sábado, 20 de maio de 2023

A autenticidade da autoridade espiritual

 

(Tirana, Albânia)

Vamos aprender como funciona a jornada de autoridade no reino espiritual? Precisamos encerrar as questões divergentes focando sempre na contextualização do que Jesus ensinou, e os apóstolos viveram e depois propagaram pelo ensino. E precisamos de humildade para enxergar a realidade sem paradigmas pré-concebidos. Vamos analisar a autoridade de Jesus, e depois a autoridade dos apóstolos. Assim, podemos tirar algumas conclusões. Observando o novo testamento, podemos deixar de lado relutâncias quando a validade de conceitos contidos na velha aliança; 

"Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo.

Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens.
Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.
Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava.

E na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais. Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, Revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue, Nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco.

Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro, e fiquei com ele quinze dias.
E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor. (Gálatas 1:9-19)

A confusão toda no momento de entender autoridade no contexto humano se deve ao fato dessa declaração de Paulo:

"Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens.
Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo..."

Agora vamos observar o contexto e depois vamos fazer uma progressão cronológica da vida dele para entender o processo de maturidade alcançado por ele ao final de sua vida e poderemos entender os momentos e a mentalidade de cada declaração do Apóstolo aos gentios. 

Uma grande quantidade de fontes históricas relatam a conversão de Paulo para entre 33-36 d.C, e a escrita da carta aos Gálatas (é o nono livro do Novo Testamento da Bíblia, e provavelmente a primeira carta que o apóstolo Paulo redigiu aos cristãos. Era endereçada inicialmente às igrejas da Galácia, uma região que na época era habitada por um grupo étnico de origem celta, localizada na região central da atual Turquia.) é datada de 49 d.C.,  

Vamos olhar outro versículo mais a frente, e depois juntar nossas perguntas para que possamos meditar sobre a verdade que elas querem expressa:

E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão;
Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência.
E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível.
Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois que chegaram, se foi retirando, e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão.
E os outros judeus também dissimulavam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação. (Gálatas 2:9-13)

Temos duas situações aqui que dividem muitos:

E conhecendo Tiago, Cefas e João, que ERAM CONSIDERADOS  COMO AS COLUNAS, a graça que me havia sido dada, DERAM- NOS AS DESTRAS, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão;
RECOMENDANDO-NOS somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência.

Considerados como as colunas: Pedro, Tiago e João representavam a estrutura e autoridade da igreja naquele momento. Mesmo que com uma postura auto suficiente, e de certa forma muito independente Paulo e Barnabé foram até eles, e mesmo que não tenham ficado juntos, e concordado a um primeiro momento com determinadas posturas, podemos ver no texto 3 pontos a serem analisados:

1 - Existia uma autoridade na igreja exercida por Pedro, Tiago e João. (Eram considerados como COLUNAS...)

2 - Essas autoridade reconheceram a graça ministerial apostólica específica aos gentios dada por Deus a Paulo. (E CONHECENDO Tiago, Cefas e João...para que nós fôssemos aos GENTIOS, e eles à circuncisão;)

3 - Essas autoridades demonstraram o reconhecimento e os enviaram com uma recomendação complementar: (deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé...RECOMENDANDO-NOS somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência.

Agora vamos ao argumento divergente da questão:

E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível.
Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois que chegaram, se foi retirando, e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão.
E os outros judeus também dissimulavam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação. (Gálatas 2:9-13)

"...lhe resisti na cara, porque era repreensível."

Vamos observar o contexto:

Paulo repreende Pedro por causa de um comportamento que demonstrava certa hipocrisia da parte dele, e hoje, pessoas usam apenas esse versículo para dizer que não existia autoridade, e que todos ali estavam em igualdade de posição espiritual. 

Antes de falar sobre questões espirituais, vou primeiro colocar alguns pontos naturais e socias para serem avaliados, desconsiderando fatores culturais, pois há diversas diferenças de povos e épocas e não conseguiríamos ser exatos na avaliação, porém, podemos ponderar algumas aspectos de princípios e valores comuns à maioria dos povos. 

1 - Educação e respeito: espera-se que pessoas maduras ajam com o mínimo de educação e respeito com qualquer indivíduo; independente da posição social ou econômica, principalmente hierárquica se for o caso de instituições, espera-se também a consideração aos maios velhos por idade e experiência.

2 - Ética e moral: apesar da ética e moral serem relativos a cultura de cada povo, ali nesse contexto todos eram judeus, e pela cultura dos judeus, Paulo, mesmo estando certo, avançou o sinal, demonstrando um descumprimento de princípios básicos em sua atitude. Pedro era o mais velho em idade e experiência, além de ser, junto com João e Tiago, os representantes da igreja de Cristo. Sendo assim, sem levar em consideração questões de autoridade espiritual, podemos ver um momento da vida de Paulo diferente de quando ele já era mais velho e experimentado na graça do Senhor Jesus, quando suas escritas se tornam mais cheias de amor, ternura e compaixão. 

3 - A repreensão pública não é sinal de sabedoria, e Paulo acabará de chegar no meio, sendo indicado por Barnabé, e reconhecido por Pedro, João e Tiago. 

Agora vamos ver se isso é assim mesmo: 
Muitos anos, dores e sofrimentos depois desse evento entre Paulo e Pedro, Paulo escreve: 

Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze.
Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. (1 Coríntios 15:3-6)

E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo.
Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. (1 Coríntios 15:8-10)

"...E por DERRADEIRO (último) de todos me apareceu também a mim, como a um ABORTIVO..."

Outra tradução:

"Por último, apareceu também a mim, como se eu tivesse nascido fora de tempo.
Pois SOU O MAIS INSIGNIFICANTE dos apóstolos. Aliás, NEM SOU DIGNO de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus. (1 Coríntios 15:8,9)

Consegue ver a mudança de consciência de Paulo? Isso é a operação da graça na vida de uma pessoa, ela é tratada, quebrantada, amadurecida. Olha o que Jesus fala sobre o que aprendemos do beber da graça:

"Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou MANSO e HUMILDE de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas." (JESUS) (Mateus 11:29)

A carta aos Coríntios é datada por algumas fontes de 55 ou 56 d.C, e podemos ver que as palavras mostram Paulo um pouco diferente daquele do texto de Gálatas onde aparentemente ele narra fatos com uma discreta altivez mediante a autoridade dos outros apóstolos. 

Vamos avançar mais um pouco? 

"Mas, por isso mesmo alcancei misericórdia, para que em mim, O PIOR DOS PECADORES, Cristo Jesus demonstrasse toda a grandeza da sua paciência, usando-me como um exemplo para aqueles que nele haveriam de crer para a vida eterna. (1 Timóteo 1:16)

Essa carta que Paulo escreveu a Timóteo é datada por algumas fontes entre 54 e 55 d.C, aproximadamente 10 anos depois dele dizer que se via como o menor dos apóstolos, e aproximadamente 16 anos após a repreensão a Pedro. Há uma operação de graça na vida daquele que crê em Jesus com toda sua prioridade racional, porque o fruto é a humildade e mansidão. 

Baseado em tudo isso, já temos suficientes argumentos para entender algumas coisas, existem fatores que impedem o reconhecimento de autoridade, são galhos que podem atuar juntos, separados ou serem expressos na força exclusiva de um só, e a raiz de todos, o orgulho. O orgulho pode ser expresso por uma consciência exacerbada de si mesmo ou simplesmente como um escudo, uma defesa para as feridas do nosso eu. Paulo foi "massacrado" pela graça de Deus, e levado a uma consciência de humildade após longos anos de sofrimento, dor e isolamento devido as intempéries de seu propósito. 

O tratamento de uma ferida inflamada é feito pela exposição e limpeza de suas impurezas, a ferida precisa ser aberta para que saia o pus, depois é feita a limpeza com substâncias adequadas, outras substâncias antibióticas e cicatrizantes, finalizando com o curativo e a espera do tempo de recuperação de todos os tecidos afetados até que reste somente uma cicatriz. 

O orgulho protege a ferida e preserva a inflamação, e Paulo entendeu isso, assim como podemos ver na sua exposição aos Coríntios: "SE DEVO ME ORGULHAR, QUE SEJA NAS COISAS QUE MOSTRAM MINHA FRAQUEZA..."

São eles servos de Cristo? (Paulo está falando dos falsos apóstolos que se vangloriavam)— estou fora de mim para falar desta forma — eu ainda mais: trabalhei muito mais, fui encarcerado mais vezes, fui açoitado mais severamente e exposto à morte repetidas vezes.
Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove açoites.

Três vezes fui golpeado com varas, uma vez apedrejado, três vezes sofri naufrágio, passei uma noite e um dia exposto à fúria do mar. Estive continuamente viajando de uma parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios; perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos falsos irmãos.
Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei frio e nudez.

Além disso, enfrento diariamente uma pressão interior, a saber, a minha preocupação com todas as igrejas. Quem está fraco, que eu não me sinta fraco? Quem não se escandaliza, que eu não me queime por dentro? SE DEVO ME ORGULHAR, QUE SEJA NAS COISAS QUE MOSTRAM MINHA FRAQUEZAO Deus e Pai do Senhor Jesus, que é bendito para sempre, sabe que não estou mentindo. (2 Coríntios 11:23-31)

Escrevendo aos filipenses: 

"Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade.
Tudo posso naquele que me fortalece." (Filipenses 4:12,13)

As experiências dolorosas de Paulo não o tornaram um homem amargo, desconfiado e áspero, mas, o contrário, fizeram com que ele se tornasse amável, terno, compassivo e esperançoso com todos. Tudo isso, porque ele expunham suas fraquezas como troféu, tornando-as acessíveis a graça de Deus. 

A autoridade do Reino é adquirida nesse modelo de formação, e aqueles que já passaram por ela e venceram, irão reconhecer e se sujeitar a outros sem o mínimo de esforço, porque sua cerviz já se tronou flexível e maleável. Porém, aqueles com aparência de piedade e espiritualidade, que não tiverem ainda experimentado essa jornada de fogo, e se rendido a ela, afim de não se tornar amargo e defensivos, irão com certeza se dobrar a autoridades constituídas sem que isso nem seja requerido. 

Alguém que pede que seja respeitado, não é uma autoridade do Reino, porém, aquele que não tem tendência a reconhecer e prestar honra a quem Deus constitui pela jornada, também não tem autoridade. Dons não fornecem autoridade, cargos não fornecem autoridade, mas sujeição concede, porque sujeição é humildade. 

"O temor do Senhor ensina a sabedoria, e a HUMILDADE antecede a HONRA." (Provérbios 15:33)

Somos livres, para ser forjados e também para escolher permanecer endurecidos. Deus nos dá essa liberdade, a graça é operante mediante a fé, e a fé é certeza, uma escolha de atitude que gera esse aperfeiçoamento do nosso caráter. 

Sobre esse assunto, temos também palavras de Jesus:

"O maior entre vocês deverá ser servo. Pois todo aquele que a si mesmo se exaltar será humilhado, e todo aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado". (Mateus 23:11,12)

Quer um conselho? 

"Levantando-se contra ti o espírito do governador, não deixes o teu lugar, porque a submissão é um remédio que aplaca grandes ofensas" (Eclesiastes 10:4)

A Humildade não fala de si mesmo, a humildade não exalta a si mesmo.

Por mim mesmo, nada posso fazer; eu julgo apenas conforme ouço, e o meu julgamento é justo, pois não procuro agradar a mim mesmo, mas àquele que me enviou.
Se testifico acerca de mim mesmo, o meu testemunho não é válido.
Há outro que testemunha em meu favor, e sei que o seu testemunho a meu respeito é válido.
Vocês enviaram representantes a João, e ele testemunhou da verdade. (João 5:30-33)

A VARA da CORREÇÃO DÁ SABEDORIA, mas a criança ENTREGUE A SI MESMA envergonha a sua mãe. (Provérbios 29:15)

Quem tem autoridade para te corrigir? Quem tem autoridade para te recomendar? Você está no estágio de Paulo quando foi aos apóstolos em Jerusalém e andava em uma autoridade para repreender Pedro de igual para igual? ou você já entendeu que é o menor de todos os chamados e o maior de todos os pecadores? 

'...Porque a boca fala do que está cheio o coração..." (Mateus 12:34b)

"Façam aos outros o mesmo que vocês querem que eles façam a vocês. (Lucas 6:31)

A nossa jornada para o crescimento da autoridade espiritual começa com aqueles 3 ações práticas da nossa consciência racional

1 - Educação e respeito (com todos, principalmente com os mais velhos)
2 - Ética e moral (adequados ao que se espera de alguém que se considera líder)
3 - Consciência de experiência (quem está na frente)

Assim, chegaremos ao fim da jornada e poderemos dizer com confiança e certeza:

"Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé." (2 Timóteo 4:7)

Deus abençoe vocês

Leonardo Lima Ribeiro 

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