quarta-feira, 7 de maio de 2025

Mateus 5 e 6 (Sermão do Monte - Justiça Divina)


Mateus 5: O Início do Sermão do Monte

Contexto Histórico e Literário

O Sermão do Monte (Mateus 5–7) é um dos discursos mais importantes de Jesus. Ele ocorre logo após Jesus chamar seus primeiros discípulos (Mt 4.18-22) e anunciar o Reino de Deus (Mt 4.17). O monte representa uma tipologia de Moisés no Sinai, sugerindo que Jesus é o novo legislador messiânico. Ele fala não com base na Lei mosaica apenas, mas com autoridade divina.

Mateus 5.1-2 – Introdução

"Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte; e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e ele passou a ensiná-los, dizendo:"

"Subiu ao monte": ecoa Moisés no Sinai (Êx 19.3). Os montes na Bíblia são lugares de revelação divina.

"Assentou-se": postura típica de um mestre judeu. Sugere autoridade docente.

"Discípulos": mais do que os Doze; o termo inclui todos os que desejam seguir seus ensinamentos.

Mateus 5.3-12 – As Bem-Aventuranças

Essas declarações (μακάριοι, makarioi, "bem-aventurados") expressam uma inversão radical dos valores humanos comuns. Jesus declara felizes os que, à vista do mundo, parecem os menos favorecidos.

v.3 – “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus.”

"Pobres em espírito": não apenas economicamente desfavorecidos, mas humildes, dependentes de Deus.

Presente ("é"): o Reino já começou (realidade inaugurada).

v.4 – “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.”

Refere-se a lamento por pecado e injustiça. Ligação com Isaías 61.2.

v.5 – “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.”

"Mansos" (πραεῖς, praeis): os humildes, não violentos. Citação do Salmo 37.11.

v.6 – “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.”

Fome por justiça (δικαιοσύνη, dikaiosynē): busca pela retidão, tanto pessoal quanto social.

v.7-12 – misericordiosos, puros de coração, pacificadores, perseguidos...

Jesus valoriza qualidades que não são celebradas pela sociedade romana ou judaica dominante.

Promessas escatológicas: serão consolados, verão a Deus, terão o Reino.

Mateus 5.13-16 – Sal e Luz

Metáforas para a identidade e missão dos discípulos no mundo.

Sal da terra: preservação e sabor. Discípulos impedem a corrupção espiritual.

Luz do mundo: refletem a luz divina (cf. Isaías 49.6).

Brilhe vossa luz: as boas obras devem glorificar o Pai.

Mateus 5.17-20 – Cumprimento da Lei

“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, mas para cumprir.”

Cumprir (πληρόω, plēroō): dar pleno sentido, completar a intenção original.

Jesus não abole a Lei, mas redefine sua aplicação à luz do Reino.

v.20: justiça superior à dos fariseus → justiça do coração, não apenas de ações externas.

Mateus 5.21-48 – Seis Antíteses

"Ouvistes que foi dito... Eu, porém, vos digo"

Jesus interpreta a Lei com autoridade messiânica. Ele não contradiz a Torá, mas revela sua intenção mais profunda.

1. Ira (v.21-26) – homicídio começa com o desprezo interior.

2. Adultério (v.27-30) – desejo impuro já viola a santidade.

3. Divórcio (v.31-32) – protege a mulher, restaura a dignidade do casamento.

4. Juramentos (v.33-37) – a verdade deve ser norma constante.

5. Vingança (v.38-42) – não resistir ao mal com violência.

6. Amor aos inimigos (v.43-48) – ponto culminante da ética do Reino.


Mateus 6: A Justiça no Reino de Deus

Mateus 6.1-18 – A Piedade Secreta

Jesus critica a prática religiosa hipócrita, centrada na aparência.

v.1 – Princípio geral: "guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens..."

"Justiça" aqui = atos religiosos: esmolas, oração, jejum.

v.2-4 – Esmolas

Não tocar trombeta (provável hipérbole): não buscar aplauso.

"Pai em secreto": ênfase na intimidade com Deus.

v.5-15 – Oração

Não repetir vãs repetições como pagãos (v.7): não é a quantidade de palavras que move Deus.

Pai Nosso (v.9-13): modelo de oração centrada em Deus e nas necessidades humanas básicas:

Santificação do nome de Deus

Vinda do Reino

Pão diário (dependência)

Perdão mútuo (condicionalidade destacada nos v.14-15)

Livramento do mal

v.16-18 – Jejum

Mais uma vez, foco na motivação: para Deus, não para os homens.

Mateus 6.19-34 – Tesouro, Olhos e Ansiedade

Jesus orienta os discípulos a confiar totalmente no cuidado de Deus.

v.19-21 – Tesouros no céu

A verdadeira segurança está em Deus, não em bens temporais.

v.22-23 – Olho como lâmpada

Olho bom (generoso) vs. olho mau (invejoso). Implica em visão espiritual saudável.

v.24 – Dois senhores

Deus e Mamom (riqueza personificada). Impossível servir a ambos.

v.25-34 – Não andeis ansiosos

Deus cuida dos lírios e dos pardais. Prioridade: Reino de Deus.

v.33: "Buscai primeiro o seu Reino e a sua justiça..."


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