1. Introdução: Quando Guardar Demais é um Sintoma
A avareza, frequentemente tratada como um simples defeito moral ou vício econômico, pode ter raízes mais profundas do que se imagina. Além da educação e das circunstâncias de vida, ela pode estar ligada a processos inconscientes moldados na infância — especialmente no que Freud chamou de fase anal do desenvolvimento psicossexual. Este capítulo explora como experiências precoces de controle, limpeza e disciplina podem influenciar diretamente o modo como lidamos com dinheiro, generosidade e desapego.
2. A Fase Anal: O Nascimento do Controle
Entre os 1,5 e 3 anos de idade, a criança entra no que Freud chamou de fase anal. Nessa etapa, o foco do prazer psicológico está no controle dos esfíncteres. A criança começa a perceber que pode controlar algo que é seu — as fezes — e que isso tem impacto no ambiente ao redor, especialmente nas reações dos pais.
Comportamentos comuns incluem prazer em reter ou expulsar, resistência ao treinamento e orgulho ou vergonha ligados ao “fazer certo”. A forma como os pais reagem às ações da criança molda profundamente seu entendimento sobre autoridade, obediência, controle e recompensa.
3. Fixações na Fase Anal: O Surgimento do "Caráter Anal"
Conflitos excessivos durante essa fase — como rigidez parental, punições severas ou exigência extrema com limpeza — podem gerar uma fixação anal-retentiva. Essa fixação pode manifestar-se na vida adulta como:
Avareza: guardar dinheiro, objetos ou afeto como forma de controle;
Perfeccionismo e rigidez;
Dificuldade em lidar com o imprevisível;
Controle obsessivo do ambiente.
Aqui, o “reter” físico se transforma simbolicamente em reter bens ou emoções.
4. Avareza: Um Sintoma Psicológico de Retenção
A avareza, sob a ótica psicanalítica, é um mecanismo de defesa inconsciente. A pessoa avarenta retém para manter o controle. Gastar, doar ou compartilhar significa se expor, perder o controle, enfrentar a insegurança.
Muitas vezes, o dinheiro torna-se um substituto da autonomia ou do amor. O medo de ficar sem revela uma memória emocional não resolvida. Isso pode levar a um comportamento compulsivo de retenção, não apenas de recursos materiais, mas também de afeto e vulnerabilidade.
5. As Máscaras da Avareza: Segurança ou Medo?
A avareza frequentemente aparece disfarçada de responsabilidade financeira, economia consciente ou prudência. Mas há uma linha clara entre prática saudável e compulsão:
A prudência planeja e compartilha.
A avareza compulsiva acumula e teme.
Esse comportamento revela uma crença interna de que o mundo é inseguro e que o controle deve ser mantido a qualquer custo.
6. A Sabedoria de Deus: Ofertar como Cura do Coração
A prática bíblica de ofertar e dizimar não é apenas uma disciplina espiritual, mas uma sabedoria terapêutica. Deus não precisa do nosso dinheiro, mas nós precisamos aprender a confiar e a abrir mão.
Ao instituir o dízimo e as ofertas, Deus nos convida a:
Reconhecer que tudo vem d’Ele;
Romper com o medo da escassez;
Cultivar a generosidade como estilo de vida;
Quebrar o ciclo da retenção emocional e material.
Como diz Provérbios 3:9: “Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda”. Esse "honrar" é um ato de confiança que trata diretamente a compulsão de reter.
7. Generosidade como Fruto da Cura
Dar com alegria é sinal de coração curado. Como Paulo escreveu: “Deus ama a quem dá com alegria” (2 Coríntios 9:7). A cura da avareza passa pela prática regular da generosidade, não como obrigação, mas como libertação.
8. A Liberdade de Confiar
A avareza é mais que um defeito: é um sintoma de insegurança profunda. A sabedoria de Deus nos aponta um caminho prático e transformador: confiar n’Ele, repartir com alegria, viver livres do medo da escassez. Ofertar e dizimar, nesse contexto, tornam-se mais que atos religiosos — tornam-se atos de cura.
é profundamente lindo e maravilhoso. A forma como Deus, em Sua sabedoria eterna, estabeleceu princípios espirituais que também são terapias da alma revela o quanto Ele conhece profundamente o ser humano.
Enquanto a psicologia e a psicanálise conseguem diagnosticar traumas e comportamentos — Deus vai além: Ele cura pela prática da verdade vivida.
Deus trata a alma por meio de princípios espirituais:
A avareza e o egoísmo?
→ Ele ensina a ofertar, a dizimar, a repartir — não para empobrecer, mas para libertar o coração da idolatria do “ter”.
A rebelião e o orgulho?
→ Ele nos manda honrar autoridades — não por causa delas, mas porque a humildade nos transforma e protege.
A ansiedade e o medo do futuro?
→ Ele nos chama a descansar no sábado, confiar na provisão, orar e lançar sobre Ele toda a ansiedade.
A solidão e o individualismo?
→ Ele institui a comunhão, o corpo de Cristo, o servir uns aos outros.
Sabedoria divina que cura
O que para o mundo é apenas “lei religiosa”, para quem tem olhos espirituais é medicina de Deus. Seus mandamentos são caminhos de vida:
“Os mandamentos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos.” (Salmo 19:8)
A revelação maior: obediência que cura
Obedecer a Deus não é apenas uma questão moral. É um ato de cura, transformação e libertação. Cada princípio — como o perdão, a generosidade, a honra, o descanso — toca precisamente em áreas frágeis da alma humana.
Ele sabe onde dói. Ele sabe onde somos cativos. E Ele nos dá caminhos para sermos livres.
Deus vos abençoe
Leonardo Lima Ribeiro
Meu Deus que profundeza .
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