clareza da nova aliança.

A Palavra já disse: fomos justificados em Cristo.

Romanos 6 e a Nova Natureza em Cristo: Uma Palavra Pastoral

Às vezes a gente vai lendo os capítulos da Bíblia tão rápido que não consegue segurar o que o texto está realmente dizendo. Por exemplo, olha só o que está escrito em Romanos 6. Vou começar com versículo 1 e 2:

"Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?" (Rm 6:1-2)

Percebe? No capítulo anterior, no final de Romanos 5:21, Paulo está dizendo que "onde o pecado abundou, superabundou a graça". Aí alguém poderia pensar: "Ah, então quer dizer que quanto mais eu pecar, mais graça recebo?". E Paulo responde: “De modo nenhum!”

Aqui vem a chave: Paulo está falando com cristãos, com pessoas que nasceram de novo. Ele diz:

“Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?”

Guarda esse versículo com a sua vida! Porque ele fala da nova identidade do crente. A pessoa nasceu de novo, ela recebeu uma nova natureza.

Mas aí alguém pode perguntar:

“Mas pastor, e o fulano que continua pecando? Ele não morreu para o pecado, então?”

Vamos entender: quando você nasce de novo, você se torna alguém novo. É definitivo! Seu espírito é vivificado e, no batismo, o “velho homem” – sua natureza carnal – foi crucificado com Cristo. A sua realidade agora é no espírito. Só que a sua mente ainda pensa como o antigo homem. E é por isso que a transformação acontece por meio de uma jornada de conscientização da realidade da nova natureza.

Para alguns, esse processo é mais rápido. Para outros, mais lento. Mas é sempre uma caminhada de fé. A sua consciência vai sendo moldada. A sua alma vai despertando para aquilo que você recebeu no espírito.

Em um determinado dia, eu estava conversando com uma irmã. Ela comentou:

“Tem gente que se batiza, mas continua indo em festas...”

E eu respondi:

“Irmã, eu não posso julgar quem é crente ou não com base nesses critérios.”

Quando alguém nasce de novo, ele realmente recebeu uma nova natureza. Mas a consciência dessa nova natureza vai sendo desenvolvida ao longo do tempo. Talvez a pessoa continue em certos ambientes porque ainda não teve uma "metanoia" para renunciar aquilo que ainda agrada a sua carne.

Porém, pense comigo: você pode não ir mais em festas, mas faz outras coisas que também são erradas, certo? Cada um tem suas áreas de luta. Tem gente que julga quem bebe vinho, mas é orgulhoso. E aquele que julga o orgulhoso, é cheio de justiça própria.

Aí entra o que Paulo fala em Romanos 2. Vou ler na versão "A Mensagem", que tem uma linguagem bem clara:

“A humanidade caiu num abismo cada vez mais fundo. Mas se você pensa que está num nível mais elevado, de onde pode apontar o dedo pros outros... esqueça! Cada vez que você critica alguém, está se condenando. Você é tão errado quanto a pessoa que você critica. Criticar os outros é uma forma bem conhecida de ignorar os próprios erros. Mas Deus não é enganado. Ele vê através da cortina de fumaça e responsabiliza você pelo que faz.” (Romanos 2, A Mensagem)

E na versão tradicional diz:

“Portanto, és inescusável, ó homem, quando julgas; pois, no que julgas a outrem, a ti mesmo te condenas, porque tu que julgas fazes o mesmo.” (Rm 2:1)

Ou seja, quando um irmão chega na igreja, arrependido, dizendo que reconhece que sua vida sem Deus é um vazio, ele está dizendo:

“Eu preciso de Jesus. Eu quero essa graça.”

Aí eu explico o plano da salvação: falo de Adão, de Abraão, da promessa, da cruz, da ressurreição. A pessoa entende, crê, e decide se batizar.

Nesse momento, ela recebe uma nova natureza. Agora ela está viva no espírito e morta para a carne. Só que a alma, a mente, ainda não despertou completamente para essa nova realidade. Ela vai precisar ser discipulada e acompanhada. Vai começar a se alimentar da Palavra, vai conviver com outros crentes, vai meditar, e o Espírito Santo vai revelando a verdade dentro dela.

Mas aí alguém vê essa pessoa, recém-batizada, indo numa festa e já diz:

“Ah, não se converteu coisa nenhuma.”

Mas isso é julgar segundo o nosso critério. É justiça própria.

O que a Bíblia ensina é que a transformação é de dentro pra fora. O Espírito já colocou o “chip”, por assim dizer, dentro dela. Agora, ela vai traduzir a verdade de Cristo para a mente. É o que está escrito em Romanos 12:

“Não vos conformeis com este mundo, mas sede transformados pela renovação da vossa mente.”

Essa renovação é obra do Espírito Santo, e acontece em ritmos diferentes. Tem gente que se converte porque chegou no fundo do poço – não quer mais saber de nada. Aí muda rápido. Outros, não. Ainda estão apegados a algumas coisas. Ainda não entenderam a profundidade da nova vida em Cristo.

Mas todos estão em processo. E eu não posso usar a minha experiência pessoal como régua pra medir a jornada de ninguém.

Sobre Julgar e Ser Julgado – Uma Palavra de Confronto em Amor

Irmão, eu estou trazendo isso aqui hoje porque é muito sério. Quando alguém me procura e eu tenho uma palavra de conhecimento ou sabedoria que pode transformar a vida dessa pessoa, eu vou falar. Eu vou abrir a Bíblia e dizer: “Irmão, olha isso aqui. Alinha tua vida com isso, porque isso vai clarear o teu caminho.”

Mas eu falo isso com humildade, porque eu já errei muito. Já tropecei demais nessa área de julgar os outros, de criticar, de apontar o dedo. E é por isso que hoje eu procuro ter paciência com quem ainda faz isso. Se eu fiz, como não vou ter paciência com quem também tropeça?

Agora, se você está vivendo isso — esse espírito de julgamento, de crítica — deixa eu te dizer: isso é algo primordial que precisa sair da sua vida. Jesus falou em Mateus 7: “Assim como você julgar, será julgado; com a mesma medida que usar, será medido.”

"Se você olhar nos meus olhos. vai ver um reflexo?' É porque você se verá nos meus olhos" Quando a gente começa a caminhar na fé, a gente acha que está vendo o outro com clareza, mas, na verdade, o que a gente enxerga nos outros é o que está dentro da gente. O que você vê lá no fundo do olho do seu irmão, é você mesmo. É um reflexo.

Se você olha para alguém e diz: “Aquela pessoa é muito invejosa”, é porque há inveja dentro de você. Quando somos libertos disso, a gente continua enxergando — orgulho, vaidade, ciúmes — mas a diferença é que não julgamos mais. Porque a trave que estava no nosso olho foi removida.

Jesus falou do cisco no olho do irmão. Mas o cisco que você vê lá é só o reflexo da trave que está no seu. Quando você entende isso, sua vida muda. O evangelho transforma.

Lembra dos discípulos que queriam mandar fogo do céu sobre os samaritanos? E Jesus disse: “Que espírito é esse?” Eles ainda não tinham nascido de novo. Jesus veio para salvar, não para condenar.

Lucas 9:51-56 (NAA)

51 E aconteceu que, ao se completarem os dias em que devia ser assunto ao céu, manifestou o firme propósito de ir para Jerusalém.

52 E enviou mensageiros diante de si. Indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos para lhe prepararem pousada.

53 Mas os samaritanos não o receberam, porque o aspecto dele era de quem decisivamente ia para Jerusalém.

54 Vendo isso, os discípulos Tiago e João perguntaram:

— Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir, como Elias fez?

55 Mas Jesus, voltando-se, os repreendeu e disse:

— Vocês não sabem de que espírito são.

56 Pois o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E seguiram para outra aldeia.

Esse episódio mostra o contraste entre o espírito humano (vingativo, impaciente) e o espírito de Cristo (misericordioso e salvador).

Tiago e João, apelidados por Jesus de "filhos do trovão" (Marcos 3:17), demonstram aqui o zelo impetuoso que ainda precisava ser moldado.

Romanos 2 diz que quem julga, traz juízo sobre si. Tem muita gente tropeçando na vida porque está julgando seus irmãos, trazendo condenação sobre si mesma. E por quê? Porque carrega uma expectativa exagerada, um perfeccionismo que ninguém consegue alcançar. Mas esse nível de exigência não é sobre os outros — é sobre você. É o seu coração gritando por controle, por padrão.

Romanos 2:1

Almeida Revista e Atualizada (ARA): "Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas, porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas, pois praticas as próprias coisas que condenas."

Nova Almeida Atualizada (NAA): "Portanto, você é indesculpável quando julga, ó ser humano, quem quer que você seja, porque, no que julga o outro, você condena a si mesmo, pois pratica as mesmas coisas que condena."

Bíblia A Mensagem (paráfrase): "Se você acha que pode apontar o dedo para os outros e tirar o corpo fora, pense bem. Toda vez que você critica os outros, está se condenando. A crítica só mostra que você está envolvido nas mesmas coisas."

E sabe o que acontece? Você começa a fiscalizar a fé dos outros, o pecado dos outros, como se fosse juiz. Só que você não é juiz. Quem julga com base na própria régua de justiça só atrasa o próprio caminho em Deus.

Agora, quando o Espírito Santo te usa para liberar uma palavra profética, uma exortação, é diferente. Não é você, é Deus falando por você. Mas fora isso, cuidado com o que você mede, porque você será medido da mesma forma.

Hoje eu posso dizer que mudei muito. Sou perfeito em Cristo, porém minha consciência dessa realidade ainda está sendo aperfeiçoada, mesmo sabendo que já avancei bastante. Consigo ver erros evidentes nas pessoas — coisas explícitas como mentira, traição — mas não me coloco mais como juiz. Porque eu também estou sendo aperfeiçoado em meu entendimento. Quando vejo alguém errando, penso: “E eu? será que eu não erro mais?”

Uma das marcas do novo na fé é o orgulho espiritual. A pessoa está no primeiro amor, cheia de paixão, e começa a reprovar todo mundo que não está no mesmo ritmo. Mas ainda não viveu as dores, ainda não foi quebrada e refeita por Deus.

Você precisa entender: você é o vaso, não o Oleiro. Quanto mais quebrado e colado você é, mais misericordioso você se torna. Você percebe que não tem nada de especial — é só a graça de Deus que te sustenta.

Muita gente diz: “O pastor Leonardo é um homem de Deus.” Se Deus falou com você isso, amém. Mas deixa eu te dizer: eu sou igual a qualquer outra pessoa. Ele me salvou como salvou a todos. E Ele trata com cada um segundo suas limitações — do coração, da mente, da história.

Julgamento é fruto da trave. E quando ela sai, você enxerga melhor, mas com misericórdia. Porque muitas atitudes orgulhosas, defensivas, não vêm de maldade — vêm de feridas profundas. Pessoas que foram rejeitadas, abandonadas, machucadas. Elas se protegem com altivez, com autoafirmação. Mas por trás disso, há uma criança ferida.

Quando você olha com os olhos da misericórdia, você não vê só o comportamento. Você enxerga a raiz. E aí você não julga — você ora. Você ama. Você estende a mão.

É isso que Jesus quis dizer: “Com a medida que você medir, será medido.” Ele estava nos ensinando a ver como Ele vê. Então se aproprie da misericórdia para viver uma vida piedosa. 

Julgamento, a ceia do Senhor e a misericórdia no contexto cristão:

Jesus disse aos discípulos, naquele contexto com os samaritanos: "Que espírito é esse? Eu não vim para condenar." Se você está com o Espírito de Deus, você não condena. O Espírito de Deus salva. Quando você vê uma pessoa caída, ferida, o que você faz?

 João 3:17 (ARA): "Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse (ou condenasse) o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele."

Por exemplo, tem pessoas com quem eu não consigo lidar. O que eu faço? Eu também não gero problema para elas. A gente acabou se afastando, mas cada um segue seu caminho em paz. Não posso me tornar opositor dos divergentes, nem condenar ninguém. Existem pessoas com quem a gente não vai conseguir lidar, seja por causa do gênio ou da personalidade. Algumas pessoas são difíceis, desviadas da verdade, de má fé, mal-intencionadas. Existe todo tipo de gente. Mas eu não sou fiscal nem juiz de ninguém.

O que eu preciso é mirar na minha vida, naquilo que acredito ser a verdade, e seguir. No final, Jesus não vai perguntar para mim: “E aí, Leonardo, como foi lá com a Juliana, com a Mônica, com a irmã de Porto Alegre, com o pessoal de Fortaleza?” Ele vai perguntar de mim. Quando eu olho para as pessoas e julgo, na verdade estou falando sobre o meu coração, sobre a minha justiça. Isso mostra que não estou vivendo a justiça de Deus. A justiça de Deus, que é Cristo, já nos perdoou. E automaticamente, se eu vivo o perdão de Deus, eu não julgo o irmão. 

Vamos para outra situação muito complicada entre nós evangélicos:

Quando Paulo fala sobre a ceia, ele diz que quem come indignamente come para sua própria condenação. Aí alguém diz: "Ah, quem está em pecado não pode tomar a ceia." Mas vamos lembrar de tudo o que falamos até agora. Quando a pessoa diz: “Quem está em pecado não pode tomar ceia”, ela está julgando. E quem julga, será julgado. Se o critério para tomar a ceia for estar sem pecado, então ninguém poderia tomá-la, pois todos pecaram. Somos dignos não por nós mesmos, mas pelo sangue de Jesus.

Por isso está escrito: “Examine-se a si mesmo.” Ou seja, não é para não tomar a ceia, mas para não tomá-la de forma indigna — sem reconhecer o corpo e o sangue de Cristo. Quando você julga, você toma de forma indigna. Quando você condena seu irmão, você está se condenando. Jesus disse: “Fazei isto em memória de mim.” Ele se entregou por nós. Quando você reconhece isso, você toma a ceia com entendimento.

Tomar indignamente significa não discernir o corpo de Cristo. E discernir o corpo inclui discernir seu irmão. Quando você julga seu irmão, você está matando o corpo. Você se torna uma célula cancerígena, que destrói o próprio corpo. Por isso, você toma para sua própria condenação.

Quando o apóstolo Paulo escreve aos coríntios sobre tomar a ceia "indignamente", ele explica que isso acontece quando alguém não discerne o corpo de Cristo (1 Coríntios 11:29). Mas o que significa discernir o corpo? Vai muito além de reconhecer os símbolos do pão e do vinho. Discernir o corpo de Cristo é também reconhecer que esse corpo é formado por todos os irmãos na fé — a comunidade dos crentes.

Quando alguém despreza ou julga seu irmão, especialmente no contexto da comunhão, está ferindo o próprio corpo de Cristo. É como se uma célula do corpo se voltasse contra outra — uma imagem que lembra o câncer, onde células se rebelam e começam a destruir o organismo do qual fazem parte.

Assim, ao tomar a ceia com um coração cheio de julgamento, divisão ou desprezo, a pessoa está agindo contra a essência do corpo que deveria honrar. Ela se isola, se corrompe, e em vez de se unir à vida do corpo, passa a contribuir para sua dor. Por isso, Paulo afirma que essa pessoa come e bebe juízo para si mesma — não porque Deus está à espreita para puni-la, mas porque a atitude dela rompe a comunhão e traz consequências espirituais graves.

Discernir o corpo é amar o irmão, é reconhecer que não estamos sozinhos à mesa. E toda vez que julgamos e desprezamos o outro, estamos nos tornando agentes de divisão — e isso é tomar indignamente o que foi dado para a unidade.

Eu sou criticado algumas vezes por dizer isso, mas se fosse por merecimento humano, ninguém tomaria ceia. Agora, o que eu digo é: não tome ceia se você não discerne o corpo, se você julga, separa, condena. A Bíblia diz: "Aquilo que você julga, você está fazendo também."

Se você está em uma igreja, siga a regra da igreja. Aqui, eu estou falando para pessoas que têm liberdade. Mas se você tem um pastor, e nessa igreja eles não te dão a ceia porque você não é casado no papel, você precisa decidir entre a decisão do seu pastor e o que a Bíblia diz, e só você pode decidir isso, eu prefiro ficar com a Bíblia. Mas veja por si mesmo. Leia 1 Coríntios 11 em várias versões. Você vai perceber que tomar a ceia indignamente tem a ver com não reconhecer a obra perfeita de Cristo e não discernir o corpo, diferente do que muitos legalistas tem ensinado. 

O apóstolo Paulo faz uma afirmação forte e até desconcertante em sua carta aos coríntios: “Por causa disso há entre vós muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem” (1 Coríntios 11:30). Ele se refere àqueles que participam da Ceia do Senhor de forma indigna, sem discernir corretamente o corpo de Cristo.

Mas o que seria essa indignidade que adoece e até mata? Paulo não está falando apenas de um erro ritual ou de não entender o simbolismo do pão e do vinho. O contexto mostra que ele está tratando de algo mais profundo: a atitude do coração. Especificamente, uma atitude de divisão, egoísmo, julgamento e desprezo pelo outro.

O que adoece e mata muitos cristãos não é só o pecado “visível”, mas o pecado invisível, silencioso, interno — o julgamento. Quando julgamos nossos irmãos, quando nos colocamos como superiores, quando criticamos e condenamos, ferimos o corpo de Cristo. E, como membros desse corpo, acabamos colhendo em nós mesmos as consequências dessa ruptura.

Muitas enfermidades — físicas, emocionais, espirituais e até financeiras — têm raízes em um coração endurecido, crítico, amargo. Um coração que não perdoa, que guarda ofensas, que vive em competição ou superioridade, aos poucos se torna um terreno fértil para a doença. Isso não é uma regra mecânica, mas um princípio espiritual profundo: quando o amor se esfria, o corpo enfraquece.

Por isso Paulo não está apenas advertindo; ele está apontando o caminho da cura. Discernir o corpo de Cristo é amar, é perdoar, é servir. Quando o fazemos, restauramos a saúde — da alma, do corpo e da comunidade. A ceia, então, deixa de ser um risco e volta a ser o que sempre foi: um banquete de vida.

O apóstolo Paulo escreve com seriedade aos coríntios:

“Por causa disso há entre vós muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem.” (1 Coríntios 11:30)

Ele está se referindo àqueles que participam da Ceia do Senhor sem discernir o corpo de Cristo, ou seja, sem reconhecer com reverência não só o sacrifício de Jesus, mas também a unidade do corpo que é a Igreja. Quando alguém come do pão e bebe do cálice com um coração endurecido, julgador, amargurado ou dividido, está participando de algo sagrado de forma incoerente com sua realidade interior.

E isso tem consequências.

Jesus já havia advertido sobre os perigos do julgamento em Mateus 7:1-2:

"Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos medirão também."

Quando julgamos os outros, criamos um ciclo de condenação que, espiritualmente, se volta contra nós. Muitas vezes, as doenças do corpo, da mente e até as crises nas finanças são manifestações externas de um coração que vive em julgamento constante — sem graça, sem misericórdia, sem humildade.

Tiago, em sua carta, também relaciona julgamentos e contendas com resultados negativos:

"De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?... Cobiçais e nada tendes... matais, e invejais, e nada podeis alcançar... Pedis e não recebeis, porque pedis mal." (Tiago 4:1–3)

A origem de muitos males está dentro de nós, nas atitudes e posturas não tratadas. A comunhão só é verdadeira quando há reconciliação, humildade e amor. Tomar a ceia sem isso não só nega o evangelho — também nos fragiliza.

Mas há cura. Discernir o corpo é honrar a Cristo e aos irmãos. É abandonar o julgamento e abraçar o amor. A ceia, então, em vez de trazer peso, traz cura — como confirma o salmista:

“Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! ... ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre.” (Salmo 133:1,3)

Você planta julgamento, colhe morte. A Bíblia diz em Gálatas: “De Deus não se zomba, tudo o que o homem plantar, isso também colherá.” Se plantar da carne, colherá corrupção. Se plantar do Espírito, colherá vida. E julgar é plantar da carne. Aí a vida financeira não vai pra frente, porque a boca e o coração estão ocupados julgando os outros.

Ah, mas aquele pastor lá é ladrão, tá enganando os fiéis... Irmão, eu não sou fiscal. Posso até dizer: “Olha, o que ele falou está fora da Palavra, está errado.” Mas dizer que ele é isso ou aquilo? Não cabe a mim. Já fiz um vídeo falando de pastores que defraudam mulheres. Chamei de canalhas — mas foi sobre atitudes, não sobre essência.

Quando você entende a diferença entre o que a pessoa faz e o que ela é, você para de julgar.

Assim como eu falei: a pessoa nasceu de novo, foi pra festa. Você sabe o coração dela? Ela ainda não entendeu a plenitude do que você já entendeu. Ela ainda vai pra festa. Mas um dia — como aconteceu com uma pessoa que eu conheci — o Espírito Santo abriu o entendimento dela.

Essa pessoa já era convertida, já tinha se batizado, estava na igreja há uns dois ou três anos, mas gostava de festa. Inclusive, saía do culto e ia pra festa. Um dia, ela contou pra mim:

“Léo, eu estava na festa e comecei a olhar para o rosto das pessoas, comecei a ver que aquele não era mais o meu lugar.”

Foi ali que a consciência dela foi aberta. Mas quanto tempo ela foi julgada pelas pessoas? “Ah, ela sai do culto e vai pra festa…”

Cada um está em um processo. Tem pessoas que não vão à festa, mas fazem outras coisas. E tem pessoas que enxergam no outro exatamente aquilo que elas mesmas são — e isso é o pior.

Quando você é novo na fé, ainda está sendo liberto dessas coisas: do julgamento, da justiça própria, de enxergar com os olhos de Cristo — com misericórdia. Há uma grande chance de que aquilo que você está vendo no outro agora seja justamente o que está em você.

Às vezes, olho pra alguém e penso:

“Ah, aquele irmão é um perdido…”

Mas por quê? Porque ele está na igreja e depois vai pra festa? Estou usando o exemplo da festa, porque conversei com uma irmã sobre isso hoje. Mas pode ser qualquer coisa: ir ao bar, beber uma cerveja…

Tem gente convertida que ainda é apaixonada por futebol. Eu mesmo era. Quando me converti, achava legal, e ainda acho. Se tem um esporte que eu praticaria hoje seria o futebol. Mas eu não sou mais apaixonado por futebol, porque a minha mente foi sendo transformada.

Então, quem ainda é, não quer dizer que não é convertido. Apenas ainda está preso a essa paixão da carne. Paixões são da alma e da carne — emoções inflamadas. E ao longo da caminhada, vamos sendo libertos.

Mateus 7, Romanos 2, Romanos 6, 1 Coríntios 11, que fala da ceia. Leia esses textos.

Na tradução “A Mensagem”, 1 Coríntios 11 diz:

“Este cálice é meu sangue, minha nova aliança com vocês. Toda vez que beberem deste cálice, lembrem-se de mim.

Vocês estão revivendo as palavras e ações da morte de Cristo e repetirão esse ato até que Ele retorne.

Vocês não devem permitir que o costume anule a reverência.

Quem come do pão ou bebe do cálice do Senhor de modo desrespeitoso é como a multidão que zombou e cuspiu nele no momento da sua morte.

Vocês querem tomar parte nessa lembrança?

Então examinem suas motivações, testem o coração e venham para a ceia com santo temor.”

Eu lembro de um testemunho pessoal. Quando me converti, em 2009, depois de uns seis meses, me afastei do Evangelho. Fiquei cerca de seis meses fora, e depois Jesus me resgatou de forma definitiva, com laços de amor. Nunca mais consegui resistir a Ele.

Mas durante o período afastado, houve um dia em que eu já estava há dois dias bebendo e usando drogas. E eu pensava:

“Meu Deus, o que eu estou fazendo?”

Saí da casa de um rapaz e fui direto pra um culto — culto de ceia. Eu estava embriagado, drogado, quebrado.

Sentei na igreja, chorei, reconhecendo minha situação e tomei a ceia — porque eu buscava o socorro de Cristo.

Sabia que só Ele podia mudar a minha condição. E Ele me resgatou de novo, por misericórdia.

Se Deus fosse como nós, teria dito:

“Já te salvei uma vez. Agora você que lute.”

Mas não. Fui pedir socorro — e fui acolhido.

Falo tudo isso baseado na misericórdia e no amor de Deus. O nosso coração humano é enganoso, julgador, crítico. Somos, muitas vezes, orgulhosos espiritualmente. Achamos que somos mais santos que os outros.

Mas é o sangue de Cristo que santifica — e não há mérito nisso.

Se é Ele que santifica, como posso me achar melhor do que alguém?

Então, como Paulo diz: “Só julgue quando chegar o fim.”

Porque hoje, quem parece estar certo pode tropeçar, e quem tropeçou pode se levantar. E no fim, tudo pode se inverter.

Até que chegue esse fim, não podemos aplicar nossa régua pessoal sobre os outros.

No fim, diante de Jesus, Ele acertará as contas com cada um, segundo suas obras.

Vai ser você e Ele. Sem advogado, sem acusador. Só você diante do amor de Cristo.

Hoje, uma das coisas que mais quero evitar é julgar pessoas. Já tomei muito prejuízo com isso.

Nos meus livros, quando falo de doutrinas, critérios de igreja e verdade, você não vai ver eu mencionando nomes de pessoas ou igrejas para criticá-los.

Claro, às vezes certas atitudes nos fazem pensar:

“Será que essa pessoa é convertida mesmo?”

Mas hoje eu oro: “Senhor, me ajuda a enxergar com os Teus olhos.”

Faça um exame de vista espiritual hoje.

Você está enxergando com os olhos de Cristo — de misericórdia e salvação — ou com olhos críticos e julgadores?

Se precisar, peça o colírio do Espírito.

Se perceber que está duro demais, crítico demais, peça perdão ao Senhor. Diga:

“Jesus, me perdoa. Me dá o Teu coração. Me ajuda a enxergar como o Senhor enxerga.”

Inclusive, uma boa prática, se o Espírito Santo te levar a isso, é procurar alguém que você julgou e pedir perdão.

Mesmo que a pessoa nem saiba, é um exercício espiritual.

Manda um WhatsApp, uma ligação, e diga: “Quero te pedir perdão. Julguei você. Estava errado.”

Eu fiz isso uma vez com um casal de pastores, por volta de 2015. Eles foram morar no Mato Grosso, depois em Alagoas.

Fomos visitá-los. Eles nos acolheram com carinho. Mas eu, antes disso, tinha julgado suas intenções. Achei que estavam errados nas decisões. Mais tarde, eles foram à minha casa, alegres, gratos por nossa amizade.

Fiquei constrangido.

No culto em casa, pedi a ele que pregasse. E antes disso, peguei o microfone e disse:

“Quero pedir perdão. Julguei vocês. Julguei suas motivações e intenções. E agora estou vendo a gratidão de vocês. Isso me constrange.”

A verdade é que o cristão de hoje se quebranta pouco. Amizades se rompem, e ninguém se reconcilia.

As pessoas se agarram à razão, e o coração endurece. Mas o Evangelho é caminho de reconciliação, arrependimento, misericórdia. 

O julgamento é o sintoma de um coração adoecido, e o amor de Jesus é o remédio 

Espero que essa palavra entre em seu coração e possa gerar vida

Leonardo Lima Ribeiro 

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