sábado, 6 de setembro de 2025

Quanto menos sabemos, mais achamos que sabemos(L11)


Já ouviu falar do Efeito Dunning-Kruger?

O efeito Dunning-Kruger é um viés cognitivo estudado pelos psicólogos David Dunning e Justin Kruger, em 1999.

Ele descreve a tendência de pessoas com pouco conhecimento ou habilidade em uma área superestimarem sua própria competência, enquanto aquelas que realmente são competentes tendem a subestimar ou duvidar mais de si mesmas.

Em resumo: Pouca habilidade → muita confiança.

A pessoa ignora o quanto não sabe e acredita que entende mais do que realmente entende.

Muita habilidade → menos confiança.

Os especialistas percebem a complexidade do tema, reconhecem as limitações e por isso muitas vezes falam com mais cautela.

Exemplo prático: Alguém que acabou de aprender noções básicas de violão acha que já toca “muito bem”.

Um músico profissional, mesmo com anos de prática, tende a dizer que ainda “precisa melhorar muito”.

Impacto: Pode levar à autoconfiança ilusória, dificultando o aprendizado (porque a pessoa acha que já sabe).

Também pode gerar conflitos em relacionamentos e equipes, quando alguém insiste que está certo sem realmente estar preparado.

Aplicação bíblica: lembra Provérbios 12:15: “O caminho do insensato parece-lhe justo, mas o sábio ouve os conselhos.”

O Dunning-Kruger é, em termos modernos, uma confirmação científica de algo que a Bíblia já ensinava: a sabedoria está em reconhecer limites e buscar conselho.

O efeito Dunning-Kruger não acontece só em indivíduos — ele pode se amplificar em escala coletiva, atingindo até nações inteiras.

Como isso acontece em uma sociedade:

População pouco informada, mas confiante: Pessoas que não têm formação sólida em política, economia ou ciência podem, ainda assim, se sentir “absolutamente certas” sobre soluções fáceis.

Lideranças iludidas pelo excesso de confiança:

Governantes ou grupos de poder, sem preparo adequado, acreditam que sabem o suficiente para tomar decisões complexas.

Efeito cascata: Quando a maioria acredita que já entende tudo, há resistência a especialistas, ciência ou conselhos sábios, e a nação começa a tomar decisões baseadas em autoengano.

Consequência: distorção da noção de realidade

Na economia: decisões populistas que parecem boas no curto prazo, mas arruínam o futuro.

Na saúde: rejeição de dados científicos, favorecendo soluções mágicas ou ineficazes.

Na política: confiança em discursos simplistas que ignoram a complexidade dos problemas.

É como se uma nação dissesse coletivamente: “Sabemos o suficiente, não precisamos aprender mais.”

Isso cria uma ilusão de sabedoria que pode levar à estagnação ou até ao colapso social.

Paralelo bíblico: Em Jeremias 6:14, Deus denuncia líderes que “curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.”

→ Ou seja, soluções simplistas que não tratam a raiz do problema.

Em Provérbios 29:18: “Não havendo visão, o povo se corrompe.”

→ Quando não há sabedoria real, mas apenas autoconfiança ilusória, o povo perde o senso de realidade.

Ou seja, o efeito Dunning-Kruger em escala nacional pode gerar um povo confiante, mas enganado — e isso abre espaço para manipulação, crise e destruição.

Aqui, vamos observar uma situação fictícia para entendermos a realidade desse problema:

A nação do “Vale Claro”

Havia um povo que vivia no Vale Claro, um lugar fértil e cheio de riquezas naturais. Durante muito tempo, reis e sábios haviam ensinado o povo a cuidar da terra, planejar colheitas e proteger os rios. O Vale prosperava.

Um dia, porém, levantou-se um grupo que dizia:

— “Nós já sabemos tudo. Não precisamos mais dos conselhos dos sábios. As coisas são simples: se queremos pão, basta plantar qualquer coisa; se queremos riquezas, basta gastar sem limites.”

O povo, cansado de ouvir explicações complexas, acreditou. Afinal, era mais fácil crer em soluções rápidas do que em disciplina e planejamento. Assim, expulsaram os conselheiros e começaram a governar baseados em sua própria confiança.

No início, parecia funcionar. As festas eram grandiosas, a sensação era de progresso. Mas logo os campos começaram a secar, os rios poluíram, e o tesouro do palácio foi gasto em vaidades.

Quando o povo se deu conta, já estavam endividados, famintos e brigando entre si. A confiança que antes unia virou desespero.

Mas então…

Deus levantou um novo líder. Ele não era o mais forte, nem o mais eloquente, mas buscava sabedoria do Alto. Reuniu o povo e disse:

— “Voltaremos ao princípio: ouviremos conselhos, aprenderemos de novo, trabalharemos com diligência. A riqueza do Vale não está apenas na terra, mas na obediência a Deus e no cuidado mútuo.”

O povo, humilhado e quebrantado, aceitou. Pouco a pouco, a terra voltou a florescer. E todos perceberam que o orgulho de “achar que sabia tudo” havia cegado sua noção de realidade.

Aplicação Profética: Assim também acontece com uma nação:

Quando rejeita a sabedoria, cai no engano do efeito Dunning-Kruger.

Quando se humilha e busca direção de Deus, encontra líderes sábios que restauram a verdade e a justiça.

Palavra profética: “Deus está levantando líderes que não governarão pela aparência ou pela autoconfiança, mas pelo Espírito de sabedoria e temor do Senhor (Is 11:2-3). Onde houve engano coletivo, haverá despertar para a verdade.”

Ferida na psique e a ilusão da falsa competência (Efeito Dunning-Kruger)

Uma ferida emocional ou psíquica não tratada pode se tornar terreno fértil para que a pessoa viva no engano da sua própria percepção. Eis como:

1. Ferida de rejeição ou humilhação

Quem foi rejeitado pode ter dificuldade em lidar com críticas.

Para se proteger, cria uma máscara de autossuficiência: “eu já sei, não preciso aprender”.

Esse orgulho é uma defesa inconsciente contra a dor de “não ser suficiente”.

Efeito: a pessoa superestima seu saber, mas na verdade é para não tocar na ferida da rejeição.

2. Ferida de orfandade ou abandono

Quem cresceu sem apoio emocional pode desenvolver um desejo intenso de provar valor.

O medo de ser considerado “incapaz” leva a negar limites ou fraquezas.

Ao invés de buscar ajuda, cria narrativas de superioridade.

Efeito: fica cego para a realidade, porque admitir que “não sabe” aciona a dor de abandono.

3. Ferida de comparação ou crítica excessiva

Pessoas que sempre foram comparadas ou diminuídas aprendem a sobreviver criando uma realidade paralela onde são melhores do que realmente são.

Isso gera autoengano: “sou mais preparado que os outros”, quando na prática falta habilidade e preparo.

Efeito: cai no engano do Dunning-Kruger — acha que domina algo que ainda não desenvolveu.

Perspectiva bíblica: A Bíblia mostra esse mecanismo várias vezes:

Saul: inseguro e ferido, preferiu parecer forte diante do povo em vez de obedecer (1Sm 15:24). Sua ferida interna o levou a tomar decisões desastrosas.

Pedro: antes da cura, dizia “nunca te negarei” (Mt 26:33), superestimando sua força. Sua ferida de medo e insegurança o cegava para sua real limitação.

Adão e Eva: a insegurança (“serão como Deus”) os fez crer que sabiam mais do que realmente sabiam.

Expressão profética: Feridas não curadas alimentam enganos coletivos. Pessoas (ou até nações) podem viver fora da realidade porque estão reagindo a dores internas, e não discernindo a verdade.

Palavra profética: “Onde a ferida se tornou uma lente de engano, o Espírito do Senhor está trazendo cura. Ele quebra o orgulho que nasce da dor e abre os olhos para a verdadeira sabedoria que vem do Alto. Deus está restaurando a humildade como chave de libertação para indivíduos e povos.”

Posicionamento pessoal para viver diferente e ser boa influência social

1. Autoconhecimento e humildade

Reconhecer as próprias limitações sem medo ou vergonha.

Buscar continuamente aprender e se aprimorar.

Humildade não é fraqueza, é a base da maturidade (Pv 11:2).

Quem reconhece que não sabe tudo, se torna aberto para crescer e corrigir rumos.

2. Cura das feridas internas

Trabalhar a psique: lidar com rejeição, medo, perfeccionismo ou orfandade que levam ao autoengano.

Buscar processos terapêuticos e espirituais de restauração.

Identidade em Cristo firmada: “Vocês são a luz do mundo” (Mt 5:14).

Somente quem se governa internamente pode inspirar mudanças externas.

3. Consistência prática

Ser fiel no pouco (Lc 16:10): cumprir prazos, honrar compromissos, dar exemplo de responsabilidade.

Demonstrar que realidade transformada começa em escolhas diárias.

Pequenos gestos éticos viram sementes de confiança e respeito social.

A sociedade acredita mais no que vê do que no que ouve.

4. Discernimento espiritual

Pedir sabedoria a Deus (Tg 1:5) para não cair no engano coletivo.

Ser capaz de identificar quando uma “verdade social” é, na verdade, fruto de feridas e enganos.

Profeticamente, trazer à luz alternativas que geram vida, não confusão.

Quem discerne espiritualmente se torna referência em tempos de caos.

5. Influência pelo serviço

Em vez de impor ideias, servir com amor e verdade.

A autoridade espiritual e social cresce quando alguém mostra coerência entre discurso e prática.

Jesus disse: “o maior entre vocês será servo” (Mt 23:11).

O serviço abre espaço para a influência saudável.

Expressão profética: “O Senhor está levantando homens e mulheres que, ao invés de se conformarem com a ilusão coletiva, se tornam colunas de verdade e cura. Eles não apenas denunciam o engano, mas revelam, com suas vidas, que existe outro caminho: o da humildade, da diligência e da dependência do Espírito. Através deles, a luz penetra a escuridão das feridas sociais, e a cultura de engano começa a perder força.”

1. O que acontece dentro da Igreja

Superestimação sem fundamento: pessoas com pouco conhecimento bíblico ou maturidade espiritual acreditam que sabem mais do que realmente sabem.

Falta de escuta: não se permitem ser ensinadas ou corrigidas (Pv 12:15 – “O caminho do insensato parece-lhe justo, mas o sábio ouve os conselhos”).

Polarização: cada um “acha que está certo” e não aceita ponderação, gerando divisões (1Co 1:12-13).

Resultado: a comunhão se quebra, porque humildade e submissão mútua dão lugar à arrogância e competição.

2. Efeitos na unidade cristã

Enfraquecimento do testemunho: em vez de serem “um só corpo” (Ef 4:4-6), os cristãos passam a ser conhecidos por brigas internas.

Fragmentação denominacional e doutrinária: não pela diversidade saudável, mas por vaidade e incapacidade de reconhecer limites.

Perda do amor: quem acha que “sabe tudo” tende a se tornar crítico, julgando os outros sem compaixão (1Co 8:1 – “o conhecimento ensoberbece, mas o amor edifica”).

A Igreja deixa de ser referência de unidade e se torna motivo de escândalo ou descrédito.

3. Impacto na sociedade

Perda de voz profética: a sociedade percebe contradição — como confiar em um grupo que não consegue viver o que prega?

Testemunho enfraquecido: em vez de influenciar para o bem, a igreja passa a reforçar estereótipos de hipocrisia.

Divisão como reflexo social: o que acontece dentro do corpo de Cristo se replica na sociedade (Jo 17:21 – “para que todos sejam um… para que o mundo creia”).

Se a Igreja não demonstra unidade, perde sua capacidade de apontar para o Reino que é justiça, paz e alegria (Rm 14:17).

Expressão profética: O Espírito Santo está chamando a Igreja a voltar à humildade e à consciência de corpo. O efeito Dunning-Kruger dentro do povo de Deus é como um fermento de orgulho que incha, mas não nutre.

O Senhor está levantando líderes e irmãos que não terão medo de dizer: “eu não sei tudo, mas quero aprender”, e essa humildade será a chave para restaurar a unidade.

Quando a Igreja deixar de competir para ver quem sabe mais e passar a se unir em amor para viver o que já sabe, a sua influência será restaurada na sociedade como sal e luz (Mt 5:13-16).

Um líder que deseja ajudar sua comunidade a vencer o efeito Dunning-Kruger precisa agir em três dimensões: espiritual, pedagógica e relacional. Vou detalhar cada uma delas:

1. Posicionamento espiritual

Humildade como modelo: o líder precisa demonstrar, na prática, que não tem todas as respostas, mas depende do Espírito Santo.

Isso quebra a ideia de “autoridade absoluta” e mostra que crescer em Cristo é um processo.

Discernimento profético: orar e pedir ao Senhor discernimento para identificar quando a autossuficiência está cegando alguém.

Apontar para Cristo: sempre centralizar a glória em Jesus, não no “conhecimento” humano.

“É necessário que Ele cresça e que eu diminua.” (Jo 3:30)

2. Posicionamento pedagógico

Ensinar o valor da escuta: criar espaços de diálogo onde as pessoas não apenas falem, mas aprendam a ouvir.

Promover discipulado prático: em vez de apenas teoria, trazer vivências onde a fé é aplicada — isso revela a diferença entre conhecimento superficial e sabedoria real.

Valorizar a formação contínua: encorajar leitura bíblica profunda, estudo em grupo, oração coletiva. Mostrar que maturidade não é alcançada de uma vez, mas ao longo da caminhada.

“O coração do sábio adquire o conhecimento, e o ouvido dos sábios busca a ciência.” (Pv 18:15)

3. Posicionamento relacional

Confrontar com amor: quando alguém se mostra arrogante ou “sabichão”, o líder precisa corrigir sem humilhar.

Acolher fragilidades: muitos agem como “donos da verdade” porque escondem inseguranças. O líder pode trazer cura ao coração, mostrando que não precisam provar nada para serem aceitos.

Cultivar unidade: lembrar sempre que a Igreja não é campo de competição, mas corpo, onde cada parte tem valor e função.

“Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo.” (Ef 4:15)

Expressão profética: Um líder que se posiciona assim se torna espelho e guia. Ele mostra que:

a humildade é mais poderosa que a vaidade;

a escuta é mais transformadora que a fala vazia;

e o amor edifica mais que o “conhecimento que ensoberbece”.

Dessa forma, o líder não apenas combate o efeito Dunning-Kruger dentro da Igreja, mas abre caminho para que a comunidade viva em unidade, maturidade e relevância social.

Deus abençoe sua vida

\|Leonardo Lima Ribeiro 

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