quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Priorizando a Intimidade Divina em Meio ao Caos

(Alsheim, Alemanha)

No caminho da jornada espiritual, encontramos diversos símbolos que ecoam tanto na esfera terrena quanto na celestial. Entre eles, a figura do pai se destaca como um arquétipo fundamental, capaz de iluminar aspectos profundos da nossa fé e paternidade divina.

Quando refletimos sobre o propósito de Cristo em sua passagem pela Terra, percebemos que sua missão transcendeu a mera fundação de instituições religiosas. Ele não veio para estabelecer uma nova denominação ou impor dogmas, mas sim para revelar o coração do Pai Celestial, para que pudéssemos experimentar a plenitude da filiação divina em nossas vidas.

Números 6:24-26: "O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz."

1 Crônicas 4:10: "E Jebez invocou o Deus de Israel, dizendo: 'Ah, se me abençoasses e ampliasses as minhas fronteiras! Que a tua mão esteja comigo, guardando-me de males e livrando-me de dores'. E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido."

Provérbios 20:7: "O justo anda na sua integridade; felizes são os seus filhos depois dele."

Salmo 37:25: "Fui jovem e já agora sou velho, mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão."

A paternidade, tanto na forma terrena como na espiritual, carrega consigo a responsabilidade de abençoar, proteger e guiar aqueles que estão sob sua tutela. No entanto, essa função não está isenta de desafios e tentações. Como vemos na história bíblica, mesmo figuras proeminentes como Noé enfrentaram momentos de fragilidade e falha.

"Então disse: 'Maldito seja Canaã! Servo dos servos será para seus irmãos'. E continuou: 'Bendito seja o Senhor, o Deus de Sem! Canaã lhe será servo. Amplie Deus o território de Jafé; habite ele nas tendas de Sem! E Canaã será seu servo'." (Gênesis 9:25-27)

Noé, inicialmente reconhecido por sua fé inabalável, viu-se abalado por circunstâncias adversas e cedeu à tentação da embriaguez, expondo assim sua vulnerabilidade diante de seus próprios descendentes. Da mesma forma, sua decisão de amaldiçoar um de seus filhos revelou as consequências de um desvio do caminho da verdadeira paternidade.

Gênesis 48:15-16: "E abençoou a José, e disse: 'O Deus, em cuja presença andaram meus pais Abraão e Isaque, o Deus que tem sido o meu pastor durante toda a minha vida até este dia, o Anjo que me livrou de todo o mal, abençoe estes rapazes; e seja chamado neles o meu nome, e o nome de meus pais Abraão e Isaque; e multipliquem-se abundantemente no meio da terra'."

Salmo 128:3: "Tua mulher será como a videira frutífera em teu lar; teus filhos serão como brotos de oliveira ao redor da tua mesa."

Deuteronômio 28:4: "Bendito será o fruto do teu ventre, o fruto da tua terra, o fruto dos teus animais, as crias das tuas vacas e as ovelhas dos teus rebanhos."

Salmo 115:14: "O Senhor vos aumente cada vez mais, a vós e a vossos filhos."

Esses relatos bíblicos nos lembram da importância de exercer a paternidade com integridade e humildade, tanto em nossas relações familiares quanto em nosso papel como líderes espirituais. O verdadeiro pai não é aquele que impõe sua vontade ou se vangloria de suas conquistas, mas sim aquele que, em sua humanidade, reconhece suas falhas e busca constantemente a orientação do Pai Celestial.

Diante dos desafios e tentações que enfrentamos em nosso caminho espiritual, é essencial cultivar uma postura de temor e reverência, reconhecendo nossa dependência da graça e misericórdia divinas. Ao invés de ceder à tentação de julgar ou condenar nossos irmãos, devemos nos humilhar diante de Deus em oração, pedindo sabedoria e discernimento para lidar com as situações que surgem em nossas vidas e comunidades.

Eu enfrentava o desafio de expressar minhas convicções com temor e, muitas vezes, me via incapaz de me posicionar sobre o que acreditava, especialmente em situações que contrariavam minha compreensão de integridade, seja em relação ao ambiente, amizade ou colaboração fraternal.

Demorei para compreender e distinguir julgamento de discernimento. Com o tempo, aprendi a separar a mensagem do mensageiro. Podia corrigir a mensagem sem condenar o mensageiro. Por exemplo, quando alguém agia ou falava de forma contrária aos princípios cristãos, eu me opunha à mensagem, não à pessoa.

Essa distinção entre ação e julgamento é essencial. Chamar alguém de "ladrão" é uma condenação pessoal, enquanto condenar o ato de roubar é uma correção necessária. Isso reflete a importância de discernir entre o erro e o ofensor, separando a pessoa do comportamento.

Essa compreensão é fundamental para uma vida de honra e temor. A honra e o temor são pilares da maturidade espiritual. Se não os cultivamos, sucumbimos à tolice e às ações desonrosas.

Mateus 7:1-2 (NVI): "Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês."

João 7:24 (NVI): "Parem de julgar apenas pela aparência e façam julgamentos justos."

1 Coríntios 2:15 (NVI): "Quem é espiritual discerne todas as coisas, mas ele mesmo não é discernido por ninguém."

Hebreus 5:14 (NVI): "Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para discernir tanto o bem quanto o mal."

1 João 4:1 (NVI): "Amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo."

Minha experiência pessoal ilustra isso. Certa vez, em um ambiente eclesiástico, ouvi alguém criticando o pastor ausente. Interrompi o trabalho e convidei todos a orarmos pelo pastor. Essa atitude rompeu a negatividade e enfatizou a importância de honrar mesmo na ausência do objeto de crítica.

Temos a responsabilidade de abençoar com nossas palavras e ações, seguindo o exemplo de nosso Pai Celestial. Ele nos ensina a confiar em sua provisão, como faz com as aves do céu. Seu cuidado e sustento são constantes, mesmo quando nossa fé vacila.

Essa confiança na paternidade divina é central para nossa jornada espiritual. Jesus revela essa relação íntima entre o Pai e o Filho, convidando-nos a participar desse conhecimento revelado.

Gálatas 4:6-7: "E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Assim que já não és mais servo, mas filho; e, sendo filho, também herdeiro de Deus por Cristo."

Salmos 103:13: "Assim como um pai tem compaixão de seus filhos, o Senhor tem compaixão dos que o temem."

Ao contemplar a complexidade e a profundidade do relacionamento entre pais e filhos, percebo que vai muito além de uma simples relação biológica. É uma jornada de descoberta, crescimento e conexão que transcende qualquer explicação superficial. É uma dança intricada entre aprendizado e ensino, entre dar e receber, entre amor e gratidão.

A passagem bíblica que ressalta que ninguém conhece o pai senão o filho, e vice-versa, ecoa profundamente em meu coração. Revela a natureza íntima desse relacionamento, que vai além das palavras escritas ou das histórias contadas. É uma conexão visceral, forjada no calor dos momentos compartilhados, nas lágrimas e sorrisos trocados, nas experiências compartilhadas ao longo da vida.


Eu me lembro sempre de algo fundamental: conhecer o pai não se resume a ler sobre ele, mas a cultivar uma intimidade profunda e autêntica. É desvendar os mistérios do coração do pai, compreender suas motivações mais íntimas e sentir sua presença em cada fibra do nosso ser.

Nesse contexto, a honra aos pais emerge como um princípio sagrado e essencial. Mesmo que nossos pais não sejam perfeitos, mesmo que cometam erros, eles ainda merecem nosso respeito e gratidão. Pois é através desse respeito que construímos uma ponte sólida entre as gerações, transmitindo valores, sabedoria e amor de uma geração para a próxima.

Além disso, reconheço que o serviço ao pai não é uma obrigação, mas uma oportunidade de colaboração e comunhão. Somos chamados não apenas para trabalhar para ele, mas para trabalhar com ele, em parceria e harmonia. É nesse contexto de relacionamento profundo e significativo que encontramos verdadeira realização e frutificação.

E, à medida que me aprofundo nessa jornada de intimidade com o pai, sou lembrado de minha identidade como filho amado e favorecido. Sou convidado a viver não na escassez, mas na plenitude do amor do Pai, confiante de que tenho tudo o que preciso em Cristo Jesus.

João 3:16 (NVI): "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna."

Romanos 5:8 (NVI): "Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores."

1 João 4:9-10 (NVI): "Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados."

Efésios 2:4-5 (NVI): "Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida com Cristo quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos."

Romanos 8:38-39 (NVI): "Porque estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor."

Como uma carga explosiva nas fundações, a paternidade de Deus é o alicerce invisível que sustenta todas as estruturas da vida. É como se toneladas de dinamite fossem cuidadosamente colocadas, prontas para explodir e revelar a verdadeira essência da relação entre pai e filho. Nos recônditos da família, onde os laços sanguíneos se misturam com os divinos, a honra aos pais se transforma em um solo fértil para semear o respeito e a gratidão.

Mesmo quando a figura paterna biológica se ausenta, Deus, em Sua infinita sabedoria, provê uma substituição divina, uma presença masculina que nos guia e nos ensina os princípios da vida. Negar essa conexão é negar a própria obra de Deus, é rejeitar a ordem estabelecida pelo Criador.

Refletir sobre nossa relação com o Pai celestial é mergulhar nas profundezas da identidade espiritual. É compreender que, ao rejeitar a figura do pai terreno, estamos também rejeitando a mão que o moldou. É reconhecer que amar a Deus significa também honrar e respeitar a autoridade paterna que Ele estabeleceu.

No tecido da existência, o inimigo tece seus fios de engano, nos levando aos extremos da incredulidade ou do misticismo. No entanto, é na Verdade Absoluta, encontrada em Cristo, que descobrimos nossa verdadeira identidade como filhos amados do Pai celestial.

Enquanto compartilho essas palavras, sinto uma profunda reverência pelo que tenho testemunhado e experimentado em minha jornada espiritual. Minhas conversas com Deus e os diálogos internos têm sido fundamentais para minha compreensão sobre a centralidade do relacionamento com Ele em meio ao turbilhão da vida moderna.

Provérbios 22:6: "Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele."

Efésios 6:4: "E vós, pais, não provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor."

1 João 3:1: "Vede que grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não o conheceu a ele."

Provérbios 3:11-12: "Filho meu, não rejeites a disciplina do Senhor, nem te enojes da sua repreensão. Porque o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem quer bem."

Romanos 8:15: "Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai."

Mateus 7:11: "Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?"

Hebreus 12:7: "Suportai as correções; Deus vos trata como filhos; pois que filho há a quem o pai não corrija?"

Isaías 41:10: "Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel."

Lembro-me vividamente de uma oração que fiz em 2012, onde me comprometi, de todo o coração, a dedicar meu tempo e minha energia inteiramente ao Senhor. Desde então, tenho sido guiado por essa promessa, buscando constantemente uma conexão mais profunda com o Divino, através do Espírito Santo, que nos une ao Pai e a Jesus Cristo.

As Escrituras ecoam em minha mente, lembrando-me da verdadeira natureza da adoração: uma busca sincera e autêntica, feita em espírito e em verdade. Essas palavras ressoam profundamente em meu ser, desafiando-me a cultivar uma adoração que transcende rituais e formalidades, alcançando o âmago da minha alma.

E agora, enquanto encerro este capítulo, convido você a se juntar a mim em uma oração sincera, buscando um tempo sagrado para Deus em meio à agitação da vida cotidiana. Que minhas conversas com Deus e comigo mesmo sejam uma fonte de inspiração para todos nós, lembrando-nos de que, mesmo no meio do caos, podemos encontrar paz e direção através da busca constante pela presença do Divino em nossas vidas.

Leonardo Lima Ribeiro 

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Meu Testemunho

Nasci em Ribeirão Preto, São Paulo, no dia 1º de fevereiro de 1980. No entanto, minha chegada ao mundo não foi motivo de celebração familiar...