domingo, 30 de junho de 2024

"O pai mata o filho", o fundamento do ministério apostólico(1)

 

(Santa Rita do Passa Quatro, São Paulo)

"Desde então, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e já não andavam com ele."

Este versículo é parte de um relato em que Jesus ensina sobre ser o pão da vida, afirmando que aqueles que comem de seu corpo e bebem de seu sangue terão a vida eterna. Esse ensinamento causou controvérsia entre os discípulos de Jesus, levando muitos deles a se afastarem dele. O verso 66 registra esse momento de desistência por parte de alguns discípulos.

A passagem de João 6:66 registra um momento crítico na narrativa do Evangelho de João, onde muitos dos discípulos de Jesus decidiram deixá-lo. Isso ocorreu logo após Jesus ter proferido um ensinamento difícil de aceitar para muitos de seus seguidores.

No contexto desse capítulo, Jesus está ensinando sobre sua natureza como o "pão da vida" e fazendo referência à necessidade de seus seguidores comerem de seu corpo e beberem de seu sangue para terem vida eterna. Essa linguagem metafórica e simbólica era difícil de compreender para muitos, especialmente para aqueles que não estavam dispostos a aceitar a mensagem de Jesus.

Além disso, alguns estudiosos sugerem que esse ensinamento pode ter sido interpretado literalmente por alguns dos ouvintes, o que teria sido ainda mais difícil de aceitar. Para muitos judeus da época, a ideia de consumir sangue era estritamente proibida pela lei religiosa, tornando esse ensinamento particularmente chocante.

Assim, diante desse ensinamento desafiador e desconcertante, muitos dos discípulos de Jesus optaram por se afastar dele. Eles não estavam dispostos a seguir Jesus até o fim e não estavam dispostos a aceitar sua mensagem, o que levou à deserção deles, conforme registrado em João 6:66.

Na minha fé cristã, acredito firmemente que a compreensão plena do Evangelho e dos ensinamentos de Jesus requer a iluminação e orientação do Espírito Santo. É o Espírito Santo que revela a verdade espiritual e capacita os crentes, incluindo a mim, a compreender profundamente os ensinamentos de Jesus e a aplicá-los em nossas vidas.

Essa convicção é enraizada em passagens bíblicas, como 1 Coríntios 2:10-14, onde o apóstolo Paulo afirma que a sabedoria de Deus é discernida espiritualmente pelos que têm o Espírito de Deus.

Portanto, para mim, é uma afirmação fundamental da minha fé que a compreensão genuína e profunda do Evangelho não é apenas uma questão de intelecto ou estudo acadêmico, mas sim uma certeza resultante de uma relação pessoal com Deus e da receptividade à orientação do Espírito Santo. É através dessa relação e dessa orientação que posso alcançar uma compreensão mais completa e significativa dos ensinamentos de Jesus e sua aplicação na minha vida cotidiana.

O texto de João 6:66 oferece uma perspectiva profunda sobre a dinâmica entre Jesus e seus seguidores. Ao longo do capítulo 6 de João, Jesus realiza um milagre significativo ao multiplicar pães e peixes para alimentar uma multidão faminta, o que atraiu muitos seguidores em busca de milagres e benefícios materiais.

No entanto, Jesus não estava apenas interessado em atender às necessidades físicas das pessoas; Ele buscava transformar seus corações e convidá-los a uma relação mais profunda e significativa com Ele. Por isso, Ele continua ensinando, desafiando a multidão a ir além do desejo por milagres temporais e a compreender o verdadeiro significado de segui-Lo.

O ensinamento de Jesus sobre ser o "pão da vida" e a necessidade de comer de Seu corpo e beber de Seu sangue (João 6:53-58) foi um teste para os corações daqueles que o seguiam. Muitos deles não estavam preparados para aceitar essa mensagem desafiadora e simbólica. Eles estavam mais interessados nos milagres físicos do que em comprometer-se com Jesus em um nível espiritual e pessoal.

Assim, o verso 66 registra um momento crítico em que Jesus expõe o coração das pessoas com Seu ensinamento. A deserção de muitos discípulos nesse momento revela que eles estavam seguindo Jesus por motivos superficiais e temporais, e não estavam dispostos a aceitar o desafio de uma fé mais profunda e comprometida.

Essa passagem nos convida a refletir sobre nossas próprias motivações para seguir Jesus e a nos comprometermos com Ele. Ela nos desafia a ir além do desejo por benefícios materiais e a buscar uma relação autêntica e transformadora com Ele, baseada na fé e no compromisso verdadeiros.

Ao desafiar as motivações superficiais e os desejos egoístas das pessoas, Jesus buscava confrontar os "ídolos" no coração humano - as coisas que ocupam o lugar central em vez de Deus.

Esses "ídolos" podem ser qualquer coisa que tomem o lugar de Deus em nossas vidas, seja poder, prestígio, riquezas materiais ou mesmo os próprios desejos físicos. No contexto de João 6:66, os seguidores de Jesus estavam mais interessados nos milagres e benefícios materiais do que em verdadeiramente compreender e seguir seus ensinamentos espirituais.

Ao desafiar essas motivações superficiais com seu ensinamento exigente, Jesus estava, de fato, confrontando e "destruindo" os ídolos no coração das pessoas, convidando-as a uma relação mais profunda e significativa com Ele. Ele buscava direcionar o foco das pessoas para Deus e para os valores do Reino de Deus, em vez de suas próprias necessidades e desejos egoístas.

Essa compreensão do ensinamento de Jesus é fundamental para os cristãos, pois os desafia a examinar seus próprios corações e a se comprometerem com Deus de maneira autêntica e transformadora, colocando-o no centro de suas vidas e renunciando a qualquer coisa que possa competir com Ele pelo lugar de honra em seus corações.

Versículos que apoiam a ideia de Jesus confrontando os ídolos no coração das pessoas com Sua palavra:

Êxodo 20:3 (NVI) - "Não terás outros deuses além de mim."
Este versículo é parte do primeiro mandamento dos Dez Mandamentos, que instrui o povo de Deus a não colocar nenhum outro deus diante dEle. Jesus, ao confrontar as motivações e prioridades das pessoas, está essencialmente chamando-as a priorizarem Deus sobre qualquer outra coisa em suas vidas.

Mateus 6:24 (NVI) - "Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro."
Neste versículo, Jesus ensina sobre a incompatibilidade de servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo. Ele confronta a tendência humana de buscar segurança e satisfação em riquezas materiais, chamando as pessoas a priorizarem seu relacionamento com Deus sobre suas preocupações financeiras.

Mateus 22:37-38 (NVI) - "Respondeu Jesus: ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento."
Aqui, Jesus cita o grande mandamento de amar a Deus com todo o coração, alma e mente. Ele está enfatizando a importância de colocar Deus no centro de nossas vidas e priorizar nosso relacionamento com Ele sobre qualquer outra coisa.

Marcos 10:21-22 (NVI) - "Jesus olhou para ele e o amou. 'Falta-lhe uma coisa', disse ele. 'Vá, venda tudo o que você possui e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me.' Diante disso, ele ficou abatido e afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas."
Este é o relato do encontro de Jesus com o jovem rico, onde Jesus confronta o ídolo do dinheiro no coração do jovem, desafiando-o a renunciar a suas riquezas e segui-Lo.

Vamos agora avançar na compreensão da função apostólica, já que o correto é que os ministérios sejam interpretados na ótica de Jesus como fundamento e não o contrário. 

A frase "o pai mata o filho" evoca a ideia de sacrifício, que é central para a narrativa cristã da crucificação de Jesus como um sacrifício pelo perdão dos pecados da humanidade. Embora não haja um relato direto na Bíblia onde Deus, o Pai, mate o Filho, há passagens que revelam essa realidade como prefigurações ou sombras do sacrifício de Jesus na cruz. Aqui estão alguns exemplos:

O sacrifício de Isaque por Abraão (Gênesis 22:1-18): Este é um dos exemplos mais conhecidos de sacrifício na Bíblia. Deus pede a Abraão que ofereça seu filho Isaque como um sacrifício. Abraão está disposto a obedecer, mas no último momento, Deus provê um carneiro como substituto. Nós cristãos vemos nesse relato uma prefiguração do sacrifício de Jesus, onde Deus, como Abraão, oferece seu Filho, mas no último momento, Jesus se torna o sacrifício substitutivo pelos pecados da humanidade.

O sofrimento do Servo Sofredor (Isaías 53): O capítulo 53 de Isaías é interpretado pelos cristãos como uma profecia messiânica que descreve o sofrimento do Messias por causa dos pecados do povo. O Servo Sofredor é ferido e oprimido, mas é através de seu sofrimento que a redenção é alcançada para os outros. Essa imagem é vista como uma sombra do sacrifício de Jesus na cruz.

O cordeiro pascal (Êxodo 12:1-13): No contexto da Páscoa judaica, Deus instrui os israelitas a sacrificarem um cordeiro sem defeito e a colocarem seu sangue nas ombreiras e vergas das portas de suas casas. O sangue do cordeiro serviria como sinal de proteção contra a morte dos primogênitos egípcios. Os cristãos veem nesse ritual uma prefiguração do sacrifício de Jesus como o Cordeiro de Deus, cujo sangue oferece salvação e proteção contra o juízo divino.

Dessa mesma forma, o ministério apostólico, opera em uma função, servido de uma unção de "morte":

João 12:27 (NVI): "Agora está angustiada a minha alma, e o que direi? Pai, salva-me desta hora? Não; eu vim exatamente para esta hora."

Marcos 14:3-9 (NVI): "3. Estando ele em Betânia, reclinado à mesa na casa de Simão, o leproso, veio uma mulher com um frasco de alabastro contendo perfume de nardo puro, de grande preço; e quebrando o alabastro, derramou-lhe sobre a cabeça o perfume. 4. Alguns, porém, indignados entre si, diziam: Para que se fez este desperdício de perfume? 5. Pois podia ter-se vendido por mais de trezentos denários, que se dariam aos pobres. E murmuravam contra ela. 6. Mas Jesus disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou uma boa ação para comigo; 7. pois os pobres sempre os tendes convosco e podeis socorrê-los quando quiserdes; eu, porém, não sempre me tendes. 8. Ela fez o que pôde; antecipou-se em ungir o meu corpo para o sepultamento. 9. Em verdade vos digo que, em todas as partes do mundo onde for pregado o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua."

Neste relato, a mulher unge a cabeça de Jesus com perfume de nardo puro. Jesus elogia sua ação, afirmando que ela antecipou-se em ungir Seu corpo para o sepultamento. Ele reconhece a sinceridade e a importância desse gesto, vendo-o como um ato de preparação para Sua morte iminente. Este evento é frequentemente interpretado como uma prefiguração do sacrifício de Jesus na cruz e de Seu posterior sepultamento.

Há uma relação do ministério apostólico com a fundamentação da palavra no corpo de Cristo:

Chamado e comissão: Assim como os apóstolos originais foram chamados e comissionados por Jesus, hoje o ministério apostólico é ungido para servir e liderar na igreja e na comunidade. Eles são comissionados a proclamar o evangelho, fazer discípulos e edificar a igreja (Efésios 4:11-12).

Ensino e pregação: Os apóstolos originais foram instruídos por Jesus e ensinaram os ensinamentos de Jesus. Da mesma forma, os líderes do ministério apostólico hoje são chamados a ensinar e pregar a Palavra de Deus com fidelidade, revelando os ensinamentos de Jesus e aplicando-os à vida das pessoas (2 Timóteo 4:2).

Empoderamento pelo Espírito Santo: Assim como os apóstolos foram capacitados pelo Espírito Santo para realizar sua obra, os líderes do ministério apostólico hoje dependem do Espírito Santo para capacitação, orientação e poder em seu serviço. Eles confiam no Espírito Santo para levar adiante a obra de Deus com sabedoria, amor e poder (Atos 1:8).

Testemunho da ressurreição: Enquanto os apóstolos originais testemunharam a ressurreição de Jesus, os líderes do ministério apostólico hoje testemunham o poder transformador do evangelho em suas próprias vidas e na vida daqueles a quem servem. Eles compartilham o testemunho vivo do poder salvador de Jesus Cristo e seu impacto redentor na vida das pessoas (1 Pedro 2:9).

Missão de fazer discípulos: Assim como os apóstolos foram comissionados a fazer discípulos de todas as nações, os líderes do ministério apostólico hoje têm a mesma missão de fazer discípulos de Jesus Cristo. Eles buscam não apenas atrair pessoas para a igreja, mas também capacitá-las e equipá-las para viver como seguidores de Cristo em seu contexto diário (Mateus 28:18-20).

Dessa mesma forma, os apóstolos são os pais da igreja, apesar desse conceito ser na maioria das vezes refutado, algumas vezes por divergência teológica, outras por excessos e abusos de falsos líderes, porém, é inegável essa operação no corpo, efetuada pelo ministério apostólico, de gerar igrejas. 

Atos 14:21-23 (NVI): "21. Depois de pregar o evangelho naquela cidade e de fazer muitos discípulos, Paulo e Barnabé voltaram a Listra, Icônio e Antioquia, 22. fortalecendo os discípulos e encorajando-os a permanecer na fé. ‘É necessário que passemos por muitas tribulações para entrar no Reino de Deus’, diziam eles. 23. Paulo e Barnabé designaram presbíteros para cada igreja, e, com orações e jejuns, encomendaram-nos ao Senhor, em quem haviam crido."

Atos 16:5 (NVI): "Assim, as igrejas eram fortalecidas na fé e crescem em número dia após dia."

1 Tessalonicenses 1:8 (NVI): "Pois, partindo de vocês, propagou-se a mensagem do Senhor não somente na Macedônia e na Acaia, mas também em todos os lugares aonde a fé que vocês têm em Deus se tornou conhecida. Por isso, não temos necessidade de acrescentar nada a isso,"

Colossenses 1:28-29 (NVI): "28. Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. 29. Para isso eu me esforço, lutando conforme a sua força, que atua poderosamente em mim."

1 Coríntios 3:9-10 (NVI): "9. Porque nós somos cooperadores de Deus no trabalho que ele realiza, vocês são lavoura de Deus, construção de Deus. 10. Conforme a graça de Deus que me foi dada, eu, como sábio construtor, lancei o alicerce, e outro está construindo sobre ele. Contudo, veja cada um como constrói."

A função apostólica de estabelecer e edificar igrejas pode ser relacionada ao que Jesus fez em João 6:66, onde confrontou e derrubou os ídolos no coração dos discípulos. Aqui está como esses dois aspectos se relacionam:

Confronto com os ídolos no coração:
Assim como Jesus confrontou os ídolos no coração dos discípulos, os apóstolos, em seu ministério, também foram chamados a confrontar os ídolos e as falsas crenças que impediam as pessoas de se entregarem completamente a Deus. Eles desafiaram as estruturas de pensamento e as práticas que estavam em conflito com o evangelho de Jesus Cristo, chamando as pessoas ao arrependimento e à fé verdadeira.

Estabelecimento do Reino de Deus:
Os apóstolos foram comissionados por Jesus para proclamar o evangelho e estabelecer o Reino de Deus na Terra. Assim como Jesus confrontou os ídolos e ensinou sobre o verdadeiro Reino de Deus, os apóstolos continuaram essa obra, ensinando e estabelecendo comunidades de fé que refletiam os valores e princípios do Reino de Deus.

Edificação da igreja:
Assim como Jesus investiu na formação e no crescimento espiritual de seus discípulos, os apóstolos também se dedicaram à edificação da igreja, nutrindo os crentes em sua fé, ensinando-lhes os caminhos de Deus e encorajando-os a viver de acordo com os princípios do evangelho. Eles ajudaram a moldar as comunidades cristãs, guiando-as no caminho da maturidade espiritual e da santidade.

Libertação do domínio do pecado e idolatria:
Da mesma forma que Jesus libertou as pessoas do domínio do pecado e da idolatria, os apóstolos também pregaram a libertação e o perdão encontrados em Jesus Cristo. Eles apontaram as pessoas para a verdadeira fonte de vida e esperança, convidando-as a abandonar seus ídolos e a se renderem ao senhorio de Cristo.

Portanto, a função apostólica de estabelecer e edificar igrejas está relacionada ao trabalho de Jesus em confrontar os ídolos no coração das pessoas, apontando-as para a verdadeira adoração e para uma fé genuína em Deus. Os apóstolos continuaram essa obra, levando o evangelho de libertação e transformação a todas as nações.

Portanto, relacionar os apóstolos como "pais da igreja" com a ideia de "o pai mata o filho" no contexto de morrer para si mesmo e nascer para Jesus pode nos levar a uma reflexão sobre o papel dos apóstolos como modelos espirituais e líderes que exemplificaram o princípio de renúncia e entrega total a Cristo. Aqui está como esses conceitos podem se relacionar:

Pais espirituais e mentores na fé:
Os apóstolos são frequentemente considerados os "pais" espirituais da igreja por causa de seu papel fundamental na fundação e no crescimento das comunidades cristãs primitivas. Assim como os pais biológicos oferecem orientação, cuidado e proteção aos seus filhos, os apóstolos desempenharam um papel semelhante ao ensinar, discipular e liderar os crentes no caminho da fé.

Exemplo de renúncia e entrega total a Cristo:
A expressão "o pai mata o filho" pode ser entendida como uma metáfora para o princípio de morrer para si mesmo e nascer para uma vida em Cristo. Da mesma forma, os apóstolos foram exemplos de renúncia e entrega total a Jesus Cristo. Eles abandonaram suas antigas vidas, suas carreiras e até mesmo suas famílias para seguir a Cristo e proclamar o evangelho.

Vida de sacrifício e serviço:
Os apóstolos viveram vidas de sacrifício e serviço em prol do Reino de Deus. Eles enfrentaram perseguições, prisões e até mesmo a morte por causa de sua fé em Jesus Cristo. Eles modelaram o princípio de renúncia pessoal e total de tudo o que tinham em nome de Jesus, demonstrando um amor e devoção inabaláveis ao seu Senhor.

Paternidade espiritual na formação da igreja:
Como "pais" espirituais da igreja, os apóstolos desempenharam um papel crucial na formação e no crescimento espiritual dos crentes. Eles os ensinaram a viver vidas santas e obedientes, exortando-os a renunciar ao pecado e a viver em conformidade com os ensinamentos de Jesus Cristo.

Portanto, a ideia de os apóstolos serem considerados "pais da igreja" pode ser relacionada ao princípio de morrer para si mesmo e nascer para Jesus, pois eles exemplificaram esse princípio em suas próprias vidas e ensinaram os crentes a fazer o mesmo. Eles foram modelos de renúncia, sacrifício e entrega total a Cristo, guiando a igreja primitiva no caminho da fé e da santidade.

Paternidade espiritual e responsabilidade de ensino:
Assim como os pais biológicos têm a responsabilidade de ensinar, corrigir e orientar seus filhos no caminho certo, os apóstolos, como "pais espirituais" da igreja, também tinham a responsabilidade de ensinar e instruir os crentes no caminho da verdade. Seu ensino profundo sobre o evangelho expunha as motivações erradas e os conceitos distorcidos nos corações dos crentes, desafiando-os a se arrependerem e a se alinharem com os valores e princípios do Reino de Deus.

Revelação da verdade que confronta o coração:
Assim como Jesus expôs o coração dos discípulos com seu ensino profundo sobre a verdade do evangelho, os apóstolos também expunham as motivações e intenções dos crentes através de seu ensino inspirado pelo Espírito Santo. Suas palavras penetrantes e reveladoras confrontavam as falsas crenças, os preconceitos e os pecados ocultos nos corações dos crentes, levando-os ao arrependimento e à transformação.

Morte para as motivações erradas e nascimento para a verdadeira fé:
O ensino dos apóstolos, como uma extensão do ensino de Jesus, levava os crentes a uma morte para as motivações erradas e um nascimento para uma fé genuína e transformadora. Suas palavras desafiadoras e autoritativas cortavam profundamente, expondo a necessidade de renúncia ao pecado e entrega total a Cristo. Isso resultava em uma mudança de coração e mente, levando os crentes a viverem de acordo com os princípios do evangelho.

Formação de uma comunidade centrada em Cristo:
O ensino dos apóstolos não apenas expunha as motivações erradas nos corações dos crentes, mas também os conduzia a uma maior comunhão com Deus e uns com os outros. Sua doutrina sólida e seu exemplo de vida santa ajudavam a formar uma comunidade de crentes comprometidos com Cristo e uns com os outros, unidos no amor e na verdade.

Portanto, o ensino dos apóstolos como pais espirituais da igreja desempenhava um papel crucial na exposição das motivações erradas nos corações dos crentes e na condução deles à verdadeira fé e compromisso com Cristo. Assim como Jesus expôs o coração dos discípulos com seu ensino profundo, os apóstolos também expunham o coração dos crentes, levando-os a uma transformação genuína e duradoura.

A expressão "o pai mata o filho" pode ser compreendida em um contexto espiritual como um princípio de renúncia e transformação radical, onde a antiga vida egoísta e centrada no eu é sacrificada para dar lugar a uma nova vida em Cristo. Esta expressão está enraizada em ensinamentos bíblicos e na prática dos apóstolos, e reflete a natureza do discipulado cristão como um chamado para morrer para o pecado e o egoísmo, e nascer para uma vida de serviço e entrega a Deus.

Morte para o ego e para o pecado:
O "pai" simboliza a autoridade e a liderança espiritual que confronta as motivações erradas e egoístas no coração do "filho", representando o crente. Este princípio implica em renunciar ao domínio do ego, do pecado e das ambições mundanas, reconhecendo que estas devem ser submetidas ao senhorio de Cristo.

Ressurreição para uma nova vida em Cristo:
A "morte" espiritual para o eu e para o pecado é seguida por uma "ressurreição" espiritual para uma nova vida em Cristo. Assim como Jesus ressuscitou dos mortos, o crente é chamado a experimentar uma nova vida em união com Cristo, caracterizada pela justiça, amor, serviço e dedicação ao Reino de Deus.

Transformação pela verdade e pelo poder do Espírito Santo:
A compreensão mais profunda dessa expressão implica em uma transformação interior e exterior, alimentada pela verdade do evangelho e pelo poder do Espírito Santo. Esta transformação é um processo contínuo de santificação, onde o crente é moldado à imagem de Cristo, renunciando aos valores e padrões deste mundo e sendo conformado aos valores e princípios do Reino de Deus.

Compromisso total com o senhorio de Cristo:
Finalmente, essa expressão implica em um compromisso total e incondicional com o senhorio de Cristo. Significa colocar Jesus no centro de nossas vidas, submetendo nossa vontade à vontade de Deus e seguindo-o em obediência e fé, mesmo que isso signifique sacrificar nossos próprios desejos, sonhos e ambições.

A expressão "o pai mata o filho" encapsula o chamado radical do evangelho para morrer para si mesmo e viver para Cristo, e reflete a natureza do discipulado cristão como um caminho de renúncia, transformação e entrega total a Deus.

A expressão "pai mata o filho" pode ser relacionada também, ao momento em que Jesus, na cruz, exclama: "Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?" (Mateus 27:46). Este é um dos momentos mais profundos e comoventes da narrativa da crucificação, onde Jesus expressa o profundo senso de abandono e separação de Deus Pai, enquanto Ele carrega sobre Si mesmo o peso do pecado da humanidade.

O sacrifício redentor de Jesus:
Na cruz, Jesus experimenta o abandono e a separação de Deus Pai como parte do sacrifício redentor necessário para a salvação da humanidade. Ele toma sobre Si mesmo o pecado do mundo, tornando-se o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29), e experimenta a consequente separação espiritual de Deus como o preço pelo perdão dos pecados da humanidade.

A relação entre Pai e Filho:
O grito de Jesus na cruz revela a profundidade da relação entre o Pai e o Filho na Trindade. Mesmo enquanto Jesus se sente abandonado, Ele ainda chama a Deus como "meu Deus, meu Deus", reconhecendo a relação íntima entre Eles. Essa relação entre Pai e Filho é crucial para entender o significado mais profundo do sacrifício de Jesus como a oferta perfeita pelos pecados da humanidade.

O amor sacrificial de Deus:
Neste momento, Deus Pai está, de certa forma, "matando" o Seu Filho, não no sentido literal de tirar Sua vida, mas no sentido de permitir que Ele experimente a separação espiritual como consequência do pecado. Isso demonstra o amor sacrificial de Deus pela humanidade, que Ele estava disposto a sacrificar Seu próprio Filho amado para reconciliar a humanidade consigo mesmo.

Redenção e reconciliação:
O grito de Jesus na cruz, seguido por Sua morte e ressurreição, é o clímax do plano redentor de Deus para a humanidade. É através do sacrifício de Jesus que a reconciliação e a redenção são alcançadas, restaurando a comunhão entre Deus e a humanidade perdida. O sacrifício de Jesus na cruz, onde Ele experimenta o abandono de Deus, é o ápice desse plano de salvação.

A expressão "pai mata o filho" pode ser compreendida à luz do sacrifício redentor de Jesus na cruz, onde Ele suporta a separação espiritual de Deus para oferecer a salvação à humanidade. Essa experiência demonstra o amor sacrificial de Deus e o preço pago para nossa redenção e reconciliação com Ele.

Novamente a relação entre a expressão "pai mata o filho" na crucificação de Jesus, o momento em que Ele exclama "Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?", e a ideia de unção de morte pode ser entendida como um processo espiritual pelo qual os crentes são capacitados a morrer para si mesmos e nascer para uma vida em Cristo. Aqui está como esses conceitos se relacionam:

A morte espiritual de Jesus como modelo:
A crucificação de Jesus e Sua experiência de abandono por parte de Deus Pai podem ser vistos como um modelo de morte espiritual para os crentes. Assim como Jesus se entregou completamente ao sacrifício na cruz, os crentes são chamados a morrer para seus próprios desejos, pecados e ambições egoístas para que possam viver uma vida em conformidade com a vontade de Deus.

A unção de morte pelo Espírito Santo:
A ideia de unção de morte refere-se à capacitação divina pelo Espírito Santo para que os crentes possam morrer para si mesmos e viver para Cristo. É através do poder do Espírito Santo que os crentes recebem a graça e a capacidade de renunciar ao pecado e ao egoísmo, e se renderem completamente ao senhorio de Cristo.

A identificação com Cristo na morte e ressurreição:
Os crentes são chamados a se identificar com Cristo em Sua morte e ressurreição. Isso significa que, assim como Jesus morreu e ressuscitou, os crentes também experimentam uma morte espiritual para o pecado e uma ressurreição para uma nova vida em Cristo. Essa identificação com Cristo é possível através da unção de morte pelo Espírito Santo.

Vivendo uma vida de entrega e submissão:
A unção de morte capacita os crentes a viverem uma vida de entrega e submissão a Deus. Eles são capacitados a renunciar ao controle de suas próprias vidas e a confiar plenamente na liderança e no propósito de Deus para eles. Isso envolve sacrificar seus próprios desejos e vontades em favor da vontade de Deus, vivendo em obediência e fé.

Portanto, a expressão "pai mata o filho" na crucificação de Jesus e a unção de morte pelo Espírito Santo estão interligadas na experiência espiritual dos crentes. Assim como Jesus morreu para oferecer redenção à humanidade, os crentes são capacitados pelo Espírito Santo a morrer para si mesmos e nascer para uma nova vida em Cristo, vivendo em plena submissão e entrega ao senhorio de Jesus.

Relacionar o princípio da morte espiritual, a unção de morte pelo Espírito Santo e a necessidade de submeter-se a uma paternidade espiritual deveria ser visto como um caminho de crescimento e transformação espiritual para os crentes. Aqui está como esses elementos se conectam:

A necessidade de orientação e instrução espiritual:
Assim como os filhos precisam de orientação e instrução de seus pais terrenos para crescerem e se desenvolverem, os crentes também necessitam de uma paternidade espiritual para guiá-los e ensiná-los no caminho da fé. A paternidade espiritual oferece direção, conselho e encorajamento aos crentes em sua jornada espiritual.

A importância da mentoria e do discipulado:
A relação entre um pai espiritual e seu discípulo é semelhante à relação entre um mestre e seu aprendiz. O pai espiritual orienta e acompanha o discípulo em seu crescimento espiritual, ajudando-o a compreender e aplicar os princípios do evangelho em sua vida. Esta mentoria e discipulado são fundamentais para ajudar os crentes a passarem pelo processo de morte espiritual e nascerem para uma vida em Cristo.

A influência da paternidade espiritual na unção de morte:
A paternidade espiritual desempenha um papel crucial na vida dos crentes, especialmente no processo de unção de morte pelo Espírito Santo. O pai espiritual oferece ensinamentos, exemplos e orações que capacitam o discípulo a morrer para si mesmo e a viver para Cristo. A presença e o apoio de um pai espiritual são essenciais para fortalecer e encorajar os crentes durante esse processo de transformação espiritual.

A comunidade como família espiritual:
A relação entre pai espiritual e discípulo também reflete a natureza da comunidade cristã como uma família espiritual. Os crentes são chamados a cuidar uns dos outros, a encorajar e a edificar uns aos outros na fé. A paternidade espiritual é uma expressão do amor e da preocupação mútuos dentro da família de Deus, onde os crentes são fortalecidos e apoiados em sua jornada espiritual.

Portanto, a submissão a uma paternidade espiritual é crucial para os crentes que desejam passar pelo processo de morte espiritual e nascer para uma vida em Cristo. A orientação, o ensino e o apoio de um pai espiritual ajudam os crentes a crescerem e se desenvolverem em sua fé, capacitando-os a viverem uma vida plena e transformada em Cristo.

Paulo era um exemplo marcante de um pai espiritual na fé, como evidenciado em suas cartas e em sua interação com as igrejas e indivíduos a quem ele ministrava. Aqui estão alguns versículos que demonstram esse aspecto do ministério de Paulo:

1 Coríntios 4:14-15 (NVI): "Não estou escrevendo estas coisas para envergonhá-los, mas para adverti-los como a meus filhos amados. Ainda que vocês tenham dez mil tutores em Cristo, vocês não têm muitos pais, pois em Cristo Jesus eu mesmo os gerei mediante o evangelho."

1 Tessalonicenses 2:11-12 (NVI): "Pois vocês sabem que tratamos cada um de vocês como um pai trata seus filhos, exortando, consolando e testemunhando, para que vocês vivam de maneira digna de Deus, que os chamou para o seu Reino e glória."

2 Timóteo 1:2-3 (NVI): "A Timóteo, meu querido filho: Graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor. Agradeço a Deus, a quem sirvo com a consciência limpa, como me serviram os meus antepassados, ao lembrar-me constantemente de você, noite e dia, em minhas orações."

Gálatas 4:19 (NVI): "Meus filhos, por quem, de novo, sinto dores de parto, até que Cristo seja formado em vocês."

Esses versículos mostram como Paulo se relacionava com as igrejas e os indivíduos a quem ele ministrava de uma maneira paternal, cuidando, exortando, ensinando e orando por eles como um pai faria por seus filhos. Ele se via não apenas como um pregador ou líder, mas como um pai espiritual que investia na vida espiritual e no crescimento dos crentes.

anto João quanto Pedro desempenharam papéis importantes como pais espirituais na fé cristã primitiva. Aqui estão alguns versículos que destacam esse aspecto de seus ministérios:

3 João 1:4 (NVI): "Não tenho maior alegria do que ouvir que meus filhos estão seguindo a verdade."

1 Pedro 5:1-3 (NVI): "Aos presbíteros, que estão entre vocês, eu, que sou presbítero como eles, testemunho os sofrimentos de Cristo e também participante da glória que será revelada: pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer; não por ganância, mas com o desejo de servir; não como dominadores dos que lhes foram confiados, mas sim como exemplos para o rebanho."

2 João 1:1 (NVI): "O presbítero à senhora eleita e a seus filhos, a quem amo na verdade, e não somente eu, mas também todos os que conhecem a verdade."

Esses versículos mostram como João e Pedro também se relacionavam com os crentes como pais espirituais, cuidando, ensinando, exortando e amando aqueles que estavam sob sua responsabilidade espiritual. Eles compartilhavam a preocupação paternal de garantir que os crentes permanecessem firmes na fé e seguissem os caminhos de Cristo.

Embora não haja evidências históricas diretas dos relacionamentos pessoais entre Paulo, João, Pedro e as comunidades cristãs que eles lideravam, podemos inferir a presença de uma dinâmica paternal nas igrejas primitivas através de diversas fontes históricas e textos antigos.

Cartas do Novo Testamento:
As cartas escritas por Paulo, João e Pedro às comunidades cristãs oferecem insights sobre suas relações com os crentes. Nestas cartas, vemos um tom de cuidado, exortação e preocupação paternal em relação ao crescimento espiritual dos crentes, refletindo uma dinâmica de paternidade espiritual.

Escritos dos Pais da Igreja:
Os escritos dos Pais da Igreja, que viveram nas gerações subsequentes aos apóstolos, também mencionam e interpretam o papel dos apóstolos como pais espirituais. Eles reconhecem a autoridade e o exemplo deixados pelos apóstolos e enfatizam a importância da continuidade da tradição apostólica na vida da igreja. Os escritos dos Pais da Igreja, como Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna e Justino Mártir, são fontes secundárias que fornecem interpretações e comentários sobre a vida e o ministério dos apóstolos e as práticas das comunidades cristãs primitivas.

Registros históricos da prática cristã primitiva:
Além dos textos bíblicos, há registros históricos que fornecem insights sobre a prática cristã primitiva. Por exemplo, relatos de reuniões de igrejas, práticas de batismo, comunhão e disciplina eclesiástica sugerem uma dinâmica de liderança pastoral e cuidado espiritual dentro das comunidades cristãs.

Arqueologia e descobertas históricas:
Embora não forneçam evidências diretas das relações pessoais entre os apóstolos e as comunidades cristãs, descobertas arqueológicas, como inscrições em catacumbas e artefatos relacionados ao culto cristão primitivo, confirmam a existência e a prática das comunidades cristãs nas regiões onde os apóstolos ministraram.

A existência do princípio de paternidade espiritual é amplamente reconhecida com base em uma variedade de fontes históricas, literárias e teológicas. As evidências disponíveis dos textos do Novo Testamento, dos escritos dos Pais da Igreja, de registros históricos e de descobertas arqueológicas sustentam a ideia de que os apóstolos e outros líderes cristãos primitivos desempenharam papéis de paternidade espiritual nas comunidades cristãs.

Esses líderes não apenas pregavam o Evangelho e estabeleciam igrejas, mas também cuidavam, ensinavam, exortavam e orientavam os crentes em sua jornada espiritual. Eles tinham a preocupação de garantir o crescimento espiritual e a maturidade dos crentes, assim como um pai terreno cuida do crescimento e desenvolvimento de seus filhos.

Além disso, a tradição cristã ao longo dos séculos reconheceu e enfatizou a importância da paternidade espiritual na vida da igreja. Muitos líderes eclesiásticos, teólogos e escritores cristãos posteriores também enfatizaram o papel dos líderes espirituais como pais na fé.

Portanto, com base nas evidências disponíveis e na tradição cristã, é inegável que o princípio de paternidade espiritual desempenhou um papel significativo no desenvolvimento e na vida da igreja primitiva e continuou a ser uma parte vital da vida da igreja ao longo da história cristã.

Existem várias razões pelas quais o princípio de paternidade espiritual pode ser refutado ou menos enfatizado por alguns crentes e teólogos hoje em dia:

Individualismo cultural:
Em muitas culturas contemporâneas, há uma ênfase significativa no individualismo e na autonomia pessoal. Isso pode levar as pessoas a valorizarem menos a ideia de submissão a uma autoridade espiritual ou de serem guiadas por líderes espirituais.

Abusos de autoridade:
Infelizmente, ao longo da história, houve casos de abusos de autoridade por parte de líderes religiosos, incluindo líderes que se apresentavam como "pais espirituais". Esses abusos podem levar algumas pessoas a desconfiar da ideia de submissão a líderes espirituais.

Interpretações teológicas diferentes:
Diferentes tradições teológicas e interpretações das Escrituras podem levar a ênfases diferentes em certos aspectos do ensino cristão. Algumas tradições podem enfatizar mais a responsabilidade individual diante de Deus, enquanto outras podem enfatizar mais a importância da liderança espiritual.

Falhas na liderança espiritual:
Quando líderes espirituais falham em cumprir suas responsabilidades de cuidar, ensinar e orientar os membros da igreja, isso pode levar à desconfiança ou rejeição do princípio de paternidade espiritual.

Conceitos contemporâneos de liderança:
Em algumas abordagens contemporâneas de liderança, há um foco maior na liderança baseada em habilidades e competências técnicas, em vez de uma abordagem mais relacional e pastoral. Isso pode resultar em uma diminuição da ênfase na paternidade espiritual.

Embora esses desafios possam levar algumas pessoas a refutar ou menosprezar o princípio de paternidade espiritual, muitos ainda reconhecem sua importância e valor na vida da igreja e no crescimento espiritual dos crentes. É importante encontrar um equilíbrio saudável entre a responsabilidade individual diante de Deus e o benefício do cuidado e orientação de líderes espirituais fiéis.

Diante disso tudo, podemos também reconhecer algo irrefutável: 

a ideia de ter alguém que nos confronte amorosamente e nos guie em nosso crescimento espiritual é uma perspectiva profundamente enraizada na tradição cristã e em muitas outras tradições religiosas e filosóficas. Esse tipo de orientação e confronto amoroso pode ser extremamente valioso para nosso desenvolvimento pessoal e espiritual por várias razões:

Visão externa:
Um mentor espiritual ou líder pode oferecer uma perspectiva externa e objetiva sobre nossa vida espiritual e nosso relacionamento com Deus. Eles podem nos ajudar a enxergar aspectos de nós mesmos que não podemos ver por conta própria.

Experiência e sabedoria:
Líderes espirituais experientes têm conhecimento e sabedoria acumulados ao longo dos anos de estudo, prática e experiência na vida espiritual. Eles podem compartilhar esse conhecimento conosco e nos orientar em nossa jornada espiritual.

Correção amorosa:
O confronto amoroso e a correção são partes importantes do crescimento espiritual. Um mentor espiritual pode nos ajudar a reconhecer e lidar com áreas em nossas vidas que precisam de mudança e transformação, tudo isso feito com amor e compaixão.

Suporte e encorajamento:
Além de confrontar e corrigir, um mentor espiritual também pode nos oferecer suporte, encorajamento e motivação em nossa jornada espiritual. Eles podem ser um apoio constante em tempos difíceis e nos ajudar a permanecer firmes em nossa fé.

Modelo de vida:
Um líder espiritual que vive de acordo com os ensinamentos do evangelho pode servir como um modelo inspirador de vida piedosa e comprometimento com Deus. Eles podem nos inspirar a seguir seu exemplo e aprofundar nosso relacionamento com Deus.

Embora seja possível crescer espiritualmente sem um mentor espiritual formal, ter alguém que nos confronte amorosamente e nos guie em nossa jornada espiritual pode enriquecer significativamente nossa experiência de fé e nos ajudar a alcançar nosso potencial máximo como discípulos de Cristo.

Efésios 4:10 nos lembra da abundância de recursos espirituais que temos disponíveis através de Cristo. A passagem nos diz: "Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas". Esta é uma afirmação poderosa da autoridade e soberania de Cristo sobre todas as coisas.

Relacionando isso com a ideia de crescimento espiritual e a importância da orientação e do confronto amoroso na jornada de fé, podemos entender que Cristo, como o cabeça da igreja, nos fornece recursos espirituais abundantes para nos capacitar em nossa jornada espiritual. Isso inclui líderes espirituais, mentores e pais na fé, que são presentes dados por Cristo para nos ajudar a alcançar a plenitude espiritual mencionada em Efésios 4:13: "até que todos cheguemos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo".

Portanto, enquanto Efésios 4:10 nos lembra da autoridade e soberania de Cristo sobre todas as coisas, incluindo os recursos espirituais disponíveis para nós, os versículos subsequentes nos exortam a buscar a unidade da fé e a plenitude de Cristo, que podem ser facilitadas através do apoio e orientação de líderes espirituais e mentores na fé.

A paternidade espiritual desempenha um papel crucial na restauração de áreas de nossas vidas que foram afetadas por referências distorcidas através da paternidade biológica. Aqui estão algumas maneiras pelas quais isso pode acontecer:

Reconstrução da identidade espiritual:
Muitas vezes, experiências negativas com figuras paternas biológicas podem distorcer nossa percepção de quem somos em relação a Deus e ao seu amor por nós. Um pai espiritual amoroso e compassivo pode ajudar a reconstruir nossa identidade espiritual, lembrando-nos do nosso valor como filhos amados de Deus e nos ajudando a compreender e aceitar o amor incondicional do Pai Celestial.

Cura emocional e espiritual:
Feridas emocionais causadas por relacionamentos paternos disfuncionais podem afetar profundamente nossa saúde emocional e espiritual. Um pai espiritual pode oferecer um espaço seguro para expressar nossas dores e traumas, enquanto nos guia através do processo de cura emocional e espiritual. Eles podem nos ajudar a perdoar e a deixar para trás o passado, permitindo-nos avançar em direção à liberdade e ao crescimento espiritual.

Restauração de relacionamentos:
Relacionamentos familiares prejudicados podem ser restaurados e curados através do apoio e orientação de um pai espiritual. Eles podem nos ensinar princípios bíblicos de perdão, reconciliação e amor incondicional, capacitando-nos a buscar a restauração de relacionamentos que foram quebrados ou danificados.

Desenvolvimento de habilidades parentais saudáveis:
Para aqueles que desejam ser pais ou mães, mas têm medo de repetir os padrões negativos de seus pais biológicos, um pai espiritual pode oferecer orientação e conselhos sobre como desenvolver habilidades parentais saudáveis. Eles podem compartilhar princípios bíblicos de paternidade e maternidade, bem como oferecer apoio prático e encorajamento ao longo do caminho.

Crescimento espiritual contínuo:
Um pai espiritual não apenas nos ajuda a lidar com as consequências do passado, mas também nos orienta em nossa jornada de crescimento espiritual contínuo. Eles podem nos desafiar a crescer em nossa fé, aprofundar nosso relacionamento com Deus e a viver uma vida de amor e serviço aos outros, capacitando-nos a superar as limitações impostas pelas experiências passadas e a abraçar a plenitude da vida em Cristo.

Portanto, o papel da paternidade espiritual na restauração de áreas de nossas vidas afetadas pela paternidade biológica distorcida é fundamental e pode trazer cura, renovação e crescimento em todas as áreas de nossas vidas.

Que o Espírito Santo possa iluminar o seu entendimento e compreensão da realidade desse principio tão fundamental para o corpo de Cristo. 

Leonardo Lima Ribeiro 


Um comentário:

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