Durante muito tempo, vivi com o coração dividido.
Amava meus pais, principalmente meu pai, mas não conseguia concordar com a forma como ele fazia as coisas.
A verdade?
Mesmo criticando, eu seguia usufruindo do que ele produzia. Eu rejeitava a pessoa, mas queria os frutos. Hoje, entendo que isso tem um nome: desonra. Honrar não é apenas obedecer.
Honrar é reconhecer, valorizar, se orgulhar e proteger a integridade de quem Deus colocou sobre nós — mesmo quando não entendemos tudo.
Eu dizia que honrava, mas por dentro... havia resistência, julgamento e distanciamento emocional.
E Deus me mostrou: isso é incoerência. Não foi só com meus pais. Foi com líderes, pastores, discipuladores, amigos. Gente que me ajudou quando eu mais precisei. Que orou por mim, me ouviu, me levantou.
E mesmo assim... quantas vezes agi com ingratidão silenciosa? Recebia, era abençoado, e depois me afastava como se não devesse nada. Não por maldade. Mas por imaturidade. O problema é que isso trava a vida.
Porque Deus não quebra princípios para abençoar seus filhos. Ele ama, sim. Ele é misericordioso, sim.
Mas Ele é justo. E Ele honra os que honram. As Consequências da Honra e da Desonra:
Quando escolhemos desonrar (mesmo que em silêncio): Vivemos sob a bênção de quem criticamos — e isso gera peso espiritual. A ingratidão cria um ambiente de escassez invisível. A provisão continua vindo, mas o coração não consegue desfrutar.
Nos tornamos incoerentes com o Reino.
Dizemos que amamos a Deus, mas rejeitamos Seus princípios. Isso nos desqualifica espiritualmente.
A promoção é bloqueada. Deus não promove quem desonra, porque isso viola a cultura do Reino, que é fundada em honra e gratidão.
Entramos em ciclos repetitivos. A desonra nos impede de encerrar estações e abrir novas. É como se estivéssemos sempre no “quase”.
Nos tornamos oportunistas emocionais. Recebemos ajuda, mas nos afastamos assim que a necessidade passa. Isso adoece nossas relações.
Quando escolhemos honrar (mesmo sem entender tudo):
A bênção flui com leveza. Quando honramos de coração, a provisão deixa de ser apenas sobrevivência e se torna desfrute.
Nos alinhamos com os princípios eternos.
A honra nos conecta com o céu. Deus se move em favor de quem valoriza o que Ele valoriza.
Vivemos portas abertas e promoções inesperadas.
O favor de Deus se manifesta na vida dos que reconhecem e promovem os que os sustentaram.
A gratidão gera cura e libertação. Pessoas que honram se tornam emocionalmente saudáveis e espiritualmente leves.
Ciclos são encerrados — e novos tempos são ativados. A honra ativa o avanço. Deus só entrega novas estações a quem fecha bem a anterior. Frase de fechamento: A honra é a chave que fecha ciclos com paz e abre portas com favor.
A desonra é o ruído que impede a bênção de permanecer. Escolha alinhar o coração — e Deus cuidará do restante.
Eu orava: “Deus, por que não prospero?”
E Ele respondeu: “Porque teu coração ainda está cheio de oportunismo e ingratidão.”
Doeu. Mas me libertou. Foi quando percebi algo fundamental:
Durante anos fui alimentado pelo fruto do trabalho de pessoas que eu critiquei.
Isso tem peso espiritual.
Viver daquilo que vem de alguém que você não honra cria um ambiente de escassez invisível.
A bênção se transforma em ciclo não encerrado. A verdade nos confronta para nos curar. E toda cura começa com consciência. Hoje, não carrego mais culpa. Mas carrego responsabilidade.
Fui perdoado, sim. Mas fui também corrigido — e isso me trouxe vida. Não há arrependimento verdadeiro sem entender o contexto dos nossos erros. E toda verdade revelada exige ação. Nesses dias, Deus me falou com clareza:
“Você será promovido quando começar a promover quem te sustentou nas tuas fases difíceis.”
Isso me levou a lembrar dos meus pais. Mas também de pastores, amigos, irmãos de fé. Gente que eu não posso mais esquecer.
Porque a promoção de Deus não vem apenas por mérito — ela vem por honra. Agora eu ative o modo “ON” da sua vida. Chega de piloto automático espiritual. Chega de desonrar com atitudes, mesmo com palavras bonitas.
Agora eu vivo com entendimento, arrependimento e ação. Honra não é sentimento. É atitude. Ingratidão trava a prosperidade. Deus promove quem honra os que o sustentaram. Lembre-se de quem te estendeu a mão.
Lembre-se de quem orou por você em silêncio.
Lembre-se dos que se sacrificaram para que você continuasse.
A consciência liberta.
A verdade te move.
A honra te promove.
Reflita. Reconheça. Honre. Avance.
Deus quer te levar além. Mas Ele só faz isso com corações alinhados.
A psicanálise nos ajuda a compreender que a falta de honra geralmente não é uma escolha consciente ou maldade intencional, mas sim um reflexo de dinâmicas emocionais profundas, muitas vezes inconscientes, que se formaram na infância ou em experiências marcantes.
A seguir, explico por que algumas pessoas não conseguem honrar (pais, líderes, mentores, etc.), sob a luz da psicanálise:
1. Conflitos não resolvidos com figuras parentais (pai/mãe)
A psicanálise entende que nossas primeiras relações — com pai e mãe — moldam a forma como nos relacionamos com autoridades, com o cuidado e até com Deus.
Se a figura do pai foi ausente, abusiva, rígida ou negligente, a criança cresce com ressentimento ou desconfiança em relação à autoridade.
Mesmo na fase adulta, inconscientemente projeta essas mágoas em qualquer pessoa que exerça cuidado, liderança ou influência.
A dor não resolvida bloqueia a capacidade de honrar.
2. Mecanismos de defesa: projeção e negação
A projeção é um mecanismo de defesa onde a pessoa coloca no outro sentimentos que não quer admitir em si mesma.
Ex: “Meu líder é controlador” — quando, na verdade, ela está resistindo a ser corrigida ou guiada.
A negação impede que a pessoa reconheça o valor do outro, para não sentir a própria vulnerabilidade ou dívida emocional.
Em vez de admitir: “fui ajudado por ele(a)”, a pessoa ignora, diminui ou se afasta — como forma de “proteger” seu ego.
3. Dificuldade em lidar com hierarquia ou autoridade.
Algumas pessoas foram criadas em ambientes onde autoridade era opressão — e não proteção. Isso cria um padrão inconsciente de resistência a toda forma de liderança ou influência.
Honrar, para elas, parece “submissão cega” ou “perda de autonomia” — quando, na verdade, é maturidade emocional.
4. Complexo de inferioridade (ou de superioridade)
Quem se sente inferior evita honrar para não reconhecer que precisa do outro.
Quem se sente superior não honra porque acredita que não precisa de ninguém.
Ambos os extremos escondem insegurança.
5. Dificuldade de reconhecer vínculos emocionais
Algumas pessoas têm um histórico de abandono, rejeição ou decepção tão profundo que:
Não sabem manter vínculos saudáveis.
Têm dificuldade em demonstrar gratidão. Confundem “independência” com frieza emocional. Elas se desconectam emocionalmente depois de serem ajudadas — como se admitir que precisaram de alguém fosse um sinal de fraqueza.
Conclusão (com olhar restaurador):
Pela psicanálise, a incapacidade de honrar não é apenas desobediência — é um grito inconsciente de defesa, dor ou distorção emocional.
A boa notícia é: isso pode ser tratado.
Quando a pessoa entra em um processo terapêutico verdadeiro, ela começa a reconhecer seus bloqueios afetivos e a se reconectar com a gratidão, a humildade e a honra — de forma autêntica, sem culpa.
Quando não pela Psicanálise, pode encontrar a cura pelo Evangelho:
A Cura Pelo Evangelho
1. O Evangelho revela quem Deus é — e quem somos nEle
Muitos dos que têm dificuldade em honrar pais ou autoridades viveram experiências de abandono, abuso ou ausência.
Isso distorceu sua imagem de autoridade — inclusive de Deus. Mas no Evangelho, Jesus nos revela: “Quem Me vê, vê o Pai.” (João 14:9)
O Pai que Jesus mostra não é ausente nem opressor. Ele é próximo, confiável, presente, amoroso e justo. Quando conhecemos o verdadeiro Pai, conseguimos ressignificar as figuras que nos feriram.
2. O Evangelho nos ensina a perdoar — não porque o outro mereça, mas porque nós fomos perdoados
A cura começa quando reconhecemos: “Fui perdoado de uma dívida impagável — como não perdoarei as menores?”
Perdoar não é esquecer o que fizeram. É deixar de ser prisioneiro emocional da ofensa. O perdão libera a alma para amar, para honrar, e para se tornar livre do controle da dor.
3. O Evangelho nos reposiciona como filhos maduros
“O herdeiro, enquanto é menino, em nada difere do escravo...” (Gálatas 4:1)
A imaturidade espiritual nos faz resistir à honra.
Mas o Evangelho nos convida a crescer, amadurecer e assumir o lugar de filhos conscientes.
Filhos amadurecidos: Honram quem Deus colocou em suas vidas.
Não vivem por reação, mas por propósito.
Reconhecem quem os sustentou — e não viram as costas.
4. O Evangelho nos leva da ingratidão à gratidão — e da gratidão à honra
“Em tudo dai graças...” (1 Tessalonicenses 5:18)
A gratidão não é apenas um sentimento — é um sinal de saúde espiritual.
E quando amadurece, a gratidão se transforma em honra: em palavras, atitudes, finanças e lembrança.
Jesus curou 10 leprosos. Só 1 voltou.
Esse voltou para honrar.
E Jesus disse: “A tua fé te salvou.” (Lucas 17:19)
Gratidão cura. Honra completa o ciclo da cura.
5. O Evangelho remove o orgulho e instala a humildade
“Revistam-se de humildade, pois Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” (1 Pedro 5:5)
Muitos não honram por orgulho disfarçado: “Não preciso de ninguém.”
“Me fizeram sofrer, agora me viro sozinho.”
Mas o Evangelho revela: ninguém é curado sozinho.
Humildade é reconhecer: “Eu fui ajudado, alimentado, discipulado... Eu devo honra.”
A psicanálise trata a mente, mas o Evangelho transforma o coração.
O Evangelho cura a orfandade emocional, reconcilia com o Pai e nos liberta para honrar.
O Evangelho cura a alma que resistia à autoridade e transforma críticos em filhos maduros, gratos e prontos para promover outros.
Leonardo Lima Ribeiro
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